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2 A EXPANSÃO DA REDE FEDERAL NO MARANHÃO

2.3 A EXPANSÃO DO IFMA (FASE 1): TRAJETÓRIAS DA EXPANSÃO NO MARANHÃO

2.3.1 Caracterização dos Municípios e dos Campi objetos do estudo:

2.3.1.4 Campus São Luís Centro Histórico

42 O Programa Mulheres Mil foi instituído nacionalmente, por meio da Portaria nº 1.015, de 21 de julho de 2011, fruto dos resultados positivos do projeto piloto desenvolvido pela SETEC/MEC no período de 2007 a 2011. Tem por objetivo promover a formação profissional e tecnológica articulada com aumento de escolaridade de mulheres em situação de vulnerabilidade social. O programa atua para garantir o acesso à educação de acordo com as necessidades educacionais de cada comunidade e a vocação econômica das regiões. Em 2013, o Programa Nacional Mulheres Mil passou a ser executado também no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) por meio da iniciativa Bolsa Formação. Foi executado em cooperação com o governo canadense, este representado pela Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (Cida/ACDI) e a Associação do Colleges Comunitários do Canadá (ACCC), nos If’s das Regiões Norte e Nordeste. Fonte: portal.mec.gov.br/programa-mulheres-mil. Acesso em abril/2018.

A Unidade está localizada na capital do estado, São Luís43 , no coração do

Centro Histórico considerado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade. Antes da criação dos Institutos, a cidade contava com as unidades originárias do CEFET-MA, e da Escola Agrotécnica de São Luís, localizada na zona rural da Ilha de São Luís, na comunidade denominada Vila Esperança. Atualmente são denominadas de Campus Monte Castelo e Campus Maracanã; respectivamente.

Segundo dados dos IBGE (2010; 2015), São Luís possui uma população de 1.082.935 habitantes, numa área de 563,44 km², localizada na Microrregião Urbana de São Luís, Mesorregião do Norte maranhense. Desse total de habitantes, 38,8 % está empregado formalmente e possui uma renda média mensal de 3,2 salários mínimos. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 38.8% da população nessas condições, o que o colocava na posição 216 de 217 municípios do estado. Seu IDHM é de 0,768. Em termos de educação possui a taxa de escolarização das crianças na faixa de 6 a 14 de 96,8%; e proporção de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo é de 67,20%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo é de 53,07%.

Por ser a capital do estado, a cidade sofre um intenso fluxo migratório, intensificado em épocas de específicas, como foram as décadas de 80 e 90, com a chegada dos Grandes Projetos, aos quais nos referimos anteriormente; ou de lançamento de grandes obras da construção civil, muito comuns nas gestões da oligarquia Sarney. Esse fluxo constante e intenso não é acompanhado pelas devidas políticas públicas (por má gestão ou falta de vontade política ) o que acarreta a concentração de bolsões de pobreza nas suas periferias, com graves problemas de

43 O município de São Luís está localizada na Ilha de São Luís ou Ilha de Upaon Açu que comporta mais três municípios: Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar (que teve recentemente inaugurado mais um Campus do IFMA). Possui uma zona rural e outra urbana, com grandes diferenças sociais e de infraestrutura (esgotamento sanitário, cobertura asfáltica, etc). Mesmo com graves problemas, ainda situa-se como uma das cidades nordestinas consideradas com alto IDHM, devido aos outros fatores como longevidade e educação.

saneamento básico, ocupação irregular do solo, desmatamento, assoreamento de rios que cortam a grande Ilha (Rio Anil, Rio Bacanga).(IMESC, 2011)

O Campus iniciou suas atividades no ano de 2008 em precárias instalações cedidas no Campus Monte Castelo. Mudou-se em 2010 para um casarão restaurado no Centro Histórico, fruto de uma parceria com o governo do estado do Maranhão, que fez cessão de uso por 20 anos, iniciando-se em 2006. Apesar das devidas adaptações para o funcionamento de uma escola, o prédio tem limitações decorrentes da legislação que protege os sítios históricos e isso vem impossibilitando e/ou limitando a execução de algumas atividades, algumas adaptações a pessoas com deficiência, instalação de equipamentos, etc; além da limitação de oferta de cursos e número de alunos, em decorrência da impossibilidade de ampliação das instalações.

Para minimizar essa questão, a gestão tem feito diversas parcerias com outras entidades, e oferece cursos regulares e do PRONATEC em espaços diferentes do casarão. No ano de 2013 foi realizada uma parceria com a Companhia Vale e inaugurado um Núcleo Avançado na região do Itaqui Bacanga, região muito populosa da cidade, que concentra o polo industrial da empresa. No ano de 2014 foi celebrado o convênio com a Paróquia S. José Operário, que possui uma escola profissionalizante (CESJO- Centro de Ensino São José Operário) na comunidade chamada “Cidade Operária”44. Mais recentemente foi também firmado convênio com

a Prefeitura Municipal de São Luís, para cessão do espaço que estava destinado à instalação do “Museu do Azulejo”. Essa parceria visou dar maiores condições de aprendizagem para os alunos do Curso Superior de Licenciatura em Artes Visuais, garantindo espaços de oficinas, ateliês e exposições.

44 A comunidade surgiu como um conjunto habitacional, na década de 90, destinado às famílias de baixa renda. Com a explosão demográfica ocorrida nos últimos anos e a ocupação desordenada do espaço urbano, foram surgindo várias ocupações no entorno do conjunto habitacional, caracterizando um aglomerado urbano, já muito próximo da zona rural da cidade, que tem hoje sérios problemas ambientais, habitacionais, violência e pobreza.

Há iniciativas da gestão através de pressão junto à Reitoria para a construção de prédio próprio, com instalações adequadas para o funcionamento de uma escolaque atenda às necessidade do ensino médio técnico, que provavelmente será na área Itaqui Bacanga.

Todo esse arranjo da gestão deve-se à pressão para atingir as metas estipuladas pelo MEC para os Institutos, visando garantir uma relação de proporcionalidade entre docentes e alunos, objetivando alcançar, segundo o Ministério, um grau de eficiência, bem como um retorno social condizente com os investimentos realizados na expansão, através do aumento do quantitativo de vagas ofertadas:

Na realidade, se a gente for observar a própria lei, e as próprias metas que o Campus tinha, que é atingir ao final dos 05 anos de implantação, existem duas coisas que a gente tem que separar. Uma coisa, os nossos eixos, eles têm tudo a ver com o Centro Histórico de São Luís, isso é um fato! Mas, o Centro Histórico não nos oferece condições físicas para que a gente conseguisse atingir as metas ao final dos 05 anos, que foi o que acabou acontecendo; porque o nome Campus, ele deve ter uma estrutura que garanta para o aluno, por exemplo, uma permanência durante todo o dia; essa permanência durante todo o dia, exige uma estrutura de refeitório, de vestiário, de setor médico, de várias edificações, que, infelizmente, a gente não consegue fazer no Centro Histórico; principalmente, com o prédio que nós iniciamos a nossa atividade, porque é um prédio que não tem área suficiente para isso. E um outro agravante é a parte da prática esportiva; que, infelizmente, a gente também não tem como fazer isso aqui no Centro. E isso dificulta muito, principalmente, no caráter administrativo, porque você começa a pulverizar por outros prédios; como nós fizemos, com a cessão de um segundo prédio, pela Prefeitura, já depois da nossa estadia aqui no Centro; e que onera os gastos, que diminui o controle, que dificulta a nossa atividade, por conta desse fluxo de alunos; e, mais adiante, quando a gente, também, foi lá para o Itaqui-Bacanga. Então, assim, você, para atingir as metas, você começou a pulverizar as ações do Campus, mas você tem uma fragilidade administrativa e orçamentária também, porque cada ponto desse acaba gerando uma outra despesa, que poderia ser concentrada num único ponto. Então, para responder de forma mais objetiva: a implantação, aqui, no Centro, foi equivocada, do ponto de vista estrutural. Do ponto de vista dos... Como é que eu posso falar? Da relação que os cursos teriam com esse entorno, a escolha foi correta, dos arranjos produtivos locais; mas, do ponto de vista estrutural, a escolha, ela foi equivocada.(GC-5)

Em que pese a necessidade premente de dotar o município de São Luís de uma Unidade do Instituto que pudesse responder a um dos aspectos mais notáveis de sua constituição, que é o aspecto cultural, questionamos o por quê dessa investida não ter sido feita de forma plena, organizada e planejada?

Este Campus possui, como característica, a peculiaridade de os cursos ofertados inaugurarem um novo paradigma e quebrarem a tradição da Rede Federal no Maranhão em ofertar tradicionalmente cursos das áreas de Exatas e de Tecnologia. Mas, essa ousadia teve uma consequência que influenciou os caminhos da implementação da Unidade:

Hoje, nós somos um Campus que já não faz parte da expansão, um Campus que já deveria estar consolidado; mas, essa consolidação, ela não foi, como é que eu posso dizer, tão rápida, como alguns exemplos no Interior; justamente, porque a gente trabalha com eixos que são novos a nível de Educação Técnica; eixos, como de Hospitalidade e Lazer, o eixo da Cultura, da Arte; são cursos que não são tão tradicionais como os cursos industriais; que, por exemplo, um Campus como Açailândia, que surgiu junto conosco, que teve uma expansão muito maior, porque iniciou as suas atividades com os cursos, tradicionalmente, ofertados pela Escola Técnica, CEFET, pela rede federal, nesse primeiro centenário. Então, eu acredito que a nossa consolidação, ela se deu um pouco mais lenta por conta da novidade; e essa novidade, ela, hoje, talvez, a sociedade reconheça alguns de nossos cursos, a exemplo do Curso de Guia de Turismo, do próprio Curso de Artes Visuais, Curso de Meio Ambiente; mas até para conseguir que o Campus tivesse mais recursos, a gente acabou tendo que optar por cursos que caracterizaram a rede nos últimos 100 anos, que são os Cursos da Área Industrial, que foi o que nós fizemos com a expansão lá para o Itaqui-Bacanga. Então, assim, apesar de ter começado com uma proposta diferente; no final das contas, a gente teve também que se render a esse DNA da instituição, que é um DNA muito mais industrial. (GC-5)

O relato nos indica a adequação dos cursos à vocação da cidade e do entorno no qual o Campus está estabelecido, bem como a identificação da comunidade com aquilo que lhe é muito caro do ponto de vista da sua construção identitária, sua

cultura. Ao mesmo tempo, indica um fator de adaptação da rede à inovação dos eixos tecnológicos, sugerindo certa resistência à consolidação dos cursos ofertados.

Os cursos e eixos tecnológicos ofertados inicialmente foram: Eixo Design e Produção cultural (Cursos Técnicos de Artes Visuais na Forma Integrada), Artesanato(Integrada e PROEJA) Multimídia (Subsequente); Eixo Turismo, Hospitalidade e Lazer(Cursos Técnicos de Lazer(Integrado), Eventos (Forma Integrada e PROEJA), Guia de Turismo (Subsequente); Eixo Meio Ambiente e Saúde (Cursos Técnicos de Meio Ambiente- Forma Integrada ; Eixo Desenvolvimento Educacional e social- antes denominado de “Apoio Escolar” (Cursos Técnicos de Multimeios Didáticos (Forma Subsequente(extinto); que respondem aos Arranjos produtivos da cidade.

Os cursos técnicos de Multimídia e Multimeios Didáticos não são mais ofertados, considerando a baixa procura, o número reduzido de docentes das áreas específicas para trabalharem no curso e a limitação do espaço físico, o que não permitia uma expansão muito acelerada, bem como a estrutura material e de Laboratório ser precária.

Da mesma forma, os cursos do PROEJA não são mais ofertados no momento, sendo que a última turma do Curso Técnico em Artesanato formou-se em 2014. Aliada aos fatores listados anteriormente, a violência que assola a cidade e, particularmente, o Centro Histórico, foi fator decisivo para a suspensão das atividades do Campus no turno noturno.

A partir das parcerias que citamos anteriormente, passaram a ser ofertados o Curso de Manutenção de Máquinas, no Núcleo Itaqui Bacanga; e os Cursos do PRONATEC no Centro São José Operário.

Atualmente, o Campus oferece os seguintes cursos, contemplando 461 alunos nos Cursos Integrados:

Tabela 8 - Cursos Técnicos Campus Centro Histórico-2016

CURSO FORMA/MODALIDADE

Artes Visuais Integrada

Meio Ambiente Integrada

Eventos Integrada

Hospedagem Integrada

Manutenção de Máquinas Integrada

Meio Ambiente Subsequente

Guia de Turismo Subsequente

Eventos Subsequente

Lazer Subsequente

Manutenção de Máquinas Subsequente

Fonte: Sítio institucional e pesquisa de campo. Acesso em Dezembro 2017

Tabela 9 - Cursos Superiores Campus Centro Histórico-2016

CURSO TIPO DE FORMAÇÃO

Artes Visuais Licenciatura

Fonte: Sítio institucional e pesquisa de campo. Acesso em Dezembro 2017