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CAPÍTULO VI – RECOLHA, ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

7. Recolha, Análise e Tratamento dos Dados

7.3 Análise dos Dados dos Inquéritos por Entrevista

7.3.4 Bloco IV «Utilização das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) em

O Bloco IV pretendeu averiguar até que ponto as docentes participantes nesta investigação fazem uso das TIC em contexto educativo, ou seja, em que medida e exemplos, na exploração de que área(s) disciplinar(es) e com que frequência, bem como, quais as suas opiniões em relação a essa mesma utilização (vantagens e desvantagens).

Numa análise atenta das opiniões (3 registos) proferidas pelas entrevistadas, concluiu-se que todas têm por hábito utilizar as TIC no processo de ensino e de aprendizagem de acordo com três perspetivas (a motivação, a introdução de novos conteúdos e a rentabilização dos e-manuais:

“Dentro da atividade profissional sempre que acho necessário.” (P1) “Quando às vezes dou matéria nova (…)” (P2)

“Principalmente através dos e-manuais que costumo projetar para os alunos (…)” (P3)

A entrevistada P1 quando responde à questão «Em que medida? Exemplos.», menciona não haver nenhuma situação especifica para o uso das TIC, mas sim quando entende ser necessário e quando, à partida, é mais vantajoso para os alunos. Numa

outra dimensão, P1 refere também a utilização das TIC num âmbito mais administrativo ao referir a utilização do Excel para as avaliações dos seus alunos e quando se implementam os níveis de motivação. A entrevistada P2 destaca o facto de recorrer às TIC quando necessita de algo motivador para iniciar a exploração de um conteúdo através de pesquisas na internet. Por outro lado, P3 menciona utilizar as TIC numa situação que envolvam atividades onde os alunos utilizem as ferramentas digitais, dando como exemplo a utilização do quadro interativo, do Word e do e-mail. Neste sentido, no que diz respeito a esta questão, ocorrem 14 registos, sendo eles:

“(…) faço uso das TIC para a preparação das aulas (…)”; “(…) utilizo o Excel para fazer a avaliação dos alunos, quer na avaliação contínua, quer depois na avaliação sumativa de final de período.”; “Não existe de todo uma situação especifica em que eu aplique as TIC (…)”; “(…) naquilo que na altura entendo ser mais vantajoso para a turma explorar através desse recurso.”; “Tento sempre que os alunos consigam fazer uma aprendizagem com mais inovação (…) sei que através deste recurso eles vão estar mais entusiasmados (…)” (P1) “Quando (…) preciso de algo motivador para iniciar recorro às TIC.”; “Costumo projetar as coisas (…)”; “(…) costumo pesquisar sobre o que pretendo da matéria em questão, levo para as aulas (…)” (P2)

“O ano passado quando tinha quadro interativo os meninos podiam realizar algumas atividades (…)”; “Este ano têm que se limitar a observar aquilo que eu projeto.”; “(…) em anos anteriores já desenvolvi (…) projetos (…) com a biblioteca onde podia pôr os alunos a trabalhar com o computador (…)”; “(…) ensinámos-lhes a trabalhar com o Word onde tiveram a oportunidade de escreverem um pequeno texto.”; “(…) ensinámos-lhes a enviar um e-mail.”; “Utilizo também jogos educativos (…)” (P3)

Nenhuma entrevistada deu uma respostas objetiva à questão «Em que área(s) disciplinar(es)?». Assim sendo, a entrevistada P1 referiu fazer recurso às TIC nas áreas que entende representarem mais dificuldade para os alunos, não havendo uma área específica que esteja relacionada com a utilização das TIC (1 ocorrência). Convém assinalar que numa questão colocada anteriormente que pretendia aferir qual o tipo de utilização correta, também não foi possível obter uma resposta objetiva. Para o efeito, apresentam-se as ocorrências obtidas nesta questão:

“(…) tento fazer recurso às TIC nesses temas que entendo representarem mais dificuldade para os alunos e em que acho que as TIC vão ser uma mais valia.” (P1)

Apenas a docente P3 respondeu a frequência com que utiliza as TIC em contexto educativo (1 registo):

“(…) Estes recursos costumo utilizar todas as semanas, pelo menos uma vez.” (P3)

Contrariamente à docente P1, P2 e P3 estabelecem um consenso nas suas respostas, quando referem que a utilização das TIC no processo de ensino e de aprendizagem não está a ser explorada da forma mais adequada, por parte das escolas, pelo facto da escassez de recursos e à insuficiente formação por parte dos professores, em relação às TIC, contemplando 3 ocorrências. Neste aspeto, é importante referir que numa questão anterior do Bloco II onde se pretendia averiguar quais as limitações das TIC, nessa altura foram referenciadas a escassez de recursos e o fator tempo. Neste momento, é acrescida a falta de formação como um elemento limitador para uma utilização mais extensiva das TIC. Pois, o sentimento de uma falta formação de uma utilização em TIC tem vindo a ser realçada ao longo das últimas questões. Referindo que muitas das vezes os alunos parecem conhecer e dominar uma maior variedade de recursos tecnológicos. Neste sentido, passam-se a apresentar as ocorrências relativas a esta dimensão:

“Sempre que há algum recurso educativo que me permite uma mais-valia, dentro daquilo que eu quero explorar ou da aprendizagem que pretendo transmitir, aproveito.” (P1)

“É pena os alunos não terem um computador para cada um (…)” (P2) “Sinceramente eu acho que as escolas não estão a explorar devidamente esta vertente, sei que existem imensas ferramentas ligadas às TIC (…) sobre os quais eu não tenho qualquer conhecimento, no entanto eles, os alunos, têm.” (P3)

As professoras P1 e P3 destacam que as TIC, quando bem utilizadas, podem acarretar muitas vantagens no processo de ensino e de aprendizagem com um destaque especial para a geração de maiores níveis de motivação, associados um contexto mais lúdico e no caso especial do e-mail por se tratar de uma novidade em termos de relacionamento com a sua professora (6 registos):

“Em assuntos mais complicados (…) pela dificuldade dessa mesma aprendizagem, muitas das vezes abordá-la com a utilização das TIC acaba por ser mais motivador e facilita de certa forma, ou “garante” (…) o sucesso.”; “(…) quando acho que existe alguma matéria em que os alunos estão com mais dificuldade e que posso recorrer a um vídeo, a um Power Point, à observação de outras crianças a realizarem uma atividade que proponho aos meus alunos, ou até mesmo a um jogo que se consiga obter através do recurso às TIC, torna- se sempre mais motivador.”; “Consigo captar desta forma os alunos com mais facilidade (…) (P1)

“Em relação a vantagens e, pela experiencia que tenho, é que eles se sentem muito motivados quando trabalhamos através do computador, quer para a matemática quer para o português.”; “(…) no 1º ano, eu acho que é fundamental o uso do computador porque ao eles estarem a aprender as letras para formar uma palavra, eles estão ao mesmo tempo a identificá-las (…)”; “Quando realizei a experiencia do e-mail eles ficaram encantados (…)” (P3)

A entrevistada P1 afirma que muitas das vezes em que as TIC são utilizadas no processo de ensino e de aprendizagem os alunos acabam por não se manter sempre em silêncio. As entrevistadas P2 e P3 referem ainda que a desvantagem é essencialmente devido ao facto de não existirem recursos, neste caso computadores, para todos os alunos. De facto, esta situação foi de certa forma sentida pela investigadora nas sessões de implementação, numa fase inicial, mas durante a execução das atividade com o computador não se verificou um comportamento desadequado. Contudo, as entrevistadas referem o fato do computador introduzir uma potencial indisciplina porque a escassez de computadores faça com que a grande maioria dos alunos esteja mais dispersa, pois se houvessem mais computadores as aulas implicariam uma abordagem diferente que se concretizaria num maior envolvimento direto dos alunos nas atividades (ex: pesquisa). Um outro aspeto, com o qual as professoras referem prende-se com a apetência dos alunos em utilizar o computador para jogar (os resultados dos questionários por inquérito aplicados aos alunos vieram demonstrar que a sua atividade preferida corresponde a jogar no computador), o que pode interferir com as atividades escolares. Assim sendo, quando as professoras entrevistadas enumeram as desvantagens na utilização das TIC em contexto educativo, surgem 7 registos:

“(…) embora muitas vezes se acabe por gerar mais barulho.” (P1)

“(…) tenho que ser sempre eu a projetar e a fazer as coisas.”; “(…) se cada aluno tivesse um computador, tenho a certeza que a aula seria dada de maneira diferente, existiria mais pesquisa por parte deles.”; “Mas neste caso como só temos um computador por sala temos que nos cingir ao que temos.” (P2) “(…) não consigo fazer muito porque só tenho um computador.”; “(…) não encontro assim desvantagens muito significativas na utilização das TIC em sala de aula (…)”; “(…) se eles não estiverem verdadeiramente motivados para a lecionação de um conteúdo através do computador a atenção dos alunos foge completamente e eles só pedem e só querem é jogar e deixam de dar importância ao que realmente interessa.” (P3)

Neste sentido, de acordo com os registos obtidos, pode-se concluir que os alunos passam a assumir uma postura passiva em que se limitam a observar aquilo que é projetado pelos professores. Uma potencial inferência, em relação às opiniões desta categoria, em termos gerais, enfatiza o problema da falta de recursos. Isto é, as entrevistadas sentem que á importante a disponibilização de um número maior de computadores nas escolas, visto que a existência de apenas um computador por sala e a utilização do mesmo por um número muito reduzido de alunos, faz com que os outros se dispersem e, portanto, o P1 refere alguma indisciplina na sala de aula, quando as TIC estão a ser utilizadas.