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IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NO BRASIL EM CASTROLANDA

3. CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO

3.3 Protestantismo de Imigração no Brasil

O Protestantismo chegou ao Brasil, de forma notável, com as imigrações e através dos missionários, vindos das várias igrejas dos Estados Unidos e de outras regiões da Europa, isto só a partir do século 19. Até os primeiros anos deste século, não havia vestígio algum de protestantismo. Sobre este pensamento atesta Ribeiro (1987, p. 15).

Ao iniciar-se o século 19 não havia no Brasil vestígio de protestantismo.

A invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal ocasionou a famosa mudança da corte portuguesa para a colônia Brasil. Já em janeiro de 1808, o príncipe Dom João VI decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Após a chegada da corte, em março de 1808, os privilégios a chegada de imigrantes de qualquer nacionalidade e religião cresce, a ponto de Dom João estabelecer amplos privilégios aos imigrantes que chegavam, já em novembro.

Com os Tratados de Aliança e Amizade, e de Comércio e Navegação entre Portugal e a Inglaterra, firmado em fevereiro de 1810, no artigo XII, concede-se aos estrangeiros “perfeita liberdade de consciência” para praticarem sua fé. Alderi Souza de Matos diz que, ainda assim, havia algumas restrições para liberdade de culto:

Foi somente no início do século XIX com a transferência da corte portuguesa para o Brasil que o protestantismo começou a implantar-se definitivamente no país. O célebre Tratado de Comércio e Navegação firmado entre Portugal e a Inglaterra em 1810, pela primeira vez tornou possível o exercício legal do culto evangélico, com algumas restrições. (MATOS, 2000, p. 59).

Em 1916 chegou ao Brasil, o primeiro capelão protestante, Robert C. Crane, da Igreja Anglicana e só em 26 de maio de 1822, foi inaugurada a primeira capela no Estado do Rio de Janeiro, que foi seguida de outras nas principais cidades costeiras. E foi exatamente neste período que chegaram outros protestantes estrangeiros; americanos, suecos, dinamarqueses, escoceses, franceses, e especialmente, alemães e suíços de tradição luterana e reformada.

A partir de 1822, com a Independência do Brasil, cresceu a necessidade de atrair imigrantes europeus para suprir a necessidade de mão de obra, com isto houve ingresso considerável de protestantes filiados a diferentes confissões. Quando da Proclamação da Independência, porém, ainda não havia nenhum templo protestante, nem havia culto protestante na língua portuguesa no país.

Os principais grupos expressivos de imigrantes protestantes que se estabeleceram no Brasil foram primeiramente os anglicanos, a partir de 1808, e os luteranos, a partir de 1824. O Império estabeleceu constitucionalmente em 1824, que a religião Católica

Apostólica Romana continuaria a ser a religião oficial do Império e todas as outras religiões, seriam permitidas em cultos domésticos ou em lugares próprios sem aparência exterior de templo.

Entre 1824 e 1830, 60% dos imigrantes alemães que chegaram ao Brasil eram protestantes e a maior parte destes imigrantes se fixou na região Sul. Em Nova Friburgo, os suíços católicos que tinham migrado em 1820, abandonaram a colônia, e assim, 324 protestantes alemães que chegaram em 1824, puderam usufruir de uma colônia com a infra-estrutura montada.

Nos primeiros anos de imigração, os luteranos administravam sua própria vida religiosa por falta de ministros ordenados. A história denominou de “pregadores colonos” os leigos que eram ordenados aos ofícios e funções docentes das igrejas destes imigrantes. Somente a partir de 1850 começaram a vir da Suíça e da Prússia, missionários e pastores para atender as igrejas dos alemães. Por isto as igrejas dos imigrantes alemães do Sul do Brasil passaram a ter características mais européias. A professora da Universidade de São Paulo, Dra Maria Lucia S. Hilsdorf complementa esta informação, dizendo:

O trabalho livre dos imigrantes nas grandes cidades propriedades cafeicultoras era, na década de 1850, uma possibilidade discutida e experimentada por alguns fazendeiros que queriam braços para suas lavouras. Mas, uma das perguntas que os contemporâneos de Simonton faziam era se, crescendo, além de alterar as relações de trabalhos, essa imigração traria uma mudança significativa da política até então seguida no campo religioso, pois os contingentes de imigrantes que aqui chegavam incluíam tantos ou mais protestantes que católicos... Em 1858, o presidente J. J. Fernandes Torres já calculava em cerca de 4 mil o total de colonos portugueses, alemães e suíços radicados na província de São Paulo, a maioria deles de religião evangélica. A presença de protestantes seria ampliada até os meados da década seguinte. (HILSDORF, 2000, p. 35 e 36).

Sem dúvida alguma, a chegada das sociedades bíblicas e o estabelecimento do Protestantismo de Imigração em solo brasileiro, enfrentando todas as dificuldades e criando precedentes políticos de tolerância religiosa, facilitaram consideravelmente o ingresso do Protestantismo de Missão ou Conversionista, que viria na “carona seguinte” dos imigrantes. A este respeito trata Ribeiro (1981, p. 13):

Ao iniciarem seu movimento de reforma religiosa no Brasil os presbiterianos se beneficiaram de terem sido precedidos por outros grupos protestantes: as Sociedades Bíblicas, Britânica e Americana; imigrantes protestantes, e o doutor Robert Reid Kalley com seus madeirenses, abriram caminho tanto para presbiterianos, como para metodistas, batistas, episcopais fundarem igrejas entre brasileiros.

A legislação na época de Dom Pedro II avançou em muito nas facilidades e liberdade religiosa tão combatida pelo catolicismo da época, permitindo a chegada dos missionários e evangelistas de várias denominações do mundo. Segundo Wilson Santana da Silva, nesta época o Brasil tinha os seguintes números de protestantes:

Em 1930, de uma comunidade protestante de 700 mil pessoas no país, as igrejas imigrantes tinham, aproximadamente, 300 mil filiados. A maior parte estava ligada à Igreja Evangélica Alemã do Brasil (215 mil) e viviam no Rio Grande do Sul.27

Com a chegada dos imigrantes de vários países, chega também como bagagem suas religiões, fator essencial para introdução do protestantismo em nosso país. A imigração trouxe os religiosos europeus e americanos que traziam a Reforma Protestante como ideal de vida, sonhavam em local onde podessem desenvolver o trabalho e a vida espiritual livremente. Justo L. Gonzalez retrata isto, dizendo:

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Uma conseqüência notável das muitas ondas de imigração foi a fundação de comunidades religiosas. Desde os primórdios da colonização britânica na América do Norte, um dos impulsos que haviam trazido os europeus a estas plagas era a possibilidade de se criar uma nova sociedade em uma nova terra. [...] os contingentes de imigrantes continuavam em seus novos países as suas antigas práticas religiosas. Muitos traziam consigo os seus pastores, ou os mandava buscar em seus países de origem. O seu objetivo, ao virem para as novas terras, não era pregar aos naturais do país e, por isso, a maioria dos imigrantes contentou-se em guardar para si a fé de seus antepassados. (GONZALEZ, 1988, p. 25)