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Diagrama 5 – DP1: Árvore de Classificação para o curso Pedagogia

5.2 CIÊNCIAS DURAS: CARACTERÍSTICAS INSTITUCIONAIS E DESEMPENHO

5.2.3 Biologia – Particulares

Os estudantes concluintes de Biologia das instituições particulares são, em números absolutos, em maior quantidade quando comparados aos estudantes das públicas. Fato que reflete a ampliação do ensino superior que ocorreu nas últimas décadas pela via da expansão do setor privado.

Para as instituições particulares inseridas neste estudo as variáveis explicativas correspondem a apenas 5% da variância na nota bruta dos alunos. Os resultados aqui discutidos são apresentados na tabela 27.

Em se tratando de instituições particulares, a variável organização acadêmica registra uma maior diversificação institucional. Centros universitários, faculdades integradas, bem assim faculdades, escolas e institutos superiores, todos esses tipos de instituições estão presentes no setor privado com cursos de Biologia. Como discutido no capítulo terceiro, a variedade de organização acadêmica ilustra a maior diversidade de modelos institucionais existente no setor privado, especialmente após a promulgação da última Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996) e legislação e políticas subseqüentes nos anos 1990 e primeira metade da corrente década. Porém, as variáveis correspondentes a esses tipos de organização acadêmica apresentam coeficientes significativos e negativos na regressão. Apesar da diversidade, no setor privado as universidades são as instituições em que os estudantes apresentam resultados médios mais elevados.

Resultado quase análogo foi obtido para as regiões geoeconômicas em que, excetuando-se a região sul, para cuja variável o coeficiente não é significativo, em todas as outras regiões – norte, nordeste e centro-oeste – os coeficientes são significativos, entretanto, com sinais negativos. Os alunos de instituições particulares situadas nessas regiões têm média de desempenho mais baixa em relação aos do sudeste, em torno de aproximadamente dois a três pontos negativos. O desempenho de estudantes de instituições particulares situadas no sudeste é superior ao desempenho dos estudantes de instituições situadas nas demais regiões geoeconômicas.

Tabela 27 – Biologia: resultados da regressão para as instituições particulares

ANOVA

Soma dos quadrados Graus de liberdade Média quadrática F Sig.

Regressão 36373 24 1516 19,3 0,0 Resíduo 653763 8308 79 Total 690136 8332 COEFICIENTES Coeficientes não-padronizados Coeficientes padronizados

B Erro padrão Beta t Sig.

(Constant) 50,97 2,65 19,24 0,00 Centro Univ. -0,57 0,25 -0,03 -2,30 0,02 Fac. Integr. -2,47 0,37 -0,08 -6,71 0,00 Fac./Esc./Inst.Sup. -1,52 0,34 -0,05 -4,55 0,00 Norte -1,81 0,82 -0,02 -2,22 0,03 Nordeste -2,42 0,47 -0,06 -5,13 0,00 Sul 0,25 0,27 0,01 0,93 0,35 Centro-Oeste -2,76 0,38 -0,08 -7,32 0,00 Até 20 anos -1,41 0,30 -0,07 -4,69 0,00 21 a 22 anos 0,64 0,30 0,03 2,11 0,03 25 a 28 anos -0,55 0,33 -0,02 -1,67 0,10 29 anos e mais -0,96 0,32 -0,04 -2,98 0,00 Sexo do aluno -0,18 0,22 -0,01 -0,84 0,40

Pai com nível superior 0,94 0,26 0,04 3,65 0,00

Até 3 SM 0,03 0,25 0,00 0,12 0,90 >10 a 20 SM 0,30 0,30 0,01 1,01 0,31 >20 a 30 SM 1,23 0,52 0,03 2,35 0,02 > 30 SM 1,17 0,76 0,02 1,55 0,12 Inic. cient/tecnol. 0,77 0,27 0,04 2,82 0,00 Monitoria 0,34 0,35 0,01 0,99 0,32 Proj.pesq.profes. 0,14 0,28 0,01 0,51 0,61 Extensão -0,57 0,31 -0,02 -1,85 0,06

Qual. Fat. Inst./IES -0,09 0,04 -0,02 -2,05 0,04

Particulares:mestrado/doutorado 1,10 0,89 0,01 1,24 0,22

Nível exigência/IES -4,26 0,52 -0,10 -8,23 0,00

Fonte: A autora

Para as instituições particulares, a variável binária idade foi distribuída da seguinte maneira: Idade 1º quintil (até 20 anos); Idade 2º quintil (de 21 a 22 anos); Idade 3º quintil (de 23 a 24 anos); Idade 4º quintil (de 25 a 28 anos), e Idade 5º quintil (29 anos e mais). Como se nota na definição da variável e, conforme se esperava, as idades são pouco mais elevadas no setor particular do que no setor público. Entretanto, observa-se, mais uma vez, a presença de um grupo muito jovem de estudantes que ingressou cedo na graduação, formando-se em idade até 20 anos.

E na regressão, alunos mais jovens pertencentes ao primeiro quintil e alunos mais velhos, do último quintil, são aqueles com média de resultados mais baixa. Os coeficientes para os dois quintis são significativos e negativos. Resultado semelhante foi verificado para as federais, em que os extremos na distribuição das faixas etárias possuem desempenho inferior. Estudantes do segundo quintil obtiveram desempenho médio discretamente superior, com coeficiente significativo e de sinal positivo em aproximadamente um ponto. No quarto quintil, o coeficiente não é significativo.

É de estranhar, assim como ocorreu nas federais e nas estaduais, que os concluintes mais novos, com idade até vinte anos, venham a ter desempenho baixo. O mesmo questionamento levantando anteriormente é colocado aqui: seriam estes alunos que entraram na universidade com idade em torno de quinze anos mais imaturos para a realização de um curso superior? Teriam esses alunos questionamentos sobre a carreira profissional escolhida? Na presente análise, que tem por foco a influência de características institucionais no desempenho dos estudantes, não temos condições de responder a tais questionamentos. De toda forma, deixamo-los aqui, como resultados inesperados e que merecem aprofundamentos posteriores, em outros estudos. Nesse sentido, acatamos a discussão de Carrano (2009). Para o autor, a atual configuração da educação superior e as análises sobre juventude sugerem a necessidade de novos estudos sobre jovens universitários. Quem são esses jovens universitários? O que pensam e quais suas expectativas em relação ao curso superior são questionamentos emergentes, abertos a novas pesquisas.

Já a variável sexo novamente não apresentou coeficiente significativo nas instituições particulares, assim como ocorreu nas federais.

Nas características socioeconômicas dos estudantes, encontramos alguns resultados interessantes. Nas instituições federais e estaduais, a variável pai com nível superior não é significativa, mas nas instituições particulares, a escolaridade do pai do aluno é uma variável com coeficiente significativo e positivo. Alunos cujos pais possuem curso superior alcançam, nessas instituições, média de resultados de um ponto a mais no exame, comparativamente àqueles cujo pai não tem nível superior. Para as particulares, o resultado corrobora a hipótese de que a escolaridade do pai influi positivamente para o desempenho do aluno.

Em renda familiar, somente os estudantes situados na faixa de 20 a 30 SM apresentam resultado significativo e mais elevado do que os estudantes na faixa mais de 3 a 10 SM, variável omitida na equação de regressão. A média do desempenho obtido pelos alunos com renda familiar até 3 SM, de 10 a 20 SM e maior do que 30 SM não se diferencia da lograda pelos estudantes com renda familiar de mais de 3 a 10 SM.

Em todas as categorias administrativas pesquisadas – federais, estaduais e particulares – não há distinção de rendimento entre os alunos que se situam nas faixas imediatamente abaixo e imediatamente acima da faixa mais de 3 a 10 SM, variável omitida na equação de regressão. Para a faixa de renda familiar até 3 SM e a faixa mais de 10 a 20 SM, os coeficientes das variáveis não são significativos. Para a faixa mais de 20 a 30 SM, os coeficientes são significativos nas federais, nas estaduais e também nas particulares. Nas federais o coeficiente para essa faixa de renda familiar é negativo, enquanto que nas estaduais e nas particulares o coeficiente é positivo. Nas federais e nas estaduais os coeficientes da última faixa de renda familiar, mais do que 30 SM são significativos e negativos. E nas particulares, o coeficiente dessa mesma faixa não é significativo.

Quanto às atividades acadêmicas além das aulas, nas instituições particulares a variável participação em projetos de iniciação científica e tecnológica é significativa para um melhor resultado dos alunos. Porém, as variáveis referentes a realizar monitoria, participar de projetos de pesquisas de professores e participar de atividades de extensão não têm coeficientes significativos. Em suma, para os estudantes de Biologia de instituições particulares somente participar de projetos de iniciação científica e tecnológica conduz a diferenças significativas no rendimento médio.

Comparando-se as estimativas que levam em consideração a realização de atividades acadêmicas além das aulas e seu efeito para o desempenho médio dos estudantes, observamos em nossos resultados, com exceção de participar de projetos de iniciação científica e tecnológicas nas instituições estaduais e particulares, com relação às demais atividades tradicionalmente oferecidas pelas instituições de ensino superior, a não-realização de qualquer atividade extraclasse pode se constituir em uma vantagem para o estudante em termos de desempenho acadêmico medido pelo Enade. O que estaria acontecendo, então, em relação a tais atividades extraclasse? Seria uma inadequação curricular ou o modelo ensino-

pesquisa-extensão empiricamente tem efeitos diversos do que, em tese, anuncia? As estimativas são intrigantes com relação às variáveis que representam as atividades acadêmicas além das aulas. Ao iniciarmos a pesquisa, tínhamos a concepção de que a participação dos estudantes em atividades acadêmicas extraclasse em relação a não participar de qualquer outra atividade além das aulas influenciava positivamente suas médias. As estimativas suscitam novas questões de estudo: qual a percepção dos estudantes a respeito das atividades acadêmicas extraclasse? No que consistem tais atividades na prática?

A respeito das características institucionais, as particulares registram os seguintes resultados: coeficiente significativo, porém negativo para a variável „índice de qualidade dos fatores institucionais por IES‟ e coeficiente não significativo para a variável particulares: mestrado/doutorado.

Por outro entendimento, no capítulo três comparamos instituições públicas e particulares com relação aos fatores institucionais. Nos dois modelos de análise adotamos as mesmas variáveis para os fatores institucionais. Nos resultados obtidos na árvore de classificação para o curso de Biologia, observamos que a qualidade dos fatores institucionais é avaliada como em melhores condições pelos estudantes nas particulares do que nas públicas. Aqui analisamos os efeitos da qualidade dos fatores institucionais sobre o desempenho dos estudantes. As estimativas sugerem que, apesar de nas instituições particulares, terem maior nível de qualidade de fatores institucionais, o efeito desses sobre o desempenho dos estudantes é significativo e negativo. O que seria, então importante para o desempenho dos estudantes das instituições particulares, que, no Enade 2005 apresentaram as notas mais baixas? Esse é um aspecto que a diversificação institucional deve levar em consideração e, mais ainda, as avaliações institucionais. Se no Brasil avançamos muito nas avaliações institucionais, ainda temos muito a tratar sobre o que fazer com os resultados das avaliações. Especialmente no dizem respeito ao que importa, de fato, para a elevação da qualidade da formação dos estudantes de cursos superiores.

A respeito da titulação dos docentes das instituições particulares de Biologia, a variável particulares:mestrado/doutorado não teve coeficiente significativo. Ou seja, a titulação dos docentes não produz efeitos significativos sobre o desempenho dos estudantes das particulares.

Concluída a primeira etapa de análise dos resultados para a Biologia, passemos à análise dos resultados para os concluintes de Engenharia Civil, curso que, no presente estudo, integra o campo das ciências duras-aplicadas.