Breve apresentação das fontes utilizadas pela professora a partir de sua

Rosa mantém em sua casa um pequeno espaço reservado para seu trabalho, onde há uma estante, cadeira e mesa com computador, impressora e escâner, além de outra pequena mesa que serve de suporte para caixas, contendo material para consulta, recorte e montagem de atividades, além de atividades produzidas em anos anteriores, que configuram um ambiente de estudo. Foi nesse espaço que algumas de nossas entrevistas sobre planejamento e produção de atividades aconteceram.

FIGURA 26 – Biblioteca pessoal de Rosa e equipamentos para produção de atividades

Fonte: Foto de Alessandra Latalisa de Sá, 2008.

Em sua estante há objetos de decoração (porta-retratos, vaso com flores artificiais, caixinha feita com palito de picolé) e diversos materiais impressos, por

exemplo, calendário, coleções paradidáticas, revistas pedagógicas, livros didáticos, coleções e textos avulsos, geralmente recebidos em cursos de que ela participou, revistas compradas em bancas, álbum de fotografia, dicionário, enciclopédias, livros de literatura infantil e para adulto, materiais de estudo de seus filhos, Compact Disc - CD.

Em uma de nossas entrevistas, 14 de outubro de 2009, enquanto apreciávamos os materiais expostos nesse espaço, Rosa comentava, destacando alguns. Sobre coleções didáticas70 contendo atividades utilizadas por ela, tal como apresentadas no próprio material didático ou utilizadas na elaboração de outras, ela diz que as utiliza para montar atividades, embora elas trabalhem também projetos: “Eu trabalhei a história da Cigarra e da Formiga toda: personagens, formar palavras, caça- palavras, tudo relacionado à história”.

Trata-se de coleções para apoio didático que podem ser adquiridas facilmente pela internet, custando entre R$ 60,00 e R$ 120,00 reais cada, o que pode ser pago à vista ou em até 12 parcelas. São também levadas à disposição dos professores em estandes de venda dispostos pelas editoras em encontros pedagógicos, como congressos e seminários, e por representantes das editoras que vão até às escolas. Exemplo desse material são as coleções Alfabetização: Ciranda das Letras; Alfabetização Silábica – Tin-do-le-lê; e a Coleção 1001 Maneiras de Alfabetizar, descritas a seguir.

FIGURA 27 – Coleção Ciranda das Letras

Fonte: Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-

144464412-ciranda-das-letras-representante-de-livros-camargo-_JM>. Acesso em: 10 jul. 2010.

70 _{Estas coleções serão identificadas, nesta tese, por coleções de apoio didático, oferecidas pelas}

Alfabetização: Ciranda das Letras, da autora Ruth Rozendo, Editora Ciranda Cultura, é composta por 6 livros, 98 encartes, 320 adesivos, 1 CD (com mais de 600 páginas para impressão) e 2 CD/Áudio. Esta coleção é apresentada assim na internet:71 _{A aprendizagem lúdica é trabalhada por meio de jogos diversos,}

cruzadinhas, adivinhações, brincadeiras infantis, dominó, charadas, caça-palavras, canções, dobraduras, banda rítmica, sem deixar de lado o MOVIMENTO E A ARTE. Este aspecto lúdico ressaltado na apresentação desta coleção confirma critérios de escolha utilizados pelas professoras para a seleção de material a ser trabalhado com seus alunos, conforme seus depoimentos apresentados, por exemplo, nos Capítulos 4 e 5.

FIGURA 28 – Coleção Alfabetização Silábica: Tin-do-lê-lê

Fonte: Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-

145454674-tin-do-le-l-alfabetizaco-silabica-6-a-7-anos-_JM>. Acesso em: 10 jul. 2010.

Este volume da coleção Alfabetização Silábica – Tin-do-le-lê, indicada para crianças entre 6 e 7 anos, da autora Waldirene Dias Mendonça, Editora Claranto, é um dos mais usados por Rosa. A coleção contém seis livros distribuídos em 768 páginas, abordando os seguintes temas: volume 1 – vogais; 2 – alfabeto; 3 – sílabas simples B a M; 4 – sílabas simples N a Z; 5 – sílabas complexas I; 6 –

71 _{Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-144464412-ciranda-das-letras-}

sílabas complexas II. A coleção é descrita na internet72 _{da seguinte maneira: A}

coleção Alfabetização Silábica TIN-DO-LE-LÊ apresenta uma proposta sócio- construtivista e interacionista do letramento. Seu conteúdo está dividido em seis cadernos de atividades, sendo: vogais, alfabeto, sílabas simples e complexas. Desenvolve habilidades ortográficas dos alunos de forma prática e simples, e mais, cada sílaba contém de 15 a 20 atividades para o professor diversificar suas aulas, tornando-as cada vez mais interessantes e criativas.

A ordem determinada para a exploração do sistema de escrita alfabético ortográfico prevê determinada complexidade a partir da visão do adulto, que nem sempre confere com o desenvolvimento das crianças e suas hipóteses acerca deste objeto de conhecimento. Trata-se, portanto, de uma indicação externa à criança, adultocêntrica, baseada em critérios de ensino normatizado.

FIGURA 29 – Coleção 1001 Maneiras de Alfabetizar

Fonte: Disponível em: <http://www.culturaemaiscultura.com.br/product_info

.php?products_id=499>. Acesso em: 10 jul. 2010.

A coleção 1001 Maneiras de Alfabetizar, da autora Mônica Ferreira, editora Meca, é uma proposta eclética de alfabetizar, distribuída em 5 volumes: 1 – Vogais, encontros vocálicos e alfabeto; 2 – Atividades da letra B a M; 3 – Atividades da letra N a Z; 4 – Complexidades ortográficas, temas transversais e datas comemorativas; 5 – Atividades de língua inglesa. É acompanhada de 1 CD contendo: mais de 100 lições de casa e material de apoio didático: alfabeto móvel,

72 _{Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-145454674-tin-do-le-l-alfabetizaco-}

sílabas móveis, bingos, dados, livro alfabético sanfonado, jogos da memória, quebra-cabeças, dominós, por exemplo.

Na internet,73 _{há a seguinte apresentação: A Coleção 1001 Maneiras de}

Alfabetizar é uma proposta eclética de alfabetizar, distribuída em 5 volumes com atividades criativas e diversificadas, sendo um deles dedicado à língua inglesa. Além de 6 carimbos em madeira e borracha com formato anatômico, muito úteis no dia-a- dia do educador, para avaliar e estimular o aluno e também um exclusivo CD.

Rosa guarda com cuidado os materiais distribuídos em cursos frequentados por ela, ou por colegas, dos quais tira uma cópia.74 Além da Coleção, possui escritos relacionados tanto à educação quanto a outras áreas, como saúde e religião, além de pastas com reproduções em xerox de livros emprestados e até com material mimeografado.

Tenho apostilas do curso básico de redação do Hermínio G. Sargentim. Tenho o material do Ceale do Estado e o distribuído em Contagem. Dessa Coleção (Instrumentos da Alfabetização) tenho do 1 ao 5; o 6 recebi depois do curso. A Coleção Alfabetização e Letramento, a gente só estudou algumas (Alfabetização e Letramento, A aprendizagem e o ensino da linguagem escrita, Conhecimento linguístico e apropriação do sistema de escrita, A organização do trabalho de alfabetização na escola e na sala de aula e Métodos didáticos de alfabetização). Foi um curso de 15 encontros em 2006, com Fernanda. E o Letra A, entregue no curso. Tenho apostila de curso de fitoterapia e cromoterapia (Fragmento de Transcrição de Entrevista Filmada, professora Rosa).

A professora assinava várias revistas, tanto para sua formação quanto para a utilização com seus alunos e o preparo de atividades. No momento da pesquisa preferia comprar avulsamente, nas bancas de revistas.

Ela diz que não tem coragem de jogar fora seu acervo. Se não usa tal material, será que o guarda por seu valor simbólico? Nota-se que mantém materiais de toda ordem, de alfabetização a cromoterapia.

Durante a carreira, Rosa investiu também em livros produzidos para criança, abordando temáticas diversificadas. Trata-se de obras curtas, com linguagem simplificada e grande quantidade de ilustração. Este material, segundo

73 _{Disponível em: <http://www.culturaemaiscultura.com.br/product_info.php?products_id=499>.}

Acesso em: 10 jul. 2010.

74 _{Este material não é objeto de aprofundamento nesta tese, uma vez que buscamos descrever}

ela, é utilizado, tal como as coleções de banca, para elaboração de atividades em sala.

Tenho livros com atividades lúdicas e artísticas, cerâmica, recorte e dobradura. São atividades para desenvolver com as crianças... por exemplo, quando trabalhei a história do Soldadinho de Chumbo, eu fiz com as crianças o soldadinho.

Esse material serve para auxiliar na abordagem temática na escola, por exemplo, animais aquáticos, copa, natal, dinossauros (Fragmento de Transcrição de Entrevista Filmada, professora Rosa).

Trata-se de material utilizado também para a exploração e organização temática. Nessa mesma linha, há também livros e materiais produzidos para a infância, com adaptações de conceitos referentes a várias áreas do conhecimento – artes, ciências, história, geografia, por exemplo –, que são usados pelas crianças, em sala de aula, em suas propostas de pesquisa. Há indicação de que se busca garantir um trabalho polivalente que inclua várias áreas de conhecimento.

Tenho também coleções sobre história e geografia. Compro essas coleções que saem e que ajudam em pesquisas escolares. Almanaque Abril, Recreio – Para saber mais, por exemplo.

Tenho “O mundo de Wally!”, compro na banca de jornal. Tinha a Coleção Recreio, mas eu piquei toda para fazer atividade com texto informativo.

Além dos CD que acompanham as coleções de banca, a professora guarda em uma caixa CD de músicas e histórias infantis, sons da natureza, músicas de outros países e épocas históricas. Trata-se de material diversificado que é utilizado com diferentes propósitos, tais como acalmar as crianças, criar ambientes e ritmos para desenho, ampliar repertório, animar festas. Rosa os guarda com muito cuidado e revela não gostar de emprestá-los.

Em seu quarto, na cabeceira de sua cama, também há estante com livros. Lá, são guardados principalmente livros de literatura. Segundo Rosa, “são livros espirituais, clássicos, Paulo Coelho, que eu adoro, e alguns de educação”.

FIGURA 30 – Estante de livros no quarto da professora Rosa

Fonte: Foto de Alessandra Latalisa de Sá, 2009.

Entre os identificados como clássicos (apontados por ela) estão os títulos: Iracema, A garota rebelde, O guarani, Vidas secas, Encarnação, Inocência, A viuvinha e os cinco minutos. São exemplos de espirituais: Conversando com Deus e Medicina da alma. Entre os de educação, localizados juntos na prateleira, estão Piaget: o diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio, Alfabetização em processo, 10 novas competências para ensinar, Alfabetização sem o BÁ – BÉ – BI – BÓ – BU e Limites sem trauma.

Verificamos na prática observada o uso de materiais diversos, a partir dos quais a professora não somente reproduz, como também inventa atividades ou projeto de atividades, tal como indicado por Perrenoud (1993), cujo procedimento ele nomeia de bricolagem.