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6.2 Veículos Radiofônicos Comerciais

6.2.1 Rádio Marconi FM – Sintonia do seu coração

6.2.1.1 Nas ondas da programação informativa

6.2.1.1.4 Bom Dia Açailândia

Com agendas, papéis com anotações e o livro de reflexões “Otimismo todo dia”, o professor Dorgival Gerônimo da Silva adentra o estúdio, no dia 28 de maio de 2016, às 8h04, para apresentar mais uma edição do “Bom Dia Açailândia”. Ele é um dos sócios e fundador da rádio. O empresário, antes de trabalhar com radiodifusão, atuou na área da educação, sempre esteve à frente desse programa com o auxílio de outro profissional para a parte de sonoplastia. Atualmente, Isisnaldo Carneiro é responsável pela parte técnica durante essa produção.

Este programa é o mais antigo ainda em veiculação na emissora, surgiu junto com a Rádio Cultura AM, alude Nascimento (1998, p. 157), “[...] inaugurada no dia 10 de novembro de 1988 com o programa Bom Açailândia, apresentado pelo professor e radialista Dorgival Gerônimo da Silva”. Transmitida tanto pela emissora AM quanto pela FM, é uma marca na programação das rádios.

Durante o informativo, o empresário consulta suas anotações, o que define o início do programa é a leitura de uma mensagem de motivação do livro “Otimismo todo dia”. Nesse início, também é repassado para os ouvintes o que é comemorado em 28 de maio, cita-se que é o dia de São Beda, aniversário do Partido Socialista Brasileiro (PSB), lembra-se que em 28 de maio de 1978 a Itália regulariza o aborto, entre outras comemorações. Ao final, o radialista destaca que as questões históricas devem ser lembradas, “se não tem passado, não tem presente”.

Exibido apenas na manhã dos sábados, de 8h às 10h, caracteriza-se como um programa informativo/opinião. A edição observada é marcada pela entrevista do pré-candidato a prefeito de Açailândia, Jardel Bom Jardim, do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Ao dividir o mesmo espaço que eles, é interessante observar a postura do apresentador. A atenção dele com o entrevistado é apenas com o rádio no ar, durante os intervalos, somente Isisnaldo Lopes dialoga com o pré-candidato, comportamento que deixa evidente a antipatia do locutor para com o político.

A entrevista corrobora para essa compreensão, as perguntas lançadas são incisivas e em certos momentos deixam o entrevistado em situação de desconforto. Vale destacar alguns questionamentos feitos para o político durante a entrevista, entre eles: “Você vai sempre à igreja ou vai só para dizer que é católico?”, “E a questão do esporte, qual é seu time?”, “O que lhe levou a você propor seu nome para pré-candidato a prefeito de Açailândia?”, “Porque você não se candidatou a vereador?”, “Quais são os grupos que você está ligado no setor da pecuária, no setor do comércio, no setor de trabalho, no setor de serviço social, qual?”, “Como você vê o

parque de exposição para que ele realmente venha funcionar a contento não só com o Paulo Lira com qualquer outro presidente que venha?”, “E a questão do laticínio, o que você propõe para a melhoria para que ocorra todos os anos realmente o Parque de Exposição [...]?” e outras.

As questões foram elaboradas antes do informativo, elas indicam maior atenção quanto aos assuntos empresariais e pessoais, em detrimento de discussões sobre as propostas quanto à segurança, saúde, infraestrutura e educação na cidade, problemáticas que estimularam cotidianamente as ligações para os programas da própria rádio. Durante a conversa, o público não tem a possibilidade de questionar, o que seria válido para ampliar os temas da entrevista.

Após cada resposta do entrevistado, seguem-se comentários do apresentador, em alguns momentos rebatendo as falas do convidado, comenta-se sobre a figura do avô do pré- candidato, um conhecido do apresentador, mas ele, o locutor, deixa claro que não conhecia Jardel Bom Jardim. Portanto, nota-se a intervenção do profissional na interpretação da narrativa a ser repassada para o público que acompanha.

Com locução compassada, expressões e entonações da voz que marcam um radialista tradicional, como o “Alô, fulano de tal, aquele abraço”, aos 80 anos, Dorgival Silva tem os seus posicionamentos políticos evidenciados durante o programa e embutidos na linha editorial do veículo radiofônico ao qual administra.

Durante cerca de cinco minutos antes do término do “Bom Dia Açailândia”, Isisnaldo Lopes, que tem poucas participações durante a produção, apresenta um resumo das notícias da semana, informações apuradas por ele na atuação de repórter, são elas:

Destaques para a quantidade de assaltos durante a semana, um jovem foi preso com três bermudas presos no centro pela polícia civil, uma sacola com três células, no centro o destaque foi para um assalto em uma farmácia na Avenida Tácito de Caldas, uma das avenidas mais movimentadas da cidade, no distrito de Pequiá duas pessoas foram conduzidas para a delegacia por receptação primeiro pelo robô de fibra óptica (cabo de telefone), um empresário também foi levado para a delegacia, também destaque o irmão de um apresentador daqui de Açailândia acabou sendo atingido por um tiro em uma operação realizada pela polícia militar, a polícia estava fazendo um serviço velado em buscava por um traficante, o carro do apresentador; a autoescola que terei vendido uma carteira de habilitação para um jovem que foi preso por falsificação de papéis legítimos da federação (TRECHO DO PROGRAMA BOM DIA AÇAILÂNDIA).

A opinião do apresentador, em alguns momentos, excedem a informação, apesar de ter observado apenas uma edição do programa, essas especificidades parecem se manter nos

demais sábados, com ou sem um convidado, o fator determinante é a figura de um dos proprietários da emissora no comando desta produção.