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A seguir é apresentada a avaliação do modelo desenvolvido segundo os subconstructos apresentados no item 4.4.5.

5.9.1 Utilidade

A utilidade foi avaliada de acordo com quatro subconstructos: confiabilidade da informação, rastreabilidade da informação, retroalimentação eficaz, e padronização da inspeção.

A avaliação quanto à confiabilidade da informação mostrou que a utilização do modelo de controle integrado possibilita um controle confiável, tanto da produção quanto da qualidade, pois evita o esquecimento de conferência de algum serviço. Além da inspeção da qualidade logo após a conclusão dos pacotes de trabalho pela produção, a rotina de coleta de dados, em que todos os lotes são percorridos para controle de pacotes de trabalho informais e perdas por

making-do, também dificulta a falta de controle sobre as atividades executadas no canteiro. A

ferramenta desenvolvida também contribui com a confiabilidade e segurança dos dados, uma vez que os transfere automaticamente para o banco de dados, que os armazena em um servidor online.

Na avaliação da rastreabilidade da informação, a ferramenta desenvolvida para aplicação do modelo de controle integrado se mostrou eficaz, uma vez que armazena os dados em um

banco de dados, que pode ser acessado para consultar informações, mesmo após a conclusão da construção do empreendimento, podendo ser utilizada na gestão do ciclo de vida da edificação. Contudo, o acesso aos dados pelo módulo web é dificultado pela falta de filtros, fazendo com que a consulta seja demorada e cansativa.

No que diz respeito à retroalimentação eficaz do modelo, percebeu-se que a inspeção dos critérios de qualidade relacionados aos pacotes de trabalho planejados logo após a sua conclusão pela produção, no próprio canteiro de obras, torna o processo de controle mais eficaz em comparação com o sistema de preenchimento de PVQs em papel. Essas informações são transmitidas ao servidor, assim que a ferramenta é sincronizada, e são disponibilizadas aos envolvidos, possibilitando a tomada de ações corretivas.

Já em relação à padronização da inspeção, os resultados da pesquisa indicam que a utilização de procedimentos de inspeção foi apontada como uma das vantagens do modelo proposto, auxiliando, principalmente, na inspeção de critérios de qualidades que não são verificados rotineiramente. A utilização dos procedimentos de inspeção também assegura que a qualidade seja avaliada de forma padronizada, e com as mesmas técnicas por todos os inspetores, assegurando que as exigências estabelecidas pela empresa sejam atendidas.

5.9.2 Facilidade de uso

A facilidade de uso foi avaliada de acordo com dois subconstructos: eficiência e aplicabilidade. Em relação à eficiência do modelo, foi dispendido um tempo menor na coleta de dados, em comparação com o processo atual da empresa, uma vez que dois controles são feitos simultaneamente. Foi realizada uma análise do tempo total dispendido para realizar as coletas. Foram controlados pacotes de trabalho em 4 torres de 9 pavimentos cada, ainda na fase de estrutura. Com isso, ao longo da obra, passaram a haver mais pavimentos em execução simultaneamente, ou seja, a quantidade de lotes a serem verificados foi aumentando durante o estudo.

Assim, foi medido o tempo médio dispendido por lote durante as coletas, considerando que o tempo em cada lote é muito variável, dependendo da execução ou não de algum pacote de trabalho, formal ou informal, da ocorrência de alguma perda por making-do, e ainda se há inspeções de qualidade a serem realizadas. O tempo médio foi de 2,86 minutos por lote, conforme mostra a Figura 106. Esse tempo foi considerado adequado para a obra estudada, uma vez que quem fazia a aplicação do controle eram, geralmente, dois estagiários, cada um

responsável por duas torres. Ao final da execução da estrutura, eram 18 lotes por torre, ou 36 lotes por estagiário, totalizando um tempo aproximado de 102 minutos de coleta diária para cada um, para realizar o controle integrado entre produção e qualidade.

Figura 106 - Tempo dispendido e quantidade de lotes inspecionados no Estudo Empírico 2 No que se refere à aplicabilidade do modelo de controle integrado, com o uso de TI em dispositivos móveis, a sua utilização possibilitou o acesso imediato aos critérios de qualidade no canteiro de obras, inclusive dos pacotes de trabalho informais cadastrados em campo, permitindo o acesso à informação necessária, no momento necessário, sem necessidade de deslocamento até o escritório. Esse acesso imediato e automatizado da informação permite acessar, além dos critérios de qualidade das atividades programadas, procedimentos de inspeção, plantas, memoriais descritivos, e cadastrar informações na forma de dados e registros fotográficos.

A aplicabilidade foi avaliada não só pela equipe da pesquisa, mas também por gerentes, engenheiros e estagiários da Empresa A. Quando questionados sobre o uso do modelo de controle integrado proposto nessa pesquisa, as respostas obtidas foram “fácil compreensão”, “muito fácil” e “intuitivo”, por exemplo. Quanto à continuação da aplicação do modelo como procedimento da empresa, foi considerado pelos gestores como viável, mas que o mesmo necessitaria de algumas pequenas alterações para estar totalmente adaptado às necessidades da Empresa A. Essas alterações dizem respeito principalmente à opção de avaliar os critérios da qualidade como “aprovado com restrição”. Também deve haver um controle relativo às versões dos procedimentos cadastrados. Essas alterações precisam ser feitas para que os requisitos exigidos para a obtenção das certificações do SiAC do PBQPH e da ISO 9001 sejam mantidos.

Os profissionais da empresa que tiveram contato com o modelo e com sua aplicação através da ferramenta desenvolvida mostraram ter uma boa receptividade e vontade de aplicá-lo na rotina da empresa. A equipe de obra mostrou-se otimista e empolgada com a utilização do modelo de controle integrado ao invés do sistema utilizado atualmente. Os gestores das áreas de planejamento e qualidade também demostraram interesse em adotar o modelo de controle integrado e a ferramenta desenvolvida como processo da Empresa A, e tem o interesse em adotá-la. A restrição encontrada é referente a ferramenta de TI, que para ser aplicada pela empresa precisa tornar-se mais robusta em relação à base de dados, uma vez que ao possuir uma quantidade maior de dados, o sistema torna-se muito lento, inviabilizando a sua utilização, além de receber alguns ajustes para ajustar-se totalmente às necessidades específicas da Empresa A. Foram destacados pelos entrevistados problemas técnicos, tais como cadastramento lento dos dados via web, falta de filtros para o controle integrado no aplicativo para tablet, assim como falhas que param o aplicativo, fazendo com que o mesmo precise ser reiniciado.

Outra dificuldade apontada na aplicação do modelo foi a criação de pacotes de trabalho genéricos para utilização no planejamento da produção, e a reorganização de todos os critérios de qualidade presentes nas PVQs dos serviços utilizadas pelo sistema de qualidade da empresa, de acordo com esses pacotes. Também houve uma certa dificuldade na coleta das perdas por making-do, tanto devido a coleta de dados contemplar, paralelamente, dados relativos à produção e à qualidade, não sendo focada apenas nas improvisações, quanto na identificação das ocorrências, havendo dúvidas se realmente se referiam a esse tipo de perda, que, muitas vezes são confundidas com falhas de qualidade. Essas dificuldades foram percebidas mesmo com as adaptações realizadas modelo a fim de tornar mais fáceis a identificação deste tipo de perda.