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IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NO BRASIL EM CASTROLANDA

4. A IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA DO BRASIL IERB

4.2 A formação e a independência da IERB

Os primeiros imigrantes que chegaram à região de Castro e de Ponta Grossa, no Paraná, em 1911, formando a colônia de Carambeí, logo trataram de exercitar sua crença através de cultos e escolas bíblicas aos domingos. Uma casa cedida pelo governo, durante a semana era usada como escola e aos fins de semana como igreja. Enquanto não havia pastor, alguns homens que se destacavam na comunidade religiosa, dirigindo os cultos, reuniões e ensinos. Entre eles destacaram- se os Srs. L. Verschoor e J.Voorsluys.

Da mesma forma que os imigrantes alemães em período anterior, os imigrantes holandeses achavam essencial utilizar as reuniões religiosas para agregarem os membros da colônia e cultivarem sua crença. Apesar de terem origens eclesiásticas diferentes, foi essencial a unidade em torno de uma mesma igreja. Sobre esta afirmação, Kooy (1986, p. 90), organizador do livro histórico comemorativo dos 75 anos da colônia de Carambeí, discorre:

Na Holanda os colonos foram adeptos de três Igrejas diferentes, mas aqui no Brasil, em Carambeí, eles se uniam e viveram como se todos fossem membros de uma Igreja só.

Durante algum tempo, alguns adotaram a religião da Igreja Adventista, mas após algum tempo todos se uniram novamente e agora em definitivo, e um deles, Leendert Verschoor, foi designado para ler as pregações no domingo enquanto Jacob Voorsluijs cuidou do ensino bíblico e catequético.

Como já foi mencionado numa outra oportunidade, a união da religião foi um dos fatores primordiais do ambiente positivo e do progresso para todos.

No início houve bastante proximidade da Igreja Luterana, uma vez que a cultura européia era comum aos grupos, e os luteranos cediam pastores para atenderem os serviços religiosos diversos da comunidade holandesa. Nas cidades de Castro e Ponta Grossa já haviam igrejas luteranas organizadas, e os pastores destas comunidades eram cedidos para a igreja holandesa.

Com a distância da Holanda, a necessidade de pastores e a necessidade de se organizarem, a liderança do grupo holandês de Carambeí entrou em contato com um pastor chamado A. C. Sonneveld, que servia a Igreja holandesa reformada da Argentina. Esta igreja era ligada às Igrejas Reformadas da Holanda (GKN). Este contato viabilizou diálogo com as comissões que cuidavam das Igrejas na América do Sul, da Christian Reformed Church/EUA, Igrejas Reformadas da Holanda e Igrejas Reformadas da Argentina (IRA). Como resultado destes contatos, a IRA da cidade de Três Arroios, enviou seu pastor, Sr. B. Bruxvoort, com vias a organização da Igreja Reformada em Carambeí, que seria filiada ao presbitério argentino.

Em 1930 os holandeses constroem seu primeiro templo em Carambeí e em14 de setembro de 1933, foi aprovada a organização da igreja com 31 membros adultos professos. Os símbolos de fé adotados por esta igreja foram, a Confissão Belga, o Catecismo de Deidelberg e os Cânones de Dort, denominados os Três Formulários de Unidade.

O primeiro pastor enviado para a Igreja Reformada de Carambeí foi o Sr. W. V.Muller, que veio com sua família, enviado pela IRA de Buenos Aires, que foi prontamente aceito pela comunidade holandesa. Muller desempenhou pastorado

profícuo entre os anos de 1935 e 1952, sendo sucedido pelo pastor L. Moesker que veio com sua esposa e se dedicou com especialidade ao trabalho missionário local.

A partir de 1951, começa chegar outro grupo de imigrantes holandeses para cidade de Castro, daí começa outra Igreja Reformada na colônia denominada pelos próprios holandeses de Castrolanda. Esta igreja foi instituída em 25 de outubro de 1952, com 31 membros professos adultos. O pastor W. V. Muller continuou auxiliando o trabalho no Brasil, sendo comissionado pela Christian Reformed Church/EUA, auxiliando este novo grupo de Castrolanda.

As primeiras reuniões e cultos em Castrolanda eram feitas na sede da Cooperativa Agropecuária, que estava também iniciando. Depois, com a chegada de outros imigrantes, foi construído outro local para funcionar como igreja e como sede para as atividades comunitárias. A inauguração deste local aconteceu em 5 de julho de 1953, neste mesmo dia foi decidido em assembléia o direito de voto às irmãs, a comemoração do Dia de Oração pelo Trabalho, que seria na primeira quarta-feira de novembro e no dia 1º de maio, o Dia de Ação de Graças e deixaria de comemorar o segundo dia de Páscoa, Pentecoste e Natal, uma vez que não era costume no Brasil.

Somente no ano de 1955, a Igreja de Castrolanda passa a ter seu primeiro pastor próprio, o Sr. D. C. Van Lonkhuyzen que foi empossado em janeiro de 1957. Em 1959 inicia-se uma parceria das Igrejas Reformadas da Holanda (IRsH ou GKN), naquele momento, representada por alguns deputados da missão que encaminham a vinda do pastor Frans L. Schalkwijk para auxiliar nos trabalhos missionários das colônias. Com o dinamismo do pastor Schalkwijk, que mantinha uma parceria com a

Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), o trabalho missionário foi ampliado para outros lugares do Estado do Paraná. Devido à falta de obreiros e pastores preparados para assistência religiosa nas colônias, a falta de recursos próprios para o trabalho missionário, esta parceria com a IRsH foi essencial para o desenvolvimento das Igrejas das colônias do Paraná.

No início do ano de 1960 começou a chegar outra leva de imigrantes holandeses para o Paraná. Esse grupo se estabeleceu na região de Arapoti. A maior parte destes imigrantes vinha de igrejas calvinistas. E já em 14 de outubro de 1960, foi organizada a Igreja com 34 membros professos maiores. E mais uma vez e convocado, o pastor W. V. Muller, que serviu esta igreja incipiente por dois anos. Mas, em 1962, efetivam o pastor L. Moesker que, juntamente com sua esposa servem de grande apoio à igreja e a colônia neste período inicial. O povo se reuniu no princípio em uma casa de madeira, sendo substituída por um templo que recebeu ajuda financeira da Holanda. Este templo foi inaugurado em 17 de agosto de 1966. Assim como Carambeí e Castrolanda, Arapoti também passou a fazer parceria com a Missão das Igrejas Reformadas da Holanda para implantar novas congregações.

O pastor Muller, que tinha a função de agregar os grupos de holandeses protestantes que chegavam ao Brasil, mais uma vez atendeu este chamado formando um grupo denominado Círculo Bíblico Holandês, que foi organizado em 16 de maio de 1954, com 16 adultos e 16 crianças. Este grupo veio a se organizar em Igreja em 27 de novembro de 1955, adotando o nome de Igreja Protestante Holandesa, sob o pastorado do Sr. J. C. Houtzagers. Nesta data ainda não tinham templo próprio, sendo realizada a cerimônia na Igreja Anglicana do local.

Todas estas comunidades se uniram no final de 1962, como Igrejas Reformadas do Paraná, sendo o presidente desta reunião o pastor J. J. Oranje. Neste mesmo ano, no dia 30 de julho, em Castrolanda, foi selada a independência das igrejas reformadas no Brasil, com o desligamento da IRA, sob o tema “A Formação de uma só denominação”. Para este fim, foram convidadas as Igrejas, Protestante Holandesa de São Paulo e a Igreja Reformada Libertada de Monte Alegre. O nome escolhido para a nova denominação foi Igreja Evangélica Reformada (IER).

O primeiro Sínodo da IER foi realizado em 21 de janeiro de 1963, sendo estabelecida a Constituição da IER. Eles adotaram a Bíblia Sagrada como regra de fé e prática e como confissões, os Credos Ecumênicos e os três Formulários de Unidade como fiel exposição de doutrina extraída da Escritura Sagrada. Posteriormente, o Sínodo excluiu os Cânones de Dort. A IER resumiu sua crença, publicando-a em seu Site oficial:

A IER tem como finalidade adorar a Deus conforme a Sua Palavra, propagar o Evangelho, promover a educação cristã e obras de caridade, e administrar o seu patrimônio.28

A Igreja Presbiteriana do Brasil cedeu em 1964 por comodato de 50 anos, o Instituto Cristão a IER, ali é criada a Associação das Escolas Reunidas do Instituto Cristão (AERIC). Mais uma vez entra em cena o pastor Muller, que foi encarregado de cuidar do Instituto no princípio.

Em 1965, com intenção de desenvolver um trabalho entre os brasileiros, a Igreja de Carambeí, cria em uma vila próxima, a IER da Vila Nova Holanda, dividindo seu rol de membros, dando liberdade a escolha de cada um, criando duas alas, uma de língua portuguesa e outra holandesa. No dia 20 de março de 1968 ocorreu o primeiro culto e em 21 de agosto de 1977 foi organizada a IER de Vila Nova Holanda com 98 membros professos adultos e em 1990 alcançou autonomia financeira.

No Sínodo de 1971, a IER autorizou que as mulheres ocupassem ofícios na igreja, isto ficou a cargo de cada igreja local. Neste mesmo período já se falava do futuro da IER, se seriam filiados a uma igreja maior nacional ou não.

No ano de 1975 apresentou-se a possibilidade de iniciar um trabalho em Tibagi, contando com a cooperação de jovens casais que se mudaram de Carambeí para Tibagi. Nesta época, não havia nenhuma Igreja Evangélica na cidade. No início, os trabalhos e atos pastorais foram realizados por pastores das IERs e a responsabilidade dos cultos coube a dois membros da Congregação: Cornélio de Geus e Nicolaas Biersteker. O templo foi inaugurado no dia 4 de março de 1979.

No ano de 1981 a IER de Carambeí convidou o pastor Simon Wolfert para pastorear a Congregação. Esta Igreja encaminhou um pedido ao Sínodo para que concedessem autonomia à Congregação e pediram também que todas as IERs assumissem a responsabilidade de acompanhar e apoiar as novas igrejas da IER. A organização da IER de Tibagi aconteceu no dia 26 de fevereiro de 1982. O primeiro seminarista foi o Pr. Auke R. van der Meer, que se formou em 1978, no Seminário

Presbiteriano de Campinas. A seguir foi trabalhar na IPB (mais tarde ele trabalhou alguns anos para a IER).

Em 1979, o pr. Leonardo de Geus Los se formou e pouco tempo depois foi enviado para Holanda, para estudos complementares. Ao voltar, em 1981, foi ordenado pastor, na IER de Carambeí e enviado ao campo missionário do norte pioneiro do Paraná e mais tarde para a região de Pato Branco. Anos depois, em 1991, ele foi nomeado Coordenador da Missão das IERs.

O culto de gratidão pelo jubileu do pastorado do reverendo W. V. Muller foi realizado em 26 de outubro de 1979, em Carambeí. Foram 45 anos que este grande homem dedicou à obra do Senhor, dos quais grande parte nas colônias, tanto na área eclesiástica como na econômica, desde sua ordenação em 1934.

Gradativamente foi aumentando a necessidade do uso da língua portuguesa nas IERs de língua holandesa, principalmente nas atividades com adolescentes e jovens. Mas também nos cultos em português, até então dirigidos por pastores convidados ou pastores holandeses.

Assim a IER de Carambeí-colônia procurou e, em fevereiro de 1986, empossou o primeiro pastor brasileiro, pastor João V. de Lima. Nesta época, a Igreja já contava com 605 membros, professos e batizados. Alguns anos depois, a IER de Castrolanda também viu esta necessidade e o primeiro pastor brasileiro foi empossado em 10 de fevereiro de 1991. Esta IER tinha então um total de 604 membros, professos e batizados. E, em 1996, a IER de Arapoti empossou o primeiro

pastor brasileiro. Então esta Igreja contava um total de 383 membros. Neste ano de 1996, o total de membros das IERs somava: 2.445 membros, professos e batizados.

Em 1995, um grupo de pessoas oriundas de Carambeí estabeleceu-se em Gerais de Balsas, Maranhão. Na reunião do Sínodo foi decido que seriam visitados mensalmente por um pastor das IERs. No ano seguinte, o grupo pediu ajuda na procura de um obreiro e manifestou o desejo de se tornar uma IER. Inicia-se então o processo de instituição e organização da IER de Gerais de Balsas, fato que aconteceu no dia 23 de setembro de 1996. A inauguração do templo foi em 30 de novembro de 1997.

Também no ano de 1995, o Sínodo aprovou a proposta do Departamento da Missão para um trabalho missionário em Curitiba, em parceria com as Igrejas Cristãs Reformadas da Holanda. O pr. Auke van der Meer foi o primeiro pastor missionário. Existia um ponto de partida, pois um grupo de estudantes e alguns membros da IER moravam em Curitiba. Após várias dificuldades nos anos iniciais, procurou-se um local de reuniões no bairro Portão e em oito de março de 1998, foi instituída a Comunidade de Curitiba, com ligação especial com a IER de Castrolanda. Em 10 de junho de 2001 organizaram-se, foi instalado um Conselho e passou a ser Congregação Sinodal IER.29

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