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Balaústres decorados por folhas de acanto

4. Azulejaria de fachada no Barreiro – Casos de Estudo

4.3 Ornamentação Cerâmica Complementar

4.3.3 Balaústres decorados por folhas de acanto

Os balaústres com folhas de acanto surgem em vários edifícios de tipologias arquitectónicas distintas. Por vezes são em terracota, mas podem também ser caiados de branco. Outras vezes surgem vidrados a branco ou em fosco. Outros mais elaborados apresentam a zona superior do corpo estriada, sendo rematados por elemento semelhante a um capitel jónico.

Os mais simples, em terracota, com o corpo envolto por folhas de acanto relevadas e catalogados como Bl-20-00010, surgem em um imóvel da tipologia 1, situado no Largo Nossa Senhora do Rosário n.º 2 [BA_B_NSR_0002] (Fig. 401, 402) tendo sido produzidos pela Fábrica Viúva Lamego337. Exemplares idênticos, mas caiados de branco, surgem em dois imóveis da tipologia 2, na Rua Heliodoro Salgado n.º 50 [BA_B_HS_0050] (Fig. 403) flanqueando as águas-furtadas de recorte curvo, simulando frontão, com dois vasos e uma urna. Estão presentes em outro imóvel tipologicamente idêntico, na Rua Vasco da Gama n.º 17 [BA_B_VG_0017] a ladear um frontão, onde se integra um painel de azulejos figurativo - catalogado como Pf-20-00007, e já abordado a

semelhanças com o modelo existente no catálogo com o n.º 536 designado de “balaústre quadrado com faixa”.

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Vide Catálogo da Fábrica Viúva Lamego, Dossier n.º 9 – Fábricas, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, [s.d.] modelo com o n.º 486 [vidrado a branco]

propósito da presença de outras fábricas, pois é produção da Fábrica do Desterro - e quatro estátuas alegóricas. Quer o imóvel anterior como este serão novamente objecto de análise, quando referirmos as urnas e vasos, bem como as estátuas cerâmicas.

Balaústres similares vidrados a branco, com o número Bl-20-00006, observam-se em dois imóveis da tipologia 1 localizados na Rua Conselheiro Joaquim António de Aguiar n.º 136 [BA_B_CJAA_0136], com a balaustrada dividida em três secções, e na Rua Miguel Pais n.º 66 [BA_B_MP_0066] (Fig. 404, 405), de maiores dimensões e balaustrada dividida em sete secções. Ambos foram já anteriormente analisados. Os balaústres terão sido produzidos pela Fábrica Viúva Lamego338, existindo um modelo idêntico no catálogo da Fábrica Cerâmica das Devesas com o n.º 537. Em relação a este último imóvel, de gosto bastante eclético e profusamente decorado observam-se, ao nível do segundo registo, sobre o lintel das janelas, ornatos cerâmicos vegetalistas catalogados com o n.º Fol-20-00001, em terracota (fig. 407). Estes ornatos são constituídos por folha larga, recortada, assente sobre base triangular, estrangulada por anel elíptico, ladeada por um par de enrolamentos de folhagem com as pontas reviradas, junto à base e nas extremidades. São de menores dimensões, sem prolongamento dos enrolamentos laterais, ao contrário da folhagem cerâmica Fol-20-00003, já descrita acima (Fig. 406). Neste edifício aplicado sob as varandas, observam-se algumas mísulas bastante invulgares, em terracota inventariadas com o número Ms-20-00001 e outras vidradas a branco, com o número de inventário Ms-20-00002, representando um rosto feminino (?) envolto numa cabeleira ondulada, com chapéu de aba recortada, preso com duas fitas, por debaixo do queixo. A figura apresenta, de cada lado, duas cornucópias com bagas e espigas, que ladeiam uma concha pendendo (Fig. 408, 409). Estes ornatos cerâmicos intercalam duas gárgulas, catalogadas como Gg-20-00001, vidradas a branco, que se encontram bastante danificadas. Existiram, certamente, em maior número,

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em forma de mascarão, representando um rosto masculino (Fig. 410, 411), possivelmente executadas pela Fábrica Viúva Lamego339.

Neste aglomerado habitacional apenas outro imóvel possui duas gárgulas, uma bastante danificada, em forma de ave catalogada como Gg- 20-00002, colocada sob a varanda, e já mencionada anteriormente. Situa- se no edifício da Avenida Bento Gonçalves n.º 96 [BA_B_BG_0096] formando gaveto com a Travessa do Loureiro n.º 2. Estes artefactos cerâmicos recordam uma ave, possivelmente de rapina, com os membros inferiores apoiados no revestimento e joelhos flectidos. As asas estão abertas sustentando, juntamente com o dorso, a base da varanda. A cabeça já não existe e, como tal, é impossível identificar correctamente o tipo de ave (Fig. 412, 413).

Fig. 401 – Imóvel [BA_B_NSR_0002_01_01] no Largo Nossa Senhora do Rosário n.º 2 | balaustrada |vasos e pinhas

[Fig. 402, 403 - Pormenor da balaustrada em terracota [Bl-20-00010] do imóvel [BA_B_NSR_0002_01_03] |pormenor dos balaústres caiados no imóvel [BA_B_HS_0050_01_03]]

[Fig. 404, 405 – Pormenor de balaústres [Bl-20-00006] com folhas de acanto, vidrados a branco no imóvel [BA_B_CJAA_0136_01_01] e no imóvel [BA_B_MP_0066_01_01]]

[Fig. 406, 407, 408, 409 – Imóvel [BA_B_MP_0066_01_01] florão cerâmico em terracota [Fl-20-00003] | Folhagem cerâmica sobre as janelas [Fol-20- 00001] | mísula em terracota [Ms-20-00001] | mísula vidrada a branco [Ms-20-00002]]

[Fig. 410, 411 - Gárgula vidrada a branco [Gg-20-00001] | modelo idêntico produzido pela Fábrica Viúva Lamego]

[Fig. 412, 413 – Imóvel [BA_B_BG_0096_01_01] par de gárgulas cerâmicas em forma de ave [Gg-20-00002]]

Outro modelo de balaústre, vidrado a branco, com folhas de acanto mais estilizadas menos relevadas e nervuradas, o Bl-20-00001, foi aplicado

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Vide Catálogo da Fábrica Viúva Lamego, Dossier n.º 9 – Fábricas, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, [s.d.] modelo com o n.º 563 [vidrado a branco]. Vide Luísa ARRUDA, Caminho do Oriente: Guia do Azulejo, Lisboa, Livros Horizonte, 1998, p. 21, mencionando que a Fábrica Roseira, também produziu peças moldadas, tanto pinhas e balaústres, como peças decorativas avulsas, caso das carrancas, moldadas ou coladas, sobre o azulejo. Refere ainda: “As gárgulas poderão representar caricaturas de galegos ou saloios, figuras típicas chegadas a este local de Lisboa, trazidas pelo Caminho-de-ferro”.

num edifício da tipologia 1 situado na Rua Heliodoro Salgado n.º 41 [BA_B_HS_0041] (Fig. 414, 415). Sobre a cornija vê-se uma platibanda, com frontão curvo, sobre as águas-furtadas, abrindo para uma janela de sacada, com varandim em ferro forjado. A platibanda é decorada em cada extremo por uma secção com oito balaústres.

Foram ainda identificados outros dois modelos de balaustrada, com balaústres mais elaborados, apresentando o corpo decorado por folhas de acanto relevadas, a zona superior estriada e capitel com enrolamentos laterais, simulando um capitel jónico. Um modelo é vidrado a branco e inventariado com o número Bl-20-00009 e surge num imóvel da tipologia 1, na Rua Conselheiro Joaquim António Augusto de Aguiar n.º 270 [BA_B_CJAA_0270]. O outro modelo é vidrado a fosco com o número Bl- 20-00002 e foi aplicado em outro imóvel da mesma categoria, no Largo Alexandre Herculano n.º 83 [BA_B_AH_0083] (Fig. 417, 418).

[Fig. 414, 415 – Imóvel [BA_B_HS_0041_01_01] | Balaústres [Bl-20-00001] com folhas de acanto mais estilizadas]

[Fig. 416 – Imóvel [BA_B_CJAA_0270_01] e balaustrada [Bl-20-00009] com duas pinhas de formato cónico]

[Fig. 417 – Pormenor dos balaústres mais decorados]

[Fig. 418 - Pormenor dos balaústres [Bl-20-00002] vidrados a fosco no imóvel [BA_B_AH_0083_01]]