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3 DA LETRA FRIA DOS DOCUMENTOS OFICIAIS AO CHAO DA ESCOLA: ENTRE O IDEAL E O POSSÍVEL.

EXEMPLO 1 CURSO TÉCNICO EM ELETROMECÂNICA (PROEJA) AÇAILÂNDIA

3.2 CAMINHOS DA GESTÃO NA CONSECUÇÃO DA METAMORFOSE INSTITUCIONAL

3.2.1 Breve análise do Plano de Desenvolvimento Institucional 2014-

Conforme registramos anteriormente, o PDI 2014-2018 foi formulado com ampla participação da comunidade escolar, o que possibilitou um planejamento e projeção de ações dos diversos setores da gestão.

Para análise do nosso trabalho priorizaremos as ações voltadas às Políticas de Ensino, sem desconsiderar a correlação com os outros segmentos (Pesquisa e Extensão), motivo pelo qual estas podem ser citadas em algum momento da análise.

Para tanto, torna-se necessário registrar os princípios filosóficos e teórico- metodológicos que norteiam as práticas da instituição, bem como as políticas de ensino que direcionam as atividades acadêmicas. Sendo assim, temos no PDI (IFMA, 2014d, p. 32) que :

Guardando coerência com as diretrizes institucionais que fundamentam a ação dos Institutos Federais, entende-se que o IFMA deve ter como escopo

formar o cidadão trabalhador, um agente político, capaz de compreender a

realidade, ultrapassar os obstáculos que ela apresenta, pensar e agir na perspectiva de possibilitar as transformações políticas, econômicas, culturais e sociais imprescindíveis para a construção de outro mundo possível. Assim, a referência fundamental para a educação profissional e tecnológica é o

homem, daí compreender-se que a educação profissional e tecnológica dá- se no decorrer da vida humana, por meio das experiências e conhecimentos, ao longo das relações sociais e produtivas.

Neste sentido, entende-se a educação para o trabalho como

potencializadora do ser humano, enquanto integralidade, no

desenvolvimento de sua capacidade de gerar conhecimentos a partir de uma prática interativa com a realidade, tendo em vista sua emancipação. Trata-se de uma educação voltada para a construção de uma sociedade mais democrática. (grifos nossos)

O documento segue defendendo a interdisciplinaridade e a contextualização com a realidade vivida pelo aluno, como imprescindíveis à aprendizagem significativa e ressignificada, pautada em atividades pedagógicas interativas que

acentuem a problematização das questões, visando a superação dos problemas e construção do conhecimento.

Essa prática convergiria para:

superar a representação existente (da subordinação quase absoluta ao poder econômico) e estabelecer sintonia com outras esferas do poder público e da sociedade, na construção de um projeto mais amplo para a educação pública, com singularidades que lhes são bastante próprias, passando a atuar como uma rede social de educação profissional e tecnológica. (IFMA, 2014d, p.33) Registra-se que esse documento foi elaborado e publicizado antes do Projeto Pedagógico Institucional (IFMA, 2016c), e já indica uma visão mais diferenciada da educação profissional, em que se busca relacionar o saber da vida ao saber formal, o saber prático ao saber científico, e nos leva a inferir que existe um movimento institucional de caminhar para bases teórico-metodológicas emancipatórias. Lembremo-nos do que nos fala Gramsci (2014, p.44)

O conceito do equilíbrio entre a ordem social e ordem natural com base no trabalho, na atividade teórico-prática do homem, cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo liberta de toda magia e bruxaria, e fornece o ponto de partida para o posterior desenvolvimento de uma concepção histórica, dialética, do mundo, para a compreensão do movimento e do devir, para a avaliação da soma de esforços e de sacrifício que o presente custou ao passado e que o futuro custa ao presente, para a concepção da atualidade como síntese do passado, de todas as gerações passadas, que se projeta no futuro.

Entretanto, como já assinalamos em nossa análise, há um descompasso entre as novas concepções filosóficas para o ensino e as que são efetivadas no cotidiano escolar, o que nos leva a concordar com o pensador sardo sobre a tentativa de resolver o problema do ensino somente com esquemas abstratos, não sendo dada atenção ao nexo instrução e educação o que resultará numa “escola retórica, sem seriedade, pois faltará corposidade material do certo e o verdadeiro será verdadeiro só verbalmente, ou seja, de modo retórico” (GRAMSCI, 2014, p. 45)

O IFMA definiu sua política de ensino a partir dos seguintes referenciais: (2014d, p.33-34)

a) organização dos Campus, por foco tecnológico e estratégico, com verticalização e consolidação como polos especializados;

b) Sintonia de ações de ensino, pesquisa aplicada e extensão tecnológica, com o desenvolvimento socioeconômico local e regional: arranjos produtivos, culturais e sociais;

c) Realização de parcerias com os setores produtivos e demais instituições da sociedade civil, organizada para ações de ensino, pesquisa aplicada e extensão tecnológica;

d) articulação com os sistemas públicos da educação básica e superior na definição de ofertas educacionais;

e) Desenvolvimento de programa de acompanhamento do estudante por equipe multiprofissional, vinculada aos coordenadores de curso (combate à evasão, a retenção e incentivo à conclusão/diplomação);

f) Inserção de temáticas relativas ao empreendedorismo, desenvolvimento sustentável, ciência e tecnologia e inovação tecnológica nos cursos técnicos e de graduação;

g) Introdução de atividades não presenciais, tanto nos cursos técnicos como nos superiores, desde que não ultrapasse 20% da carga horária total dos cursos, por meio da utilização de tecnologias e metodologias próprias da EaD;

h) Abertura das bibliotecas à comunidade (bibliotecas comunitárias)

i) Acompanhamento e avaliação sistemáticos da prática profissional e de estágios;

j) Desenvolvimento de avaliação e acompanhamento do egresso, relativo à trajetória socioprofissional e educacional;

k) Vinculação das ações afirmativas aos programas e aos projetos de permanência do estudante na Instituição;

l) Articulação dos programas de assistência estudantil às atividades de ensino, pesquisa e extensão;

m) Manutenção dos processos seletivos diferenciados que destinam vagas para estudantes da rede pública e outras ações afirmativas;

n) Desenvolvimento de avaliação institucional e avaliação de cursos, para toda a comunidade e todos os cursos;

o) Fortalecimento e intensificação de políticas e projetos de fomento à inclusão e diversidade.

Os referenciais acima nos instigam a refletir à luz das diretrizes e objetivos dos Institutos Federais. Neste sentido observamos que a verticalização “extrapola a simples oferta simultânea de cursos em diferentes níveis sem a preocupação de organizar os conteúdos curriculares de forma a permitir um diálogo.” (PACHECO, 2015,p.21), configurando assim uma formatação curricular que permita a construção de itinerários formativos, em que seja possibilitada a conexão das diversas dimensões de aprendizagem e a conexão de saberes. Nos diversos documentos e relatos coletados nas entrevistas constatamos que a visão existente na instituição é que a verticalização

é concebida na perspectiva da simples oferta da formação dentro de uma mesma área de conhecimento ou eixo tecnológico, no sentido da ampliação dos anos de formação, conforme podemos observar na tabela 19. Entretanto, ela deve ser pensada para além disso, ou seja, na perspectiva da existência de uma imbricação entre os currículos dos cursos técnicos e dos cursos superiores.

Com relação à inserção da instituição na comunidade e parceria para promover o desenvolvimento socioeconômico, notamos a preocupação com a pesquisa aplicada. Qual o lugar das Licenciaturas e das Ciências Humanas no contexto institucional?

Outro referencial que merece análise, ainda com relação ao compromisso com o desenvolvimento socioeconômico, é a ausência de objetivos voltados às tecnologias sociais, à economia solidária, à agricultura familiar. Considerando que a interiorização é um dos aspectos destacados da expansão da rede federal, é de fundamental importância avaliarmos as ações efetivas junto às comunidades, geralmente carentes e distantes dos grandes centros. Esse aspecto relaciona-se também a outros objetivos ligados à inserção institucional na comunidade, que extrapola a preocupação com a manutenção do aluno na escola, e vai ao encontro de soluções para os problemas que o impulsionam a abandoná-la, concretizando o ideal de uma instituição aberta à comunidade, promotora de desenvolvimento tecnológico, com autonomia e responsabilidade social..

Diante dessas orientações, seguem os objetivos, metas e indicadores institucionais traçados para o período de 2014-2018, dos quais destacamos aqueles ligados mais diretamente ao Ensino (IFMA, 2014d, p.23-25). Faremos a análise dos objetivos e metas traçados acima no item seguinte.

Tabela 16 - Excerto dos Objetivos, metas e indicadores do Plano de Desenvolvimento Institucional (2014-2018)

OBJETIVOS INDICADOR META

1-Ampliar a oferta de um ensino gratuito e de

1- No. de cursos técnicos e

superiores, articulados

Garantir a verticalização entre os cursos técnicos e superiores

qualidade, oferecendo cursos presenciais e na modalidade a distância articulados com a realidade local e regional de modo a

promover o

desenvolvimento socioeconômico.

com os arranjos

produtivos locais por Campus;

2- Oferta de cursos técnicos e superiores por eixo tecnológico

3- Taxa de ingresso nos cursos técnicos na forma de oferta, por Campus; 4- Taxa de ingresso nos

cursos ofertados na modalidade Jovens e adultos, por Campus;

presenciais e na modalidade à distância e a integração com os arranjos sócioprodutivos locais até 2018, em 100% dos Campus (sic)

-Ampliar, até 2018, em 50%, as

matrículas da Educação

Profissional Técnica de nível Médio, priorizando a forma integrada

-Ampliar, até 2018, 60% das matrículas em cursos técnicos de nível médio na modalidade jovens e adultos. 2-Fomentar a política descentralizada de eventos, cursos e projetos de extensão, no sentido de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos

municípios no entorno dos Campus do IFMA. 1- Percentual de crescimento de eventos, cursos e programas de extensão 2- Número de indivíduos em ações de extensão

- Crescimento de 50% ano dos programas, cursos, eventos e projetos de extensão

-Elevação da taxa de indivíduos por projetos de extensão

3-Intensificar as ações de fomento à inclusão e respeito à diversidade

1- Número total de salas de recursos com aten- dimento educacional es- pecializado, por Campus 2- Número de estudantes com deficiência, afrodescendentes e indígenas participando em programas e projetos institucionais;

3- Taxas de evasão por

- Ofertar o atendimento educacional especializado ate 2018, em todos os Campus; -Reservar, no mínimo, 15% das

vagas dos programas

institucionais para estudantes com deficiência, afrodescendentes e indígenas, até 2018;

- Reduzir gradualmente a evasão nos cursos técnicos e da educação superior presenciais e na

Campus modalidade à distancia, de modo a atingir em cada Campus taxas inferiores a 15% até 2018. Promover o ensino integrado à pesquisa aplicada e à extensão tecnológica 1- Numero de convênios firmados anualmente por Campus

Firmar em cada Campus ,até 2018, parcerias com os setores produtivos e demais instituições da sociedade civil organizada para o desenvolvimento de ações integradas de ensino, pesquisa aplicada e extensão tecnológica. Empregar nova política de

empreendedorismo através das parcerias institucionais e empresariais, considerando o aprimoramento das políticas de cooperação técnica, transferência de tecnologia, estágio e política de egressos

1- Número de crescimento de alunos em estágio

Crescimento de 50% ao ano do número de alunos no estágio

Nota: Elaborado pela autora a partir de dados do Plano de Desenvolvimento Institucional (2014-2018), p. 23-25