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3 O DIREITO MINERÁRIO BRASILEIRO

3.1 Recursos minerais: conceitos e caracterização

3.1.2 Usos e aplicações

Dentre as substâncias minerais mais comuns produzidas e relacionadas como consumo doméstico das cidades brasileiras, são apresentados, com destaque para as suas características de uso e especificações, os materiais para construção civil (agregados e rochas para cantaria), argila para cerâmica vermelha, rochas minerais cuja produção está intimamente relacionada ao desenvolvimento dos centros urbanos, traduzindo-se na movimentação de grandes volumes de substâncias, em elevados valores de produção, bem como no considerável peso contributivo na arrecadação de impostos para o Estado, e conseqüentemente para os municípios, sobretudo no caso paulista (TANNO; SINTONI, 2003, p. 9).

Segundo Tanno e Sintoni (2003, p. 9-13) os usos e aplicações das substâncias minerais são classificados a seguir.

3.1.2.1 Materiais para construção civil

Esses materiais de uso in natura na construção civil compreendem uma série de bens minerais, que se caracterizam pelo seu baixo valor unitário e pela remoção e transporte de grandes volumes a granel, o que condiciona seu aproveitamento econômico nas proximidades dos centros consumidores. Incluem:

a) Os agregados: são materiais granulares, de forma e volume diversos, de dimensões e propriedades adequadas para uso de obras de engenharia civil. Quanto à origem, são denominados naturais aqueles lavrados diretamente na forma de fragmentos (como areia e pedregulho) e artificiais, os que são submetidos a processos de fragmentação (como pedra e areia britadas). Dividem-se os agregados em: areia, cascalho e brita.

A areia para construção civil pode ser definida como uma substância mineral inconsolidada, constituída por grãos que variam de acordo com a sua granulometria (fina, média e grossa). Comercialmente as areias são designadas segundo o grau de beneficiamento a que são submetidas. A areia bruta (não beneficiada) a areia lavada (lavagem simples para limpeza de partículas finas e substâncias indesejáveis) e a areia graduada (areia que obedece a uma classificação granulométrica previamente estabelecida).

O cascalho constitui um agregado mineral graúdo, natural, empregado normalmente em lastros de estradas vicinais. Pode ser de dois tipos distintos: um de material arenoso geralmente obtido como um subproduto da extração de areias e outro de material rochoso desagregado,

resultante da alteração e fragmentação natural de rochas cristalina, tais como granito, gnaisse, basaltos, etc.

A brita é um termo utilizado para denominar fragmentos de rochas duras, originários de processo de beneficiamento (britagem e peneiramento) de blocos maiores, resultantes do desmonte por explosivos de maciços rochosos (granito, gnaisse, basalto, calcário, etc.). As propriedades principais são aquelas que definem as características físicas (dureza, resistência a várias solicitações, densidade, porosidade, etc.), químicas (reatividade) e mineralógicas (tipo de rocha-fonte, minerais constituintes, etc.). Existem normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT para especificar as britas de acordo com suas aplicações, mas não será objeto do presente estudo.

As especificações da brita variam segundo o setor de sua aplicação da indústria de construção civil, que pode ser: concreto, pavimentação, obras civis (ferrovias, túneis, barragens), obras de infra-estrutura (saneamento básico), dentre outras.

Os agregados são na escala de produção, o segundo bem mineral produzido no mundo, perde posição apenas para a água.

b) Rochas para Cantaria: também são conhecidas como “pedras de talhe”, são rochas dimensionadas utilizada, com pouca ou nenhuma elaboração, na construção civil, tais como paralelepípedos, paralelos, folhetas, lajes, mourões e guias. As principais fontes para cantaria são as rochas cristalinas (granito, basalto e diabásio) e subsidiariamente rochas sedimentares (arenito).

3.1.2.2 Argilas para cerâmica vermelha

Abrangem uma grande variedade de sedimentos pelíticos, consolidados e

inconsolidados, tais como argilas aluvionares quaternárias, argilitos, siltitos e folhelhos, que queimam com cores geralmente avermelhadas e que são empregadas na fabricação de tijolos, blocos cerâmicos, telhas, tubos cerâmicos e revestimentos.

Algumas dessas argilas possuem outras aplicações industriais, como na fabricação de agregados leves e cimento.

A argila para cerâmica vermelha geralmente caracteriza-se como um produto de baixo valor unitário, sendo consumido nas imediações dos jazimentos.

3.1.2.3 Rochas carbonáticas

Compreendem uma grande variedade de rochas de origem sedimentar e metamórfica, compostas por mais de cinqüenta por cento de minerais carbonáticos (calcita ou dolomita). Os tipos mais comuns são os calcários, dolomitos e mármores. Em face de suas propriedades químicas e físicas, essas rochas possuem vasta aplicação industrial, sendo utilizada tanto na forma in natura, quanto na beneficiada. Dentre os diversos usos, destacam-se: fabricação de cimento e cal, corretivo de acidez de solos, fluxante em siderurgia, indústria de vidros e refratários, cargas minerais para as indústrias de abrasivos, plásticos, papel, etc.

3.1.2.4 Água mineral e potável de mesa

De acordo com o Decreto-lei n. 7.841, de 08.08.1945 – Código de Águas Minerais são

consideradas minerais as águas provenientes de fontes naturais ou de captação artificial, que possuam composição química ou propriedades físicas, ou ainda, físico-químicas, distintas das águas comuns; ou ainda, características específicas que lhes confiram uma ação medicamentosa. Quanto à composição química, as águas minerais podem ser classificadas em: alcalino- bicarbonadas, alcalino-terrosas, sulfatadas, sulforosas, nitradas, cloretadas, carbogasosas, radioativas, entre outras. (BRASIL, 2000, p.80).

As águas potáveis de mesa representam aquelas de composição normal, provenientes de fontes naturais de fontes naturais ou de captação artificial, destinadas à comercialização, e que preencham tão somente as condições de potabilidade.

3.1.2.5 Material de empréstimo

Corresponde a materiais terrosos obtidos em diferentes locais, muitas vezes situados a distâncias consideráveis, utilizados na construção de leito de estrada e em aterros e, eventualmente, como insumo nas obras de infra-estrutura e nas edificações. As áreas onde ocorre a extração desses materiais são conhecidas como caixas de empréstimo. Tais materiais podem ter composição diversa, variando desde solo areno-argiloso a cascalho e saibro (saprolito), incluindo às vezes, rochas cristalinas desagregadas (basalto, quartzito e granito).

Após as considerações feitas quantos aos recursos minerais, como vimos bens corpóreos que podem ser utilizados, sobretudo para fins econômicos, e mesmo assim, de acordo com limitações e critérios previstos em lei, motivo pelo qual passamos à análise de sua natureza jurídica.