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4. Azulejaria de fachada no Barreiro – Casos de Estudo

4.3 Ornamentação Cerâmica Complementar

4.3.5 Pinhas | modelos variados

A presença de pinhas é, também, muito frequente no remate das fachadas deste aglomerado urbano, colocadas sobre platibandas, balaustradas, frontões ou directamente aplicadas sobre o telhado. Por vezes em terracota ou vidradas a branco, apresentam diferentes formatos.

Um dos modelos de pinha identificado e catalogado como Pn-20- 00001 apresenta formato cónico, vidrada a branco, e surge aplicado em edifícios, na sua maioria, da tipologia 1, dispersos pelas ruas do núcleo urbano em estudo. Inventariaram-se duas pinhas com este formato na Rua Conselheiro Joaquim António de Aguiar n.º 270 [BA_B_CJAA_0270], e quatro pinhas num imóvel situado na Rua Marquês de Pombal n.º 22 [BA_B_MPb_0022] este de construção recente. As pinhas terão sido reaproveitadas, ou por já pertencerem ao primitivo edifício, ou trazidas de outro local, e foram dispostas a rematar os alçados e mais dois exemplares na Rua Miguel Pais n.º 78 [BA_B_MP_0078] (Fig. 427, 428).

Um outro modelo de pinha, catalogado como Pn-20-00002 similar aos anteriores de formato cónico, foi aplicado sobre a balaustrada de um imóvel da tipologia 1, localizado no Largo Alexandre Herculano n.º 83 [BA_B_AH_0083]. Estas duas pinhas são vidradas a castanho / vermelho, embora possa parecer, à primeira vista, que são em terracota (Fig. 429, 430).

Existe ainda outro exemplar, seguramente, executado em terracota e posteriormente caiado, o Pn-20-00012, num imóvel da tipologia 1, situado na Avenida Alfredo da Silva n.º 116 [BA_B_AS_0116]. Este edifício é rematado por platibanda rectangular e frontão curvo, sendo coroado por este género de pinha (Fig. 431, 432), constituída por plinto de base quadrangular, e pé cilíndrico decorado por caneluras e estrangulado por anel. O corpo de formato cónico é, inferiormente, decorado por gomos e superiormente seccionado por linhas diagonais que se entrecruzam, originando saliências idênticas às de uma pinha. Possivelmente produzida pela Fábrica Viúva Lamego341, todavia, importa notar, que a Fábrica Roseira342também produziu alguns modelos de pinhas.

[Fig. 427, 428 - Pinha vidrada a branco [Pn-20-00001] no imóvel [BA_B_MP_0078_01] |modelo idêntico produzido pela Fábrica Viúva Lamego]

[Fig. 429, 430 – Imóvel [BA_B_AH_0083_01_01] balaustrada rematada por duas pinhas [Pn-20-00002]]

[Fig. 431, 432 – Imóvel [BA_B_AS_0116_01_01] com frontão rematado por pinha [Pn-20-00012]]

Para além deste exemplar muito utilizado surge um outro, catalogado como Pn-20-00005, com bastante aceitação local pois, tal como o anterior, remata vários edifícios, tipologicamente idênticos aos acima referidos, localizados nas ruas deste centro urbano, como por exemplo na Rua Conselheiro Joaquim António de Aguiar n.º 24 [BA_B_CJAA_0024] onde foi possível inventariar duas pinhas. Outro exemplar surge a rematar a platibanda do edifício localizado na Rua Marquês de Pombal n.º 126 [BA_B_MPb_0126] (Fig. 433, 434). É uma pinha de menores dimensões, com calote esférica ou ligeiramente apontada, seccionada por elementos em forma de escama sobrepostos, originando saliências idênticas às de uma pinha, embora este ornato cerâmico se assemelhe mais a uma

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Vide Catálogo da Fábrica Viúva Lamego, Dossier n.º 9 – Fábricas, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, [s.d.] modelo com o n.º 365/2 [vidrado a branco].

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Vide Luísa ARRUDA, Caminho do Oriente: Guia do Azulejo, Lisboa, Livros Horizonte, 1998, p. 21, mencionado que também, a Fábrica Roseira produziu peças moldadas, tanto pinhas como balaústres.

alcachofra. Inferiormente é envolta por folhas de acanto, mais ou menos estilizadas.

Este modelo também foi produzido em terracota, catalogado como Pn-20-00008, aplicado em dois imóveis do Barreiro, integrados na tipologia 1, no Largo Nossa Senhora do Rosário n.º 2 [BA_B_NSR_0002] e na Travessa Padre Abílio Mendes, n.º 7 formando gaveto com Rua Marquês de Pombal [BA_B_PAM_0007]. O primeiro edifício com balaustrada, também em terracota, com balaústres decorados por folhas de acanto já analisados, é rematado por duas pinhas, e o último edifício por uma pinha colocada na empena (Fig. 435, 436).

Existe ainda outro exemplar, o Pn-20-00007, muito semelhante ao anterior, mas com ligeiras diferenças em relação às folhas dispostas inferiormente, em torno do corpo que, neste espécime são relevadas, com as nervuras incisas (Fig. 437). Foram aplicadas a rematar a balaustrada do imóvel da categoria 1, situado na Rua Conselheiro Joaquim António de Aguiar n.º 249 [BA_B_CJAA_0249], também já analisado sob vários aspectos.

Outro modelo muito semelhante, inventariado com o número Pn-20- 00006, surge num imóvel da Rua Conselheiro Joaquim António de Aguiar n.º 214 [BA_B_CJAA_0214], cujas diferenças residem no formato do corpo, ligeiramente apontado e constituído por alvéolos sobrepostos, originando saliências idênticas às de uma pinha. As folhas que a envolvem são de menores dimensões, mas mais largas. Terá sido produzida pela Fábrica Viúva Lamego343(Fig. 438, 439).

[Fig. 433, 434 – Imóvel [BA_B_CJAA_0024_01_01] com duas pinhas e [BA_B_MPb_0126_01_01] com uma pinha catalogadas como

[Pn-20-00005]]

[Fig. 435, 436, 437 – Imóvel [BA_B_NSR_0002_01_01] decorado com duas pinhas [Pn-20-00008] e o imóvel [BA_B_PAM_0007_01_01] com uma. O imóvel [BA_B_CJAA_0249_01_01] decorado com duas pinhas

[Pn-20-00007] com ligeiras diferenças nas folhas]

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Vide Catálogo da Fábrica Viúva Lamego, Dossier n.º 9 – Fábricas, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, [s.d.] modelo com o n.º 365/5 [vidrado a branco]

[Fig. 438, 439 – Pinha [Pn-20-00006] a rematar o imóvel [BA_B_CJAA_0214_01] | modelo semelhante produzido pela Fábrica Viúva Lamego]

Outro modelo de pinha em terracota, mas totalmente distinto dos anteriores, foi inventariado com o número Pn-20-00003. Apresenta base circular e pé cilíndrico, rematado por anel. O corpo é inferiormente decorado por folhagem relevada e recortada, encimada por coroa, desenvolvendo-se em espiral e rematado por motivo cilíndrico.Foi aplicada uma peça a coroar a platibanda do edifício da tipologia 3, na Rua Almirante Reis n.º 64 [BA_B_AH_0064] formando gaveto com a Rua Dr. Eusébio Leão e outra num imóvel da tipologia 2, na Rua Marquês de Pombal n.º 130 [BA_B_MPb_0130]. Este último teve certamente origem noutra proveniência, pois é perceptível que nada tem a ver com o edifício, e que terá sido aí colocada, posteriormente, à data da sua construção (Fig. 440, 441, 442).

[Fig. 440 – Imóvel [BA_B_MPb_0130_01_01] com este modelo colocado do lado esquerdo]

[Fig. 441, 442 – Imóvel [BA_B_AR_0064_01] e imóveis [BA_B_MPb_0130_01] rematados por pinha [Pn-20-00003]]

Outro modelo de pinha em terracota, o Pn-20-00009, muito diferente dos anteriores, surge num imóvel da tipologia 3, na Rua Marquês de Pombal, n.º 29-31-33 gaveto com Travessa do Leão n.º 9 [BA_B_MPb_0031] decorado por cinco destes exemplares (Fig. 443, 444). A pinha apresenta o pé cilíndrico, decorado por elementos vegetalistas, estrangulado por anel de torçal. O corpo ovóide é envolto, inferiormente, por folhas largas nervuradas, algumas delas com as extremidades reviradas. Superiormente é seccionado por linhas incisas determinando saliências prismáticas, sugerindo uma pinha. Este modelo terá sido produzido pela Fábrica Cerâmica das Devesas344cerca de 1880-1910.

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Vide Catalogo da Fabrica Ceramica e de Fundição das Devesas - Antonio Almeida da Costa e C.ª - Villa Nova de Gaya – Portugal, Porto, 1910, p. 36, foram produzidos dois modelos semelhantes, estes mais pontiagudos, pela Fábrica das Devesas como consta do catálogo com o n.ºs 449 e 451.

[Fig. 443, 444 – Imóvel [BA_B_MPb_0031_01_01] sito na Rua Marquês de Pombal n.º 31 gaveto com Travessa do Leão n.º 9| fachada principal voltada para a Rua Marquês de Pombal | pinha [Pn-20-00009]]

4.3.6 Vasos | exemplares atribuídos à Fábrica Viúva Lamego