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5.4 ESTUDO EMPÍRICO 1

5.4.3 Making-do

A coleta de perdas por making-do nesta etapa da pesquisa foi realizada com a utilização do modelo proposto por Leão (2014). Todas as perdas foram classificadas quanto à sua categoria e natureza, conforme proposto por Sommer (2010), refinado por Fireman (2012) e utilizado por Leão (2014). Também foram analisados os impactos que essas perdas poderiam ocasionar, assim como o risco que essas perdas apresentavam, através do uso da matriz de avaliação proposta por Fireman (2012), apresentada na Figura 38. Tantos os impactos quanto a severidade e probabilidade de ocorrência da perda foram analisadas conjuntamente com o engenheiro responsável, em reunião realizada no canteiro de obras.

A partir da análise dos dados coletados, é observado que a maior ocorrência de perdas por

making-do são das categorias ajuste de componentes e área de trabalho, que juntas somam

59% das ocorrências do estudo empírico 1 (Figura 39). Já em relação à natureza dessas perdas, destacaram-se a indisponibilidade de equipamentos e ferramentas adequados, totalizando a natureza de 41% das perdas, seguido pela indisponibilidade de espaço, informação e mão de obra qualificada (Figura 40).

Figura 39 – Categoria de perdas por making-do identificadas no estudo empírico 1.

Figura 40 – Natureza das perdas por making-do identificadas no estudo empírico 1. Já em relação ao impacto ocasionados pelas perdas por making-do registradas no estudo, destacam-se a redução da segurança e a diminuição da produtividade, como é mostrado na Figura 41. Conforme pode-se observar na Figura 42, 59% das perdas ocorreram em pacotes informais e 41% em pacotes formais. As perdas analisadas apresentaram riscos menores e intermediários, sem nenhuma ocorrência sendo classificada como de risco maior.

Figura 41 – Impactos das perdas por making-do identificados no estudo empírico 1.

Figura 42 - Tipo de Pacote das perdas por making-do identificadas no estudo empírico 1 A seguir, são apresentadas algumas das perdas registradas durante a coleta no estudo empírico 1. A categoria de perda mais recorrente nessa parte da pesquisa foi ajustes de componentes, relacionados a pacotes de trabalho de serviço estrutural da obra, tais como montagem de ferragem e fôrmas, elevação e arremates da alvenaria estrutural, execução do graute e instalação da linha de vida. A Figura 43 apresenta duas ocorrências de making-do, em que os componentes foram ajustados para realizar o travamento das estruturas moldadas in loco. Foi utilizado um calço de madeira junto às barras de ancoragem para assegurar um melhor travamento das fôrmas dos pilares, uma vez que o componente disponível não estava satisfatório para realização da atividade, como é mostrado na primeira imagem. Já na segunda imagem, como os blocos da calha haviam quebrado, foi improvisado um fechamento e escoramento para seu preenchimento com o graute, uma vez que esse tipo de correção não foi previsto pela gerência da obra. Em ambos os casos o impacto indicado foi a diminuição da produtividade e o risco classificado como intermediário.

Figura 43 – Calço de madeira na barra de ancoragem e escoramento inadequado de fôrma Em relação à categoria área de trabalho, as perdas se referem à corte de blocos em locais inapropriados. A causa está ligada à falta de espaço para a realização da atividade, como no caso dos blocos cerâmicos antes da execução da central de corte, e, em algumas situações, à mão de obra, que não realiza a atividade no local apropriado por falta de vontade. Três perdas por área de trabalho são ilustradas na Figura 44, em que os blocos, fôrmas e tubulações eram cortados em locais inapropriados. A falta de um local apropriado para a realização dessas atividades gera impactos como a redução da segurança, a redução da qualidade, a diminuição da produtividade e a perda de materiais.

Figura 44 - Corte de material em local inapropriado

O estudo empírico 1 permitiu realizar o controle da produção, identificando os pacotes de trabalho executados no canteiro, formais e informais, o controle da qualidade, em que dificuldades foram enfrentadas em função da indisponibilidade da equipe de engenharia em acompanhar a pesquisa, e nas perdas por making-do, que contribuíram para que a equipe de pesquisa conhecesse o sistema de controle utilizado pela empresa.

Pode-se observar que o empreendimento A3 possuía um PPC bastante variável, com uma baixa média de pacotes concluídos durante o período de coleta, atingindo apenas 45%. Foi constatado que essa deficiência do planejamento de curto prazo, se dava em função da quantidade de pacotes de trabalho com restrições não removidas incluídos na programação semanal. Essa deficiência identificado no plano de médio prazo, em que as restrições não são removidas, juntamente com a ausência de empresas subempreiteiras na elaboração do planejamento semanal, também afeta a quantidade de pacotes informais executados no canteiro de obras. A quantidade de pacotes informais identificados durante é coleta foi bastante alto, representando, em média, 41% do total de pacotes de trabalho executados. Também foi percebido que dos pacotes informais registrados, 11% se referiam a atividades de retrabalho que visavam a corrigir pacotes executados sem qualidade.

No que se refere a qualidade, esse primeiro estudo mostrou que vários problemas de qualidade ocorriam devido à falta de controle das condições de início, que não eram removidas antes do início da execução dos serviços, e resultavam em desperdício de materiais, custos adicionais e retrabalho. A falta de equipamentos adequados também interferiu em alguns processos executivos, resultando em qualidade precária. A falta de equipamentos ou ferramentas apropriadas também foi a principal natureza das perdas por making-do registradas, resultando na redução da segurança e na diminuição da produtividade.

Esse primeiro estudo empírico contribuiu com a inserção do uso de dispositivos móveis no canteiro de obras, em que a equipe de engenharia se mostrava otimista quanto a sua aplicação, contribuindo com sugestões de funcionalidades para a ferramenta em desenvolvimento para aplicação do modelo proposto, uma vez que consideravam a ferramenta em uso nesse primeiro estudo difícil e pouco prática. O estudo também contribui com a identificação de melhorias a serem realizadas no modelo de controle integrado de produção e qualidade.

5.5 MODELO DE CONTROLE INTEGRADO DA PRODUÇÃO E