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Caminhada, estilo de vida e qualidade de vida

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

3.1 Caminhada, estilo de vida e qualidade de vida

O ser humano, ao longo de sua existência, foi criando formas de viver que atendessem às suas necessidades básicas de saciar a fome, a sede e estar em segurança. Se nos primórdios de seus mais longínquos antepassados o ser humano habitou as árvores como forma de viver em segurança, ao descer delas e adotar a postura ereta e, como consequência, a caminhada como meio de locomoção, uma mudança significativa ocorreu em suas possibilidades de sobrevivência, pois, com as mãos livres, um novo horizonte se revelou.

Vivendo em bandos - nômades errantes - atrás de alimento e abrigo, aos seres humanos cabia organizar-se em grupos para que a espécie sobrevivesse. Assim, foram estabelecidos padrões de comportamentos mais ou menos inflexíveis e que deveriam ser observados por todos os integrantes do grupo para manutenção de sua coesão. Esta estabilidade, proporcionada pela vida coletiva, promoveu a divisão das tarefas entre os membros, homens e mulheres, cabendo a cada qual a sua especificação (procura e preparo do alimento, proteção do grupo, cuidados gerais, etc), hierarquizando as funções sociais.

Fixando-se em locais de maior abundância de alimentos e água e estipulando fronteiras para caça e coleta de frutos, os grupos humanos passaram a delimitar o espaço terrestre onde habitavam e exploravam, constituindo, assim, seus domínios, seus territórios. Trabalhando coletivamente e formando comunidades independentes ou interdependentes, os humanos estabelecem seus modos de vida, isto é, organizaram sua existência social a partir de um conjunto de práticas específicas e atividades gerais e comuns a todos, para melhor viver.

Esses breves parágrafos sobre as prováveis causas e processos que originaram a organização coletiva da existência do ser humano, fundamentada em Blainey (2011), mostra-nos, em uma dimensão ampliada, que os antigos modos de vida são consequências das necessidades de sobrevivência do homem. Tais necessidades, excetuando-se o elementar a todo ser vivo, divergem em função das condições geográficas dos locais em que o homem habitava o planeta, a sua relação com a

natureza e de acordo com as crenças de cada grupo social. Nômades, a princípio, ou sedentários, posteriormente, fato é que os homens recorreram à caminhada como um elemento preponderante de seus modos de viver coletivamente.

Para Crozier (apud GUERRA, 1993), falar de modos de vida é relacionar os indivíduos ao sistema social que eles constroem, vivem em seu interior e reproduzem, mesmo que a lógica dessa organização não esteja diretamente relacionada à racionalidade ou intencionalidade desses indivíduos. Assim, a estrutura de vida cotidiana construída pelo homem – essa organização sistemática das formas de existência social – constitui-se de um envolvimento coletivo que determina, ainda que provisoriamente, os modos de vida de uma sociedade, onde a unificação dos indivíduos ocorre por meio de suas práticas e atividades individuais ou em comum.

Da maneira como evoluíram o engenho e a indústria do homem pela sua inventividade, também os modos de vida avançaram e se desenvolveram, mudaram de estágios ou transformaram-se e progrediram conforme as condições gerais de existência se apresentavam como favoráveis ou não à sobrevivência. E, assim, o ato de caminhar foi, concomitantemente, alterando seus sentidos, seus significados e seus usos pelo indivíduo e pelos grupos sociais.

As condições gerais de existência, conforme Possas (1989) dizem respeito às condições materiais de vida, ou seja, os meios necessários à subsistência e que estão relacionados às condições do meio ambiente, aos recursos e reservas naturais, à questão da condição de vida como um todo (incluindo conflitos sociais, disputas entre os membros, guerras entre tribos, invasões estrangeiras, etc.). São tais condições que caracterizam os modos de vida de um grupo social e determinam sua perpetuação, transformação ou extinção.

Os modos de vida moderno-contemporâneos emergiram de um contexto econômico capitalista, principalmente a partir do século XIX, conforme nos esclarece Hobsbawn (2009). Com a derrocada política e econômica da aristocracia, antigos comerciantes que prestavam serviços aos reis e, por via de circunstâncias, aumentaram suas posses, enriqueceram e se tornaram figuras tão importantes na sociedade a ponto de serem agraciados com títulos de nobreza – duques, barões e viscondes – e, levados pelo ideal das grandes empreitadas geradoras de lucro que era o ideal de uma nova visão de mundo, continuaram a explorar o trabalho alheio (não mais com

a escravidão, porém, a partir de então, com a mão-de-obra operária), tomando de assalto o cenário social e estabelecendo as novas regras do jogo.

O pequeno grupo de investidores de capital denominados de burgueses, então, impõe à sociedade novos padrões de comportamento, novas condutas coletivas, rompem com antigas tradições e, distanciando-se da vida cotidiana e das tradições da cultura popular ao qual também faziam parte, apropriam-se, definitivamente, de estilos de vida que se caracterizavam pelo gosto ao luxo, pelo conforto além do útil e por modos refinados de se apresentar em público, típicos das antigas nobrezas e aristocracias. Acrescente-se a isso o apreço ao conhecimento erudito como forma de distinção social. Para esta classe emergente, tudo o que era vulgar, ou seja, tudo o que caracterizava a camada social por eles considerada como inferior, foi posto de lado, desprezado ou, conforme o interesse, apropriado e transformado para o seu uso peculiar (HOBSBAWN, 2009).

A caminhada, elemento comum a todos os homens e integrada ao cotidiano como meio de locomoção e transporte ao longo da existência humana, deste modo, foi sofrendo alterações em seus usos, sentidos e significados devido às apropriações, particularidades e interesses de uma camada social abastada e que se considerava culta e refinada em suas preferências. Repudiada pela alta sociedade em sua vertente utilitária associada ao esforço físico, suor e trabalho e, entretanto, agraciada pelos membros dessa mesma camada como uma atividade contemplativa e prazerosa, a partir de sua versão erudita, clássica e romântica.

A despeito das apropriações filosóficas, românticas ou conspícuas, contudo, o ser humano, até os dias atuais, continua a servir-se da caminhada conforme seu propósito primitivo, ou seja, como meio de locomoção e transporte e, ainda mais, justamente para sobreviver (caminhar por longas distâncias em busca de água e alimentos), e isto, sobretudo, por uma parcela significativa da população mundial, principalmente em inúmeras regiões da África, da Ásia, da América Latina e em outros tantos lugares. Deve-se lembrar de que, para estas pessoas, caminhar ainda é o único recurso disponível para manter a esperança de se continuar a viver33.

33 Cf. Miles de somalíes se desplazan en busca de alimento y agua. Noticiário da Tele SUR.

Para a caminhada alcançar um patamar de compreensão para além de seu utilitarismo banal, isto é, transcender sua condição de atividade genérica do ser humano, portanto, se fez necessário ao indivíduo o afastar-se do cotidiano, ou seja, não se deixar levar pela rotina e monotonia que o caracterizam. A vida cotidiana, conforme nos esclarece Heller (2008), é o espaço/tempo em que o ser humano participa por inteiro do mundo social, isto é, ele dispõe amplamente do seu aparato intelectual, emocional e de suas habilidades manipulativas em favor das metas comuns a todos e que dão sentido ao dia-a-dia. Por doar-se por inteiro às tarefas elementares do cotidiano, o indivíduo deixa de perceber detalhes e possibilidades que poderiam lhe acrescentar novas perspectivas em relação àquilo que faz costumeiramente.

É, pois, na cotidianidade, conforme Heller (2008), que se revelam as particularidades dos modos de vida (ou seja, a assimilação da realidade social dada que se faz por meio da educação e da cultura), porém, nela não se expressam as singularidades do indivíduo. Segundo a referência citada, para o indivíduo manifestar aquilo que lhe é próprio (isto é, suas singularidades), ele precisa superar a cotidianidade, ou seja, ir além das normas e das particularidades dos modos de viver que regulam rigorosamente o fluxo da vida social. Disso decorre, por exemplo, que para o indivíduo imerso no cotidiano, a caminhada possa ser compreendida a partir de um determinado tipo de uso social (conforme um costume, uma ideologia), porém, não de outro.

Berger e Luckmann (2009) consideram que a vida cotidiana expressa uma atitude natural e comum a todo indivíduo que nela está imerso. Ou seja, para todo indivíduo que partilha um mundo comum com outros indivíduos,

A realidade da vida cotidiana é admitida como sendo a realidade. Não requer maior verificação, que se estenda além de sua simples presença. Está simplesmente aí, como facticidade evidente por si mesma e compulsória. Sei que é real. Embora seja capaz de empenhar-me em dúvida a respeito da realidade dela, sou obrigado a suspender esta dúvida ao existir rotineiramente na vida cotidiana. Esta suspensão da dúvida é tão firme que para abandoná-la, como poderia desejar fazer, por exemplo, na contemplação teórica ou religiosa, tenho de realizar uma extrema transição. O mundo da vida cotidiana proclama-se a si mesmo e quando quero contestar essa proclamação tenho de fazer um deliberado esforço, nada fácil (BERGER; LUCKMANN, 2009, p. 41).

Para superar a monotonia da vida cotidiana e alcançar novos patamares de compreensão de uma generalidade, portanto, há de se considerar o esforço do indivíduo para romper com tudo o que é fixo no cotidiano e que o caracteriza, e mesmo, perpetua os modos de vida. Assim, quando surgem tensões no cotidiano entre as particularidades do mundo social (por exemplo, os costumes, as tradições) e as necessidades do indivíduo (suas aspirações, convicções, sua singularidade), a cotidianidade estremece e rupturas podem ocorrer. São esses conflitos capazes de elevar a consciência do indivíduo acima da norma social, proporcionando-lhe o alcance de um novo entendimento sobre aspectos de sua existência e da própria sociedade ao qual faz parte.

Heller (2008) entende que o alcance desse nível de compreensão acima da norma social – gerado pelas tensões e conflitos entre o indivíduo e o social – ocorre pelo rompimento com o particular que caracteriza o social e, ao mesmo tempo, pela conscientização do humano-genérico, isto é, por alcançar um entendimento além da norma e do comum sobre aquilo que caracteriza as generalidades do indivíduo enquanto ser humano.

Assim, ao ser capaz de dar outro sentido, que não aquele do cotidiano, às coisas que são próprias da humanidade – como caminhar, por exemplo – o indivíduo escapa ao controle do cotidiano e, então, consegue expressar a sua singularidade por intermédio de uma atividade que é genérica ao ser humano. Daí os diversos sentidos, significados e usos que se conferiram à caminhada, como: atividade contemplativa e reflexiva, expressão de fé religiosa, atividade física para se viver melhor. Entendemos que é nesse ponto que a caminhada deixa de ser apenas um elemento de um modo de vida (isto é, escapa ao controle das manifestações sociais comuns ao cotidiano) para ser atrelada à esfera dos estilos de vida (ou seja, a expressão de uma individualidade ou particularidade de um grupo social).

Os indivíduos que se reúnem para caminhar, sem preocupações ou obrigações sociais e familiares ou de ordem técnica, e que fazem isso por apreço individual e satisfação pessoal, de certo modo conseguem superar o sentido banal e a orientação inflexível que a vida cotidiana impõe a todos. Para eles, caminhar é algo além do esforço físico, embora este sempre se faça presente; não é tão somente uma atividade física que exige conhecimentos específicos e orientações de especialistas para ser realizada, mas algo para ser feito de modo espontâneo, livre.

Ela deve encarnar valores e atitudes que expressam o que é próprio desse indivíduo.

Então, como apontado por Simmel (apud WAIZBORT, 2000), as atitudes de um indivíduo e o seu jeito de ser, somente serão considerados como representativos de um estilo de vida quando vivenciados como uma condição inerente ao desenvolvimento pessoal, isto é, por meio de uma apropriação subjetiva do legado cultural da humanidade. A caminhada, neste contexto, para estar na conta de um elemento característico de um estilo de vida, deve ser capaz de provocar mudanças de atitude no indivíduo e influenciar suas condutas. Ainda mais, a superação do caráter convencional dado às atividades humanas, deve promover um entendimento mais apurado do que seja o ato de caminhar, transcendendo o que é comum, o cotidiano e a norma. Assim, mesmo que o indivíduo adote a caminhada como forma elementar de locomoção no seu cotidiano (o ato comum), isto pode ser consequência de uma mudança de atitude e reflexo de uma nova conduta pessoal que sinalize seu estilo de vida.

Caminhar por 20-25 km sem as pretensões que o modo de vida capitalista determina aos indivíduos pode ser uma maneira de contestar ou interromper a continuidade da monotonia implacável do cotidiano – uma quebra das ações rotineiras que caracterizam o dia-a-dia – constituindo-se em um esforço deliberado para incorporar, ao próprio cotidiano (pois a ele sempre se retorna), um novo conhecimento e uma nova realidade adquirida por meio de novas experiências que trazem outros sentidos e significados a existência.

Se o estilo de vida representa uma determinada maneira de viver, social e culturalmente, cujas atitudes reverberam no padrão alimentar, no gasto diário de energia e nos hábitos cotidiano (POSSAS, 1989) ou é "o modo pessoal pelo qual cada indivíduo planeja sua vida cotidiana", destacando que as atividades de livre iniciativa ocupam um lugar de destaque na realização do ideal de qualidade de vida (GAELZER, 1979, p.51), a incorporação da prática da caminhada na rotina dos indivíduos constitui-se expressão de um determinado estilo de vida. A caminhada, assim, pode estar associada a um estilo de vida ativo que, como atividade de lazer terá como finalidade a melhora da qualidade de vida.

A adoção de um estilo de vida ativo geralmente é uma consequência das motivações pessoais, isto é, de um conjunto de atitudes e comportamentos perante

a vida e que forma um “(...) sistema mais ou menos duradouro de valorização positiva ou negativa, composta de conhecimento, emoção e tendências a atuar pró ou contra a respeito de um objetivo social” (GAELZER, 1979, p.113). Adotar a caminhada como concretização do estilo de vida ativo, portanto, é uma escolha pessoal, conforme as limitações impostas pelo universo cultural e socioeconômico de cada um.

As motivações pessoais, conforme aponta Teles (1997) podem ser geradas por necessidades próprias relacionadas a algum tipo de ruptura com o equilíbrio dinâmico que dá sustentação ao indivíduo em seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais. A partir de um abalo estrutural nessa dinâmica biopsicossocial, o indivíduo fica exposto aos conflitos e tensões internos e externos, o que provoca uma ação ou comportamento em direção a suprir as insatisfações individuais e sociais geradas por tal ruptura.

Ao optar por um estilo de vida ativo, portanto, o indivíduo se vê frente a escolhas pessoais e sociais, que dizem respeito tanto às suas experiências de vida anteriores (segurança pessoal, sobrevivência) quanto às possibilidades de experiências posteriores (desenvolvimento pessoal, expansão do conhecimento) e que gerem satisfação e alegria em viver.

As singularidades individuais, entretanto, acabam determinando motivos diferentes para a realização de práticas semelhantes. Ou seja, no caso da caminhada, nem todos que caminham o fazem pelas mesmas motivações pessoais. Assim, as ações dos indivíduos no sentido de estabelecer um estilo de vida que mais tem a ver com as suas experiências de vida e possibilidades de vivências futuras são perpassadas pela razão e pela sensibilidade e isto conduz para situações distintas que tanto podem reproduzir os estilos de vida que estão na moda ou a eles oferecer resistência (TELES, 1997).

O estilo de vida ativo, assim, pode ser decorrente tanto de uma atitude genuína em querer viver bem de fato, isto aqui entendido como uma intencionalidade que se dá pela conscientização de uma maneira mais simples e natural de viver, bem como por comportamentos induzidos pelos padrões comerciais e midiáticos de consumo ditos saudáveis. Tal relação evidencia-se quando os indivíduos adotam a caminhada exclusivamente como exercício físico e unicamente como meio para melhora da

estética corporal, e não se atentam para outros fatores decorrentes e que lhe proporcionariam benefícios mais duradouros.

No contexto da sociedade contemporânea, onde os valores de mercado invadem quase todas as esferas da vida social e tudo se transforma em potencial para consumo, conforme assinala Sandel (2012), somente por uma atitude crítico- reflexiva perante o mundo social e pela sensibilidade humana diante da existência é que o indivíduo poderá adotar um estilo de vida ativo com consciência, ou seja, agir em direção a uma perspectiva de vida saudável, tanto para si quanto para o meio em que vive.

Ao assumir o compromisso de um estilo de vida ativo o indivíduo irá buscar nas práticas socioculturais as formas de expressão que satisfaçam suas necessidades motivacionais de preservação da existência, de satisfação e alegria, de desenvolvimento enquanto ser humano. De acordo com Dumazedier (1973), as atitudes do indivíduo evidenciam suas opções e seu compromisso com um estilo de vida ativo, e isso tem a ver com a escolha do tipo de atividade que será realizada durante o seu tempo livre e na convivência social. É neste sentido que a prática da caminhada expressa os valores, as crenças e as atitudes do indivíduo e que remetem ao seu próprio estilo de vida ativo.

O esporte e a atividade física, a princípio como promotores da educação e do higienismo, passaram a constituir-se nas molas mestras que impulsionam o ser humano em direção à aderência e manutenção de estilos de vida cuja finalidade é o alcance de uma qualidade de vida que expresse o viver bem individual e social. Foi principalmente a partir da década de 1970, nos Estados Unidos, sobretudo com o advento do jogging e a contribuição decisiva do Dr. Kenneth Cooper, notório pelo “teste de Cooper” tão conhecido nas aulas de Educação Física no Brasil, que as atividades físicas ditas “aeróbicas”, como a caminhada, alcançaram índices surpreendentes de adesão e expansão. Assim, a prática regular da atividade física, e com ela a caminhada, consolidou-se definitivamente no mundo contemporâneo como elemento indispensável ao lazer, condicionamento físico, saúde e qualidade de vida (GUISELINI, 2006).

Esse ideal do bem-estar físico inculcou hábitos saudáveis na população que passou a recorrer aos parques para caminhar e fazer atividades físicas diversas.

Atualmente, além das praças e parques, também são utilizadas para caminhadas as ruas e avenidas. E o indivíduo urbano, insatisfeito com os modos de vida da cidade, vai buscar no campo, nas montanhas, nas praias e nas áreas rurais novos lugares para concretizar suas necessidades de viver bem.

O boom da atividade física dos anos 1980/90 provocou o avanço do conhecimento específico sobre o tema. Inúmeras pesquisas em ciências da saúde promoveram as bases fisiológicas em que se fundamentam os benefícios da prática da caminhada, como aqueles relacionados à melhora da condição cardiorrespiratória e muscular, e que são responsáveis pela redução do peso corporal, pelo combate às dislipidemias, pelo controle da glicemia e, dentre outros, que proporcionam maior disposição física e emocional aos indivíduos (GUISELINI, 2006).

Ao atrelar estilo de vida à qualidade de vida, contudo, algumas considerações devem ser feitas, pois não se trata de algo tão óbvio. A qualidade de vida não se associa única e diretamente à prática de atividades físicas e esportivas ou ao estilo de vida. Trata-se de

a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano; (...) satisfação, realização pessoal, qualidade dos relacionamentos, opções de lazer, acesso a eventos culturais, percepção de bem-estar geral e outros (NAHAS, 2001, p.5-6)

Muitos, assim, são os fatores que determinam e delimita a questão da qualidade de vida, aos quais se incluem tanto os ditos objetivos (condições materiais de existência), como os subjetivos (autoestima, autoimagem, estilo de vida), estes últimos decorrentes das representações de mundo de cada indivíduo e reflexos de sua identidade cultural que orientam o seu sentir-pensar-agir em direção às realizações pessoais e sociais, responsáveis por promover um estado de satisfação e alegria com a própria existência.

Qualidade de vida, assim, é tema complexo, pois suas definições, conceitos e princípios transitam na esfera dos domínios da subjetividade e da objetividade.

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