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Ao falarmos particularmente sobre as tarefas relativas à atividade do Credenciamento do 18º Congresso Mundial IUAES, essas começaram no marco da Comissão de Monitoria. Contudo, a partir de uma proposta da Coordenação do evento, por entender as especificidades do credencia- mento e as necessidades de planejamento específicas das mesmas, o cre- denciamento se foi desprendendo da Comissão de Monitoria para atuar com maior autonomia.

Pensar a tarefa do credenciamento em um evento da magnitude que teve este Congresso implica sempre um desafio e um grande compromisso em refletir as particularidades que o atravessam. A partir de nossas ex- periências participando em outros eventos como assistentes e como or- ganizadoras, levamos em conta que o Credenciamento acaba se tornando a cara visível de qualquer evento e o lugar de referência ante qualquer dúvida ou questão. Entendemos, portanto, que o espaço devia estar à dis- posição para atender a este tipo de situações de uma maneira satisfatória, e por isso o credenciamento abriu em todos os dias do evento, de domingo até sexta-feira.

Uma das questões principais que surgiu durante os vários encontros que tivemos para planejar esta atividade foi qual seria a melhor estratégia de acolhimento para adotar ante pessoas que viriam de distintos continen- tes, falando diversas línguas e com diferentes costumes e culturas. Deci- dimos então, como primeira medida, dividir o Credenciamento em dois grandes setores: Credenciamento de Brasileiras/os (ou residentes no país, uma vez que nos guiamos pela instituição das pessoas inscritas e não pela

nacionalidade das pessoas) e Credenciamento de Estrangeiras/os, com a presença, todos os dias, de Monitoras/es fluentes em línguas estrangeiras.

Outra das escolhas que tivemos que fazer foi a disposição da ordem alfabética que teria o credenciamento. Na maior parte dos países do mundo, este tipo de atividade se faz colocando como referência o sobrenome das/ os participantes. Entretanto, pelo fato de a maioria das/os inscritas/os ser de origem nacional e pelo fato também de o evento acontecer no Brasil, de- cidimos adotar o “modo brasileiro”, o que quer dizer uma ordem baseada no primeiro nome.6 Esta opção trouxe, por um lado, algumas pequenas di-

ficuldades em um primeiro momento, mas fomos resolvendo-as com o de- correr dos dias. Por outro lado, serviu para mostrar para as/os participantes estrangeiras/os a lógica brasileira do uso do nome, partindo realmente da ideia de estranhamento como possibilidade de aprendizagem sobre o outro. Alguns detalhes de caráter prático, mas muito importantes para ga- rantir a agilidade no processo de credenciamento por parte da monitoria, foram resolvidos em reuniões anteriores ao evento. Nelas, as experiências em eventos anteriores, marcadamente as edições do Fazendo Gênero rea- lizadas na UFSC, foram mobilizadas de modo que pudéssemos prever uma série de dificuldades que já haviam ocorrido antes. Deixamos, portanto, todas as etiquetas com os nomes de inscritas e inscritos impressas, orga- nizadas por ordem alfabética e numerada, em folhas também numeradas e contendo número também de inscrição das pessoas, de modo a facilitar que encontrássemos seus nomes em folhas de etiquetas que comumente se soltam. A necessidade de cada pessoa em cada grupo de letras ser aten- dida por vez, para evitarmos misturar as listas das etiquetas, foi também

6 Neste ponto, é fundamental destacar que ambos espaços do Credenciamento tiveram como eixo fundamental o respeito pelo nome social, evidenciando uma postura política, ética e de respeito para a identidade de gênero autopercebida, que foi orientação cons- tante desde a Coordenação e Comissão Organizadora do evento e que esteve presente durante o Congresso todo. Acreditamos que um espaço de segurança, acolhimento e respeito pelas diferentes formas de existência é fundamental na promoção de trocas de saberes saudáveis e mais equitativas.

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decidida anteriormente com base na experiência em eventos anteriores. Dividimos o credenciamento pela primeira letra do primeiro nome de cada inscrito/a, tanto no credenciamento de pessoas vindas de instituições bra- sileiras quanto de estrangeiras: A-D, E-J, K-N, O-Z.

Pode parecer uma diretriz óbvia para a monitoria atender uma pessoa por vez mas, quando não é uma diretriz relembrada e retomada, e princi- palmente na presença de mais de um/a monitor/a por bancada, a tendência é que, no ímpeto de tentar ajudar a acelerar o processo e evitar que as pes- soas esperem para ser atendidas, as confusões ocorram. Desse modo, quan- do tivemos mais de um/a monitor/a por bancada, principalmente nos dois primeiros dias de evento, a dupla dividiu a tarefa de atendimento da mesma pessoa, acelerando o processo sem se trocarem ou perderem listas. Essas questões práticas foram muito importantes para a política de acolhimen- to do Credenciamento, pois foram evitadas longas esperas, desencontros e semblantes de preocupação por parte da equipe de monitoras/es, que po- deriam interferir diretamente nas experiências destas/es e das/os demais inscritas/os no decorrer do evento. A paciência, as constantes cordialidade e prestatividade foram, também, de suma importância nesse sentido, e fo- ram percebidas também no retorno, no feedback das pessoas que foram aos balcões realizar o credenciamento.

Outra característica de nosso credenciamento, conforme já citado, é que ele foi levado a cabo desde o domingo, dia 15 de julho de 2018, e aconte- ceu em todos os dias do evento, até o dia 20, possibilitando assim que cada participante se credenciasse quando achasse mais pertinente, sem que isso atrapalhasse sua participação no Congresso. Foram realizados, também, credenciamentos nos quatro hotéis de Florianópolis que tinham grandes grupos de participantes, a fim de facilitar e desconcentrar a quantidade de pessoas nos balcões.

O Credenciamento aberto diariamente se tornou, também, um pon- to de referência para as/os participantes, lugar confiável para sanar dúvi- das e se obter informações, com uso bastante frequente, nesse sentido, de participantes estrangeiras/os. O constante apoio da Secretaria do evento e

demais comissões organizadoras, com especial enfoque para a Comissão de Monitoria e suas coordenadoras, foi fulcral para o sucesso do credencia- mento e precisa, nesse sentido, ser, também, mencionado.

Entre os materiais que foram entregues ao realizar o Credenciamen- to (bolsa, mapa, crachá, programação, caneta, caneca etc.), destacamos o fuxico7 artesanal. Através das cores dos fuxicos, que eram colocados nos

crachás de cada participante, era possível identificar o continente de ori- gem da pessoa. Os fuxicos foram encarados como uma lembrança cari- nhosa, um pequeno presente ou “mimo” do evento, muito bem recebido pelas/os participantes, geralmente gerando sorrisos. Foram lembrancinhas muito pequenas, de cerca de 5 centímetros, mas que mobilizaram muitos dos sentimentos de acolhimento que nos esforçamos para construir. Muitas pessoas nos perguntaram quem tinha feito aqueles fuxicos e o fato de te- rem sido confeccionados pela mãe da coordenadora geral do evento, Esther Pillar Grossi,8 destacada educadora brasileira, também mobilizou esses

sentimentos de acolhimento.

7 Fuxico é, segundo a Wikipedia, resultado de uma técnica artesanal passada de geração em geração, de domínio tradicional de mulheres, muito popular no Brasil. O fuxico con- siste em trouxinhas de pano, confeccionadas costurando círculos recortados de sobras de tecidos. Costuradas umas às outras, essas trouxinhas formam colchas, toalhas de mesa, peças de vestuário, entre outros, com formas de flores ou pequenos animais. 8 Esther Pillar Grossi é doutora em psicologia cognitiva pela École de Hautes Études en

Sciences Sociales de Paris (1985). Em 1970 – com mais 49 colegas-professores – fundou o Geempa, inicialmente “Grupo de Estudos sobre o Ensino da Matemática de Porto Alegre”, e após 1983 “Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação”, associação atuante até hoje, da qual é presidente. Orienta pesquisas sobre ensino- aprendizagem embasadas na Teoria dos Campos Conceituais e na definição de uma quarta teoria sobre o aprender, a saber o pós-construtivismo, ao lado do inatismo, do empirismo e do construtivismo. Também foi Secretária Municipal de Educação de Porto Alegre entre 1989 e 1992, e deputada Federal pelo Rio Grande do Sul de 1995 a 1992. Disponível em <http://lattes.cnpq.br/4188681847754674> Acesso em: 21 ago. 2018.

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