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Diagrama 5 – DP1: Árvore de Classificação para o curso Pedagogia

5.2 CIÊNCIAS DURAS: CARACTERÍSTICAS INSTITUCIONAIS E DESEMPENHO

5.2.2 Biologia – Estaduais

Voltemo-nos para as estaduais, nas quais as variáveis explicativas correspondem a 9% da variância na nota bruta dos estudantes concluintes de Biologia das instituições públicas estaduais. Os resultados para as estaduais são apresentados a seguir, na tabela 26.

Tabela 26 – Biologia: resultados da regressão para as instituições estaduais

ANOVA

Soma dos quadrados Graus de liberdade Média quadrática F Sig.

Regressão 37727 22 1715 12,3 0,0 Resíduo 333253 2389 139 Total 370980 2411 COEFICIENTES Coeficientes não-padronizados Coeficientes padronizados

B Erro padrão Beta t Sig.

(Constant) 23,31 5,21 4,47 0,00 Fac./Esc./Inst.Sup. -1,34 1,16 -0,03 -1,16 0,25 Norte -2,33 3,67 -0,01 -0,64 0,52 Nordeste 2,94 0,81 0,12 3,64 0,00 Sul 2,83 0,84 0,09 3,37 0,00 Centro-Oeste 1,22 0,99 0,03 1,23 0,22 Até 20 anos -1,73 0,85 -0,06 -2,04 0,04 21 a 22 anos 2,90 0,85 0,10 3,43 0,00 24 a 27 anos -0,99 0,88 -0,03 -1,12 0,26 28 anos e mais -1,64 0,94 -0,05 -1,75 0,08 Sexo do aluno -1,32 0,54 -0,05 -2,45 0,01

Pai com nível superior 0,13 0,69 0,00 0,20 0,84

Até 3 SM -0,35 0,58 -0,01 -0,61 0,54 >10 a 20 SM -0,09 0,83 0,00 -0,11 0,91 >20 a 30 SM 3,13 1,46 0,04 2,15 0,03 > 30 SM -10,12 2,10 -0,10 -4,82 0,00 Inic. cient/tecnol. 1,47 0,72 0,05 2,05 0,04 Monitoria 1,60 1,03 0,03 1,55 0,12 Proj.pesq.profes. -0,54 0,68 -0,02 -0,79 0,43 Extensão -0,25 0,87 -0,01 -0,29 0,77

Qual. Fat. Inst./IES 0,57 0,08 0,21 7,11 0,00

Estaduais:mestrado/doutorado 2,30 0,89 0,06 2,58 0,01

Nível exigência/IES -1,09 1,03 -0,03 -1,07 0,29

Fonte: A autora

Primeiramente, observamos que a categoria „faculdades, escolas e institutos superiores‟ entra nas estimativas, porém a variável que a representa tem coeficiente não significativo, sugerindo que o desempenho médio dos estudantes matriculados nessas instituições não difere do desempenho médio dos estudantes de

universidades, variável inserida no termo de referência da regressão. Para os outros tipos de organização acadêmica – centros universitários e faculdades integradas – não havia, no Enade de 2005, alunos concluintes de Biologia nesses tipos de instituições entre as estaduais.

Se nas federais o rendimento médio dos estudantes de instituições localizadas em nas regiões norte, nordeste, sul e centro-oeste foi inferior ao desempenho médio dos estudantes de instituições localizadas no sudeste, nas estaduais não acontece o mesmo. O coeficiente para o desempenho médio de estudantes de instituições estaduais situadas nas regiões nordeste e sul é significativamente superior em cerca de três pontos à média dos alunos de estaduais do sudeste. Esse dado é intrigante e nos chama a atenção para o fato de que nas avaliações da educação superior, são os estudantes de instituições situadas no sudeste os que obtêm as melhores médias. A região sudeste, como destacam Santos e Oliveira (2001) é a „Região Concentrada‟.

Na visão dos autores (SANTOS; OLIVEIRA, 2001) , em termos de oferta e demanda na educação superior, na Região Concentrada há superposição de instituições e alunos, desequilibrando as possibilidades de formação entre as distintas regiões geoeconômicas. Destaca-se, ainda, que nas décadas de 1980 e 1990, a ampliação das vagas nas instituições públicas se deu principalmente por meio das instituições estaduais. Mais expressivamente também na „Região Concentrada‟.

Nas instituições estaduais, a variável binária idade, em quintis, foi assim distribuída: Idade 1º quintil (até 20 anos); Idade 2º quintil (de 21 a 22 anos); Idade 3º quintil (23 anos); Idade 4º quintil (de 24 a 27 anos), e Idade 5º quintil (28 anos e mais). Da mesma forma que nas federais, o primeiro quintil inclui estudantes muito jovens, que concluem o curso com idade até 20 anos, porém com desempenho médio inferior ao de estudantes de 23 anos, faixa etária omitida na regressão. As mesmas considerações a respeito das explicações possíveis levantadas para o rendimento médio inferior dos estudantes mais jovens nas federais são feitas para os alunos mais jovens das estaduais.

Para os estudantes na faixa etária imediatamente posterior a esta, entre vinte e um e vinte dois anos, o coeficiente é significativo e em quase três pontos maior em relação ao terceiro quintil. No quarto e quinto quintil os coeficientes não são significativos.

Aqui nas estaduais, ao contrário das federais, verificamos que o desempenho dos alunos mais jovens é, em média, mais elevado em relação ao desempenho médio dos estudantes no terceiro quintil, integrante do termo de referência. Na última faixa etária, de estudantes mais velhos, que se formam com idade de vinte e oito anos e mais, o desempenho médio não é significativamente diverso do desempenho médio dos estudantes do terceiro quintil (termo de referência).

Com relação à variável „sexo‟, nas estaduais verificamos um coeficiente significativo e negativo, sugerindo que estudantes do sexo masculino são os que apresentaram média mais alta do que a média obtida por estudantes do sexo feminino no Enade 2005. Esse resultado surpreende, pois Biologia é uma profissão essencialmente feminina, inclusive por conta da licenciatura, que costuma ter maior quantitativo de mulheres do que de homens. Nas estaduais, 72% dos concluintes são mulheres. Quais seriam, então, as razões para a diferença em desempenho? Uma das razões que podemos aventar está associada ao perfil dos estudantes de licenciatura, modalidade que predomina na Biologia em alunos concluintes e ingressantes e que tem maior percentual de alunas do que de alunos. Os estudantes de licenciatura tendem a trabalhar de 20 a 40 horas semanais e a dedicar poucas horas aos estudos (BRITO, 2007). A entrada precoce, ou seja, antes da conclusão dos estudos de graduação é um fator com fortes probabilidades de influir no desempenho acadêmico, já que as alunos tendem a dedicar mais horas ao trabalho e menos aos estudos. Como a maior parte dos concluintes de Biologia das estaduais é composta por mulheres e das licenciaturas, entende-se que as alunas podem dedicar horas a mais ao trabalho em detrimento dos estudos. Pra análise aprofundada desse resultado, sugerimos estudos posteriores que utilizem metodologias e dados apropriados para identificar e analisar razões para o baixo desempenho feminino.

Novamente nas características socioeconômicas, encontramos a variável „pai com ensino superior‟ não significativa para o rendimento acadêmico no Exame, resultado análogo ao das federais.

Já a variável renda tem coeficientes não significativos na faixa imediatamente inferior e na faixa imediatamente superior à faixa de mais de 3 a 10 SM, que integra o termo de referência. Nessas três faixas, ocorre nas estaduais o mesmo efeito verificado nas federais. Porém, nas duas últimas faixas de renda, observamos que o desempenho médio dos estudantes que pertencem a famílias na faixa de renda de

20 a 30 SM é significativo e superior em três pontos em relação ao rendimento médio dos estudantes na segunda faixa de renda; a última, representando estudantes de famílias com mais de 30 SM, tem coeficiente significativo e negativo em dez pontos. O resultado na penúltima faixa de renda nas estaduais é inverso ao resultado na mesma faixa nas federais.

Para as atividades acadêmicas além das aulas regulares, como era de se esperar, a participação dos estudantes em projetos de iniciação científica e tecnológica produz efeito significativo e positivo para seu desempenho médio. Já a participação em monitoria, em projetos de pesquisa dos professores e em atividades de extensão não é significativa para os estudantes das instituições estaduais. Novamente, observamos resultados das atividades acadêmicas extraclasse que não correspondem à expectativa do modelo ensino-pesquisa-extensão.

Nas características institucionais, constatamos que tanto o índice de qualidade de fatores institucionais por IES, quanto a titulação dos docentes são significativos e positivos. Da mesma forma que constatado nas federais, a titulação dos docentes dos docentes é uma variável de grande relevância para as médias de notas dos estudantes. Também nas estaduais o percentual de docentes com doutorado é mais elevado. Considerando o total nacional, nas estaduais, em 40% dos professores possui a titulação de doutorado, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2005 (BRASIL. Ministério da Educação, 2005).

Todavia, o nível de exigência do curso não foi significativo para o desempenho dos estudantes, sugerindo ser um fator insignificante para os resultados dos estudantes das estaduais.