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2. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS

2.9. A Extensão Social do BPM

2.9.1. O BPMN Social

Na seção anterior, o BPMN Social foi apresentado superficialmente como uma variação do BPMN para dar suporte à nova proposta de gestão de processos de negócios. Explicando de maneira mais técnica, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) afirmam que o BPMN com versão 2.0 incorpora os mecanismos de extensão social suficientes que fazem a linguagem bem aplicável para as adaptações dos requisitos dos processos inerentes ao BPM Social. Assim, os autores destacam que, com o BPMN, é possível alcançar uma linguagem visual familiar para os usuários e também possuir poder expressivo o suficiente para os padrões de desenhos sociais.

Para ilustrar, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) apresentam uma categorização própria para o BPMN Social. Com relação aos atores do processo, eles os identificam da seguinte forma: (1) os atores internos são aqueles que trabalham na organização e são

formalmente designados antes da implantação do processo, afetando diretamente em seu andamento; (2) o observador interno pertence à organização e é formalmente designado antes da implantação do processo; no entanto, não afeta diretamente no avanço das atividades, mas pode produzir eventos e artefatos que afetam em tais atividades; (3) o observador externo não pertence à organização como também pode não ser formalmente registrado à priori – esse tipo de ator entra no processo normalmente através de logins em determinados serviços, podendo influenciar no andamento do processo de forma indireta como também participar das mesmas atividades que os observadores internos participam.

Os autores explicam que a principal extensão para se compreender acerca desta notação é o conceito de “piscina comunitária” que, nada mais é do que a representação de redes sociais de organizações públicas ou privadas, garantindo a possibilidade de atribuir trabalho aos usuários participantes do processo. Assim, eles explicam que as piscinas devem ser identificadas de acordo com a categorização de usuário envolvido nas suas atividades sociais. A ilustração 2.21 a seguir mostra, concisamente, os tipos de atores idealizados por Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) para realizar a extensão das piscinas e raias sociais.

Ilustração 2.21. Estereótipos de Raias e Piscinas para Atores Sociais no BPMN Tipo de papel Ator Interno Observador Interno Observador Externo

Ícone

Descrição

Afeta diretamente o avanço da atividade.

Pode produzir eventos e artefatos que afetam indiretamente no avanço da atividade.

Pode ser informado e participar através de

plataformas de redes sociais.

Fonte: Adaptado deBrambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4.

Os autores também apresentam mais três notações específicas para a socialização de atividades e decisões conforme quadro apresentado a seguir:

Ilustração 2.22. Notação para Representar as Atividades Sociais Requisitos Escolhas Feitas pelos

Usuários ou Automaticamente Evitar a Duplicação de Raias e Tarefas Atividades Desenvolvidas pela Comunidade Ícone Descrição Os direcionadores de fluxos (gateways) podem ser anotados pelo símbolo de usuários ou pelo símbolo automático, assim como para tarefas.

Os papéis dos usuários podem ser definidos como em uma hierarquia.

Um subprocesso delegado para uma comunidade é marcado como ad hoc para denotar a natureza de interação não-estruturada.

Fonte: Adaptado deBrambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4.

Como se pode perceber pela tabela acima, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) propõem a permissão de hierarquia entre os papéis dos usuários. Eles explicam que um “super papel” é atribuído a uma raia enquanto que os “sub-papéis” estão em outras raias, possibilitando que os atores responsáveis por estes “sub-papéis” desempenhem suas atividades tanto em sua própria raia como também na pertencente ao ator do “super-papel”. Assim, como o intuito é evitar a duplicação de atividades entre todas as raias, os autores recomendam usar um papel familiar representando as atividades em comum para múltiplos “sub-papéis”, tornando a categorização deste comportamento social mais compacta.

Além disso, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) introduzem o conceito de direcionadores de fluxo (ou gateways) para expressar escolhas humanas. Contudo, eles explicam que a especificação das escolhas em BPMN é uma questão ainda em discussão pelos especialistas; pois, aplicações sociais corroboram a necessidade de melhor modelar decisões humanas que podem ser tanto através de direcionadores de fluxo para usuários, como também de forma automática – o que requer a especificação de regras. Outro conceito trazido pelos autores é o de subprocessos ad hoc. A proposta deles em introduzi-los no BPMN Social é torná-los uma solução efetiva para descrever atividades sociais que são inerentemente desestruturadas. Essa característica pode decorrer de uma natureza flexível e às vezes incontrolável nas interações entre as atividades sociais.

Seguindo essa linha de raciocínio, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) explicam que as “tarefas sociais” representam o conceito de tarefa de BPMN para denotar uma semântica social com ícones específicos conforme mostra a ilustração 2.23:

Ilustração 2.23. Tarefas de BPMN Estereotipadas para Denotar Atividades Sociais

Tipo de Tarefa Ícone Descrição

Transmissão Social Fluxo de dados para uma piscina comunitária

Postagem Social Fluxo de dados para um único usuário em uma

piscina comunitária.

Convite para Atividade Inscrição dinâmica em uma tarefa no processo

Comentário Comentar uma atividade

Votação Votação na atividade, ou com uma plataforma de

rede social ou diretamente no sistema de BPM.

Login Login usando um perfil social.

Convite para entrar em uma rede

Convite entre usuários da comunidade.

Procura pela informação de um ator

Consulta à comunidade para procurar por um ator com atributos específicos em seu perfil.

Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4.

Por conseguinte, os autores ainda demonstram que o mesmo pode ser aplicado para tipos de “eventos sociais”, como expõe o próximo quadro. Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) inferem que o conceito de um evento social genérico representa qualquer tipo de ocorrência dentro de uma rede social podendo expressar detalhes tais como: adição de um novo usuário, estabelecimento de novos relacionamentos, notificação de aceitação ou rejeição de um pedido social e assim por diante.

Ilustração 2.24. Tipos de Eventos de BPMN para Suportar Interações Sociais

Requisito Notação Comentários

Eventos Gerados pela Comunidade

Eventos (genéricos) criados para a comunidade.

Evento: Novo Usuário Engajado na Comunidade

Social

Um evento é criado quando um usuário dinamicamente se inscreve no processo.

Evento: Novo Link de Relacionamento Social

Um evento é criado quando um usuário estabelece um

relacionamento social com outro usuário.

Evento: Aceitação ou Rejeição de Convite

Um evento é criado quando um usuário aceita ou rejeita um convite

Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.5.

Isto exposto, é possível inferir que, de acordo com os autores, as piscinas sociais com as respectivas categorias dos atores, tarefas e eventos sociais são a base para construir um padrão de desenho social. Os autores demonstram, como exemplo, o desenho abaixo para indicar um processo social de votação, destacando a cooperação do cidadão na tomada de decisão:

Ilustração 2.25. Padrão de Desenho para Votação

Fonte: Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág. 6.

Percebe-se, com a ilustração 2.25, que Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) destacam a ação de um servidor público em publicar na plataforma social as alternativas, anúncios e convites para votação; em seguida, o usuário indica sua participação na eleição através da piscina inferior. O sistema automaticamente recebe os resultados da eleição e, após certo tempo, a eleição se dá por encerrada e as opções de ganhadores são publicadas.