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Como relatado neste artigo, a participação de estudantes na secretaria do 18th IUAES World Congress foi uma atividade de grande importância para a formação da equipe que teve a oportunidade de atuar nesta frente do even- to. Destacamos neste artigo o treinamento que foi realizado em redação, tradução, design gráfico, elaboração de planilhas, formatação de docu- mentos e textos etc.

A experiência de organização de um megaevento internacional teve diferentes impactos na equipe de estudantes, de acordo com seus cursos de graduação. Estudantes dos cursos de Letras tiveram intenso treinamen- to no campo da redação e tradução. Estudantes do curso de Relações In- ternacionais puderam aprofundar, na prática, seus conhecimentos sobre a complexidade na comunicação intercultural, encaminhamento de vistos e diferentes questões diplomáticas envolvendo, em particular, congres- sistas oriundos da China. Estudantes de Antropologia, Ciências Sociais e Museologia puderam conhecer pessoalmente autores/as que já tinham lido em disciplinas, assim como novos campos temáticos e áreas de conheci- mento envolvendo diferentes interfaces da Antropologia. Todos puderam

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estabelecer contatos acadêmicos valiosos para a continuidade de suas car- reiras e de suas vidas profissionais futuras e conhecer melhor o campo da antropologia global. Destacamos a importância das reuniões semanais de avaliação e planejamento e, em particular, dos “Seminários da Secretaria”, atividade que ocupou um lugar fundamental no treinamento acadêmico deste grupo de estudantes, fazendo-os conhecer “outras antropologias”, de países do sul e de antropólogas que não fazem parte dos cânones da for- mação em antropologia no Brasil.

A participação na equipe da secretaria foi também espaço importante do aprendizado do trabalho em equipe e divisão de responsabilidades em um projeto coletivo. No final deste processo, as avaliações da equipe foram extremamente positivas. Alguns depoimentos ilustram esta alegria e satis- fação com a oportunidade de aprendizado que a experiência na secretaria proporcionou:

Eu, graduanda de Ciências Sociais, passava pouquíssimo tempo na universidade. Por conta das 8 horas de trabalho assalariado, nunca tive chance de comparecer a um Congresso, muito menos de fazer parte da organização de um. Me senti acolhida e enco- rajada a desenvolver uma vida acadêmica ativa, onde, além da teoria, obtive a oportunidade de presenciar e fazer Antropolo- gia… O crescimento pessoal dado o contato com uma equipe tão grande e diversificada, o relacionamento baseado na coopera- ção e confiança no trabalho do colega, além da amizade criada, é de grande somatória, isso sem contar o desenvolvimento para a pretendida carreira na antropologia. Estudantes desta área e de outras tantas, o contato com diversos profissionais do mundo todo, os vários trabalhos assistidos e outras tantas situações e conversas presenciadas que só me fez acreditar no poder da in- terdisciplinaridade da antropologia e de como isso é forte para construir uma disciplina inclusiva e construtiva. Descrever em sua totalidade a experiência vivida ao atuar em um evento des- te porte é uma tarefa nada fácil e que não contemplaria tudo. Isso vindo de uma estudante inicial da graduação em antropo- logia só faz inspirar ainda mais para continuar este mundo de encontros de conhecimentos da antropologia. (Gabriela Tertu-

Aprendi bastante no meu breve tempo ali. Foi meu primeiro estágio remunerado da vida e todos que conviviam comigo na época no âmbito de amizades e familiar sabiam o quanto eu estava feliz com a oportunidade (e cada vez mais apaixonada pela Antropologia, apesar de nem sempre os trabalhos na se- cretaria estarem 100% conectados a ela). Foi uma experiên- cia importantíssima para meu crescimento pessoal. (Marilia

Oliveira, estudante da 2ª fase de Ciências Sociais).

A experiência foi gratificante na medida em que movimentou as perspectivas de entendimento e gerou oportunidades únicas de conhecer e conviver de alguma maneira com grandes nomes da antropologia mundial, tendo a oportunidade de conhecer melhor este campo do conhecimento na prática a partir do meu lugar de campo profissional (artes e fotografia), o que foi bem importante para a atualização curricular da minha formação acadêmica e experiência pessoal. (Marina Bork, estudante da

4ª fase de Museologia)

Sem dúvidas, foi um grande encontro de pessoas, culturas, sa- beres e das mais diversas antropologias mundiais feitas por cada um/a que se dispôs a participar desta experiência. (Maria

Luiza Scheren, estudante da 2ª fase de Antropologia)

Destacamos, por fim, que todo este trabalho de treinamento e forma- ção de estudantes de graduação só foi possível graças ao apoio do CNPq, por meio de bolsa PDJ que permitiu que uma doutora em Antropologia pudesse articular um projeto de pesquisa de pós-doutorado com a coordenação da secretaria do Congresso, da UFSC, que concedeu bolsas de extensão para estudantes de graduação atuarem na organização do Congresso, e, por fim, da ABA, que com os recursos do Congresso, deu apoio incondicional à inte- gração de mais estudantes na equipe, através de bolsas pontuais. Sem dúvi- da, o sucesso das atividades da secretaria do Congresso se deu graças a estes recursos financeiros, aliados ao engajamento individual de estudantes que se envolveram neste grande projeto.

Referências

MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. In:______. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

RAMOS, Leonardo de Miranda. Outros olhares sobre a história da Antropo- logia: experiências pedagógicas de formação na preparação do 18th IUAES

World Congress. 31ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os