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CAPÍTULO II – AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL

3.1. A Evolução Histórica da Integração das TIC no Ensino em Portugal: breve resenha

No final do século XIX o ambiente escolar não acompanhava o desenvolvimento tecnológico. Tal como considera Silva (2001), o ambiente escolar desta época era de ‘penúria’ de recursos. O ensino centrava-se em métodos expositivos e interrogativos e quando existia, nas escolas, algum meio tecnológico esse objeto era usado como forma de demonstração e não como meio de comunicação que visasse a sua implementação no processo de ensino e de aprendizagem.

O início do século XX é destacado por uma evolução da pedagogia influenciada pelo ambiente positivista e pelas ideias da Escola Nova conferindo-lhe um caráter mais

intuitivo-dedutivo possibilitando assim o desenvolvimento do poder de observação nos alunos. Em 1925, surgiu a necessidade de valorizar a integração do cinema educativo nas escolas, bem como, reconhecer as vantagens da mensagem visual sobre a mensagem oral. E, neste sentido, na década de vinte e trinta do seculo XX, as escolas começaram a adquirir equipamentos no domínio do áudio (fonógrafo, grafonola, discos, microfone e telefone), no domínio da imagem (lanternas de projeção, diapositivos, máquina fotográfica e mapas) e no domínio do scripto (maquinas de escrever e de impressão).

A década de 60 foi marcada pela criação do Centro de Pedagogia Audiovisual (CPA) com o intuito de se aplicar no ensino de cinema, rádio, televisão, entre outros e na criação do Instituto de Meios Audiovisuais no Ensino (IMAVE) pelo ministro Galvão Teles. Este instituto tinha como principal objetivo, através das técnicas audiovisuais, elevar o nível cultural da população e facilitar a atividade letiva dos professores e era responsável pela emissão de programas educativos de rádio e televisão, designadamente a Telescola.

Em 1971, o IMAVE deu lugar ao Instituto de Tecnologia Educativa (ITE) que se ocupou na aplicação das técnicas modernas, inclusive nas audiovisuais, no ensino, tendo também a seu cargo a Telescola, o Ano Propedêutico em 1977, assim como, a produção de material audiovisual.

Em meados da década de 80, surgiu a Universidade Aberta com a extinção do ITE e é a partir desta época que a Telescola passou a fazer parte do sistema de ensino preparatório regular. A designação Telescola foi substituída por Ensino Básico Mediatizado (EBM). Este movimento, o uso das tecnologias na educação, deu origem à formação de uma nova área de saber, a Tecnologia Educativa (TE) que, como afirmam Silva, Banco e Gomes (1988) é uma forma sistémica de conceber, realizar e avaliar o processo de ensino/aprendizagem recorrendo a sistemas tecnológicos de informação e comunicação para o processamento da aprendizagem.

A Tecnologia Educativa (TE) surge em Portugal em dois momentos cruciais: o primeiro, nas décadas de sessenta e oitenta, de afirmação, ao fazer parte dos planos curriculares de formação de Professores e o segundo, de consolidação, na década de noventa, com o nascimento dos cursos de Mestrado nesta área.

No final da década de 80, na sequência da Revolução do 25 de Abril em 1974 e a posterior integração de Portugal na Comunidade Europeia, é criada a Comissão de Reforma do Sistema Educativo (CRSE). Em consequência surgem os programas na Proposta Global da Reforma, que valorizavam a introdução das tecnologias de informação na educação através da formação das novas gerações para mundo das comunicações e da implementação de uma prática pedagógica direcionada para a inovação e a criatividade. Como destaca Silva (2010), a integração das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC), é valorizada nesta década, mais do que qualquer outro período da história educacional portuguesa, na Educação e no Ensino.

Em 1996, década de 90, surge um relatório sobre a Educação envolvendo várias organizações internacionais, entre as quais, a Comissão Internacional para a UNESCO de forma a enfatizar as potencialidades da utilização das TIC. Este relatório (1996), defendia que a educação tinha um papel fundamental no desenvolvimento contínuo das pessoas e das sociedades, considerando as políticas educacionais como um processo de enriquecimento dos conhecimentos. Neste sentido, o Ministério da Ciência e da Tecnologia lançou um conjunto de iniciativas com o objetivo do desenvolvimento da Sociedade da Informação. A criação da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS) integrou-se nessas iniciativas e através desta rede realizou-se a ligação das escolas à Internet, uma das mudanças mais marcantes e significativas na Sociedade da Informação em Portugal.

De acordo com a UNESCO (2009), o sistema de ensino é um dos sectores em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) mais mudanças trouxeram. Neste sentido, o ensino passou a ser visto de forma diferente, pelos professores, mas sobretudo pelos alunos. A internet veio assim alterar as formas de aquisição e de transmissão dos conhecimentos, não só por ter encurtado distancias e tempos de comunicação, mas também pela quantidade de informação que disponibiliza a todos. Tal como refere Rodrigues (2010), este desenvolvimento tecnológico trouxe mudanças na sociedade, principalmente com o aparecimento e a evolução da Internet, tendo esta modificado e alterado bastante os hábitos e as rotinas da população.

Hoje em dia, a sociedade caracteriza-se pela inovação das TIC, principalmente, ao nível da comunicação pelo facto de surgirem um vasto número de ferramentas e de aplicações que vieram permitir uma maior facilidade ao acesso e interação entre os indivíduos. Para Carneiro (2000), a introdução das TIC na educação, fez com que atualmente se recorra mais à criatividade e à capacidade de aprendizagem generativa, ou seja, o estabelecimento de ligações entre os conhecimentos novos e antigos, sendo responsáveis pela inovação e mudança no sistema educativo. Apesar da introdução das TIC na educação trazer vantagens para os alunos, esta também acarreta para os professores uma série de potencialidades e transformações para um novo paradigma educativo, mais personalizado e centrado na atividade dos mesmos. É neste contexto que surge um conjunto de intervenções onde as TIC têm marcado a sua presença no seio das práticas letivas. De acordo com Gil (2014), uma das grandes razões para apostar na utilização das TIC, em contexto educativo, desde a Educação Pré-Escolar diz respeito ao aumento do número de nativos digitais numa crescente utilização da Internet. Neste sentido, Gil (2014) refere ainda que é importante despertar a escola para esta realidade, “(…) utilizando mais as TIC em contexto educativo, como verdadeiras ferramentas de suporte e/ou de complemento no processo de ensino e de aprendizagem «com nativos digitais» e «para nativos digitais» (…).”

Assim, há que aproveitar as possibilidades metodológicas que as TIC oferecem e construir uma escola mais eficaz e inclusiva para assim melhorar a produtividade em geral, pois, tal como refere Figueiredo (2008), a educação que não se ajuste aos tempos atuais não cumprirá a sua missão.

3.2. Principais Projetos Nacionais para a Introdução das TIC em Contexto