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3 A GERAÇÃO DE IDÉIAS

3.1 COMO AS EMPRESAS TRABALHAM A GERAÇÃO DE IDÉIAS

3.1.2 Fatores Inibidores e Estimuladores da Geração de Idéias

Em vez de tentar compreender por que uma pessoa inventa, pode fazer mais sentido tentar ver por que uma outra não o faz. Se for possível conseguir alguma percepção do que impede o surgimento de novas idéias, ou em geral em uma pessoa em particular, então talvez seja possível melhorar a capacidade de se terem novas idéias. (DE BONO, 2002, p.19).

Há muitos executivos e empresas cientes de que precisam preparar-se para trabalhar com o inédito. Enquanto alguns já fazem isso, outros tentam, mas não conseguem. Existem muitos fatores que matam as idéias antes mesmo de elas serem testadas. O foco tem de ser concentrado na idéia, ela é o instrumento mais efetivo de diferenciação. Porém, para ter boas idéias, é necessário ter a criatividade bem desenvolvida, estimulada e valorizada. As empresas que praticam a inovação desenvolvem facilitadores como: estrutura descentralizada, reconhecimento dos funcionários, ausência de punição por erros e estímulo à experiência.

A empresa que mantém uma hierarquia rígida inibe a criatividade das pessoas. Numa organização assim, as pessoas não se sentem a vontade para apresentar idéias inovadora para seus superiores. É muito comum ouvirmos frases que inibem a apresentação de uma idéia criativa e inovadora.

Citado por Kotler (2000, p.359), Jerold Panas da Young & Partners, Inc. apresenta algumas frases para demonstrar como se pode inibir a apresentação de uma idéia, ele consegue isso fazendo uma analogia de uma lâmpada acesa que aos poucos vai se apagando, a medida que estas forças contrárias vão se intensificando, ele mesmo as define como: “Forças que lutam contra as novas idéias”, como pode ser visto no quadro a seguir.

FORÇAS QUE LUTAM CONTRA NOVAS IDÉIAS “Tive uma grande idéia” (A lâmpada está acesa) “Isso não vai funcionar aqui”

“Já tentamos isso antes” “Não é o momento”

“Não pode ser feito” (A lâmpada está se apagando) “Não é assim que fazemos as coisas”

“Temos nos saído bem sem isso” “Vai custar muito caro”

“Vamos discutir isso na próxima reunião” (A lâmpada está apagada)

Quadro 08 - Forças que Lutam Contra Novas Idéias

Fonte: Elaboração da autora, baseado em Kotler (2000, p.359)

Apresenta-se a seguir outras frases que podem inibir a apresentação de novas idéias, já escutadas muitas vezes em situações adversas dentro das empresas:

“Sua idéia já foi tentada no passado e não deu certo.” “Que outra empresa já fez isso?”

“Os clientes estranharão essa mudança.” “O departamento jurídico não aprovará a idéia.”

Para que a empresa consiga fazer com seus funcionários gerem cada vez mais idéias inovadoras, elas devem se conscientizar da importância de se criar fatores que estimulem a geração de idéias (ABREU, 2001).

Existem várias formas de se estimular este processo, uma delas é a exigência positiva. Não aquela que serve só para estressar, irritar e desgastar, mas a que força as pessoas a usar mais seu potencial criativo. Quem tem mais de uma idéia, tem mais de uma opção. O resultado desta exigência, é que todos são estimulados a usar mais seu potencial criativo. Produzindo múltiplas idéias, pode-se aumentar as chances de solucionar as situações.

Dar suporte, apoio, também é uma importante forma de se estimular à geração de idéias. Mostrar interesse, quando alguém trouxer uma idéia nova e considerar a aplicabilidade da questão, para que os funcionários se esforcem para terem idéias e buscarem novos caminhos, soluções, reduções de custo e outras melhorias.

De Bono (1997), diz que todo produto precisa de um defensor. É esta pessoa que vai dedicar sua energia em prol do produto, é ela que vai representar

o produto e lutar para levantar recursos por ele nas reuniões. É quem dá ânimo a projetos enfraquecidos e também dá apoio quando as coisas não estão indo bem. Outra forma de estimular a geração de idéias é proporcionar recursos. Existem vários tipos de idéias, algumas são de simples execução, baratas e há idéias que necessitam de verbas e suporte estratégico, como aquelas que requerem o desenvolvimento de produtos em laboratório. Se os funcionários não tiverem recursos para trabalhar, sua idéia não sairá do papel. Nesse caso, a empresa corre o risco de perder competitividade ou permitir que a concorrência lance algo similar.

“Existem dois modos opostos de se melhorar um processo. O primeiro é tentar melhorá-lo diretamente. O segundo é reconhecer, e então remover, as influências que inibem o processo.” (DE BONO, 2002, p.19).

Como forma de sintetizar o que foi discutido até o momento, procurou-se consolidar o que foi apresentado em algumas premissas básicas que possam fazer com que as empresas incentivem continuamente a geração de idéias por toda a organização. São elas:

Hierarquia e geração de oportunidade não têm uma relação direta, algumas vezes os funcionários mais simples têm grandes idéias. O importante é que eles possam dizer o que pensam.

Quem tem medo de errar acaba bloqueando o processo de geração de oportunidades;

Cada um tem um momento ou um “sistema” ideal para gerar oportunidades: sozinho ou em grupo; no início ou no fim do dia; verbalmente ou por escrito; no ambiente de trabalho ou em casa; • Ouvir, sem interrupções ou avaliações, é talvez a habilidade mais

importante para a alta gerência que deseja oxigenar a empresa com idéias novas;

Criar na organização um sistema que incentive e recompense a troca ou fluxo do conhecimento e não sua individualização é também uma estratégia importante;

As oportunidades são mais facilmente identificadas quando “pensamos”, do que quando “fazemos” algo. Como somos, de modo

geral, orientados para fazer, talvez fosse o caso de tentar inverter essa tendência;

As objeções e os questionamentos são uma grande fonte de oportunidades. É preciso “tratar bem” quem têm essa característica de comportamento;

Todos na empresa necessitam “trabalhar” para a área de pesquisa e desenvolvimento;

A pior coisa que existe, são oportunidades direcionadas inadequadamente. O antídoto para isso é que a visão, metas e definições estratégicas sejam do conhecimento de todos, inclusive daqueles que não estejam tão contaminados com o trato daquele problema específico; e

É necessário que haja um sistema de “recompensa” para os geradores de oportunidades, algo que reflita o valor que a organização dá às novas idéias.