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5.1 INFLUÊNCIA DO PARES NA RSES

5.1.1 Contributo para as respostas sociais

Quando o Programa PARES foi lançado no terreno, conforme nos relatou um dos representantes das IPSS, havia a necessidade de aumentar a capacidade instalada nas respostas da terceira idade: “Em relação aos lares, (…) havia a pressão da ampliação da resposta, porque as respostas começaram a ser em número … mais reduzido. (…) E a nível de centros de dia (…)” (E2). As instituições eram pressionadas pela “força dessa procura (…)”(E2). Esta pressão era sentida através “dos pedidos e das listas de espera etc. eram de facto fortes (…).”(E2). Da análise das entrevistas emergiu esta categoria.

Categoria Fatores apontados

Aumento da capacidade instalada da RSES Aumento da qualidade da oferta

Sobre oferta nas respostas sociais nas áreas da infância e juventude e da população idosa

Aumento da concorrência entre instituições Contributo para as respostas

sociais

Não foram supridas necessidades da população com deficiência Tabela 9- Contributo para as respostas sociais

Da análise às entrevistas é unânime a opinião de que o PARES contribuiu para o aumento da capacidade instalada na RSES do Distrito de Aveiro. Quando questionados sobre se o PARES teria tido influência no aumento da capacidade instalada, os entrevistados foram unânimes em responder que sim: “Decididamente! Aí não tenho qualquer dúvida a respeito disso, porque o número de equipamentos, não digo que foi para o dobro, mas quase” (E3), a respeito do seu concelho; ou “Claramente, porque a maior parte dos equipamentos foram financiamento do PARES e, se não fosse o PARES, eu tenho dúvidas que essas obras, e esses equipamentos tivessem existido. Portanto foi claramente devido ao programa PARES” (E7). Isso mesmo testemunharam os dirigentes das instituições, pois, quando questionados se as suas instituições foram financiadas pelo PARES, verificou-se que este financiou a maior parte das respostas sociais que oferecem: “Financiou a nossa instituição… em todas as respostas sociais (...)Todas, menos a creche X” (E8). “O PARES foi para o lar, creche, e apoio domiciliário” (E4).

A necessidade de melhorar a qualidade das respostas sociais por parte das instituições foi também apontada por um dos dirigentes representantes das instituições: “cada vez mais há exigências de qualidade, não só por parte dos pais das crianças (…) como até sob o ponto de vista da própria Segurança Social e da qualidade dos serviços que devem ser prestados” (E2). O aumento da qualidade das respostas sociais foi precisamente um fator realçado a propósito da influência do PARES na RSES. Com efeito, já se tinha percecionado, pelos dados das fontes secundárias, uma forte aposta na requalificação dos equipamentos, mas depois das entrevistas, tornou-se forte a evidência de que este programa veio influenciar a qualidade dos equipamentos: “É de registar (…) o aumento de qualidade dos equipamentos

com reflexos positivos na melhoria dos serviços prestados, aumentando a qualidade de vida” (E5).

Quando questionados sobre as respostas sociais que o PARES mais teria influenciado, mais uma vez foi unânime a resposta, tendo sido referidas as áreas da infância e juventude e da população idosa: “Foi na área da infância e na terceira idade” (E3), nomeadamente através de “Creche, Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Dia” (E5). Isto mesmo foi confirmado pelos dirigentes das IPSS, que quando questionados sobre quais as respostas sociais que ofereciam, responderam: “As respostas sociais lar, centro de dia, serviço de apoio domiciliário e creche” (E8); ou “temos o serviço do lar de idosos, temos o serviço de apoio domiciliário, (…) damos apoio também através do banco alimentar (…) e temos também a cantina social. (…) temos a valência creche” (E4).

Vários foram os entrevistados que comentaram a sobre oferta na resposta social creche. Um dos fatores apresentados para que isso tivesse sucedido, foi a aposta do PARES nessa resposta social: “Porque o Programa priorizava as creches na aprovação dos projetos, algumas instituições apostaram nessa resposta social sem que tenha havido uma análise cuidada/correta da sua necessidade no terreno” (E5).

Outro fator apontado foi a diminuição da natalidade, como afirmou E6: “pela diminuição da natalidade, portanto, além de haver menos crianças, quer dizer, também foram criadas mais respostas”.

Um dos dirigentes das instituições apontou como fator para o sobre oferta na creche o facto das crianças não terem continuidade para o pré-escolar na mesma instituição: “Temos alguma dificuldade às vezes em ter a creche preenchida porque eles chegam aos três anos e depois (…) falta o pré-escolar. (…). Nós já sabemos, eles já sabem que vão embora... e às vezes vão logo no segundo ano... para segurarem logo uma vaga (…) noutra instituição, qualquer” (E8).

Como consequência da sobre oferta da resposta social creche algumas instituições já solicitaram a autorização para reconversão dos equipamentos, como nos referiu um dos diretores do Centro Distrital de Segurança Social: “Há mesmo duas situações em que já foi pedida autorização superior para a reconversão das instalações para outra valência social” (E5).

No que se refere ao segmento dos idosos obtiveram-se respostas díspares. Um dos dirigentes das instituições afirmou ter o lar idosos completamente esgotado: “em lar temos sessenta pessoas, isto está completamente esgotado” (E8). Mas a outra instituição, situada no interior do distrito, afirmou não ter as valências completamente ocupadas, informando: “Neste momento temos 50 em lar, 20 no apoio domiciliário” (E4).

Três dos restantes entrevistados também referiram alguma sobre oferta na área da terceira idade, aparentemente não numa dimensão idêntica à da resposta social creche, mas “também temos uma diminuição do nível de procura devido à pior condição socioeconómica das pessoas” (E3).

A propósito da sobre oferta de respostas sociais um dos dirigentes das instituições afirmou: “Todas as freguesias quase têm uma ou duas IPSS. É uma coisa impressionante” (E2). Um dos entrevistados referiu “Há alguns excedentes, porque se calhar hoje há equipamentos que não terão a procura que tinham e há outros sítios que têm procura muito maior” (E7).

No entanto surgiram também outras consequências da sobre oferta, como o aumento da concorrência entre instituições, referida por três dos entrevistados: “não era necessário tanto (…) andamos todos aqui em concorrência a ver quem faz mais e melhor. Muitas vezes isso não funciona em benefício... funciona até muitas vezes em desfavor” (E4). Outra das questões que surgiu ao longo do estudo foi: se as vagas criadas teriam suprido as necessidades da população, isto mesmo foi questionado aos entrevistados. Aqui os entrevistados foram unânimes em afirmar que sim e, que não só supriu as necessidades, como inclusivamente ultrapassaram as necessidades existentes: “Se cruzarmos toda a oferta que há e a procura, constatamos que já há excesso de respostas sociais disponíveis em determinadas áreas” (E5). Este entrevistado refere, contudo: “se excluirmos a área da deficiência e dos lares de infância e juventude, penso que, neste momento, a nível distrital, há uma rede de equipamentos nas valências de creche, de centro de dia, de serviço de apoio domiciliário e de estrutura residencial para idosos que dá resposta às necessidades existentes” (E5).

No entanto, o PARES não foi o único responsável pelo aumento de vagas da RSES, como testemunhou E2: “não foi só devido ao PARES… as próprias instituições… têm uma dinâmica própria, têm projetos próprios que vão… construindo”. Acrescentando: “a única maneira de ter novos equipamentos, ou de reconverter os equipamentos existentes com outra qualidade, era através de programas como o PARES e outros programas que depois se foram desenvolvendo”. Houve, com efeito, outros programas de investimento que contribuíram o desenvolvimento de equipamentos sociais e que também tiveram impacto na RSES, como o POPH. Como referiu E6: “há instituições no distrito que fizeram obras e que fizeram equipamentos novos ao abrigo do POPH”. Os dirigentes das IPSS entrevistados afirmaram que os programas que subsidiaram os seus equipamentos foram “o programa PARES e o POEFDS” (E8).

Um dos fatores apontados para o aumento de oferta foi a alteração legislativa: “aquela medida simples do Sr. Ministro dizer ‘que as superfícies dos quartos deviam ser analisadas e portanto até se lá podiam meter três camas ou duas’. Isto fez com que se aumentasse bastante a capacidade” (E6).

No decurso da entrevista um dos representantes das instituições afirmou: “Eu estou convencido de que o Estado conseguiu aquilo que queria... portanto o aumento das capacidades. (...) não tenho dúvidas nenhumas. (...) Agora que aumentou a capacidade aumentou” (E6). Parece assim existir convergência entre aquilo que foi descrito nas fontes secundárias e a perceção dos entrevistados acerca do que aconteceu efetivamente no terreno.