4. Enquadramento Operacional: do sonho à realidade
4.1. Área 1: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem
4.1.4. Avaliação
4.1.4.6. Autoavaliação
Autoavaliação, o momento em que o aluno reflete com o docente sobre o seu processo de aprendizagem ao longo de um período de ensino (Carrasco, 1985).
Para explicar este modelo de avaliação, irei-me basear na autoavaliação ocorrida no 3º período, na minha turma de 10º ano. Recordo-me de estar a refletir as propostas de avaliação com o PC e que estava indecisa entre atribuir o 19 ou o 20 à Alexa.
- Professor, relativamente à Alexa, penso que foi uma aluna que se empenhou de forma intensa e que se esforçou, ao longo do ano, para alcançar a classificação máxima. Contudo, a Alexa teve um percalço que a impossibilitou de realizar as últimas três semanas de aula e, por sua vez, a avaliação sumativa da UD de andebol. Qual é a sua opinião? – questionei eu o PC.
- Concordo com o que disseste, eu não tenho problema nenhum em que lhe atribuas o 20. Foi uma aluna bastante consistente, muito empenhada nas tarefas e no querer estar ativa, mesmo quando não podia realizar a prática. – comentou o PC. – É importante destacar que a Alexa, mesmo com uma lesão contraída, tentou efetuar os testes de aptidão física e tivemos de ser nós a parar a aluna, quando nos apercebemos que ela já não estava a aguentar as dores.
- Exato, mas não sei se estarei a ser injusta, se lhe atribuir a classificação máxima, pelo facto de não ter conseguido efetuar as últimas três semanas de aula. – voltei eu mostrar a minha indecisão perante o PC.
- Sentiste que essa ausência a prejudicou? Eu acho que não. E apesar de ela não ter realizado todas as avaliações, tu tens dados suficientes para justificar essa nota. Porém, se estás muito indecisa, espera pela autoavaliação e vê o quê que a aluna tem para te dizer. – sugeriu o PC.
Após esta pequena reflexão, dirigi-me para o pavilhão de EF. Os alunos já lá estavam sentados na bancada, prontos para iniciar a aula. Sentei-me, abri
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o documento onde continha a proposta de classificação, as respetivas avaliações e questionei os alunos:
- Boa tarde gente! Sabem o que é que vamos fazer hoje? - A autoavaliação stôra! – exclamaram eles.
- Exatamente. E, para isso, temos de ter em conta o quê? – interroguei- os eu.
- As notas que tivemos nas avaliações. – apostou a delegada de turma. - O comportamento nas aulas. – continuou o George.
- E a que é que chamamos a isso, maltinha? Aposto que já não se lembram. – perguntei-lhes eu, desafiando-os.
Depois de uns breves segundos a pensarem, eis que surge a resposta por parte do Joseph:
- Critérios de Avaliação, stôra!
- Boa, Joseph! – elogiei eu. – Estava a ver que vocês me iam deixar mal. Vamos então relembrá-los: 55% estão destinados para quê?
- Para as atividades físicas, 25% para as atitudes e valores, 10% para as aptidões físicas e 10% para o conhecimento. – declarou a turma.
- Uau, deixaram-me orgulhosa. – transmiti-lhes eu. – Visto que todos sabem quais são os critérios de avaliação, vamos dar início à autoavaliação.
- A stôra não vai comunicar as notas das avaliações? – interrogou-me o Tony.
- Não. – respondi eu. – A autoavaliação vai ser efetuada como foi no 1º e 2º período. Primeiro, vocês irão refletir sobre o vosso percurso ao longo do ano letivo. Segundo, quero que vocês proponham a vossa classificação e que a fundamentem, dizendo eu, de seguida, se estou ou não de acordo com a vossa justificação. Terceiro, irão preencher as fichas de autoavaliação e só quando as me entregarem, é que cada um irá ver, no meu computador, a minha proposta de classificação final e os resultados das avaliações executadas. Fui clara?
- Sim, stôra. – responderam os alunos.
- Alexa, podes começar. – pedi eu à aluna, enquanto me sentava na secretária, ao lado do PC.
- Stôra, eu acho que me esforcei ao longo de todas as aulas e que fui progredindo ao longo do ano letivo, só que… - parou ela, emocionando-se.
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- Calma, está tudo bem. Olha para minha cara para te rires. – solicitei eu, dando resultado. – Vais limpar essas lágrimas e vais continuar a tua justificação, porque estou a gostar de te ouvir. Aproveita, já que não é todos os dias que isto acontece.
- A stôra sabe o quanto eu batalhei nas aulas para alcançar o 20, sempre fui presente, pontual e, principalmente, persistente. Sempre correspondi aos seus objetivos e, mesmo quando não pude fazer a aula, estava cá para a ajudar a si e aos meus colegas. – continuou ela, ainda com as lágrimas nos olhos.
- Verdade, não paravas de me chatear. Não é que eu quisesse, mas tinha de te aturar. – peguei eu com a aluna, provocando-lhe um sorriso.
- Eu sei que não realizei as últimas 3 semanas de aula e não queria estar a ser injusta com os meus colegas. – alertou a Alexa. – Mas eu não queria que esta lesão, da qual eu não tive culpa, me prejudicasse na classificação, porque tenho a perceção de que fiz de tudo para merecer o 20.
- Agora sou eu que estou a ficar emocionada. – referi eu, orgulhosa. – Professor, está justificado?
- Está justificado, estiveste brilhante. Mesmo com uma lesão contraída, foste sempre ativa. Os teus colegas, quando não efetuam a aula, deveriam seguir o teu exemplo. – comentou o PC.
- Obrigada, stôr. – agradeceu a aluna, ainda comovida.
- Eu não tenho mais nada acrescentar. Confesso que a tua classificação me deu muitas dores de cabeça, mas está mais que justificada. No final, vês a nota que tenho atribuída para ti.
Segundo Rosado e Colaço (2002), a autoavaliação é o modelo de avaliação, onde o aluno participa ativamente. Tenciona promover a autonomia e o espírito crítico do discente.
A autoavaliação realizou-se, por norma, na última aula de cada período letivo. Optei por realizar a autoavaliação como descrevi anteriormente, promovendo, desta forma, o processo de reflexão e consciencialização do aluno. Esta avaliação foi-me essencial para confirmar ou retificar os valores, consoante a justificação que os discentes apresentavam para defenderem a sua proposta. Serviu, também, para esclarecer as dúvidas e questões que os alunos possuíam acerca das avaliações realizadas e das notas obtidas.
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Posso arriscar em dizer que este era o momento em que, os alunos, se consciencializavam sobre o cumprimento ou não dos objetivos.