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6.2 Veículos Radiofônicos Comerciais

6.2.2 Rádio Nativa FM – Você em primeiro lugar

6.2.2.1.1 Rádio Alternativo

O programa do Arimateia Junior, é assim que a maioria dos ouvintes se referem ao “Rádio Alternativo”, uma produção alternativa às rádios concorrentes, foi essa uma das estratégias do proprietário da emissora, ao criar esse programa, em 1989, “O empresário convidou o jornalista Arimateia Júnior para comandar a atração, o apresentador permanece até hoje a frente do programa” (ALMEIDA, 2013, p. 16).

Em quatro horas, são divulgadas informações nacionais, regionais e locais, extraídas de sites, blogs, agências de notícias, WhatsApp, e-mail, indicação de funcionários do Sistema Nativa de Comunicação e fontes externas. As músicas também são ouvidas no programa, porém com o diferencial de quase todas terem relação com as informações repassadas, ou seja, após a divulgação de alguma notícia, segue-se o trecho de uma canção em sintonia com o assunto.

As entrevistas em estúdio ocorreram praticamente todos os dias durante a semana de verificação, a exceção se deu nos dias 30 e 02 de junho de 2016. Neste último dia, o programa foi comandado apenas pelo operador de áudio Valdinez Santos, com a veiculação somente de músicas, sem locução. O apresentador não compareceu, teve um compromisso com o proprietário da rádio em outra cidade e, provavelmente, não deu tempo de chegar para apresentar o programa. Nesse dia, houve o maior número de ligações dos ouvintes à procura do radialista, a fim de saberem o que tinha acontecido para a ausência dele - algo que indica a audiência da produção.

Após 27 anos de “Rádio Alternativo”, o apresentador afirma ter liberdade para conduzir o informativo, essa afirmação é facilmente constatada, ao perceber apenas uma vez no

estúdio a presença do proprietário e da diretora de jornalismo, ambos com passagens rápidas. O intermédio da direção é mais no âmbito das entrevistas, a fim de evitar crimes eleitorais e para manter a linha editorial da empresa. “Se é algo do aspecto político passa na direção, aspecto comercial passa pela direção [...] aquilo que é zé povão, que interessa a nossa gente é desnecessário passar pela direção, é direto com a gente”, informa Arimateia.

Não existem pedidos de músicas por parte do público, as ligações com reclamações ou denúncias são poucas. “[...] o ouvinte desavisado, ele entra no ar com determinado assunto e termina por levar para o cunho político enaltecendo determinada figura política ou negativando determinada personalidade”, destaca o radialista. Assim, evita-se colocar o ouvinte no ar para prevenir possíveis problemas com a justiça e oportunismos de ter o espaço como promoção pessoal, precauções diante de ações judiciais contra a emissora, já ocorridas.

São mais de 20 anos de parceria entre locutor e operador de áudio; com o programa no ar, a comunicação entre eles se efetiva por meio de gestos e bilhetes, porém a maioria dos papéis entregues ao apresentador é a indicação dos anunciantes, que devem ser lembrados a cada bloco e por ele divulgados. Eles brincam entre si, mas em alguns momentos notam-se colocações e tons de voz utilizados pelo apresentador que parecem desagradar o operador, algo observado pelas expressões faciais deste.

É habitual o locutor chegar um pouco depois das 7h. No estúdio, Valdiney Santos inicia com os anúncios da rádio e às vezes insere uma música para aguardar o profissional. O som do estúdio sempre fica em volume alto. No dia 01 de junho, o radialista entra no estúdio dançando, é 1º de junho, início do mês junino, no nordeste o mês inteiro é festejado. O locutor sempre chega e conecta o fone que traz de casa e na sequência abre o computador para selecionar as notícias que serão veiculadas naquele dia.

Uma página de Word fica aberta para anotações de datas e outros dados que lhe serão úteis, o e-mail é outro recurso utilizado na captação de informações, chegam vários releases em sua caixa eletrônica, o apresentador utiliza um endereço pessoal. O celular pessoal é sempre consultado, seja nos intervalos, áudios de matérias ou durante o trecho de uma música, especialmente, na verificação de notícias repassadas pelos grupos ou no privado do WhatsApp. Nota-se também a checagem de algumas informações por meio de ligações realizadas pelo radialista. “Tá vendo aí a correria”, “Tá vendo aí como é”, falas do apresentador durante o programa para indicar o quanto o trabalho requer deles dedicação.

Você mudaria algo no seu programa? Essa foi uma das questões dialogadas com o apresentador, imediatamente ele responde “muita coisa”, no entanto, informa que prefere se abster - “há uma questão de ordem empregatícia” - alerta Arimateia. Um indicativo de

insatisfação quanto a algumas ações no programa recomendadas pela direção geral no âmbito comercial e político.

Os dois profissionais envolvidos diretamente no informativo atuam há cerca de 30 anos no rádio, já passaram também por outras emissoras. Valdiney Santos iniciou em 1986 na Rádio Imperatriz AM, a primeira emissora legalizada de Imperatriz, atuou na locução e operação de áudio; de 1992 a 1994, esteve na Rádio Clube de Açailândia, onde trabalhou como programador e locutor; desde 1994, está na Rádio Nativa “[...] uma coisa eu te digo é muito bom trabalhar com rádio, eu tenho paixão por isso”. Essa trajetória permitiu o conhecimento de um amplo repertório musical, o que facilita a seleção das músicas durante o informativo.

Com 30 anos de rádio, Arimatéia Júnior é uma das personalidades mais conhecidas de Imperatriz, um importante formador de opinião. O jornalista começou sua carreira ainda na sua cidade natal, Pedreiras - MA. Em Imperatriz começou na rádio Imperatriz AM e teve passagem pelas rádios Mirante FM e Karajás, já extinta. Está desde 1989 na Nativa(ALMEIDA, 2013, p. 17).

As produções jornalísticas foram mais frequentes no percurso de Arimateia Junior por outras rádios. Além das emissoras citadas por Almeida (2013), o radialista colaborou com outros veículos radiofônicos, tanto no Sul do Maranhão quanto em outros estados, com participações rápidas, nos finais de semana, ou ainda por meio do envio de materiais, uma delas foi a Rádio Marconi. Atualmente, a condição de apresentador é realizada tanto na rádio quanto na TV Nativa, ao sair do “Rádio Alternativo” às 11h, o profissional segue para a redação da TV para preparar até às 12h o “Imperatriz Acontece”.

Entre as dificuldades enfrentadas no dia a dia de trabalho, o radialista indica os casos de ameaças e intimidações pelos assuntos e comentários abordados, principalmente, no rádio e por conta da posição política da emissora. As ações são por meio de telefonemas, bilhetes e cartas enviadas para a rádio e também troca de palavras em encontros casuais com os sujeitos envolvidos em determinado acontecimento divulgado. O locutor expõe que às vezes é necessário ponderar nas falas. Quanto à importância do jornalismo no rádio, ele destaca:

Tem uma importância social enorme porque mantém os cidadãos informados dos conhecimentos e principalmente no tocante a segurança pública que a gente tá vivenciando agora que é crucial, estamos vivendo uma situação que é muito delicada, às vezes por meio do rádio a gente consegue que a polícia chegue a uma persona não grata, só com as informações prestadas via telefone, via WhatsApp. Ficou muito fácil fazer rádio agora através do celular, das informações que a gente recebe no dia a dia (ARIMATEIA JUNIOR).

Apesar dessas facilidades proporcionadas pela tecnologia, o apresentador prefere a atuação dos profissionais nos anos de 1980, período que se saíam com fichas nos bolsos e a pé em busca da notícia “[...] você coloca duas, três fichinhas no bolso e sai de a pé pelas ruas da cidade com caneta e papel na mão e havia ativa participação daqueles que hoje ainda estão no ar”. Para ele, também falta amadurecimento para os novos profissionais que se inserem no mercado de trabalho e saberem ouvir aqueles que têm experiência.

A postura de comentar os acontecimentos noticiosos da cidade e o período em que Arimateia Junior está no “Rádio Alternativo” o tornaram uma referência com relação à transmissão de noticiário em Imperatriz. Informação e opinião perpassam todo o programa, são quatro horas sem a interatividade direta do ouvinte e participação ativa do apresentador.