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Processos de implementação

DOCUMENTOS EXTERNOS À UFBA

5.3 PARTICIPAÇÃO SOCIAL

5.3.1 Espaços formais de participação

Na UFBA, o Consuni62 é o órgão de deliberação máxima. Sua dinâmica de

funcionamento se dá por meio de comissões: de Assuntos Acadêmicos; Orçamento e Finanças; Patrimônio, Espaço Físico e Meio Ambiente; Gestão de Pessoas, Ações Afirmativas e Assistência Estudantil; e Normas e Recursos. Trata-se de instância superior de decisão coletiva determinante para a aprovação de medidas que se desdobram em práticas político- administrativas na universidade.

Segundo Avritzer (2008), os conselhos de políticas representam desenhos institucionais de partilha do poder, com representação mista de atores da sociedade civil e atores do próprio Estado (AVRITZER, 2008, p. 44). Assim, pode-se afirmar que as decisões dos Consuni da UFBA são a garantia dos mecanismos formais de participação política por meio de representações.

Entretanto, ao buscar compreender o funcionamento do Consuni no que tange as deliberações sobre as políticas de permanência, verificou-se o que foi denominado de “esvaziamento dos debates” sobre a assistência estudantil nesse órgão, segundo os entrevistados. A Gestora 1 – a qual teve ampla experiência como representante de determinado segmento no órgão – afirma que essa temática é pouco presente nas pautas. Os representantes

62 O órgão colegiado é presidido pelo reitor e tem representação dos diversos segmentos da universidade: diretores

de unidades e Pró-Reitorias, representação de servidores técnico-administrativo, dos docentes e de estudantes, bem como da comunidade externa. Disponível em: <https://www.ufba.br/conselhos/conselho-universitario>. Acesso em: 19 jul. 2017.

estudantis ressaltam que há uma reivindicação do que chamam de “pauta exclusiva para a assistência estudantil” no Consuni, considerada “antiga”, mas que não foi atendida por esse órgão decisório da UFBA. Os estudantes afirmaram ainda que a maioria dos membros do referido Conselho tem o que chamam de “visão conservadora sobre a Universidade” (Representante Estudantil 2) e não conhecem os problemas concretos dos estudantes usuários dos programas de permanência. Além disso, foi ressaltado pelos entrevistados que os estudantes somente conseguem o mínimo de pauta no Consuni quando são feitas pressões e mobilizações, como foi o caso da ocupação da Reitoria da UFBA ao final do ano de 2014.

Com relação à definição orçamentária das políticas de permanência na UFBA, a sua operacionalização ocorre por meio da articulação entre a Proplan, o Gabinete da Proae e a Comissão de Orçamento e Finanças do Consuni. Nesse sentido, nota-se que a elaboração da proposta de orçamento tem reduzida margem de influência direta dos atores envolvidos com a política. Isso foi verificado quando a maioria dos funcionários entrevistados afirma que não opina sobre o orçamento da Proae ou que “há pouca flexibilidade na alteração do orçamento e qualquer mudança” (Gestora 1), como a extinção ou criação de algum tipo de benefício, que deve passar pelo Consuni. Essa concepção pode ser observada quando Gestora 2 salienta que o PNAES define percentuais do recurso repassado para determinados benefícios que de certo modo não permite o redirecionamento de recursos para outros fins.

Em contraponto, as representações estudantis ressaltam a necessidade de ampliação dos espaços de participação na execução dos recursos da Proae e argumentam que o PNAES define diretrizes gerais, “mas não especifica como gastar” (Representante Estudantil 2) e, portanto, os processos de execução dessa política dão margem para decisões coletivas que necessitam de maior envolvimento, sobretudo, dos estudantes-usuários da política. Por conseguinte, sabe-se que a definição do planejamento orçamentário da universidade requer ampla competência administrativo-financeira que impõe certos limites na participação dos diversos atores. Assim, vê-se que a equipe gestora da Proae pode exercer um papel fundamental na escuta das demandas dos estudantes e funcionários e levá-las para o processo de elaboração do orçamento para posterior deliberação pelo Consuni.

Já o CSVU é um órgão de natureza consultiva que pode mediar essa relação entre as reivindicações estudantis e a gestão da universidade. Esse Conselho se consolidou na UFBA a partir de 1992 e atualmente é presidido pela Proae. Configura-se como um fórum de discussões sobre problemas e soluções acerca das políticas de assistência estudantil, ações afirmativas e sobre a convivência no ambiente acadêmico da universidade. Apesar de não ter caráter deliberativo, mostra-se como um importante espaço de participação social, no qual são

apresentadas proposições para apreciação e decisão do Consuni ou recomendações para a própria gestão da Proae.

Contudo, os entrevistados, ao reforçarem a importância do CSVU, destacam a falta de regularidade nas reuniões desse órgão colegiado. A Representante Estudantil 1 sugere que essa instância de participação poderia influenciar os processos de execução na Proae “se ele fosse convocado com mais frequência” e, nesse sentido, afirma que há um “desuso do CSVU”. Os representantes estudantis entrevistados defendem a realização de pelo menos uma reunião mensal.

Mesmo com essas limitações apresentadas pelos entrevistados sobre o funcionamento do CSVU, verificou-se a influência dessa instância de participação na execução das ações de permanência, já que os problemas e sugestões de implementação são discutidos com a gestão da Proae. Um dos exemplos vistos durante a pesquisa foi o debate circunscrito na elaboração da Minuta para regulamentação do Programa de Assistência Estudantil, com inicial aprovação desse órgão colegiado. Entende-se, dessa forma, que o CSVU se configura como um espaço de participação relevante para a discussão da vida acadêmica e que pode propor ações junto à administração central e aos Conselhos Superiores.