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Avaliação de Impacto Ambiental e Estudo de Impacto Ambiental

4 O DIREITO DO AMBIENTE

4.4 A Política Nacional de Meio Ambiente

4.4.1 Avaliação de Impacto Ambiental e Estudo de Impacto Ambiental

A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 6.938, de 31.08.1981, efetivamente é um divisor de águas no direito do ambiente, vez que com o seu advento, surge na legislação federal brasileira o estudo prévio de impacto ambiental que enumera entre seus instrumentos “a avaliação de impactos ambientais”, com previsão no art. 9º, III e o no inciso IV o “licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”.

Embora a referida lei não mencione expressamente o estudo prévio, a avaliação dos

impactos ambientais foi incluída entre os instrumentos da Política Pública.

O licenciamento ambiental é um instrumento de caráter preventivo e visa a um só tempo conciliar a preservação da qualidade ambiental e o desenvolvimento econômico, com vistas ao desenvolvimento sustentável.

A Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente - integrante do SISNAMA - estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que devem ser observadas pelo empreendedor (art. 1º, II da Resolução CONAMA n. 237, de 19.12.1997) para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras. Este ato (licença ambiental) é obtido mediante a instauração de processo administrativo de licenciamento ambiental, consoante procedimentos previamente estabelecidos (para usinas hidroelétricas, mineração, etc.). (BRASIL, 2006).

De outro lado há o instrumento denominado “avaliação de impactos ambientais” (art. 9º, III da Lei n. 6.938, de 31.08.1981). Aqui é bom lembrar que se trata de gênero. Há casos de empreendimento cujo impacto potencial sobre o meio ambiente justifica a exigência de uma análise mais profunda que se dá no âmbito do licenciamento através de instrumentos como EIA/RIMA ou Relatório Ambiental Preliminar - RAP.

Estes são espécies de avaliação de impacto ambiental e fundamentam-se na Constituição Federal (art. 225, § 1º, IV), na Lei n. 6.938, de 31.08.1981 (art. 9º, III) e na Resolução n.001, de

86 do CONAMA (EIA/RIMA) e na Resolução n. 237, de 19.12.1997 que dispõe sobre Licenciamento Ambiental. (BRASIL, 2006).

De sua vez na Resolução CONAMA n. 237, de 19.12.1997, a qual regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente, são definidos em seu artigo 1º, inciso III sobre os “estudos ambientais”, assim entendidos: “todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada, e análise preliminar de risco”. (BRASIL, 2006).

Tal dispositivo abriga, de forma exemplificativa, algumas espécies do gênero “estudos ambientais”, sendo que outros podem ser exigidos do empreendedor.

Ressalte-se que após a Constituição Federal de 1988 somente é exigível o Estudo de Impacto Ambiental – EIA “para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação do meio ambiente”. (art. 225 § 1º, IV). Vale dizer, somente quando

houver significativa degradação do meio ambiente exigir-se-á estudo de impacto ambiental. Juntamente como o EIA, deve ser apresentado o respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. (art. 9º da Resolução CONAMA n. 001/86). É comum encontrarmos a utilização das expressões EIA e RIMA como sinônimos, porém são expressões que se completam, tendo em vista que o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA é o documento utilizado para reproduzir as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental - EIA.

Nesse passo a Resolução CONAMA n. 237, de 19.12.1997 dispõe que “o órgão ambiental competente verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente

causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais (art. 1º,

III) pertinentes ao respectivo processo de licenciamento” (parágrafo único art. 3º da mesma Resolução). Via de conseqüência, mesmo os casos exemplificativos listados na Resolução CONAMA n. 001, de 23.01.1986, só são passíveis de EIA/RIMA se houver significativo impacto ambiental.

Relevante anotar que em face do princípio internacional do desenvolvimento sustentável, a maioria das agências da Organização das Nações Unidas, e agentes financeiros de desenvolvimento multilaterais, como o Banco Mundial, têm como condicionante de suas

políticas de empréstimos a exigência de avaliação de impacto ambiental seguida do respectivo licenciamento ambiental, consoante à natureza do empreendimento.

Neste sentido, bem observa Luz e Damasceno (1996, p. 4), que antes mesmo da promulgação da Política Nacional de Meio Ambiente, ocorreu no Brasil a primeira avaliação de impacto ambiental em 1972, por exigência do próprio Banco Mundial, que era uma das instituições financiadoras do projeto de construção da barragem e hidrelétrica de Sobradinho no estado da Baía. Vale dizer, o mundo não quer patrocinar projetos que proporcionem danos à natureza e que possam comprometer os recursos naturais do Planeta.

4.5 Síntese

Os princípios fundamentais do direito do ambiente guardam estreita relação com os princípios que regem o direito minerário. É inquestionável o caráter interdisciplinar que regem as políticas ante ao desenvolvimento sustentável. Daí, a importância da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA na mineração, pois se trata de um valioso instrumento de gestão previsto na Política Nacional de Meio Ambiente, que não pode ser confundido com o Estudo de Impacto Ambiental.

Diante do exposto, o empreendimento minerário deve ser a rigor analisado tal como fora concebido dentro de suas características intrínsecas (singularidade das jazidas e minas, rigidez locacional, etc.). Todavia, na prática os estudos são conduzidos na etapa de elaboração do projeto, não abrangendo a pesquisa mineral, nem tampouco as etapas posteriores à sua industrialização.

Reputamos ser a licença ambiental o instrumento fundamental da PNMA, não obstante para que haja sua eficácia, provocamos a discussão de todas as suas fases, inclusive a de desativação do empreendimento, com vistas à prevenção de passivos ambientais.

A AIA no ordenamento jurídico brasileiro abrange as atividades relacionadas à lavra e ao beneficiamento, mesmo com a aplicação restrita, apresenta grande potencial de contribuir para a sustentabilidade ambiental do setor. Para que isto ocorra, há necessidade de mecanismos legais que viabilizem a compatibilização dos instrumentos de gestão já previstos nas legislações mineral e ambiental e que sejam contemplados em todas as fases do licenciamento ambiental do empreendimento minerário, inclusive na etapa de desativação e pós-desativação. Esta última se houver passivos ambientais a serem monitorados pelo órgão ambiental.