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3. Enquadramento Institucional

3.1. O que é a Escola como Instituição?

É descabida a ideia de que iremos ter sucesso em tudo o que realizamos, se desconhecermos o local em que iremos trabalhar, tendo por isso, surgido esta questão logo no início do meu ano de estágio. Tive sempre a ideia de que a escola não era somente um espaço físico, as salas de aulas, os corredores, os pavilhões, o recreio, … A escola tinha que ser mais que isso. Aquele local onde eu partilhei alegria e tristezas com os meus amigos ao longo de 12 anos, não poderia ter o mesmo significado que edifício.

- Mas afinal o que é a escola como instituição? – pensei eu enquanto conduzia. – Estou a ver que vou ter que aprofundar mais este tema e não me apetecia nada… Já sei, vou ligar a algumas pessoas e perguntar-lhes a sua opinião sobre a escola, assim, já não preciso de pegar nos livros para enriquecer o meu conhecimento.

Parei o carro perto do Parque Nascente e liguei para a minha amiga Rita, uma pessoa que me fornece sempre as informações que eu necessito. Estudante como eu, foi logo a minha primeira opção.

- Estou? – disse ela atendendo à chamada.

- Estou Rita, tenho uma pergunta, um pouco aleatória, para te fazer, pode ser? – questionei-lhe eu.

- Nem eu esperava outra coisa de ti, Rita. O quê que vem daí? – perguntou ela com um tom desconfiado.

- Olha, preciso de saber o que é a escola, achas que me podes ajudar? – interroguei-lhe eu, demonstrando um pouco de preocupação.

- Realmente essa pergunta é um pouco aleatória e difícil de responder. Penso que a escola tem um significado muito ambíguo, contudo, a escola é o local em si, é onde os alunos adquirem novos conhecimentos, é os amigos, é onde passas a maior parte do teu tempo durante a tua vida enquanto estudante. A escola é uma espécie de segunda casa. Entendes? – respondeu ela.

- Sim, entendo. Obrigada. Amanhã tomamos um café, não te esqueças. – disse-lhe eu, despedindo-me.

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Desliguei a chamada e senti que ainda não tinha fundamentos suficientes para dar resposta à questão inicial. Continuava a pensar que a escola era muito mais que isto e, por este motivo, decidi ligar à minha amiga ligada às artes, tendo ficado licenciada, no ano anterior, para me fornecer mais informações sobre “o que é a escola enquanto instituição?”. Peguei no telemóvel, outra vez, e liguei. - Estou? – Disse ela.

- Estou, Sista. Então, tudo bem? Olha, preciso que me respondas a uma pergunta importante para mim. – respondi-lhe eu.

- Ui, por esse tom de voz não vem daí coisa boa, mas diz lá. – ripostou ela um pouco desconfiada.

- Nada disso. Só quero que me digas o que é para ti a escola. – afirmei- lhe eu, ansiosa pela sua resposta.

- O que é para mim a escola? Ai Rita, tu fazes cada pergunta… então, a escola é um local de aquisição de novos conhecimentos e projetos. – retorquiu ela.

- Só isso? – insisti eu.

- Sim, Rita. Não te consigo dar uma resposta melhor, porque me apanhaste desprevenida. – respondeu ela, compreendendo que não tinha ficado satisfeita com a sua opinião.

- Está bem, Sista. Obrigada pela ajuda. Adeus. – agradeci-lhe eu, despedindo-me.

Percebi que esta resposta não me ajudou a desenvolver mais a definição que pretendia dar à escola enquanto instituição. Tinha que procurar mais, tendo eu recorrido a outra pessoa. Uma amiga de curta data que está sempre disponível para esclarecer as minhas dúvidas e receios. Inteligente e com ótimo desenvolvimento cognitivo. Decidi fazer-lhe um telefonema.

- Oi? – Disse ela, atendendo à minha chamada.

- Estou miúda, como é que estás? - perguntei eu, um pouco desesperada. - Ui, que voz é essa? Estás bem? Queres passar cá em casa? – interrogou ela, demonstrando a preocupação que lhe caracteriza.

- Pode ser, Bruna. Tenho uma questão importante para te fazer. Já perguntei a algumas pessoas, mas ninguém me consegue fornecer uma resposta concreta. – respondi eu, demonstrando-me ansiosa.

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- Estás-me a deixar preocupada. Passa cá em casa e conversamos sobre isso. – ordenou ela.

- Está bem, até já. – despedi-me eu, desligando a chamada.

Liguei o carro e dirigi-me para a sua casa. Chegando ao destino, abriu- me a porta e cumprimentou-me logo com aquele sorriso que contagia o mundo inteiro, dando destaque ao seu sinal do queixo que não deixa ninguém indiferente.

- Boa noite, Rita! – disse ela bem-humorada.

- Boa noite, estás bem-disposta hoje! – comentei eu.

- Sempre bem-disposta esta menina! Mas anda ali à cozinha para conversarmos mais à vontade. – Ripostou ela cheia de energia.

Seguimos as duas para a cozinha e sentamo-nos.

- Que se passa? O quê que me queres perguntar? – perguntou ela, indo logo direta ao assunto.

- É uma questão simples, mas difícil de responder. Nem eu sei responder e, por isso, é que vim falar contigo. – respondi-lhe eu, um pouco receosa. - Diz logo, estás-me a enervar! – contestou ela.

- O que é a escola para ti? – questionei eu sem rodeios.

- Ai o quê, Rita? – ripostou ela, rindo-se – A sério que me deixaste preocupada para chegares aqui e me fazeres essa pergunta?

- Sim, Bruna. – retorqui eu, em forma de gargalhada.

- Tu não existes, a sério. Mas continuando… O quê que é para mim a escola? Para começar, acho que os miúdos passam demasiado tempo na escola, não me lembro de passar tanto tempo como passam agora. No entanto, acho as atividades extracurriculares são enriquecedoras. Contudo, também sinto que muitos miúdos que ficam um pouco desorientados, principalmente quando chegam ao ES, pois considero como uma fase de rebeldia e de crescimento e é aqui que os professores têm um papel muito importante e têm de ter controlo neles. É fundamental tentar ajudá-los e serem abertos a nível de opiniões e de conversas que eles possam ter, porque, na verdade, é que nenhum dos docentes sabe o que é que se passa em casa e, provavelmente, muitos alunos vão levar problemas ou para a escola ou para onde quer que seja e é função dos professores serem sensíveis a esses assuntos. Porém, acho que a escola contribui para que os jovens percam um pouco o rumo, sem dúvida, dependendo

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das influências e de quão influenciável sejas. Depende da pessoa que és e dos objetivos que pretendes alcançar. Acho que a escola é o que te vai levar a ser quem és. – disse ela com toda a sua convicção.

Entretanto, a Dona Elisabete, entra cozinha e pergunta-nos: - O quê que vocês estão para aí a falar?

- É a Rita que me está a perguntar o que é a escola, mãe. – respondeu a Bruna.

- Tu não sabes o que é a escola, Ritinha? – interrogou-me a Dona Elisabete.

- Eu saber, sei. Não sei é explicar. A tia Beta sabe? – interpelei eu. - Queres que te explique o que é escola? É a vida! – rematou ela, fazendo com que nos ríssemos. – Mas sabes quem é a melhor pessoa para te responder a isso?

- Quem? – perguntei eu.

- A Doutora Biblioteca! Perguntas-lhe o que é a escola e ela fornece-te 1001 respostas sobre o assunto. – ripostou ela, provocando-nos risos.

Na verdade, foi isso que aconteceu. Já tinha uma pequena definição sobre o que era a escola, mas necessitava de aprofundar mais e decidi seguir o conselho da Dona Elisabete em ir à biblioteca. Após uma longa pesquisa, entendi que a escola, enquanto instituição, modificou-se com o tempo com o propósito de permitir o crescimento individual enquanto pessoa, isto é, tornar o homem apto para o seu papel na sociedade (área profissional, concretização dos objetivos, atividades, ...). Por este motivo, a escola deve ser orientada e liderada por um grupo altamente qualificado que defina estratégias, sem descurar os seus recursos materiais e humanos, para permitirem às crianças e jovens progredirem constante e gradualmente no seu processo de ensino-aprendizagem, ou seja, a escola tem um papel pertinente na criação de oportunidades para que os alunos se desenvolvam ao longo dos ciclos de ensino (Meier e Kaufmann, 2015).

Com isto, a instituição escolar tem o dever de obter recursos que transportem os alunos para as atividades promotoras de ações de reflexão, compreensão e construção de práticas educativas. Neste caso, a liderança e gestão da escola tem de estar fortemente em atividade no desenvolvimento teórico e prático dos discentes, em conjunto com o corpo docente, por meio de um plano pedagógico (Meier e Kaufmann, 2015). Segundo Cunha (2008), o

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Estado pede que todas as crianças e jovens, desde aqueles ditos “normais” aos que possuem necessidades educativas especiais (NEE) e/ou limitações ao longo do dia a dia, sejam incluídos na comunidade escolar. Ou seja, é necessário que todos os intervenientes da escola trabalhem juntos, com o propósito desta responder a todas as exigências internas e externas, dependendo do contexto social em que está integrada. Com isto e com a construção de estratégias e um currículo forte, a escola possui, assim, o poder de corrigir e evitar falhas.

Por este motivo e como refere Meier e Kaufmann (2015), a escola deve ser um agente promotor da autonomia, cidadania e do fornecimento de capacidades imprescindíveis para o mundo empresarial, visando o desenvolvimento das capacidades afetivas, cognitivas e psicomotoras em todos os estudantes. Esta é a preocupação crucial da Educação e, para que isto seja alcançado, é fundamental que se crie uma aliança entre todos os intervenientes institucionais, que colaborem em conjunto, visando a garantia de uma boa aprendizagem para todos os estudantes, espelhando, desta forma, um exemplo para toda a comunidade educativa.

Porém, a escola ainda apresenta dificuldades em encontrar um corpo docente altamente qualificado para acompanhar este tipo de projetos. Profissionais que compreendam que os discentes são indivíduos únicos e irreproduzíveis e que adquirem aprendizagens de formas diferentes. Ou seja, uma classe é composta por alunos com níveis de conhecimentos e ritmos distintos e, alguns, demoram a alcançar os objetivos previamente propostos. Contudo, o docente tem de ser capaz de respeitar a individualidade e autenticidade de cada um, procurando métodos pedagógicos que promovam um ensino eficaz a todos os discentes. É fundamental que o professor apresente um ótimo conhecimento teórico e prático acerca dos conteúdos a lecionar na sua disciplina, seguindo os ideais da sociedade. Tem de estar apto para corresponder às necessidades dos alunos, adaptar-se às diversas situações que poderá enfrentar. Tem de ser compreensivo e respeitar os seus alunos. Por isso, a instituição escolar, tem a responsabilidade de selecionar um corpo docente motivado para alcançar os objetivos (Meier e Kaufmann, 2015).

Sendo a escola um veículo para as crianças e jovens adquirem ferramentas que os tornem bons seres humanos na sociedade, é essencial que esta não crie barreiras e os tornem sedentários como, por exemplo, o uso

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excessivo das novas tecnologias e a divulgação de extrema informatização. A escola deve priorizar e promover ações que impliquem o movimento (Meier e Kaufmann, 2015).

Meier e Kaufmann (2015) defendem que o meio escolar é um abre portas para a aquisição de hábitos e rotinas saudáveis, ou seja, que promove, provoca e emancipa os seus discentes, para que cada um deles desenvolva o seu projeto de vida com o propósito de adquirir o bem-estar. Por este motivo, a escola tem a obrigação de criar projetos que englobem a promoção da atividade física e hábitos desportivos na vida das crianças e jovens, não só por meio da disciplina de EF, mas também através do desporto escolar e das atividades desportivas extracurriculares.

Para concluir, Freire (2010) diz que a “Escola é, sobretudo, gente, gente

que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ilha cercada de gente por todos os lados. Nada de conviver com pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém, nada de se ser como o tijolo que forma a parede, indiferente ao frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se amarrar nela! Ora é lógico… numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.”. Posso arriscar em dizer que a escola

é muito mais que uma simples instituição, que um simples edifício. A escola enquanto instituição deve ser um exemplo de trabalho em equipa e orientar todos os seus estudantes para o sistema sócio-político atual, com o objetivo de promover seres humanos ideais, cultos e com valores na sociedade. Com isto, a escola deve ser vista como um reflexo da sociedade (Queirós, 2014).

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3.2. Escola Cooperante – Da saída como aluna ao regresso como