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2 A EXPANSÃO DA REDE FEDERAL NO MARANHÃO

2.3 A EXPANSÃO DO IFMA (FASE 1): TRAJETÓRIAS DA EXPANSÃO NO MARANHÃO

2.3.1 Caracterização dos Municípios e dos Campi objetos do estudo:

2.3.1.5 Campus Zé Doca

O Campus está localizado no município de mesmo nome que fica na região do Oeste Maranhense, microrregião do Alto Turi.

O município tem uma população estimada de 50.507 habitantes, IDHM de 0,595, com uma área de 2.140,112 km2, destacando-se entre seus arranjos produtivos: agricultura (mandioca), apicultura, pecuária (bovinocultura de corte e leite), comércio e serviços (IBGE,2010).

A cidade conta com boa estrutura de serviços (Bancos, comércio) e a presença de um Campus da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão). Sua população tem como principais fontes de ocupação o setor de serviços, comércio e a agricultura familiar de subsistência (IBGE,2010). Tem-se uma forte migração da população jovem, principalmente para a Guiana, em busca de melhores condições de vida e trabalho. Dentre os problemas sociais mais proeminentes estão: trabalho infantil, prostituição, alcoolismo, fornecimento de mão de obra para o trabalho análogo ao escravo em fazendas do Estado do Pará.

A unidade foi autorizada em 18/12/2006 e iniciou suas atividades em 2007, com um contingente de 30 pessoas entre docentes e técnicos-administrativos. Como todo Campus da expansão no Maranhão, o Campus Zé Doca começou suas atividades sem prédio próprio, utilizando-se de salas alugadas em uma escola particular da cidade, o Colégio Brasileiro, nos turnos vespertino e noturno.

(…) Com relação a 2007, que foi o ano de nossa implantação, iniciamos numa escola particular, alugada, com condições mínimas para recepção dos alunos, mas deu certo, graças a Deus; e iniciamos em 2007, já com três cursos, que foram: Biocombustíveis, Análises Químicas e Secretaria Escolar (na modalidade de Educação de Jovens e Adultos); e com o esforço de todos, os cursos, no primeiro ano, foram um sucesso. A partir de 2008, adentramos ao prédio principal, que hoje estamos desde 2008. E tem sido modificado, tem sofrido muitas modificações boas, graças a Deus, o Campus, hoje tem uma infraestrutura bem mais ampla; em comparação aos demais Campus da expansão, é o maior. No início, o que a gente mais via de desafios, principalmente em 2007, era infraestrutura. A quantidade de pessoas, de profissionais extremamente qualificados, isso não foi problema. Todos nós tínhamos uma dinâmica em que, apesar dos pesares, da infraestrutura básica ser a mínima, nós nos adequávamos e sabíamos como conduzir todas as etapas do processos (GC-6).

Mesmo tendo como principais atividades econômicas aquelas ligadas à agricultura, pecuária e serviços, observa-se que os cursos ofertados apontavam para eixos tecnológicos voltados para Processos Industriais, Química e Apoio Escolar

(atualmente Desenvolvimento Educacional e Social). A justificativa utilizada geralmente pelos gestores da Reitoria do então CEFET-MA era a de que o município tinha grandes reservas de principais matrizes bioenergéticas, o pinhão manso e a mamona, e que a Instituição estaria na vanguarda na criação de um polo de desenvolvimento de tecnologias para a produção de biocombustíveis. A ideia era aliar a agricultura familiar ao conhecimento científico.

No ano de 2008, foi implantado o Curso de Gerenciamento de Unidades de Alimentação, na modalidade PROEJA, considerando o setor de serviços; notadamente bares, restaurantes, lanchonetes e pequenos produtores da indústria de laticínios, bastante presentes na região. Esse curso só formou uma turma e foi descontinuado em 2010.

O Curso de Secretariado Escolar também foi descontinuado no ano 2013. Nos anos de 2014 a 2016 não houve oferta para a modalidade EJA, sendo retomada no ano de 2017 no Curso Técnico em Alimentação Escolar, Eixo Desenvolvimento Educacional e Social, em razão da falta de pessoal docente, causada pelas remoções e afastamentos por motivos diversos (GC-6).

No ano de 2008 as atividades são transferidas para o prédio próprio, erguido em terreno de 53.307m2, doado pela Prefeitura Municipal de Zé Doca.

(…) Os desafios ainda continuaram, quando nós mudamos para o prédio principal, com a infraestrutura que não foi totalmente adequada; mas, em relação à primeira escola, era bem mais agradável; inclusive, era uma das falas dos alunos, que eles estavam bem mais alojados, em local mais receptivo, apropriado, para a condução de todo o processo, de um modo geral (GC-6).

Atualmente, o Campus conta com uma área construída de 5.315 m2, (IFMA, 2014d), e está em expansão com a construção de um grande ginásio poliesportivo, auditório, refeitório com cozinha industrial. São 23 salas de aula, 5 laboratórios bem estruturados (informática, química, biocombustíveis, microbiologia e alimentos), cantina, setores administrativos bem organizados e estruturados.

O prédio principal carece de reformas e ajustes devido à problemas estruturais de engenharia (rachaduras), que restringem o uso de algumas áreas do mesmo. Antes dessa expansão foi construído um prédio anexo para abrigar os cursos do Nível Superior, mas que não é utilizado porque não foi instalada uma Subestação de Energia Elétrica, para dar suporte aos equipamentos dos laboratórios, bem como a equipamentos do prédio principal, como o elevador, destinado a pessoas com deficiência:

Temos desafios com a parte de necessidades especiais, ainda temos, por conta da própria infraestrutura básica. O Campus, hoje, para você ter uma ideia, nós temos 08 prédios parados por falta de uma subestação, que; desde 2015, tem uma licitação já pronta para iniciar a execução, mas por falta de orçamento nós não temos conseguido executar esse projeto. Com isso, dentro dessas necessidades especiais, está o nosso elevador, que devido a pouca... pode-se dizer, que, pouca demanda de energia para o Campus, o nosso elevador sempre dá problema, e a gente tem gastado muito dinheiro para consertar. E assim, é um olhar muito especial que a gente tem tido, apesar de não ter a demanda específica, por exemplo, de cadeirante, mas a gente tem essa preocupação. (GC-6)

Esse problema já se alonga por muitos anos e prejudica as atividades de ensino e administrativas; impede a abertura de novas vagas, bem como acarreta mais despesas atuais e futuras, uma vez que, sem uso, o prédio destinado ao ensino Superior está se deteriorando; além do elevador e outros equipamentos que não podem ser utilizados em virtude da tensão energética inapropriada.

Assim como o Campus Santa Inês, este Campus possui também uma piscina, bem conservada, mas pouco utilizada por alunos e servidores.

O Setor médico funciona em prédio construído em anexo ao prédio original e é bem estruturado.

A biblioteca é bem ampla e agradável, com um acervo variado contando com de 1.154 títulos, dentre livros, obras de referência, multimeios e trabalhos de conclusão de curso e obras literárias dispondo de computadores para pesquisa dos usuários. Desenvolve oferta de cursos Técnicos nas Formas Integrada e Subsequente, como também Cursos Superiores.

Tabela 10 - Cursos Técnicos Campus Zé Doca- 2016

CURSO FORMA/MODALIDADE

Análises Químicas Integrada

Biocombustíveis Integrada

Alimentos Subsequente

Fonte: Sítio institucional45e pesquisa de campo. Acesso em Dezembro 2017

Tabela 11 - Cursos Superiores Campus Zé Doca- 2016

CURSO TIPO DE FORMAÇÃO

Tecnologia de Alimentos Graduação Tecnológica

Matemática Licenciatura

Química Licenciatura

Fonte: Sítio institucional e pesquisa de campo. Acesso em Dezembro 2017

A unidade conta com um quadro efetivo de 48 docentes na carreira EBTT (Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico), distribuídos nas diversas áreas do conhecimento ( 20 deles assumiram suas funções na Rede no 1º. Semestre 2016), e 24 Técnicos administrativos em educação.

Essa Unidade constitui um polo que atrai jovens de diversos municípios circunvizinhos (Bom Jardim, Newton Bello, Araguanã, Governador Nunes Freire, Maranhãozinho, Carutapera, Santa Luzia do Paruá) e até de outros estados, como Pará, Rio de Janeiro e Pernambuco, que estão no Nível Superior.

45https://suap.ifma.edu.br/edu/estatistica/?tab=total_curso&situacao_matricula_periodo=SITUACAO_ MATRICULADO&periodicidade=por_ano_letivo&apartir_do_ano=7&excluir_proitec=on&2=on&3=on &1=on&4=on&estatistica_form=Aguarde...&uo_selecionada=31. Acesso em dezembro/2017.

Com relação aos programas desenvolvidos pelo Governo Federal, o Campus atende aos seguintes: Bolsa Formação (PRONATEC), Mulheres Mil (FIC) e PARFOR.

Por esta configuração observamos os diversos desafios da primeira fase da expansão do Instituto Federal no Maranhão, desde as questões geográficas (dificuldades de acesso e deslocamento; isolamento), bem como questões de infraestrutura local e de logística (falta de acesso à internet, estrutura física precária, etc), questões humanas (adoecimento de servidores pela falta de estrutura básica no município- água tratada, saneamento básico, etc) ; até as questões sociais, políticas e econômicas que impactaram o universo escolar.

Decerto, não temos a ingenuidade de acreditar que a simples presença de uma escola promoveria uma mudança radical nas estruturas dos municípios, mas pensamos ser cabível avaliar as influências de uma escola de qualidade na dinâmica do município, principalmente, vislumbrando os objetivos para os quais ela foi criada.

Nesse sentido, nossa avaliação pretende apontar os caminhos institucionais na implementação dos cursos integrados, sem perder de vista os objetivos da política, buscando captar os motivos das escolhas de cada Campus e como essas escolhas impactam a dinâmica institucional, que se pressupõe um todo articulado.

3 DA LETRA FRIA DOS DOCUMENTOS OFICIAIS AO CHAO DA