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5.3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA

5.3.1 Avaliação do programa

5.3.1.1

Fatores potenciadores

A análise das entrevistas permitiu perceber como tinha decorrido o programa. A perceção dos entrevistados foi de que o programa correu bastante bem no distrito: “Correu muito bem” (E3).

Os entrevistados que exerceram funções como diretores distritais da Segurança Social afirmaram: “Não houve nenhum distrito, nem os grandes do Porto e Lisboa, que tivesse ganho tantas candidaturas PARES como o distrito de Aveiro” (E1); “A nível Nacional há a ideia, que é real, de que Aveiro foi um dos Distritos que teve mais projetos aprovados no âmbito do Programa PARES.” (E5).

A análise dos fatores que terão contribuído para este sucesso permitiu a criação da subcategoria “Fatores potenciadores”.

Categoria Subcategoria Fatores apontados

Divulgação

Compromisso assumido pelas câmaras Avaliação do

programa Fatores potenciadores

Simplicidade do programa Tabela 18 – Fatores potenciadores

Um dos fatores apontados para que o projeto tivesse corrido bem, foi a sua divulgação e compromisso assumido pelos presidentes de câmara em participar: “Foi feito assim: íamos a Águeda, a Santa Maria da Feira, ou Espinho reunir na câmara municipal, com as IPSS e com os representantes de Câmara e ao passarmos essa filosofia, acabámos por permitir que em muitos concelhos as IPSS tivessem uma garantia imediata (à cabeça), da comparticipação municipal, em função de comparticipação pública” (E1).

Outro fator terá sido a simplicidade do PARES: “O projeto PARES aparece com uma filosofia estratégica muito simples. Para se implantar uma obra para resposta social é preciso três condicionantes: uma que o setor público apoie, outra que o município apoie e outra que a população queira. Esta participação tripartida deu muito resultado” (E1).

5.3.1.2

Pontos fortes

O programa parece ter contribuído de forma muito positiva para o Distrito de Aveiro. A tabela seguinte ilustra os pontos fortes apontados pelos entrevistados.

Categoria Subcategoria Fatores apontados

A existência do programa em si mesmo, como propulsor da criação de respostas sociais

Aumento e renovação da capacidade instalada Acesso igualitário

Resposta às necessidades da população Estrutura do programa

Financiamento público a fundo perdido, com regras muito claras

Avaliação do

programa Pontos fortes

Garantia dos acordos de cooperação Tabela 19 – Pontos fortes

Um dos pontos fortes apontados pelos entrevistados foi exatamente a existência do programa como propulsor (ignição) para o desenvolvimento das respostas sociais e desenvolvimento local: “O ponto forte deste programa foi ter existido. (…) Foi bom para as terras e para os concelhos onde havia dinamismos locais que fizeram surgir as respostas” (E3). Segundo os entrevistados, quando surgiu existiam pouco ou nenhuns incentivos: “Como as alternativas na altura em que ele surgiu (...) eram inexistentes. (…) mexeu com as direções das instituições no sentido de procurarem caminhos. Porque (…) houve um alerta para as instituições... e isso foi conseguido. (…) Sim, funcionou como um alerta” (E6).

Isto foi confirmado pelos dirigentes das instituições. Quando lhes perguntaram se teriam levado a cabo a execução do equipamento sem este programa, responderam: “Era absolutamente inviável sem o programa PARES, sem essa comparticipação” (E8), e “Não. Como é óbvio. Nem pensar nisso. De maneira nenhuma …de maneira nenhuma” (E4). Outro ponto forte foi o ter contribuído para o alargamento/aumento da capacidade instalada e para a requalificação da oferta das respostas sociais: “Houve um alargamento significativo de respostas sociais” (E7); “Permitiu a renovação de muitos equipamentos existentes” (E2).

Também foi apresentado como ponto positivo o facto das instituições estarem em pé de igualdade à partida: “Pelo menos pôs as pessoas num plano de igualdade. Abriu portas aos mais ricos, aos mais remediados e aos mais pobres e ficaram todos iguais. O acesso é igualitário, (…) em termos de acesso não há destrinça” (E4).

Foi ainda apontado como ponto forte por vários entrevistados o facto de o programa ter respondido às necessidades da população: “O Programa PARES foi importante, pois possibilitou que Aveiro se dotasse de equipamentos capazes (nas áreas já referidas) de responder às necessidades da população” (E5)

A forma como o programa foi concebido foi outra vantagem apontada: “(…) o ponto forte foi a forma como estava estruturado” (E3). Também foi referida a “informação/divulgação dos critérios de definição de determinadas valências ou respostas sociais” (E5).

A garantia de existência de financiamento público a fundo perdido foi outros dos pontos positivos referidos por alguns dos entrevistados: “O nível de financiamento que é feito,

(…) a fundo perdido... é um aliciante e um incremento e incentivo muito grande para o projeto” (E2). Para além disso, foram referidas as suas regras bem claras: “as regras claras que tinha” (E3).

Outro dos pontos fortes apontados de forma unânime por todos entrevistados foi a garantia dos acordos de cooperação após a conclusão do projeto. Estes acordos foram considerados fundamentais para as instituições avançarem com as suas candidaturas e execução do projeto, por garantirem um certo conforto financeiro para a sustentabilidade da instituição a longo prazo: “Quem tinha PARES aprovados, já sabia que tinha direito às comparticipações. Portanto, isto é uma segurança muito grande para as instituições” (E6). Aliás, a garantia dos acordos de cooperação é de tal ordem importante que alguns entrevistados afirmaram ser tão importante como o financiamento do PARES: “Isso é quase tão importante como os 50% do financiamento” (E6). Dois dos entrevistados afirmaram, inclusivamente, que seria a única forma viável de fazer estes investimentos.

5.3.1.3

Pontos fracos

Outras das subcategorias que emergiu da análise das entrevistas foi “Pontos fracos”.

Categoria Subcategoria Fatores apontados

Tempo de candidatura insuficiente Análise das candidaturas

Garantir o pagamento das faturas para depois receber a comparticipação financeira

Burocracia excessiva

Planeamento orientado para a organização territorial administrativa

Avaliação do

programa Pontos fracos

Alterações legislativa no decorrer dos projetos Tabela 20 - Pontos fracos

Um dos pontos fracos apontados pelos entrevistados foi o facto do prazo de apresentação das candidaturas ser muito curto.

Há quem tenha apontado também como ponto fraco a forma como foram selecionados os projetos: “As análises das candidaturas. (…) Para mim não foram as mais eficazes (...). Houve muita coisa que ficou de fora. Que podia ser feito” (E6).

Relacionado com o pagamento das despesas comparticipadas pelo programa foram referidos dois pontos fracos. O primeiro foi o facto das instituições terem que garantir o pagamento das faturas para depois receber a comparticipação financeira a que tinham direito, como referiram dois dos entrevistados. O segundo ponto fraco foi a burocracia associada para que pudessem receber a comparticipação financeira a que tinham direito: “(...) burocracia muito complicada até chegar ao recebimento efetivo do dinheiro. (…) E muitas vezes vai uma décalaje de tempo muito grande e é necessário ter algum cuidado. (…) Isso pode ser até um inibidor de algumas candidaturas” (E2).

A forma como foi feito o planeamento territorial do programa foi também apontada como um ponto fraco por quatro entrevistados: “E então temos neste momento um lar, em A, que tem logo à volta dele... tem um em B, tem outro em C, tem outro em D, tem outro... ali a 5 quilómetros, tem para aí 10, 11 lares, ali” (E4).

Curioso é o fator apresentado por três dos entrevistados, como um ponto fraco, que é a alteração de legislação sobre características obrigatórias exigidas para edificado, nomeadamente a alteração que implicou a obrigatoriedade de incluir sistemas de AVAC. Com esta alteração muitas instituições viram-se obrigadas a alterar os projetos iniciais para incluir esta obrigatoriedade, o que veio a ter implicações diretas no custo do equipamento aumentando-o consideravelmente.

5.3.1.4

Necessidades de melhoria

Um dos pontos a averiguar era os que os vários interlocutores gostariam de ver alterado no programa, isto mesmo foi questionado aos entrevistados e como resultado desta questão e de vários pontos apontados ao longo das entrevistas esta categoria. A tabela seguinte ilustra essa realidade.

Categoria Subcategoria Fatores apontados

Aumento da comparticipação pública proveniente do PARES

Alteração das regras de pagamento

Alteração da comparticipação financeira em função da alteração devido aos AVAC

Aumentar o prazo de apresentação das candidaturas Alteração do planeamento das respostas sociais Avaliação do

programa

Necessidades de melhoria

Necessidade de desenvolver programas similares Tabela 21- Necessidades de melhoria

Quando se questionaram os entrevistados sobre o que gostariam de ter visto alterado no programa, numa primeira abordagem, tiverem alguma dificuldade em responder de imediato ou até afirmaram não ter nada a alterar. No entanto, seis dos entrevistados demonstraram diretamente ou indiretamente desejo de aumentar comparticipação financeira pública proveniente do PARES. Foi o caso de E3: “Sinceramente não tenho assim nada que alterasse no programa. A não ser o financiamento claro. (…) Poderia comparticipar mais em termos financeiros (…)”; tendo E5 acrescentado “(…)a comparticipação deveria ter sido superior (ronda os 45%, depende de caso para caso, ou 50%... deveria ter ido aos 75-80%)”.

Um dos dirigentes representante das instituições referiu que seria importante alterar as regras de pagamento do montante comparticipado: “Se calhar havia de haver um mecanismo de financiamento, ou de uma garantia qualquer, que permitisse alguma tranquilidade para quem constrói. (...) quem vai fazer a obra e precisa de receber. (…) um mecanismo que garantisse de facto ali alguma estabilidade a todos, e um plano de pagamentos que o próprio empreiteiro também tivesse condições para assegurar” (E2). Três dos entrevistados gostariam de ter visto alterada a comparticipação financeira em função das exigências técnicas relacionadas com a implementação obrigatória do AVAC. E1 afirmou: “Se o AVAC tinha que existir, que existisse no início e que fosse estudado o impacto não só físico, mas também financeiro do AVAC na obra, e que se desse uma compensação... porque esse impacto, foi muitas vezes superior a 25% do custo total.” E2 gostaria de ver alterado o prazo de candidatura das instituições ao programa, atendendo ao grau de complexidade dos projetos: “Eu acho que o que devia ser alterado… era … é o

tempo de candidatura ou de anúncio, (…) para que as próprias instituições pudessem fazer as suas opções”.

Por fim, o planeamento, que já tinha sido referido como um ponto fraco por alguns dos entrevistados, foi também referido como um dos pontos a alterar por vários entrevistados: “Deveria era haver muito mais (…) regulamentação (…), ou seja, num raio, de raio x não poderia, haver outro, para que eles não pudessem entrar em concorrência uns com os outros” (E4).

Outro dos pontos referidos foi a necessidade de desenvolver mais programas de investimento deste género: “Sim, mas com certeza para outras áreas” (E3). Foi referido por três entrevistados a necessidade de desenvolver um programa de requalificação das respostas sociais existentes “para a reabilitação de edifícios existentes e às vezes uma pequena ampliação que é necessária” (E7).

Um representante das instituições referiu: “os programas que são feitos deviam dar alguma margem de liberdade às instituições (…), de alguma inovação em relação às respostas sociais” (E2).