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Atribuições das coordenações e funcionamento dos setores na Proae

Processos de implementação

DOCUMENTOS EXTERNOS À UFBA

5.2 CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS/ORGANIZACIONAIS

5.2.1 Atribuições das coordenações e funcionamento dos setores na Proae

Conforme descrição feita no capítulo 3, a estrutura administrativa da Proae foi definida por meio do Regimento Interno da Reitoria da UFBA, aprovado em 2013. Compete lembrar ainda que três coordenações foram estabelecidas no documento – I Coordenação de Ações Afirmativas, Educação e Diversidade; II Coordenação de Programas de Assistência ao Estudante; e III Coordenação de Unidades Executivas. Como essa estrutura do órgão foi descrita em capítulo anterior, nesta seção, discorre-se sobre a atuação da Proae em suas condições organizacionais observadas no período da coleta de dados da pesquisa.

Ao lançar o olhar para a dinâmica de funcionamento da organização executora da política, em particular sobre a gestão no período correspondente à pesquisa, no ano 2016, verificam-se transformações com relação às definições do Regimento Geral da Reitoria aprovado em 2013. Essas transformações se deram, principalmente, com a vinculação de setores ligados ao Gabinete da Pró-Reitoria e ainda com o acréscimo de núcleos temáticos circunscritos à CAAED, como o de gênero e diversidade, raça e etnia, projetos de permanência e pós-permanência e de esporte, até então, única coordenação da Proae que não havia subdivisões em setores.

Na CPAE, foram criados o NASIE e o Setor de Organização e Aperfeiçoamento de Processos e Instrumentos de Seleção e de Acompanhamento Discente. Além desses setores, foi criado o posto de atendimento ao estudante no campus de Ondina, que segundo os gestores entrevistados, permitiu a maior aproximação do órgão com os estudantes (Quadro 10).

Quadro 10 – Distribuição dos setores em processo de reestruturação na gestão da Proae correspondente aos anos 2014-2018

Gabinete da Pró- Reitora

CAAED CPAE Coordenação

Administrativo- Financeiro Secretaria Geral; Secretaria administrativa e financeira; Núcleo de Financeiro; Eixo de Compras; Eixo de Patrimônio ; Recepção Geral; Setor de Apoio; Protocolo; Posto de Atendimento ao Estudante/Campus de Ondina. Núcleo de Gênero e Diversidade;

Núcleo de Raça e Etnia. Núcleo de Projetos para a Permanência e Pós Permanência; Núcleo de Esporte e Lazer.

Núcleo de Apoio ao(a) Estudante;

Núcleo de Apoio à Inclusão do(a) Aluno(a) com Necessidades Educacionais Especiais (NAPE).

Núcleo de Atenção à Saúde Integral do(a) Estudante (NASIE). Eixo de Organização e Aperfeiçoamento de Processos e Instrumentos de Seleção e de Acompanhamento Discente. Núcleo de Gestão de Residências Universitárias Núcleo de Gestão de Restaurantes Universitários Núcleo de Gestão de Creche

Fonte: elaboração do autor com base em Proae/UFBA, 2016.

Os resultados da análise das entrevistas evidenciam essas distintas atribuições das três referidas coordenações da Proae. Tanto nas observações durantes às visitas quanto nas falas dos entrevistados, esses setores do órgão se apresentaram de maneira marcadamente distintos em suas ações e ao mesmo tempo com características complementares. Entretanto, verificou-se indícios de falta de articulação entre essas coordenações, aspectos que serão explorados na Seção 5.6, quando se abordará os problemas e implementação da política.

A Coordenação Administrativo-Financeiro é responsável pela execução do orçamento e pela administração dos Núcleos de Gestão de Residências Universitárias, de Gestão de Restaurantes Universitários e de Gestão da Creche. Nos espaços da Proae, funciona esse setor responsável pelo pagamento aos estudantes, pela definição de contratos com terceirizados. As ações dependem na maioria das vezes de uma estreita relação com a CPAE, a qual autoriza a efetivação de repasses de recursos ou liberação de bolsas de acordo com as exigências dos processos seletivos, normalmente definidos por editais. O orçamento é elaborado pela Proplan/UFBA, em diálogo com a equipe gestora da Proae e o Gabinete da Reitoria. Posteriormente, a proposta é submetida à avaliação e aprovação pelo Consuni da universidade.

De maneira geral, a CPAE é responsável pela gestão dos programas de benefícios dos estudantes. Realiza os processos seletivos, faz o acompanhamento e renovação de bolsas. É composta por setores como o de serviço social, que é responsável pela seleção, acompanhamento e renovação dos estudantes atendidos, dentre outras atribuições. O NASIE faz acolhimento, orientação e encaminhamento das demandas de saúde. Há também o setor de acompanhamento pedagógico, que alimenta os dados para tomadas de decisão sobre a renovação de benefícios, faz orientação e encaminhamento de estudantes em suas demandas acadêmicas. A referida coordenação tem a estrutura mais abrangente na Proae, com o maior número de servidores. O volume de trabalho se deve, em sua maior parte, em razão da realização do processo de cadastro e posterior seleção dos estudantes usuários da política. É responsável pela elaboração da maioria dos editais e realiza a avaliação do perfil dos estudantes, basicamente, por meio da análise de documentos e entrevistas com os candidatos.

De acordo com os gestores entrevistados, a criação do chamado “plantão do serviço social” aparece como uma conquista da atual equipe de gestão, que é uma iniciativa de destinar a cada dia da semana uma assistente social para atender as demandas específicas dos estudantes, de modo que os discentes não se dirijam a apenas uma profissional que acompanhou o seu percurso nos serviços de assistência. A Gestora 2 afirma que “são plantões definidos por turno e por dia da semana que tem uma assistente social específica para acolhimento”. Além disso, acrescenta a entrevistada que outro avanço foi a consolidação de “técnicos de referência” para determinados serviços ofertados pela Proae. Trata-se de profissionais destinados a “pensar as estratégias de atendimento, de acolhimento e de resposta às demandas e de conhecer aquele público” (Gestora 2). Outra ação destacada pelos entrevistados é o avanço com relação ao acolhimento e encaminhamento de estudantes com demandas de saúde para acessarem os equipamento e setores destinados a esses fins. Essas ações demonstram avanços com relação à

distribuição das funções nos setores e ainda aprimora a proposta de formalizar as relações entre os funcionários e estudantes atendidos no órgão.

A CAAED tem uma função que se aproxima da perspectiva pedagógica para tratar de temáticas relacionadas à diversidade na comunidade universitária. Os três gestores entrevistados salientam que o público dessa coordenação se estende para além dos estudantes cadastrados na Proae e que recebe algum tipo de benefício, pois diz respeito a uma coordenação que tem a função de propor reflexões e sensibilizar a comunidade universitária acerca de questões ligadas às temáticas da diversidade. Dentre as competências dessa coordenação, destacam-se aquelas voltadas à realização de cursos, debates, reflexões sobre as políticas de equidade na UFBA.

Na visão da Gestora 1, trata-se de uma coordenação que tem um foco no que denomina de “permanência simbólica”, a qual não se restringe ao aspecto material, mas que busca enfrentar os diversos tipos de violência ligados ao racismo, ao sexismo, ao machismo e à discriminação geracional, dentre outros. Na visão da Gestora 3, essa coordenação tem uma ação transversal a toda universidade, pois busca articular os diversos setores em face de projetos e ações sobre ação afirmativa, educação e diversidade. Na CAAED, atualmente, é gerenciado o Programa Permanecer, criado no ano seguinte ao da criação da Proae e que tem sido considerado como central nas ações desenvolvidas por essa coordenação. Além disso, essa coordenação é responsável pelo programa “Bolsa Permanência” do MEC, ação destinada a um público específico com critérios de seleção que preveem indicadores étnico-raciais.

Especificamente com relação à CAAED, a Gestora 3 se refere ao processo de reestruturação dessa coordenação, mas salienta que a quantidade de profissionais qualificados ainda é insuficiente. Em razão da criação de núcleos temáticos para organização dos setores nessa coordenação, a Gestora 3 afirma que está “montando a equipe” e que naquele momento era composta por “um especialista em raça”, enfatiza que não tinha ainda um responsável pelas questões de “gênero e sexualidade”, e justifica que está em busca de estruturar os núcleos na coordenação (Gestora 3).

Nesse sentido, os informantes da pesquisa compreendem como avanços na CAAED a demarcação de determinados núcleos ligados às temáticas da diversidade na atual gestão, que em suas concepções visam ampliar os esforços para práticas de implementação da política nessa coordenação. Ainda com relação ao funcionamento das coordenações CPAE e CAAED, os entrevistados defendem que a maneira como se encontram organizadas atende às necessidades do órgão. Expressam as suas características distintas e ao mesmo tempo a definem com complementares.

Entretanto, fica evidente que a maior demanda de trabalho é de responsabilidade da CPAE, quando esta é responsável pelo cadastro, seleção, distribuição das bolsas, e tem o maior número de funcionários. Quando os entrevistados se referem à CAAED, é notável que se trata de uma coordenação com menor número de servidores, e que é responsável basicamente pelo Programa Permanecer, Bolsa Permanência/MEC e pelas ações direcionadas à conscientização da comunidade universitária acerca dos processos de discriminação e exclusão social de estudantes, conforme referido.

Apesar de se verificar certos avanços com relação a atuação da Proae, em face da criação de núcleos direcionados a temáticas voltadas à diversidade, fica evidente a predominância de setores ligados ao que se denomina de permanência na perspectiva material. Portanto, entende- se que os fatores institucionais/organizacionais influenciam a ampla atuação da CPAE, coordenação que tem um enfoque nos programas voltados ao apoio material dos discentes. É provável que as influências da política normatizada, descritas na seção anterior, bem como aspectos da cultura organizacional ampliem a margem de ação desses programas que se situam na perspectiva das políticas universalistas de assistência estudantil.