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3 A GERAÇÃO DE IDÉIAS

3.2 O PROCESSO DA CRIATIVIDADE

3.2.3 Barreiras e Fatores Estimuladores da Criatividade

Vários são os fatores que inibem uma atitude criativa dentro do ambiente organizacional, através da visão de vários autores, explora-se as questões tanto de ordem organizacional, quanto de ordem individual que levam a falta ou a inibição da criatividade. Também vale salientar, em contrapartida, os fatores que estimulam o surgimento de uma atitude pró-ativa neste sentido.

Hallman, (apud DUAILIBI; SIMONSEN, 1990), apresenta alguns fatores que impedem a criatividade na empresa, são eles:

FATORES IMPEDITIVOS DA CRIATIVIDADE

Pressão para conforma-se – Baixa receptividade a novas idéias que são recebidas com desconfiança.

Atitudes e meios excessivamente autoritários – Pouca comunicação. Valorização dos níveis hierárquicos mais altos e suas idéias. Rejeição da idéias dos subordinados.

Medo do ridículo.

Intolerância para com as atitudes mais jovens.

Excesso de ênfase nas recompensas e no sucesso imediato – Se opõe a prática de solução de problemas.

Busca excessiva de certeza – Cultura do medo de correr riscos.

Hostilidade para com a personalidade divergente – Intolerância para com os que divergem na forma de pensar e agir, dos demais do grupo.

Falta de tempo para pensar – Excesso de tarefas a serem realizadas que dificultam o processo de pensar em novas soluções.

Rigidez da organização – Estrutura com excesso de regras e manuais de procedimentos.

Quadro 12 - Fatores Impeditivos da Criatividade

Fonte: Elaboração da autora, baseado em Duailibi; Simonsen (1990)

Como complementação do quadro acima, Alencar (1996, p.95), apresenta a visão de Adams que aponta outros efeitos adversos das barreiras que inibem a criatividade nas empresas, são eles:

- Centralização do poder, onde poucos têm o poder de dizer “sim”; - Falta de apoio para colocar as novas idéias em prática;

- Falta de cooperação e confiança entre os colegas; e - Falta de autenticidade nas relações de trabalho.

Alencar (1996, p.96-98), ainda propõe obstáculos que podem inibir a criatividade. Estes obstáculos foram levantados através de seminários realizados por ela, onde os participantes apontavam condições do ambiente organizacional, que eles acreditavam inibir a criatividade. Também foram considerados, dados de estudos com a participação de profissionais de diversas empresas, realizados por ela e por Bruno-Faria. Estes fatores estão agrupados num quadro que é apresentamos a seguir:

OBSTÁCULOS À CRIATIVIDADE

Intransigência e autoritarismo – não se aceitam opiniões que fujam das regras Protecionismo e paternalismo – grupo que defende interesses pessoais

Falta de integração entre setores – individualismo excessivo e falta de comunicação Falta de apoio para se colocar novas idéias em ação

Falta de estímulo aos funcionários – descaso e falta de reconhecimento Ambiente físico – ambiente com características desfavoráveis a criação

Características da chefia – chefes que não aceitam novas idéias e não ouvem e mantém distância dos funcionários.

Características da tarefa – rotina, tarefas repetitivas, sem desafios.

Comunicação – dificuldade de obter informações de outras áreas e poucos canais de comunicação. Cultura organizacional – resistência a mudanças, rigidez e acomodação.

Falta de liberdade e autonomia dos funcionários

Falta de recursos materiais e equipamentos – falta de recursos dificulta a colocação em prática das novas idéias.

Falta de treinamento – dificulta o desenvolvimento das habilidades para desempenhar as funções.

Influência político-adminsitrativas – mudanças político-administrativas freqüentes alteram os objetivos da empresa, desencorajando a produção.

Relações interpessoais – sem diálogo, poucas tarefas em equipe e falta de confiança. Salários e benefícios – remuneração baixa, sem políticas de recompensas a criatividade. Volume de serviços – excesso de tarefas e pouco tempo para realizá-las.

Quadro 13 - Obstáculos à Criatividade

Fonte: Alencar (1996, p.96-98).

Um grande inibidor da criatividade, apesar de não ter sido mencionado pelos os autores, é a punição. Punir alguém por seus erros é um dos grandes inibidores da criatividade nas empresas. As pessoas, com medo de punição, tornam-se omissas. Uma pessoa omissa pode não cometer falhas, mas também não traz nenhum benefício para a empresa.

As normas de uma empresa, também podem ser um dos grandes inibidores da criatividade e da inovação. É claro que nenhuma organização pode prescindir de normas, pois sua administração seria caótica. Mas muitas das regras, que foram importantes quando criadas, perdem o sentido com o passar do tempo e com as mudanças nos negócios e no mundo. Uma norma que perdeu o sentido, só serve para bloquear a criatividade na empresa, porque sempre haverá um burocrata para dizer com todo entusiasmo: “A norma não permite.” O excesso de normas, engessa o cérebro das pessoas no processo de criação para a

geração livre de idéias e, conseqüentemente, reduz a competitividade da empresa.

As barreiras apresentadas anteriormente pelos diversos autores, estão voltadas para o ambiente organizacional. Outras barreiras são apresentadas por Predebon (2002, p.127-129), as quais ele denomina de inimigos pessoais da criatividade. São bloqueios relacionados diretamente com o indivíduo e não com o ambiente em que ele está inserido. São elas:

INIMIGOS PESSOAIS DA CRIATIVIDADE

Acomodação – valorização da rotina e do que já é conhecido, pode acabar gerando “imobilismo”7. Miopia estratégica – falta da “visão de conjunto”, do contexto e sua dinâmica. Ela nasce do egocentrismo em excesso.

Imediatismo – desconsidera atalhos e vai direto ao ponto. Se concentram muito na lógica do processo e por isso tem dificuldades em encontrar alternativas.

Pessimismo – se apega ao previsível e acaba bloqueando tudo que parecer incerto, e conseqüentemente a criatividade também, onde o incerto é uma constante.

Timidez – inibe comportamentos e atitudes que possam vir a ser criativas.

Prudência – pode se tornar com o tempo um medo de se expor ou expor suas idéias.

Desânimo – falta de estímulo, desmotivação. Leva a pessoa a não se engajar nos projetos, sejam eles criativos ou não.

Dispersão – má administração do tempo, dificultando a realização de projetos que demandem um longo período de tempo para se concretizar.

Quadro 14 - Inimigos Pessoais da Criatividade

Fonte: Elaboração da autora, baseado em Predebon (2002, p.127-129).

Alencar diz que o ambiente físico bem como o psicológico influencia o comportamento das pessoas na criação de condições que as ajudem a utilizar sua capacidade criativa VanGundy (apud ALENCAR, 1996, p.107-112), que aborda as seguintes dimensões de um ambiente que estimula a criatividade:

Autonomia – está relacionado a abertura que a empresa dá, aos funcionários, para que eles possam inovar. Ou seja, ao tempo que é disponibilizado para se criar.

7

- Segundo o dicionário Larousse (2004, p.487), significa: “Oposição sistemática a todo progresso, a qualquer inovação.”

Sistema de premiação dependente do desempenho – relaciona-se a recompensas como salário, benefícios, reconhecimento, condições de trabalho e elogios.

Apoio à criatividade – a empresa deve deixar claro que está aberta a novas idéias e disposta a aceitar e apoiar alterações que se façam necessárias, sugeridas pelos funcionários.

Aceitação das diferenças e diversidade entre os membros – estimular as diferenças e diversidade de pontos de vistas proporciona maiores inovações. Isso se deve a diversidade de formação e conhecimentos.

Envolvimento pessoal – um funcionário que esteja motivado e conseqüentemente altamente envolvido com o processo de trabalho se dedicará mais ao mesmo e a propor melhorias no processo. • Apoio da Direção – um ambiente que estimula a criatividade, só

poderá ocorrer, se houver apoio e valorização das novas idéias por parte da alta gerência.

Para complementar as colocações de VanGundy, Alencar (1996, p.115) aborda ainda os seguintes estímulos à criatividade:

ESTÍMULOS À CRIATIVIDADE 1. Ambiente físico – iluminação, mobiliários e ventilação adequados. 2. Comunicação – canais de comunicação para democratizar a informação. 3. Desafios – tarefas que estimulem o potencial criador.

4. Estrutura organizacional – hierarquia enxuta, normas flexíveis e descentralização. 5. Liberdade e autonomia – na realização do seu trabalho.

6. Participação – nos processos decisórios e na solução de problemas.

Recursos tecnológicos e materiais – disponibilidade de recursos que facilitem a criação. 7. Salários e benefícios – remuneração adequada, política de benefícios e recompensas. 8. Suporte da chefia – flexibilidade, abertura, aceitação e estímulo a novas idéias. 9. Suporte do grupo de trabalho – relacionamento interpessoal e trabalho em grupo.

10. Suporte organizacional – estímulo a criatividade, reconhecimento do trabalho criativo, mecanismos para o desenvolvimento de novas idéias e definição de metas de trabalho.

11. Treinamento – capacitação para o desenvolvimento do potencial criador.

Quadro 15 - Estímulos à Criatividade

Todas as formas de estímulo à criatividade nas pessoas dentro da organização são válidas, mas o mais importante é a empresa ter a consciência que a motivação para estimular a criatividade tem de partir dela mesma, através de uma cultura que propicie um ambiente favorável à busc a de novas alternativas.