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IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NO BRASIL EM CASTROLANDA

6. AS RELAÇÕES DA IERBC

6.8 A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)

A Igreja Evangélica Reformada em Castrolanda, sempre manteve boas relações com a Igreja Presbiteriana do Brasil. Dentre estes relacionamentos, já tratamos do Instituto Cristão e do Centro de Atendimento a Criança Jardim Colonial.

Um dos dois pastores da IERBC, o Sr. Kleber Machado, é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, cedido por empréstimo, tendo desempenhado ministério amplo na comunidade local e nas escolas e associações da igreja ou relacionadas a denominação.

Com a Igreja Presbiteriana do Brasil em Castro, Paraná, há relacionamento muito próximo em toda a história da IERBC, com histórias de parcerias desde o início até o presente. Esta IPB foi iniciada na época dos primeiros missionários presbiterianos

que vieram dos Estados Unidos para o Brasil, tendo seu primeiro missionário em Castro, no ano de 1888.

Dentre as várias relações que a IERBC tem com a IPB, destaca-se a parceria nos trabalhos de plantação de Igrejas. Atualmente a Segunda Igreja Presbiteriana do Brasil em Castro, localizada no bairro Rio Branco, era uma congregação da IERBC que foi transferida para a IPB.

Recentemente a última congregação da IERBC, também foi filiada a IPB. Trata-se da Congregação do bairro de Abapan, que durante décadas foi mantido pela IERBC, mas sempre com parcerias com as igrejas IPB locais. Em 2008, o trabalho foi transferido definitivamente para a Igreja Presbiteriana do bairro Rio Branco, posteriormente, quando houver a organização a IERBC, se comprometeu em doaro templo.

Em 1959 recebeu-se a visita de Deputados da Missão, das Igrejas Reformadas da Holanda (IRsH = GKN ), que vieram estudar as possibilidades de trabalho missionário no Brasil. O resultado foi que, em 1961, enviaram o pt. F. L. Schalkwijk, para o trabalho missionário na região das colônias. Trabalho que, a partir de então, começou a se desenvolver sob a sua liderança dinâmica. Alguns anos depois o trabalho missionário ampliou e estendeu-se pelo Estado do Paraná, sempre em deliberação com a IPB (com o qual já se mantinha contato).

O trabalho conjunto com as IRsH mostrou-se de suma importância, pois nas Igrejas das colônias não havia pessoas suficientemente capacitadas, nem os meios financeiros, para um trabalho missionário desta dimensão.

Mais tarde, cada Igreja nomeou representantes, os ‘Deputados da Missão’, que eram responsáveis pelo trabalho missionário das Igrejas e também daquele realizado em conjunto com a Missão das IRsH. 40

CONCLUSÃO

Pesquisamos um grupo de imigrantes holandeses, que, pelo desafio de sobrevivência condigna e perspectiva de progresso, uniram o trabalho, a religiosidade e a necessidade educacional dos seus descendentes.

A riqueza histórica desta colônia holandesa e seu ideal de trabalho, fé e educação, motivaram a investigação em loco, através das literaturas disponíveis. Na grande diversidade do campo religioso no Brasil, apresentamos uma igreja reformada etnicizada, denominada Igreja Evangélica Reformada no Brasil de Castrolanda. Este grupo procurou manter sua singularidade histórica, social e cultural, aceitando a construção da identidade, impedindo, inclusive, que a comunidade eclesiástica pudesse se extinguir.

Da mesma forma que a igreja original da Holanda se adaptou a outros países, como os Estados Unidos, a IERBC adaptou-se ao Brasil. A denominação original era Igreja Cristã Reformada, e mudou para Igreja Evangélica Reformada no Brasil, quando alcançou sua independência, refletindo as mudanças em sua estrutura. Niebuhr (1992, p. 133) chama este processo de “americanização” dizendo:

Os problemas implícitos incluíam o processo de adaptação ou resistência a cultura nacional. O processo de americanização, todavia, não deixou intacta a Verdadeira Igreja Reformada Holandesa. Com o passar do tempo o referencial aos antecedentes europeus da Igreja foi eliminado do seu nome, que foi mudado para Igreja Cristã Reformada. Mas, tais mudanças de nome implicaram em muitas e grandes mudanças internas.

A disposição da igreja para discutir e assimilar a cultura da nova terra, garante um futuro promissor para esta comunidade religiosa, mesmo que, muitas vezes, abrindo mão de traços étnicos e religiosos dos pais e da pátria anterior. A religiosidade vai assumindo nova identidade, a medida que assimila o protestantismo brasileiro, mas mantém muitos fatores originais da reforma protestante holandesa. Segundo Pinheiro (2008, p. 121), o protestantismo precisa aceitar estas “brasilidades” para poder se manter em crescimento, afirma:

Nesse sentido, tal protestantismo não poderia ser identificado como um tipo de determinado de organização social, mas ser portador de poder e oferecer aos brasilíndios e afrobrasileiros uma mensagem de vida, tanto para a pessoa como particularidade, como para as comunidades como um todo. Exatamente por isso, apresenta-se capenga toda forma de cristianismo, protestantismo, evangelicalismo que se fecha na pura interioridade. Mas também não se pode dizer que o cristianismo do princípio protestante é um movimento que parte mecanicamente da interioridade em direção a exterioridade, apropriando-se de formas culturais brasilíndias e afrobrasileiras ou simplesmente passando largo delas. Na verdade, ele toma forma a partir delas, mas também dá forma as expressões culturais brasilíndias e afrobrasileiras. Dessa maneira, tal cristianismo do princípio protestante está interpenetrado pela consciência, experiência estética, ética e pelos modelos sociais da multiculturalidade brasileira.

A Igreja Evangélica Reformada no Brasil de Castrolanda – IERBC se mantém atuante em nossos dias, após mais de meio século, promovendo relação indissolúvel com as escolas evangélicas e a cooperativa agropecuária. A identidade étnica original vai aos poucos se transformando em uma identidade mais contemporânea e aculturada ao Brasil, mantendo assim uma igreja em crescimento.

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