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Data: 01-04-2013

Convidados: Tenente Coronel Adriano Krukoski Ferreira, representante da

Secretaria da Segurança Pública, da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros.

1. Exposições

O tenente-coronel Adriano Krukoski informou que sua fala seria acompanhada de apresentação sob o título “A Importância e as Perspectivas de Modernização da

Legislação de Segurança contra Incêndio e Pânico na Visão do Corpo de Bombeiros”,

com utilização de datashow. A título de introdução, o convidado falou sobre o art. 130 da Constituição Estadual, que diz que o trabalho de prevenção contra incêndios, compete ao Corpo de Bombeiros. A apresentação tratou dos objetivos da modernização da legislação: fácil acesso à informação e interpretação; atualização; necessidades e conclusões. Inicialmente o expositor fez uma retrospectiva histórica sobre a legislação, que por ser muito técnica, é de difícil compreensão e interpretação. Disse que a legislação estadual atual é muito remissiva às normas técnicas da ABNT, que são complexas e extensas. Neste sentido, a revisão e atualização da legislação terá que se nortear pela simplificação e acessibilidade das informações e interpretação. Foram elencados os seguintes aspectos legais que precisam de atualização: iluminação de emergência; aclaramento; balizamento; alarme; tiragem de gases da combustão; orientação de público; detecção calor e fumaça; exercícios simulados; validade dos alvarás; vencimento do alvará; interdição imediata nos casos de risco à vida; certificação dos materiais de construção; seguro de responsabilidade civil; possibilidade do Corpo de Bombeiros regular, através de comissão técnica, às lacunas da legislação; e novas tecnologias. Quanto à iluminação de emergência, aclaramento e balizamento informou que a iluminação de emergência entra apenas quando tudo é desligado por motivo de incêndio ou queda de energia. Sugeriu que fosse acrescentado à legislação o

acionamento de uma botoeira de alarme. A iluminação de balizamento é aquela muito próxima ao piso. A existência de alarme cria um alerta que pode salvar muitas vidas. Sobre a tiragem de gás de combustão, disse que em locais de reunião de público, deverá ter um sistema que favoreça a retirada ou a compartimentação da fumaça. Controle e orientação de público: placas que indicam a capacidade de público, bem como orientação em caso de emergência. Sugeriu que a nova lei contemple que em determinados momentos da noite, os locais de reunião de público, devem parar tudo e chamar atenção, sinalizar e orientar. Detecção de calor e fumaça: a legislação atual não exige que haja sistema de detecção de calor e fumaça. Exercícios simulados: são importantes formas de prevenção que ensinam o que fazer em caso de um incêndio. Validade dos alvarás: afirmou que não há consenso no Corpo de Bombeiros, mas que nas maiores cidades do Estado, se entende que este prazo poderia ser maior. Hoje a lei determina que o alvará deve ser válido por um ano para prédios de risco médio e grande e de dois anos para prédios de risco pequeno. Sugeriu que seja incluído artigo na lei, dizendo que, vencido o alvará, o prédio estará totalmente irregular e será passível de interdição. Declarou que deverá haver a interdição imediata da edificação nos casos de risco à vida. Os sistemas de preservação da vida são as saídas de emergência, iluminação de emergência, sinalização de saídas. Em síntese, afirmou que caso vença o alvará, o local deve ser interditado e se houver risco à vida, interdita-se também. Quanto aos certificados de materiais de construção, disse que na Europa, todo material é certificado e recebe uma classificação que vai de a, a1 e a2 até a letra f. Em cada ambiente, é autorizada uma determinada quantidade de carga combustível e uma determinada quantidade de produção de substratos, subprodutos de um incêndio. Não se pode ultrapassar essa quantidade, ou seja, não se pode colocar determinada mobília, ou um determinado enfeite, ou uma determinada decoração num local de reunião de público, se esse local não estiver devidamente classificado. O Brasil ainda não tem capacidade para fazer estes testes e exames. Quanto ao seguro de responsabilidade civil, sugeriu que toda casa noturna deveria ter um seguro desse tipo para cobrir perdas em eventuais acidentes e só seria emitido se a casa tivesse o alvará do Corpo de Bombeiros. Novas tecnologias e novos materiais surgem diariamente num país em desenvolvimento. A legislação deve permitir que o Corpo de Bombeiros regre algumas situações para não trancar o processo. Necessidades: padronização nacional em apenas alguns pontos; informatização do sistema; agilização dos processos; prazos para adequações (copas, olimpíadas...); formação de profissionais e alteração de currículo. Observou que temos necessidade de uma padronização nacional, quanto às questões gerais de prevenção. Sobre a informatização do sistema, o SIG-PI, sistema de

informações da gestão da prevenção de incêndios do Corpo de Bombeiros, avaliou que é um sistema de gestão, que não resolve problemas; não analisa planos de prevenção; não aprova plano; não faz inspeção, mas, por meio dele, pode-se saber exatamente quantos metros quadrados foram fiscalizados, quantos alvarás foram emitidos, quem emitiu cada alvará, quantas indústrias existem e quantos funcionários elas têm, qual a capacidade de público. As informações podem ser acessadas por celular. Agilização dos processos: diminuir os alvarás através da informatização e interligação das informações. Formação dos profissionais: hoje os bombeiros recebem uma formação totalmente voltada para este fim. O curso de bombeiro tem, no mínimo, 120 horas de prevenção. O oficial chega a 600 horas de prevenção de incêndios. Ressaltou a importância da aprendizagem com o passado; a grande procura pela regularização; a falta de estrutura para regularização imediata; as mudanças na legislação que terão que prever prazos para adequações; a alteração dos currículos para melhorar a formação dos responsáveis técnicos e professores e o controle e orientação do público.

2. Debates

O senhor Carlos Wengrover abordou dois pontos: a manutenção e a desburocratização. Propôs que em relação à manutenção de sistemas de segurança contra incêndio, seja também exigido um prontuário, com o responsável técnico e a empresa contratada. Sobre a burocracia disse que temos o Corpo de Bombeiros avançando muito, sempre progredindo de forma acelerada e, por outro lado, um convênio com a SMOV, de Porto Alegre, de que não vemos nenhuma manifestação de progresso, de forma que se teme que a burocracia vá atrapalhar o Corpo de Bombeiros.

O senhor Luiz Henrique Rebouças dos Anjos sugeriu fosse introduzido na nossa legislação, a obrigatoriedade das instituições de ensino oferecerem treinamento básico já na educação infantil e no ensino fundamental. Disse que um trabalho conjunto entre as instituições de ensino - públicas e privadas - e o Corpo de Bombeiros poderia dar uma nova visão para as crianças.

O coronel Riccardi fez alguns questionamentos: depois da tragédia na boate Kiss, fecharam-se 200 casas pois, teoricamente, estavam abertas de forma irregular. Questionou quem é o responsável por estas casas estarem abertas.

O engenheiro Rogério Paiva, professor da Unisinos, afirmou que é fundamental que a nova norma contenha todo o regramento dentro de um único documento. Disse também, que a comissão técnica do Corpo de Bombeiros funciona bem em Porto Alegre, mas não no restante do Estado.

O tenente-coronel Rogério Alberche afirmou que é preciso haver uma unificação de procedimentos na legislação nesta área.

O engenheiro Joel Fischmann disse na engenharia há diversas áreas e a formação é muito dividida. Falou que somando todas as áreas da engenharia poderia surgir um somatório de conhecimentos que realmente seja extremamente importante para a elaboração de uma nova legislação.

O senhor Alexandre Rava Campos, representante do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio Grande do Sul, afirmou que no entendimento do sindicato deve-se respeitar as atividades constitucionais do Corpo de Bombeiros, mas que as responsabilidades de natureza técnica devem ser assumidas por pessoa legalmente habilitada.

O senhor José Bento, que integra o Corpo de Bombeiros de Santiago, afirmou que deveria se trabalhar para unificar uma legislação em todo o Rio Grande do Sul, a fim de que todos os profissionais, seja engenheiro, arquiteto ou o próprio bombeiro, trabalhem de maneira uniforme.

O deputado Gerson Burmann (PDT) lembrou que a missão de modernizar a legislação precisa levar em conta o tipo de ocupação e a capacidade de público das edificações. A legislação precisa considerar se o ambiente é para 70 pessoas ou para mil pessoas. Quanto às responsabilidades, disse que devem constar na lei, não só a responsabilidade dos bombeiros e da prefeitura, mas do Ministério Público, do Poder Judiciário. Afirmou que a fiscalização também é necessária.

O deputado Jurandir Maciel (PTB) questionou sobre a diversidade de alvarás existentes: alvará de localização, alvará dos bombeiros, alvará da saúde e alvará de funcionamento. Questionou, ainda, se deveria haver uma forma de seguro para as casas noturnas.

O senhor Sergio Diehl perguntou se vai existir padronização entre todos os grupamentos de bombeiros através da mesma lei.

3. Considerações Finais

Em considerações finais, o palestrante disse que a responsabilidade primeira é do proprietário, mas a Constituição preconiza ser dever do Estado a segurança pública. A questão da emissão de alvarás também é uma colcha de retalhos em diversos municípios, e aqui em Porto Alegre não é diferente. Entende que o alvará emitido pelo Corpo de Bombeiros deveria ser independente de qualquer outro, porque o que envolve a prevenção de incêndio é que aquele local está seguro, pelo menos perante a legislação. Concordou com a colocação do professor Luiz Henrique sobre o ensino das crianças ainda na fase da educação fundamental. Explicou que o alvará dos bombeiros, por tratar de segurança, tem de ser o primeiro a ser feito, independente de qualquer outro alvará, mesmo de funcionamento. Para a emissão de uma carta de habite-se ou de um alvará de funcionamento, por exemplo, o proprietário tem de levar o alvará do Corpo de Bombeiros. Mas também existe uma regra contrária: o Corpo de Bombeiros só pode emitir alvará se souber o que efetivamente funcionará no local – um comércio, um escritório, uma indústria ou outro – e que a área está regularizada junto à

municipalidade. Salientou que, em Porto Alegre, havia 96 casas noturnas cadastradas junto à municipalidade e que, junto ao Corpo de Bombeiros, havia quase 200 casas cadastradas.