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NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

ETAPA 3: AVALIAÇÃO FINAL

O objetivo da avaliação final foi verificar se as crianças apresentaram melhora no desenvolvimento cognitivo. Para isso, foram reaplicadas as provas piagetianas da avaliação inicial.

Constatou-se que as crianças que iniciaram no estágio pré-operatório não tiveram avanço para o estágio operatório concreto. Podemos comprovar isso por meio dos diagnósticos feitos no início e no término do projeto que não apontaram nenhuma mudança de estágio. Contudo, as crianças tiveram avanços significativos na questão da interação, na autoconfiança em resolver problemas e na auto-estima.

Notou-se que todas as crianças no início do projeto eram desinteressadas, tinham baixa auto-estima e geralmente eram isoladas da turma. Percebemos também que as crianças já haviam internalizado o fato de não aprenderem Matemática como sendo uma dificuldade de aprendizagem.

O fato das crianças não avançarem no nível cognitivo pode ser explicado pelo pouco tempo de intervenção das estagiárias. Caso esse trabalho possa ser contínuo, certamente favorecerá o avanço das crianças.

Embora tivéssemos conseguido avanços pequenos, o trabalho desenvolvido foi significativo para as crianças e para os graduandos do curso de Pedagogia da UniFAIMI. O projeto contribuiu para uma visão da prática pedagógica e de como podemos favorecer a aprendizagem, de forma que, as crianças construam seu conhecimento por meio da interação social, da utilização de materiais concretos, da cooperação e do intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.

Destacamos ainda que as crianças demonstraram avanço no decorrer das atividades, dos quais podemos ressaltar o fato de conseguirem estabelecer relações entre as atividades com jogos e atividades dadas em sala de aula, o fato de cooperarem e também de elaborarem estratégias em conjunto.

Concluímos então que, apesar do pouco tempo de duração do projeto, foi possível aos estagiários graduandos vivenciarem uma prática diferenciada que possibilita verificar a eficiência da metodologia proposta e a fecundidade do ensino da Matemática numa perspectiva piagetiana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Ao final desse trabalho, é relevante pontuarmos algumas considerações e implicações pedagógicas. Os cursos de formação inicial de professores necessitam dialogar com a comunidade escolar. O estágio na formação docente precisa constituir uma possibilidade de aprendizagem do futuro profissional, mas também deve contribuir para a escola poder repensar seus processos de ensino e de aprendizagem.

A utilização dos jogos em sala de aula demanda conhecimento do professor a respeito de como intervir e de como proporcionar momentos de aprendizagens. Esta prática demanda também muito esforço e disposição, na medida em que exige preparo, planejamento e estudo a respeito.

Talvez esse possa ser um dos motivos de não encontrarmos tantos professores trabalhando com jogos em suas aulas. Geralmente as alegações são de “falta de tempo”,

“indisciplina da sala” e “disponibilidade de jogos”.

A prática vivenciada com as crianças ao longo do projeto de estágio mostrou que práticas diversificadas, quando bem utilizadas e durante um período maior de tempo, podem contribuir para aprendizagens significativas em Matemática.

Por fim, pode-se afirmar que os resultados obtidos com o trabalho são significativos: por um lado, os graduandos estagiários podem vivenciar conteúdos vistos em sala de aula com a orientação do professor orientador responsável pelo estágio e, por outro lado, a escola pode ser auxiliada para lidar com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem na área de Matemática, tendo nos jogos de regras um recurso favorável para essa prática.

É importante que os profissionais da educação considerem os processos inerentes à construção do conhecimento pautado no construtivismo piagetiano, como afirma Castro (2001):

Devemos, pois, redefinir conceitos e pensar em termos novos, ou melhor, em significações diferentes para os termos tradicionais da didática – o aluno, o professor, o que se ensina, como se ensina, por que e para que ensinar – formulando novos conceitos sobre tais elementos didáticos. Tal redefinição poderá exigir um novo conceito de “conteúdo”, que não será apenas matemática, história ou geografia, ou dos objetivos atribuídos à escola. Dar-se-ia mais importância a atividades que ensinem a pensar ou a incentivar o uso do pensamento pelo aluno. O ensino não se confundiria com a aquisição de informações, mas com a construção de conhecimento e com o desafio ao pensamento. A teoria, que espero seja um dia formulada, poderá ajudar o professor se conseguir deixar claros os princípios nos quais se baseia: os mesmos do construtivismo piagetiano. Deixamos a sugestão para quem se interessar por ela (p.19).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GUIMARÃES e SILVA. Projeto Avaliação do Rendimento Escolar de Mirassol (AREM/2002). PROEPRE 20 anos. XX Encontro Nacional de Professores do PROEPRE. Campinas: Faculdade de Educação – LPG – Unicamp, 2003, p.362-363.

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KAMII, C.; LIVINGSTON, S. J. Aritmética: novas perspectivas, implicações na teoria de Piaget. Tradução Marcelo C. T. Lellis, Marta R., Jorge J. de Oliveira. Campinas, SP: Papirus, 1993, 210 p. KAMII, C.; LIVINGSTON, S. J. Desvendando a aritmética: implicações na teoria de Piaget. Tradução Marta Rabiogio e Camilo F. Ghorayeb. Campinas, SP: Papirus, 1993, 300 p.

MACEDO, L.; PETTY, A. L. S.; PASSOS, N. C. Quatro cores, senha e dominó. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997, 167 p.

MACEDO, L.; PETTY, A. L. S.; PASSOS, N. C. Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000, 116 p.

MORGADO, L. M. A. O ensino da aritmética: perspectiva construtivista. Coimbra: Livraria Almedina, 1993, 116 p.

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PIAGET, J.; INHELDER, B. A gênese das estruturas lógicas elementares. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1975, 354 p.

PIAGET, J.; SZEMINSKA, A. A gênese do número na criança. Tradução Christiano M. Oiticica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975, 331 p.

PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Tradução Marion M. dos S. Penna. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, 228 p.

Inaugurada em março de 2004, a E.M. Verª Astréa Barral Nébias atende a aproximadamente novecentos alunos de ensino fundamental ciclo I em dois turnos diários e está localizada na área mais pobre do distrito de Jundiapeba em Mogi das Cruzes – SP, que é localmente conhecido em virtude dos altos índices de violência explícita da localidade.

Além dos indicativos de violência e pobreza da região já notórios, fatores como a subnutrição da população e condições de moradia precárias formam um perverso quadro de baixa aprovação escolar, que relega as crianças a continuarem em condição de desfavorecimento perante às exigências de conhecimento e diplomação que o mercado de trabalho faz.

Dadas as problemáticas inicialmente apresentadas, mais a alta incidência de maus tratos e abuso sexual infantil, e a presença maciça de migrantes oriundos das regiões norte e nordeste do Brasil, dados que só puderam ser percebidos pela equipe escolar após as reiteradas situações observadas durante os primeiros meses de funcionamento da escola, fez-se necessária à determinação de um aparato pedagógico que fosse representativo e determinasse a inclusão social da comunidade por meio do respeito à diversidade que se delineava. A melhor maneira de respeitar a diversidade cultural, minimizar os processos naturais de exclusão escolar e social, diminuir o abismo cultural, elevar a auto-estima dos educandos e incentivar as práticas criativas e libertárias, é desenvolver ações que incentivem o reconhecimento dos talentos inatos de cada indivíduo, o que levou a equipe gestora a apontar à equipe docente o trabalho com a teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (1983) como foco de possível emancipação e acolhimento cognitivo, afetivo e social e as premissas de reflexão sobre as relações de poder desenvolvidas por Foucault (1985).

Considerando as mudanças de enfoque exigidas do professor para o trabalho que valorize uma gama de nove inteligências que se inter relacionam e se desenvolvem de forma particular em cada indivíduo, em contraponto à tradicional concepção de um inteligência G (geral) e retilínea, a equipe de docentes da escola em questão precisavam passar por momentos de estudo, pesquisa, debates e formação que propiciassem o conhecimento da teoria da construção de saberes a ser adotada, e também viabilizasse a reflexão sobre as práticas que estavam sendo criadas pelo grupo, socializar atividades e promover o sentimento de segurança que tanto incentiva o profissional a novas ousadias, dessa maneira surgiu o projeto de formação de profissionais de educação em serviço da E.M. “Verª Astréa Barral Nébias”.

Iniciado em agosto de 2004, o projeto visa possibilitar ao profissional de educação

EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE: PROJETO DE