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IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NO BRASIL EM CASTROLANDA

3. CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO

3.2 Breve histórico do protestantismo brasileiro

Tanto a presença francesa como a holandesa no Brasil, foram anuladas em termos de protestantismo. A força católica romana que a muito dominava a religiosidade brasileira, seja por sua catequese ou pela inquisição que aqui atuou, tratou de banir o protestantismo destes dois eventos, e isto Tucker descreve:

Depois da tentativa dos franceses evangélicos, houve outras imigrações que também não afetaram muito a evangelização no Brasil. Os holandeses vieram para a Bahia em 1624, mas ficaram no nordeste apenas 30 anos, antes de serem expulsos, acompanhados de qualquer brasileiro ou índio que tivesse abraçado a fé protestante. Algumas pessoas haviam se convertido como resultado do esforço dos holandeses em Recife e Olinda que, além de quarenta pastores, mantinham oito missionários encarregados de pregar aos índios e implantar aldeias evangélicas, onde os índios pudessem ter paz, plantar e em geral melhorar as suas vidas. Não obstante, o fruto desse esforço foi desfeito com a expulsão da comunidade.

No período em que o Brasil passou a República, a presença protestante foi mais significativa, mas bastante conturbada por causa da falta de coesão entre os próprios protestantes. O debate teológico que vinha desde a Europa chega ao Brasil, junto com as igrejas protestantes, e sobre isto, Silva (2000, p. 23), comenta:

A história do protestantismo brasileiro no período republicano é uma história de notável crescimento e crescente visibilidade social. Nesse longo período, as igrejas evangélicas deram importantes contribuições a indivíduos, famílias e à sociedade nas áreas: evangelística, educacional e ética. Infelizmente, é também uma história de lamentáveis divisões e, particularmente nos últimos anos, de um testemunho questionável e valores distorcidos.

Desde o período pós Reforma Protestante até o fim do século XIX, durante quase três séculos, houve muitas lutas teológicas. O resultado disso foi a implantação do protestantismo americano, berço do protestantismo brasileiro. A religião atua como um meio de legitimação dos grupos de imigrantes, como diz Mendonça (1995, p. 204):

Fiz uma tentativa de encontrar os traços predominantes do protestantismo americano que foi filtrado para o Brasil pela empresa missionária. A teologia desse protestantismo foi forjada nas longas lutas que começaram na Europa da Reforma, em que a religião cristã buscava seus caminhos de ajuste diante das mudanças de profundidade que então se processavam. A teologia, o pensamento religioso, então gozando de grande prestígio, foram aos poucos se construindo a partir das demandas de ordem sócio-política, cujas respostas a essas demandas levavam, muitas vezes, um caráter de legitimação.

Três vieses sociais influenciaram positivamente a implantação do protestantismo brasileiro. Primeiramente, o protestantismo foi implantado na sociedade brasileira em momento histórico adequado. Segundo, teve influência especialmente na camada livre e pobre da população rural. Terceiro, seguiu a trilha do café.

Pode-se dividir em alguns períodos, a história do Protestantismo no Brasil. Entre 1889 a 1930, temos o Primeiro Período. As principais denominações históricas do protestantismo brasileiro, já estavam aqui desde a Proclamação da República. Os congregacionais foram os primeiros, chegaram em 1855, depois os presbiterianos em 1859, os metodistas em 1876, os batistas em 1881 e os episcopais em 1890. Anteriormente, já estavam instaladas, as igrejas fundadas pelos imigrantes que não possuem características conversionistas ou missionárias, com destaque para os anglicanos, desde 1816 e os luteranos, desde 1824. Mas, havia outros evangélicos nesta época, dentre os quais, algumas igrejas pentecostais que haviam surgido e

estavam em desenvolvimento, destacamos Igreja Cristã, Igreja Batista Independente, Congregação Cristã no Brasil, Assembléia de Deus, Adventistas e Exército da Salvação. Em termos numéricos, o protestantismo brasileiro era inexpressivo, sua principal característica neste período foi o processo de nacionalização e independência destes diferentes grupos protestantes, que foram gradativamente se tornando mais independentes das suas igrejas de origem.

Entre os anos de 1930 e 1964, data-se o Segundo Período do protestantismo brasileiro. Nesta época, a grande maioria das igrejas, havia conquistado a independência das suas igrejas de origem estrangeiras. Enquanto isto, as igrejas pentecostais já tinham superado numericamente em muito as igrejas históricas, trazendo mudança radical no protestantismo brasileiro. Com o pentecostalismo, as menores classes sociais tiveram alcance nunca visto. A partir daí o número de protestantes no Brasil, passou a ter maior expressão nacional.

No chamado Terceiro Período, entre os anos de 1964 e 2000, dois eventos importantes marcaram o protestantismo brasileiro. Primeiramente, os resultados do Concílio Vaticano II, ocorrido entre 1962 e 1965, que denominou os protestantes de “irmãos separados”, abrindo de certa forma a Igreja Católica para os protestantes, além de revelar novas concepções sobre o culto ou a missa da igreja e a relação da igreja com a sociedade. Esta abertura do catolicismo fortificou o denominado “movimento ecumênico” ou “ecumenismo” 25, trazendo grandes controvérsias dentro do protestantismo brasileiro e mundial. Em segundo lugar, o protestantismo brasileiro foi

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afetado pelos resultados das ditaduras militares e dos movimentos de esquerda que dominaram este período em toda a América Latina. Com isto, surgiu a ênfase a Teologia da Libertação, movimento que enfatiza a igualdade social, no meio religioso. Tudo isto contribuiu para que houvesse um pluralismo protestante muito grande, que trouxe aspectos negativos, destacados por Peter Berger (BERGER, 1985, p. 139):

O pluralismo religioso, antes de representar eventual ‘reencantamento do mundo’, colabora para a secularização, já que o aumento da concorrência relativiza as definições religiosas tradicionais e acarreta racionalização das estruturas religiosas.

Segundo alguns estudiosos da religião brasileira, o pentecostalismo brasileiro passou por três ondas, a saber: A primeira onda ocorreu entre 1910 e 1940, com o surgimento simultâneo da Assembléia de Deus e da Congregação Cristã do Brasil, que foram predominantes durante 40 anos no meio pentecostal. A segunda onda pentecostal ocorre entre 1950 e 1960, na cidade de São Paulo com o surgimento das Igrejas, Evangelho Quadrangular, Brasil para Cristo, Deus é Amor, entre outras. A terceira onda ocorre entre 1970 e 1980, no Rio de Janeiro, com o surgimento do neopentecostalismo, destacando-se as Igrejas Universal do Reino de Deus26 e Internacional da Graça, entre

outras.

O protestantismo brasileiro sofreu profundas mudanças em todo o período de sua instalação até a atualidade, moldando as denominações que aqui se instalaram e

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deixando marcas culturais localizadas na sociedade onde está inserido, mas sem apresentar soluções que beneficiem a diversidade sócio-cultural do povo brasileiro, sobre isto escreveu Léonard (1963, p. 354):

Cabe ao protestantismo brasileiro solucionar os problemas apresentados pela existência, nos meios proletários, de movimentos espirituais como das Congregações Cristãs. Se não quiser ou não julgar necessário ocupar-se deles, ele correrão o risco de cair na extravagância e depois na indiferença religiosa.