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3 DA LETRA FRIA DOS DOCUMENTOS OFICIAIS AO CHAO DA ESCOLA: ENTRE O IDEAL E O POSSÍVEL.

EXEMPLO 1 CURSO TÉCNICO EM ELETROMECÂNICA (PROEJA) AÇAILÂNDIA

3.2 CAMINHOS DA GESTÃO NA CONSECUÇÃO DA METAMORFOSE INSTITUCIONAL

3.2.2 Breve análise dos Relatórios de Gestão 2008 a

O Relatório de Gestão é um documento de caráter obrigatório apresentado aos órgãos de controle interno e externo da União, bem como à sociedade, como prestação de contas anual nos moldes do termos do parágrafo único do Art. 70 da Constituição Federal, elaborado de acordo com as disposições das diversas Instruções Normativas e legislações pertinentes do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU).

No caso específico dos Institutos Federais, o Relatório é ainda regulamentado pelo Acórdão TCU 2.267/2005, que a partir de auditoria feito por esse órgão de

controle, estipulou índices de eficiência de gestão, a partir da combinação de dados das atividades inerentes aos órgãos.

Em virtude das alterações ocorridas na legislação e normatizações específicas dos órgãos de controle, os relatórios não apresentam uma formatação uniforme, por consequência, alguns dados estão presentes de forma bem discriminada em alguns documentos, posteriormente aparecem em formas de índices, para atender legislação específica. Por essa razão, vamos nos deter a informações mais gerais, não tendo como especificar alguns investimentos feitos especificamente nos cursos da Educação Profissional Integrada.

Nossa intenção é cruzar alguns dados de gestão com a evolução de matrículas, investimentos em assistência e permanência estudantil e investimentos em pesquisa e extensão, buscando observar o incentivo da gestão à consecução dos objetivos da política pública.

Foram lidos e analisados os relatórios de gestão dos anos de 2008 a 2016. Em sua parte introdutória, que contempla a contextualização histórica da educação profissional e dos institutos, os documentos dos anos de 2009 a 2013 ainda citam o Decreto 5.224/2004, que normatiza os CEFET’s, indicando uma desatenção com a elaboração e revisão do documento, bem como uma falta de preocupação com os fundamentos e finalidades dos Institutos Federais.

A partir do ano de 2012 os relatórios demonstram nova apresentação trazendo informações mais detalhadas sobre gastos administrativos, que englobam prestação de serviços, reprografia, gastos com serviços terceirizados, sustentabilidade nas licitações. O esmiuçamento dos números demonstra maior transparência, podendo servir de análise sobre a eficiência dos gastos da instituição, uma vez que é necessário saber quanto se gasta, mas principalmente em que se gasta, e se os gastos estão de acordo com as necessidades dos Campi.

No ano de 2013, traz o detalhamento da metodologia para construção do PDI (2014-2018) e projeta para 2014 a Fase 3 da expansão contemplando os Campi de Presidente Dutra, Ribamar, Araioses, Viana e Itapecuru-Mirim.

Apresenta dados sobre a frota de veículos, não explorados nos outros relatórios, dados de consumo de papel e água, cumprimento de acordos com o TCU; dados sobre relacionamento com a sociedade (Ouvidoria institucional- parte A, Item 10, do anexo II da Decisão Normativa(DN) TCU no.127, DE 15/5/2013).

São citadas algumas metas e objetivos relativos ao PDI 2009-2013, com relação ao ensino, mas não são descritas as ações relativas à sua execução. Já com relação às ações de gestão administrativa, são citadas algumas metas e descritas as execuções, não havendo uma análise mais ampliada da execução do PDI, considerando ser esse ano o fechamento de um ciclo de planejamento.

A partir de 2014, o gerenciamento do e-SIC (Serviço Eletrônico de Informação ao Cidadão) ficou sob a responsabilidade da Ouvidoria Institucional. Esse fato, somado ao Sistema Próprio de Atendimento (Sistema Ouvidoria), visava proporcionar uma mudança significativa no atendimento à sociedade, que começou a contar com um serviço diferenciado para o recebimento de denúncias, reclamações, sugestões, elogios e pedidos de Informação.

A partir desse relatório e nos dos anos seguintes (2015 e 2016), temos as informações mais esmiuçadas e relacionadas às metas estipuladas no PDI, o que nos proporciona uma análise mais contextualizada da instituição.

A partir do ano de 2015, além das metas do PDI temos também a análise das metas institucionais relacionadas aos objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE), quais sejam: as metas 3, 4, 10,11,12, 14, 15 e 1661. Este relatório apresenta como

61Metas conforme o PNE (Lei 13.005/2014) Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete)anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%(oitenta e cinco por cento).

Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público.

principais riscos do mercado à Instituição, a instabilidade econômica, as ingerências politico-administrativas e as dificuldades de parcerias com o setor produtivo. Como estratégias para superação aponta o fortalecimento da gestão institucional, a admissão de profissionais qualificados, a articulação com a comunidade e com os arranjos produtivos socioculturais locais (IFMA, 2016d,p. 41).

Uma importante conquista para o corpo discente no ano de 2014 e registrada no relatório de 2015 foi a publicização das normas de Assistência ao Educando, a Resolução IFMA-CONSUP-064/2014 de 05.12.2014 (IFMA, 2014e), que explana os princípios e diretrizes para nortear a implantação de programas para garantir o acesso, a permanência, a conclusão do curso com qualidade pelos estudantes, na perspectiva da inclusão social, formação ampliada, produção do conhecimento e melhoria do desempenho acadêmico. Classifica os programas em Universais62 e

Específicos63; dentre esses últimos há uma subdivisão em: Programas de Assistência

Primária (auxílio alimentação, Auxílio Moradia, Bolsa de Estudos, Auxílio

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.

Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.

62Acessíveis a toda a comunidade discente, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento integral:

Programa de Assistência à saúde do estudante, Programa de Acompanhamento Psicológico, Programa de apoio às pessoas com necessidades educacionais específicas, Programa de apoio à participação estudantil em eventos, Programa de apoio à participação Estudantil em mobilidade acadêmica internacional, programa de incentivo à Cultura, Desporto e Lazer.

63Destinados a discentes sujeitos a condições especiais, sendo que os de assistência primária levam em

conta as condições socioeconômicas, visando atender aos alunos em situação de vulnerabilidade social; enquanto que os de assistência secundária contribuem para a formação acadêmica.

Transporte e Auxílio Sociopedagógico) e Programas de Assistência Secundária ( Iniciação científica, Bolsas de Extensão, Monitoria e Aprimoramento Discente)

Neste ano são registrados os 26 pontos de presença do IFMA no Estado (alguns ainda em fase de implantação). No ano seguinte, temos a implantação de mais 03 (três) Campi avançados nas cidades de Carolina, Porto Franco e Rosário.

Dentro das exigências do Acórdão TCU 2.267/2005 já citado há a obrigatoriedade de publicação das informações compiladas do ano em curso e de anos subsequentes. De posse dos dados esmiuçados do Relatório de cada ano e da compilação temos os seguintes indicadores de eficiência do IFMA:

Tabela 17 - Série histórica dos indicadores de eficiência do IFMA

Fonte: Dados obtidos nos Relatórios de Gestão 2009 a 2016.

Registra-se que os dados referem-se ao desempenho institucional, e os dados de ensino contemplam os cursos de todos os níveis ofertados pelo IFMA.

Conforme assinalamos anteriormente, a formatação do relatório de gestão não foi igual com o passar dos anos. Inicialmente, eram apresentadas informações gerais e depois especificadas por Campus, o que nos permitia uma avaliação mais criteriosa do atingimento dos indicadores por Unidade.

Entretanto, a partir do ano de 2013 essa formatação é alterada e somente temos os resultados institucionais agrupados, com alguns destaques e/ou ressalvas para

alguma atividade de algum Campus que chamou a atenção naquele período.

Não obstante, acreditamos que algumas observações são pertinentes. Assim sendo, passaremos a tecer algumas considerações com respeito ao quadro acima.

A dinâmica do indicador “Candidato/Vaga”64 tem uma interpretação

comprometida se não se considerar, conjuntamente, a evolução do número de vagas ofertadas ano a ano. Os quantitativos de vagas para o Ensino Médio Técnico

Profissionalizante, obtidos diretamente dos Editais são os seguintes:

Tabela 18 - Vagas ofertadas nos Seletivos Cursos Técnicos

Nota: Tabela produzida pela autora a partir de dados dos Editais de Seletivos 2011-2016 O próximo gráfico expressa a evolução desse número de vagas ofertadas pelo IFMA para os cursos técnicos, a partir do ano de 2011. Aqui se detecta uma certa “estagnação” da oferta.

64Quantifica a relação entre o número de inscrições nos processos seletivos e vestibulares e as vagas ofertadas pela Instituição.

Gráfico 1 - Evolução de vagas Cursos Técnicos

Nota: Tabela produzida pela autora a partir de dados dos Editais de Seletivos 2011-2016

O indicador Ingressos/matrícula65 demonstra um leve aumento em 2016, mas nada comparado ao auge da expansão das Fases 1 e 2 (Anos de 2009 a 2012), resultados que são coerentes com o Gráfico 1, que trata da evolução de vagas nos cursos técnicos, indicando uma desaceleração no crescimento da oferta de vagas, comprometendo o atingimento de metas da expansão.

Também é coerente a relação entre o indicador “Concluintes/matrículas”66e o

indicador “Retenção”,67o que nos sugere uma falta de acompanhamento pedagógico

para combater a evasão e a retenção dos alunos.

O indicador “Alunos/Docente”68está um pouco acima da média recomendada para os Institutos que é de 20 docentes por aluno. O aumento progressivo desses índices, desde 2013, coincide com a expansão Fase 3, o que pode nos sugerir que a força de trabalho não está sendo ampliada para garantir o atendimento adequado da crescente demanda de novos alunos, o que pode nos indicar sobrecarga e precarização do trabalho docente.

65Quantifica a taxa de ingressantes, em relação em relação ao total de alunos matriculados. 66Quantifica a taxa de concluintes em relação ao total de alunos matriculados (êxito escolar). 67Quantifica a taxa de retenção do fluxo escolar em relação ao total de alunos matriculados. 68Quantifica o número de alunos por docente em tempo integral.

Ainda sobre os docentes, observamos um discreto aumento do índice de qualificação, provavelmente em virtude do investimento e apoio institucional por meio da liberação dos mesmos para Programas de Mestrado e Doutorado e de programas de bolsa de estudos (PROQUALIS-Programa de Bolsa de Incentivo à Qualificação dos servidores do IFMA )69.

3.2.3 Breve análise dos objetivos e metas do Plano de Desenvolvimento