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Nesta dimensão começa-se por analisar a informação procedente dos dados de fontes secundárias. Sendo que a tabela seguinte ilustra o financiamento contratualizado e o financiamento efetivamente já pago e qual a sua taxa de execução.

Comparticipação (€) Contratualizada Comparticipação (€) Efetiva Taxa de execução Aveiro 29.715.071 25.124.239 85% Continente 211.694.571 164.496.502 78%

Tabela 12 – Financiamento global contratualizado e efetivamente pago ao abrigo do programa PARES, em 2012 (Instituto da Segurança Social, IP, 2013)

Da análise da tabela verifica-se que a maior parte do financiamento contratualizado previsto já está efetivamente pago, seja a nível continental (78%) seja a nível do Distrito de Aveiro (85%).

A tabela seguinte representa o financiamento PARES contratualizado e efetivamente pago aos projetos já finalizados.

Comparticipação (€) Contratualizada Comparticipação (€) Efetiva Taxa de execução Aveiro 24.463.794 22.676.097 93% Continente 130.368.138 108.416.759 83%

Tabela 13 – Financiamento global contratualizado e efetivamente pago ao abrigo do programa PARES, em 2012, referente aos projetos já concluídos (Instituto da Segurança Social, IP, 2013)

Da observação da tabela percebe-se que a execução financeira dos projetos já concluídos é muito elevada, sendo que no Distrito de Aveiro essa taxa é de 93%. Isto indica que os projetos estarão quase todos concluídos.

Da análise das entrevistas surgiram as seguintes categorias: “Fontes de financiamento” e “Adequabilidade do financiamento”. Estas categorias foram agrupadas na dimensão “Financiamento do PARES”.

5.2.1 Fontes de financiamento

Em primeiro lugar, interessava perceber quais as fontes de financiamento dos projetos. O financiamento dos projetos aprovados pelo PARES dividia-se em duas grandes parcelas: a da responsabilidade do ISS, IP, que era a parte considerada como financiamento público, e o financiamento dito privado, da responsabilidade das instituições: “Os projetos foram financiados em parte pelo programa PARES e em parte pelas Instituições beneficiárias desse Programa. Estas (Instituições), por norma, fizeram parcerias com as Câmaras Municipais. A maioria também recorreu a crédito bancário, para poderem pagar a parte da sua responsabilidade” (E5).

Na prática ao analisar as entrevistas verifica-se que existiram várias fontes de financiamento, agrupadas na categoria fontes de financiamento.

Categoria Fatores apontados

Financiamento público decorrente do PARES, das câmaras e juntas de freguesia (também em serviços)

Financiamento privado fruto do mecenato, particulares e fundos próprios

Financiamento através dos jogos da Santa Casa

Recurso a empréstimos bancários para financiamento privado O montante de investimento privado conseguido pelas instituições é aleatório

Fontes de financiamento

Existiram desvios em relação ao inicialmente previsto Tabela 14 –Fontes de financiamento

O financiamento dos projetos aprovados pelo PARES foi obviamente financiado pelo programa: “Houve o apoio público que tinha a ver com o programa PARES” (E1).

Para alguns entrevistados, o financiamento público foi muito mais que o atribuído pela Segurança Social. Foi também o atribuído por algumas câmaras municipais e juntas de freguesia: “Autarquias Locais (Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia)” (E5). O apoio das câmaras municipais foi efetuado por financiamento direto, considerando a percentagem do valor de financiamento público elegível ou mesmo em serviços como projetos, arranjos e arruamentos. São exemplos dos municípios que apoiaram o programa: Águeda, Arouca, Aveiro, Santa Maria da Feira e Vagos. “Houve câmaras municipais que fizeram o apoio municipal (...). Dou-lhe o exemplo de Arouca, Santa Maria da Feira e Águeda (…), em que a partir do momento que havia uma candidatura PARES, desde a parte técnica (…)” (E1). “Portanto há câmaras que auxiliaram (…), por exemplo, a Câmara de Vagos (…). E depois houve outro… o forcing junto das câmaras para os apoios, que não foram iguais para toda a gente” (E6). Um dos presidentes de câmara testemunhou: “Demos 20% da parte financiada, isto é, só valores ilegíveis. (…) A câmara apoiou todos os projetos em 20%. Houve situações que agora não consigo quantificar: aquelas partes finais das obras, arranjos exteriores, às vezes alguns arranjos de passeios, algum abastecimento de água. Inclusivamente a câmara foi também dando uma ajuda pontual, aí já não percentual. (…) e depois há complementos com as juntas de freguesia algumas... alguns arranjos exteriores… (…) Foi um apoio, eu diria em trabalhos, as juntas de freguesia às vezes arranjos exteriores: disponibilizando para muros, ou passeios, ou sebes e houve aqui uma ajuda complementar” (E3).

Um dos dirigentes das instituições confirmou: “A câmara fez-nos aqui uns arranjos na parte de arruamento” (E4).

Um dos entrevistados referiu também o financiamento através do mecenato: “Dependendo das dinâmicas locais, e dependendo também das capacidades económicas de onde estão inseridas, algumas tiveram um mecenas” (E3), sendo que um dos dirigentes das instituições entrevistado confirmou esta situação: “tivemos que recorrer aí a muitos mecenas” (E4).

O programa PARES foi inovador, digamos assim, pelo facto do financiamento ser assegurado através de verbas dos Jogos da Santa Casa.

Os entrevistados foram unânimes ao afirmar que estas verbas foram bem empregues: “Acho uma excelente aplicação” (E7); “É bom e é salutar que uma parte do dinheiro que vem do jogo (…), seja canalizado para programas do género retornando à sociedade, mais precisamente para dar satisfação a objetivos de ordem social” (E5).

Os representantes das instituições referiram também ter recorrido a fundos próprios.

Outras das grandes fontes de financiamento referida por todos os entrevistados foi o recurso à banca, muito na sequência de não conseguirem angariar fundos. Aqui o testemunho dos dirigentes das instituições foi bem claro, quando afirmaram que grande parte do financiamento privado foi angariado com recurso à banca: “Nós construímos a casa só com o empréstimo e com o PARES. (…). E como não tivemos ninguém que nos tivesse apoiado, fora da instituição e tivemos umas certas dificuldades” (E8).

Houve também financiamento de privados, empresas e pessoas singulares, embora não seja muito representativo: “O investimento privado é sempre muito reduzido” (E2).

Outro dos entrevistados referiu que as ‘freguesias rurais empresariais’, mais dotadas de recursos financeiros, aparentemente foram mais solidárias que nos meios urbanos. Aparentemente houve mais participação solidária da parte das freguesias mais rurais, como testemunhou E1, a respeito do mundo rural “tinham associados com capacidade financeira, com princípios de solidariedade que não se vê no mundo urbano”.

A título exemplificativo de como decorreu o financiamento destes equipamentos deixa-se o testemunho de um dos dirigentes de uma instituição que referiu a este propósito: “O projeto no seu total ficou à volta de 2.700.000€. (…) o Estado deu 930.000€, (…) a câmara deu 480.000€, … a junta de freguesia deu…no total (…) à volta de 100.000€ (...) o resto foi de donativos, (…) e temos ainda um empréstimo bancário (…) de 300 e neste momento, vamos em 250.000€” (E4).

5.2.2 Adequabilidade do financiamento

Pretendeu-se depois avaliar a adequação do financiamento às necessidades. As respostas dadas pelos entrevistados foram agrupadas na categoria “Adequabilidade do financiamento.

Categoria Fatores apontados

Financiamento público foi insuficiente Dificuldade em obter financiamento privado

A comunidade comparticipa financeiramente em função da perceção que tem que o investimento seja uma mais-valia Deficiente orçamentação inicial

Desvios em relação ao orçamento inicialmente previsto Adequabilidade do

financiamento

Problemas de sustentabilidade futura Tabela 15 – Adequabilidade do financiamento

Todos os entrevistados foram unânimes, no sentido de referir que o financiamento público do PARES foi insuficiente: “O financiamento público foi relativamente baixo tendo em conta a capacidade económico-financeira das instituições” (E5). Este mesmo entrevistado referiu a propósito de alguns projetos “2 ou 3 estão parados por dificuldades financeiras das instituições”.

Outro ponto que se tentou averiguar foi se teria sido fácil obter financiamento privado, A perceção geral é de que foi difícil. Os dirigentes representantes das instituições além de referirem ser difícil conseguir esse financiamento relataram que depende também muito da capacidade de negociação das instituiçõese da perceção das comunidades de que seja uma

mais-valia: “umas vezes fácil outras vezes difícil, quer dizer, depende da capacidade de negociação dos agentes. (…) Depende da visibilidade da instituição na própria comunidade, e depende de muitos fatores” (E6).

Há também quem tenha referido que, as instituições com o intuito das suas candidaturas serem aceites concorreram com custo reduzido: “Como alguns dos critérios de seleção dos projetos de aprovação era também em função do elemento privado, havia uma marginação dos projetos de candidaturas. A tendência das instituições para verem a sua candidatura aprovada foi amarrar o máximo de investimentos privados em detrimento do financiamento público” (E7).

Os dirigentes das instituições também referiram terem existido desvios em relação aos montantes previstos, conforme testemunharam: “Houve. (…) um desvio de quinhentos mil euros, mais ou menos. (…) houve coisas que encareceram. Houve coisas que se alteraram, (…) muitas das coisas tivemos que alterar, porque vimos que aquilo não ia dar uma resposta capaz” (E8).

No decurso das entrevistas verificou-se que o âmbito de influência do programa PARES ia muito para além do terminus do edificado, digamos assim. Os entrevistados revelaram-se muito preocupados com a sustentabilidade destas instituições a longo prazo e a necessidade de as manter em funcionamento para poderem honrar os seus compromissos.

Com efeito, vários foram os entrevistados que referiram os problemas de sustentabilidade das instituições. Para um dos dirigentes do Centro Distrital da Segurança Social: “Todos queremos a resposta social à porta da nossa casa se possível, mas terá que haver esta consciencialização de que as instituições têm que ter sustentabilidade. Para isso, têm que ter uma determinada dimensão, um determinado número de utentes (ordem de escala, de grandeza) para poderem prestar, com mais facilidade, um serviço com qualidade, a menor custo, sustentável” (E5).

Ao que parece o programa PARES, como se pode constatar pelas entrevistas, terá contribuído para sobre oferta em várias respostas sociais, estando as instituições em situação de concorrência. Sendo este fator também considerado determinante para sustentabilidade futura de algumas instituições. Conforme testemunharam os dois dirigentes das instituições: “Porque, está-se a ver um bocado de concorrência. Começa a haver instituições que já não têm... que já não conseguem ter sustentabilidade. Têm uma capacidade e já não conseguem” (E8). Um dos diretores do Centro Distrital de Segurança Social acrescentou que por questões de sustentabilidade “Há já um, dois sinais, neste momento, neste Distrito, de Instituições que se querem juntar, para poderem funcionar melhor. (…) Juntando/somando aquilo que têm, pondo-o em comum, pretendem diminuir alguns custos de funcionamento, para prestar um serviço mais acessível, com qualidade e que seja sustentável” (E5).