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2 A EXPANSÃO DA REDE FEDERAL NO MARANHÃO

2.3 A EXPANSÃO DO IFMA (FASE 1): TRAJETÓRIAS DA EXPANSÃO NO MARANHÃO

2.3.1 Caracterização dos Municípios e dos Campi objetos do estudo:

2.3.1.3 Campus Santa Inês

Localizado no município de Santa Inês, esta Unidade teve sua autorização de funcionamento em 2008.

O município de Santa Inês dista 250 km da capital, e está localizado na Mesorregião do Oeste maranhense, na microrregião do Pindaré. Tem população estimada de 82.239 , IDMH de 0,674 (IBGE, 2010).

Inicialmente sua economia girava em torno da agricultura e agropecuária. Com a instalação da BR 222 e da Estrada de Ferro Carajás, a cidade teve grande crescimento, que infelizmente não se reflete em qualidade de vida para a população.

39A Rede e-Tec Brasil foi instituída pelo Decreto n° 7.589, de 26 de outubro de 2011, mas originou-se

pelo Decreto nº 6.301/2007 que a criou como Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil. A ação foi incorporada ao PRONATEC, e é subsidiada com recursos do Bolsa Formação.Visa desenvolver, em regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios, a educação profissional e tecnológica (EPT) na modalidade de educação a distância, para ampliar e democratizar a oferta e o acesso à educação profissional pública e gratuita no país, especialmente no interior do país e periferias das regiões metropolitanas. Atua também na formação inicial e continuada de docentes, gestores e técnicos administrativos para a educação profissional e tecnológica e desenvolvimento de materiais didático-pedagógicos para a EPT à distância. A partir de 2015, assume também o fomento à oferta de cursos do Programade Formação Profissional em Serviço dos Funcionários da Educação Básica (Profuncionário).Fonte: http://portal.mec.gov.br/pronatec/rede-e-tec-brasil. Acesso em: 10/04/2018 40 Em vigor desde 2009, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica oferta cursos de licenciatura, na modalidade presencial, exclusivos para educadores das redes públicas que não possuem o nível superior ou que não possuem a formação superior na área em que atuam, conforme exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Os cursos de primeira licenciatura tem carga horária mínima de 2.800h, dentre as quais 400h de estágio supervisionado, com duração de 4 anos. Os cursos de segunda licenciatura têm carga horária de 800 a 1.400h e duração de dois a dois anos e meio. O Programa oferece também a formação pedagógica para professores graduados não licenciados, com carga horária de 540h. O programa é é conduzido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e faz parte do conjunto de iniciativas de parcerias entre os entes federados para a qualificação e valorização docente, que inclui o Piso Nacional do Magistério, instituído em julho de 2008; os cursos de mestrado profissional para educadores das redes públicas; o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que visa o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores; o Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência), que fomenta a inovação, a elevação da qualidade dos cursos do

magistério e a valorização da carreira do professor. Fonte:

A cidade encontra-se em um entroncamento das rodovias BR 316 e BR 222, e MA 320, tornando-se o centro de um fluxo de caminhões de carga e transporte interestadual.

Atualmente, suas atividades econômicas estão concentradas no comércio atacadista e varejista, na construção civil, piscicultura e serviços, sendo o município a cidade polo do arranjo produtivo de “Apicultura do Alto Turi”. Conta com boa rede de comércio, serviços e oferta de variadas instituições de ensino superior.

Sobre o processo de escolha do município, temos o relato de GC-3:

Toda expansão (...), ela foi feita sem muito planejamento inicial, tanto que Santa Inês era um campus que deveria ir para Alcântara, mas não foi. Não foi por quê? Porque a indicação do Campus também tinha uma contextualização política muito forte e um deputado do Maranhão, desta região, foi até a SETEC, que é a Secretaria de Tecnologia lá do MEC (...) e convenceu, com bastante argumentos, foi lá convencer o diretor da época, secretário da época; que em Santa Inês valeria muito mais a pena que lá em Alcântara. Por quê? Porque tanto o deputado, vários educadores, vários outros políticos e vários empresários desta cidade e região entendem que Santa Inês é uma cidade polo, uma cidade que tem 85.000 habitantes, mas tem uma rotatividade de uma população diária de mais de 100.000, que são pessoas que vem aqui atrás de serviço, do comércio; vem buscar saúde, educação, o comercio; e vem alguns, inclusive, trabalhar aqui, e alguns profissionais daqui saem pra trabalhar fora. Então é uma cidade que é entroncamento, entre duas BR’s, e recebe essa grande população. Então nós precisávamos capacitar essa população. Essa região, a cidade de Santa Inês é um polo, segundo uma divisão do estado , ela é a “Princesa do Vale do Pindaré”, então todas as coisas convergem para Santa Inês, e o que há de positivo nisso? O que há de positivo nisso é que, de fato aconteceu, nós estamos capacitando desde 2008, pessoas nos três cursos iniciais: edificações, tecnologia, vendas; e nas modalidades PROEJA e integrado.

O município reunia as condições técnicas, mas houve ainda a pressão de políticos influentes da região para alterar a prioridade de instalação. Mesmo assim, a instalação da então Uned Santa Inês deu-se em total precariedade de instalações e condições de trabalho, em um terreno cedido pela Prefeitura Municipal, local aonde funcionava o lixão da cidade, conforme relato do Gestor de Campus 4 (GC-4)

Entrevistado: Nós começamos o Instituto em um lugar cedido pelo Estado,

tínhamos só três salas, um sala para Apoio Administrativo, e duas salas de aula; uma, pela manhã, que é Edificações; duas, à tarde, Logística e Vendas; e, à noite, duas turmas, Edificações e Infraestrutura Escolar. Então, a realidade é completamente adversa, mas aí é que tem que lembrar da lição freireana: “a escola não é só feita de muros, ela é feita, sobretudo, de pessoas”. Então, dentro desse espírito; claro, sabendo da importância do espaço físico; mas, o espaço físico, naquela ocasião, era uma realidade um pouco distante - haja vista os problemas com as construtoras que assumiram a obra- mas que transcendiam a nossa vontade... então, ficamos aqui em situação de provisoriedade de espaço, de estrutura física, o que impactou na comunidade, de alguma maneira (...), até mesmo no olhar da comunidade para a instituição: como é que chega uma instituição federal, e ela não tem um espaço?(…) Funciona de maneira provisória? Isso causou uma angústia, uma dificuldade de aceitação, mas que foi passando ao longo do tempo; porque se via o perfil dos profissionais que aqui estavam, o corpo técnico, o corpo docente qualificado e com muita vontade de construir a educação nesta região.

Entrevistadora: Vocês só foram ter o prédio, mais ou menos, 2011?

Entrevistado: 2011. E depois de muita luta e sem a devida autorização. Nós

chegamos aqui sem a autorização. Eu me lembro que a Pró-Reitora de Ensino, à época, a Professora Marise, veio até saber se a gente estava com alguma necessidade, porque como o prédio não havia sido liberado. Aí ficava aquela angústia: será que vai ter algum risco? Algum problema?

Entrevistado: Superamos tudo isso. Foi a melhor coisa que nós fizemos.

Estamos em nossa casa, agora a gente pode cuidar, e pode olhar para que a construtora pudesse terminar mais rápido. Porque já estava na fase de acabamento, mas sem o olhar da comunidade, como se diz no linguajar popular, “sem o olhar do dono”. E com o olhar do dono realmente avançou. Não ficou ideal, porque os problemas foram acumulativos, mas se chegou a um patamar que não esperávamos, porque foram várias construtoras; e cada vez mais, menos dinheiro. Então, é uma vitória, realmente; e tem a ver com o próprio perfil do Campus Santa Inês, o Campus Santa Inês transcende as dificuldades, o prédio é só um símbolo dessa luta, que tem uma relação direta, não é; como eu sou freireano, então a luta direta... uma relação direta com Educação, educação e esperança; e, “esperançar que não é de esperar, é de lutar”.

Dentre as Unidades da expansão, Santa Inês foi a que teve problemas mais sérios no processo de construção de seu prédio próprio. Os entraves, desde a falta de verba pela construtora para encaminhar a obra até falta de pagamento dos operários,

levaram à sucessivas mudanças das empresas licitadas, acarretando, consequentemente, um atraso significativo na entrega, o que levou os servidores a “ocuparem” o prédio assim que houve uma condição mínima de habitabilidade.

Antes disso, os servidores tiveram que enfrentar o problema da violência urbana, muito presente em Santa Inês, um conglomerado que serve de acesso para muitos outros municípios menores, com concentração de renda e bolsões de miséria:

Então, avançamos com as turmas, e com aquela dificuldade: onde ficar? Tivemos que mudar para o CAIC41, porque o Centro Josué Diniz solicitou o

espaço (...) Qual a grande dificuldade? O CAIC fica nessas proximidades, no Bairro Sabak, e o bairro Sabak tinha um histórico de violência, de assaltos, e o pessoal ficou com muito medo, ficou com muito medo dessa mudança. Não podemos deixar de mencionar a coragem da Professora Locília, que não teve insegurança nenhuma, porque ela sabia que é um espaço que poderíamos desenvolver o trabalho, ela fez o diálogo com a Gerência Educacional e com a Diretora do próprio CAIC, que tinha um espaço que estava sem uso. Então, ficamos nesse espaço que foi adaptado, foi aos poucos sendo melhorado, para que nós pudéssemos continuar as atividades. Isso se deu em 2009 e 2010; depois, em 2011, a gente estava aqui.(GC-4)

Atualmente, o Campus está instalado em um terreno de 46.690 m2, com uma

área construída de 3.420 m2 que tem uma área administrativa estruturada, mas com

espaços pequenos e desorganizados. Possui 15 salas de aulas, sala de professores, 07 laboratórios (Física, química, solos, materiais de construção, eletroeletrônica, desenho e informática). Os laboratórios de solos, materiais de construção e eletroeletrônica são bem estruturados, com técnicos para auxiliar o professor. Cantina, setor de extensão pouco estruturado. A área de lazer tem aspecto abandonado, com piscina desativada e quadra poliesportiva com aparelhos danificados. Em geral, o Campus carece de uma boa reforma física e reestruturação/reorganização dos espaços. Está em

41Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente criados para desenvolver ações de atenção integral à crianças e adolescentes de forma descentralizada e articulada com os entes federados; organizações não governamentais e parcerias com entidades internacionais, visando atendimento de necessidades educativas, assistenciais e esportivas.

andamento um novo bloco de sala de aulas, que teve sua previsão de construção no ano de 2014 (PDI 2014-2018), mas que só fora iniciada em 2016.

A biblioteca conta com uma acervo variado com 1.713 títulos entre livros, obras de referência, multimeios, monografias, e tem um bom auditório que também recebe eventos da comunidade.

Oferta cursos técnicos na forma Integrada, Modalidade PROEJA e Cursos Superiores. Os cursos de Edificações, Administração, Vendas, Eletroeletrônica e eletromecânica na forma Subsequente foram descontinuados. Na modalidade EJA, foram descontinuados os cursos de Técnico em Cooperativismo e Edificações; e na forma Integrada os Cursos Técnicos de Infraestrutura, Vendas e Serviços Públicos e Higiene e Segurança do Trabalho. Segundo dados levantados junto à Diretoria de Desenvolvimento de Ensino a descontinuidade deu-se em virtude da pouca procura, e a falta de corpo docente para atender a todas as demandas.

A falta de espaço e de pessoal docente contribuiu para que o Campus repensasse as ofertas de curso, adequando aqueles que promoviam uma maior chance de verticalização.

A atual oferta de cursos contempla 847 alunos com a distribuição abaixo, sendo 736 nos cursos integrados:

Tabela 6 - Cursos Técnicos Campus Santa Inês- 2016

CURSO FORMA/MODALIDADE

Edificações Integrada

Eletromecânica Integrada

Eletroeletrônica Integrada

Logística Integrada

Administração Integrada- PROEJA

Tabela 7 - Cursos Superiores Campus Santa Inês- 2016

CURSO TIPO DE FORMAÇÃO

Construção de Edifícios Graduação Tecnológica

Administração Bacharelado

Física Licenciatura

Fonte: Sítio institucional e pesquisa de campo. Acesso em Dezembro 2017

A unidade conta com um quadro efetivo de 51 docentes na carreira EBTT (Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico), distribuídos nas diversas áreas do conhecimento, e 26 Técnicos administrativos em educação.

Com relação aos programas desenvolvidos pelo Governo Federal, o Campus atende aos seguintes: Bolsa Formação (PRONATEC), Mulheres Mil (FIC)42e PARFOR.

(INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO, 2014d)