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4.2 CIÊNCIAS BRANDAS: FATORES INSTITUCIONAIS E CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO E DO PRIVADO NO CURSO DE HISTÓRIA E PEDAGOGIA NO ENADE 2005

Os resultados para o modelo de análise árvore de classificação aplicado ao curso de História, são apresentados no diagrama DH1. No diagrama, observamos no primeiro nó, correspondente à variável resposta do modelo, que as instituições privadas tem algum predomínio, correspondendo a 56,7% do total de instituições inseridas no modelo. Podemos observar no dado obtido que História é uma área de pouco interesse dentro da lógica de oferta de cursos do setor privado. Também em História, tal como ocorreu na Biologia, segundo dados do MEC uma ampla maioria dos concluintes (70%) é de licenciaturas. Embora haja interesse pelo curso, por outras linhas de atuação do historiador, a procura pela licenciatura padece dos problemas de desinteresse já discutidos no curso de Biologia.

A primeira variável explicativa incluída no modelo foi a qualidade dos fatores institucionais, ou seja, para a distinção entre instituições públicas e particulares de História importam primeiramente as condições das instalações físicas e materiais, e a biblioteca das instituições.

Há distinções muito nítidas na composição dos grupos com menor e maior qualidade dos fatores institucionais (nós 1 e 2). As instituições com qualidade inferior de fatores institucionais estão no nó 1 e são públicas, em sua ampla maioria (79,7%). Já as particulares tem forte domínio (91,7%) entre as IES com qualidade superior dos fatores institucionais (nó 2). O mesmo ocorreu nos cursos das ciências duras com relação á qualidade das instalações físicas, equipamentos e biblioteca. Ambos os grupos de instituições se dividem conforme o tipo de organização acadêmica, se universidade ou outros. Esses outros tipos incluem centros universitários; faculdades integradas; faculdades isoladas; escolas e institutos superiores.

No grupo das instituições com menor qualidade dos fatores institucionais, entre as universidades, as públicas são as instituições amplamente dominantes (90,5%). E entre os demais tipos de organização acadêmica, as particulares predominam (77,3%).

Tanto para as universidades quanto para as instituições de outros tipos de organização acadêmica, a região em que se localiza a IES é a variável que melhor

discrimina públicas e privadas. Entre as universidades (nós 7 e 8), elas dominam quase que com exclusividade as IES situadas nas outras regiões que não o sudeste (98,9%), e também são maioria no sudeste (63,2%). Entre os outros tipos de organização acadêmica (nós 9 e 10), também são as públicas que predominam nas regiões que não o sudeste (62,5%), ao passo que no sudeste só existem IES privadas.

O outro ramo da árvore, que nasce no nó 2, envolve o grupo dos estabelecimentos mais bem qualificados do ponto de vista dos fatores institucionais. Nesse grupo, as universidades são dominadas pelo setor privado (83,1%, nó 5). Esses dados são um espelho dos já discutidos para o grupo das instituições menos

bem qualificadas do mesmo ponto de vista; como vimos, naquele outro grupo, entre

as universidades o setor público tem amplo domínio (nó 3). Continuando com a discussão dos resultados para o grupo dos estabelecimentos mais bem qualificados, constata-se que os outros tipos de IES (nó 6) pertencem quase que exclusivamente ao setor privado. Essa tendência, embora menos acentuada, também já havia sido registrada para os outros tipos de IES pertencentes ao grupo das menos bem qualificadas (nó 4).

Razões para tais resultados são análogas às anteriormente referidas para o curso de Biologia. Destacamos que foi mais forte o crescimento de instituições particulares nas últimas décadas e é foi setor privado que, de modo geral, se valeu de outros tipos de organização acadêmica diferentes da universidade, provavelmente pelo custo mais baixo de implantação de curso e instituição e pela não-obrigação de desenvolver pesquisa e extensão, além do ensino.

Para as universidades do grupo das instituições mais bem qualificadas, o nível de exigência do curso é uma variável relevante para a distinção entre os setores público e privado (nós 11 e 12). Entre as universidades com menor nível de exigência, somente 10,5% são públicas, ao passo que entre as instituições universitárias com maior nível, essa porcentagem ascende a 25,9%, mais do dobro da outra. Assim, entre universidades do grupo das mais bem qualificadas, níveis de exigência mais elevados quanto ao curso têm incidência relativamente maior nas públicas, comparativamente às particulares. Entretanto, esse resultado situa-se em sentido oposto ao registrado no curso de Biologia. Nesse curso, entre as IES melhor qualificadas do ponto de vista dos fatores institucionais, e que não têm mestrado – e apesar do pequeno número de casos envolvidos na comparação –, há mais IES do

setor público com menor nível de exigência que instituições do setor com nível maior (nós 11 e 12 do diagrama). Uma possível hipótese explicativa para a diferença entre a História e a Biologia é de que, neste curso, os dados se referem a instituições sem mestrado e, portanto, de padrão acadêmico relativamente inferior. Mas a sustentação dessa hipótese requer dados adicionais ao que dispomos para a presente pesquisa.

Já para as instituições de modelos institucionais não-universitários, com maior qualidade dos fatores institucionais, é a variável região que importa na discriminação entre públicas e particulares. Nesse segmento, entre as instituições localizadas noutras regiões que não o sudeste, quase todas (96,4%) são privadas (nó 13); todas as que situam no sudeste também são particulares (nó 14).

A disposição dos dados do diagrama de árvore para a História permite ainda identificar o tipo de instituição predominante no conjunto das IES estudadas. Examinando os totais dos nós 3 até 6, constatamos que as universidades respondem por 64% das instituições em que havia concluintes de História em 2005, sendo o restante integrado por outros modelos de organização não-universitária. A julgar por esses dados, os cursos de História seriam ofertados sobretudo por universidades no país. Examinando agora o interior dos referidos nós, constata-se que, entre as universidades, o setor público predomina com 64% (116 instituições ante 65 do setor privado). Já entre as IES de outro tipo de organização acadêmica, quase todas são particulares (95 ante 6 do setor público).

Concluindo, cabe também registrar que entre as universidades, que constituem o principal tipo de organização acadêmica com alunos concluintes de História e que participaram do Enade em 2005, a maioria das públicas tem menor nível de qualidade de fatores institucionais, ao passo que o inverso ocorre entre as particulares. Observamos ainda que a variável “Pós-graduação” não foi inserida no modelo da árvore de classificação para o curso de História. Isso indica que, ao contrário do que se registrou para o curso de Biologia, e especialmente para o de Engenharia Civil, a existência ou não de mestrado na área não é um fator tão relevante para distinção entre públicas e particulares, comparativamente às demais variáveis do modelo utilizado.

Diagrama 4 – DH1: Árvore de Classificação para o curso de História