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3.3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA PARES

3.3.1 O Distrito de Aveiro

Como se pode constatar, o Distrito de Aveiro destaca-se na implementação do programa, sendo o distrito com mais projetos contratualizados, 84, representando 15% do total de projetos a nível continental. Ocupa o segundo lugar no que diz respeito ao número de respostas sociais, 146 (cerca de 15% do total), ao número de vagas a intervencionar, 5.049 (14% do total de vagas), e ao número de a vagas a criar (4.434). Ocupa o primeiro lugar no que diz respeito a vagas a remodelar (615). No que toca ao investimento público contratualizado, o Distrito de Aveiro apresenta o maior investimento contratualizado a nível Continental, cerca de 29,7 milhões, representando 14% do investimento total.

Analisa-se agora de forma mais detalhada como foi contratualizado o programa neste distrito ao nível das respostas sociais. O gráfico seguinte ilustra essa realidade.

CAO 20 0,4% CATL 96 1,9% Lar residencial 130 2,6% Creche 1 809 35,8% SAD 848 17% Lar idosos 954 18,9% Residência autónoma 50 1% Centro de dia 1 142 22,6%

Gráfico 22 - Capacidade das respostas sociais contratualizadas, a criar e a remodelar, no Distrito de Aveiro, em 2012 (Instituto da Segurança Social, IP, 2013)

Da análise do gráfico verifica-se que a resposta social com maior intervenção foi a creche, responsável por cerca de 36% das vagas a criar e a remodelar no Distrito de Aveiro. A resposta social centro de dia apresenta a segunda maior aposta do distrito, representando cerca de 23% da capacidade total a intervencionar no distrito, um valor percentual superior ao verificado no continente em cerca de 17%. Em terceiro lugar aparece a resposta social lar de idosos, representando cerca de 19% da capacidade total a intervencionar no distrito. A quarta maior aposta do distrito é a SAD, representando 17% da capacidade total a intervencionar.

Analisando por segmento populacional, verifica-se que o segmento em que houve maior aposta foi o dos idosos, que contempla as respostas sociais: lar de idosos, SAD e centro de dia, com 58% da capacidade total a intervencionar no distrito. Em segundo lugar surge o segmento as crianças e jovens que inclui as respostas sociais creche e CATL. E em último lugar o segmento das pessoas com deficiência que contempla as respostas sociais: CAO, lar residencial e residência autónoma.

Ao analisar por fase do programa verifica-se que o PARES II foi a fase que teve mais impacto no distrito: foi o que teve mais projetos contratualizados, 42, conforme Gráfico 13; o que teve mais respostas sociais contratualizadas, 83, conforme Gráfico 15 e o que teve o maior financiamento público contratualizado, 14 milhões de euros, conforme Gráfico 20. O PARES I é a segunda fase com mais impacto com: 35 projetos contratualizados (ver Gráfico 13); 56 respostas sociais contratualizadas (ver Gráfico 15) e cerca de 13,5 milhões de euros de financiamento público contratualizado (ver Gráfico 20). O PARES III tem uma representatividade bastante menor com: 7 projetos contratualizados e 7 respostas sociais contratualizadas, conforme Gráficos 13 e 15 e cerca de 2 milhões de euros de financiamento público contratualizado, conforme Gráfico 20. De realçar que esta última fase contempla apenas uma resposta social, creche, e alguns concelhos do distrito, nomeadamente: Arouca, Espinho, Santa Maria da Feira e São João da Madeira.

O gráfico seguinte ilustra a aposta no distrito por fase do programa e resposta social de forma detalhada. 484 919 406 535 607 532 422 215 633 96 20 36 94 50 0% 20% 40% 60% 80% 100%

PARES I PARES II PARES III

Creche CATL CAO

Lar residencial Residência autónoma Centro de dia

Lar idosos SAD

Gráfico 23 - Capacidade das respostas sociais contratualizadas a intervencionar, por fase do programa e resposta social no Distrito de Aveiro, em 2012 (Instituto da Segurança Social, IP, 2013)

A grande aposta é a nível distrital, em todas as fases do programa, a resposta social creche e, em termos de segmento, a população idosa. A maior aposta do PARES I é o centro de dia, seguindo-se lar de idosos e depois o SAD. Já no PARES II a maior aposta é o SAD, seguido do centro de dia e lar de idosos. Verifica-se também que a segunda fase é a que mais aposta na área da deficiência, através de lar residencial e residência autónoma.

4 Metodologia de estudo

4.1 Construção da investigação

A importância do terceiro setor na economia e na sociedade portuguesa tem vindo a crescer. Através das suas políticas, apoio técnico e financeiro, o Estado tem procurado estimular o desenvolvimento de serviços e infraestruturas no âmbito da proteção social neste setor, destacando-se programas de investimento como o PARES.

Este programa foi selecionado como objeto de estudo devido aos seus objetivos ambiciosos e abrangentes, essencialmente no que diz respeito ao alargamento da RSES e o incentivo ao investimento privado. Atendendo à sua dimensão, importava perceber:

• como é que o PARES se concretizou e foi dinamizado; • como decorreu o seu financiamento;

• se de facto estimulou o investimento privado; • se veio ou não alterar a RSES;

• qual a sua importância para esta rede de serviços, como contribuiu para o eventual desenvolvimento das comunidades onde foi implementado.

Este estudo pretende, assim, avaliar o impacto do Programa PARES na RSES do Distrito de Aveiro.

Para o estudo foi selecionado o Distrito de Aveiro, essencialmente por duas razões: em primeiro lugar, por razões geográficas, dado a investigadora viver neste Distrito; em segundo lugar, atendendo à dimensão do PARES neste Distrito (GEP, 2012).

4.2 Paradigma de investigação

“Um paradigma consiste num conjunto aberto de asserções, conceitos ou proposições logicamente relacionas e que orientam o pensamento da investigação” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 52). O paradigma de investigação “é uma perspetiva sobre a pesquisa realizada por uma comunidade de investigadores que se baseia num conjunto de pressupostos, conceitos, valores e práticas partilhados”, ou seja, “uma forma de como pensar e fazer investigação” (Johnson & Christensen, 2008, p. 33).

4.2.1 Qualitativo

Os paradigmas de investigação mais utilizados são: quantitativos, qualitativos, e mistos. A tabela seguinte, adaptada de Johnson & Christensen (2008), descreve e compara-os.

Investigação Quantitativo Misto Qualitativo

Método científico

Dedutivo ou "top-down” O investigador testa hipóteses e teorias com dados

Dedutivo e indutivo

Indutivo ou "bottom-up" O investigador gera novas hipóteses e a teoria são fundamentadas a quando do trabalho de campo (recolha de dados) Vista do Comportamento humano Comportamento é regular e previsível Comportamento é menos previsível Comportamento é fluído, dinâmico, situacional, social, contextual e pessoal

Objetivos mais comuns de pesquisa

Descrição, explicação e

predição Objetivos múltiplos

Exploração, descoberta, construção e descrição

Foco Ângulo de visão restrito,

testa hipóteses específicas Focos múltiplos

Alarga o campo de investigação, tanto em amplitude como em profundidade aprendendo mais sobre ele

Interesses Leis gerais Ligar local ao geral Local, grupos particulares e pessoas Natureza da observação Tenta estudar o comportamento sob condições controladas Tenta isolar o efeito causal das variáveis individuais Estudar o comportamento em mais de um contexto, perspetiva ou condição Estudo do comportamento em ambientes naturais

Estudo do contexto no qual o comportamento ocorre Estudo de fatores múltiplos, como eles operam em conjunto nos seus ambientes naturais Natureza da

realidade Objetivo

Senso comum e pragmatismo

Subjetiva, pessoal e socialmente construída

Forma dos dados recolhidos

Recolha de dados quantitativos baseados na medição exata utilizando dados estruturados e validados

Múltiplas formas

Recolha de dados qualitativos. O investigador é primeiro

instrumento na recolha de dados primários

Natureza dos dados Variáveis

Mistura de variáveis Palavras e imagens

Palavras, imagens, categorias

Análise dos dados Identificar relações estatísticas

Combinação qualitativa e quantitativa

Busca por padrões, temas e características holísticas

Resultados

Apresenta resultados tendo uma perspetiva externa

Apresentam pontos de vista internos e externos

Resultados individualizados com representação do ponto de vista interno

Representação múltiplas perspetivas

Forma de

apresentação final Relatórios estatísticos

Mistura de números e de narrativas

Relatórios narrativos com descrição contextual e com a representação direta dos participantes na investigação Tabela 5 – Comparação dos métodos de investigação: Quantitativo, Misto e Qualitativo (Johnson & Christensen; 2008, p. 34)

Para a realização deste trabalho foi utilizada investigação qualitativa por se revelar a mais adequada. Este tipo de investigação permite uma análise mais aprofundada, o que permite desbravar novas pistas de estudo (Quivy & Campenhoudt, 1998). Segundo Bogdan & Biklen (1994, p. 47-51), a investigação qualitativa apresenta 5 características principais, que podem coexistir em conjunto ao não, que são:

• O investigador é o “instrumento principal” na recolha direta de dados.

• A investigação é descritiva, tentando manter toda a riqueza original, de forma a ilustrar a realidade. Os resultados são apresentados fidelizando tanto quanto possível a forma como foram observados, por exemplo, através da transcrição de entrevistas.

• Os investigadores estão mais focados no processo do que nos resultados.

• Os investigadores “tendem a analisar os seus dados de forma indutiva (…) sendo as abstrações construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando” (Bogdan & Biklen (1994, p. 50).

• O significado é de importância vital na abordagem qualitativa” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 50), ou seja o investigador foca-se nas perspetivas participantes.

4.2.2 Estudo de caso

Nesta abordagem optou-se pelo estudo de caso, que segundo Yin, (2010, p. 39) “é uma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo em profundidade e contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto não são claramente evidentes”. O estudo de caso é ideal para “fenómenos contemporâneos em contexto de vida real” (Yin, 2010, p. 23), que é o caso, em que “o investigador tem pouco ou nenhum controlo sobre os eventos” (Yin, 2010, p. 34), aconselhado quando as questões de investigação são “como” e “porquê”? (Yin, 2010, p. 23). Tem como vantagens: o facto de ser um método rigoroso; a possibilidade dos investigadores obterem “características holísticas e significativas dos eventos da vida real” (Yin, 2010, p. 24); e permitir a compreensão de fenómenos sociais complexos (Yin, 2010). Este método apresenta, no entanto, algumas desvantagens, como o risco de aceitar evidências erradas ou visões parciais que podem levar a conclusões erróneas ou parciais. É por isso importante que toda a investigação seja efetuada com muito rigor (Yin, 2010, p. 35).