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2.2 A caminhada e seus usos culturais e sociais no Brasil

2.2.3 Peregrinações e procissões

Caminhar talvez seja a vocação do cristão católico. Há de se considerar que o líder espiritual dessa tradição religiosa, Jesus Cristo, ‘caminhou quarenta dias pelo deserto’ como parte de sua provação pessoal, além de ‘caminhar sobre as águas’ para resgatar Pedro, um de seus seguidores, que soçobrava ante as furiosas ondas. Assim, culturalmente, para o cristão – o católico de tradição – caminhar é um gesto que prova a sua fé e atesta a sua devoção.

A caminhada, como um gesto de penitência ou devoção, deve-se ao ato da peregrinação. Peregrinar é uma prática tão antiga quanto à própria existência do ser humano e significa, etimologicamente, “andar pelos campos”, evocando a marcha, o caminho a seguir em busca de algo sagrado. É o entrelaçamento do esforço físico com a introspecção que proporcionam o alcance de uma nova compreensão de si e do mundo, um processo ritual que confere sentido a quem caminha (CARNEIRO; STEIL, 2008).

O rito da peregrinação refere-se ao transcurso que se faz por um caminho até um lugar significativo a quem a ele se destina. O caminho é um vestígio deixado por alguém. Ele é um signo que indica acontecimentos naturais, um sinal gravado para posteriores reconhecimentos. O caminho é o precursor de uma possível

comunicação com o sagrado, portador de significados e origem de significações. Mais que um caminho, entretanto, o trajeto do peregrino é uma rota, isto é, um traçado feito por alguém, dotado de sentido e seguido por outros (Rykwert, 1987 apud TIBERGHIEN, 2012).

Carregado de valor simbólico, o caminho é capaz de assegurar e conservar o sentimento de comunhão e unidade, o transcurso onde as relações do visível com o invisível e do passado com o futuro são celebradas em uma percepção da existência comum a todo ser humano. Ele é a promessa da libertação das angústias da existência.

Na Idade Média, o peregrino era uma figura oficial, concreta, jurídica. Ele era um personagem público, com seu bordão, seu alforje, sua túnica e chapéu de abas largas. Carregava um salvo-conduto, entregue por um bispo ou pároco após a cerimônia de consagração, que lhe supunha a proteção durante a longa jornada. O cerimonial de consagração e despedida representava uma espécie de morte do indivíduo, pois após a partida, não havia qualquer garantia de retorno para casa, dada a longa jornada e os riscos a enfrentar. Devoção, fidelidade e expiação dos pecados eram os motivos que empurravam o peregrino para a estrada (GROS, 2010).

O peregrino que emerge no mundo medieval é aquele que Santo Agostinho definiu como o ‘caminhante através dos tempos’, pois a verdadeira pátria do cristão é o ‘Reino de Deus’, é a eternidade. Esse peregrino não tem lugar no mundo em que habitamos, pois estar em um lugar significava “no moverse, hacer lo que el lugar

requería que se hiciese” (BAUMAN, 2003, p. 44). Todos os cristãos, na concepção

agostiniana, eram peregrinos, pois caminhavam sempre em busca de um lugar para além do conhecido, além do terreno.

O peregrino cristão deveria encaminhar-se ao e caminhar pelo deserto para despojar-se de sua identidade social, sua personalidade, tornar-se um anônimo, pois somente nessa condição algo extraordinário aconteceria: ele ouviria a voz do silêncio, o chamado para a contemplação do divino e da transformação do ser. Essa caminhada representava a liberdade primitiva e essencial, o percurso no qual um passo é dado de cada vez em direção ao eterno. Necessário se fazia perder-se, para encontrar-se (BAUMAN, 2003).

A peregrinação, institucionalizada pela Igreja, consistia na reparação daqueles que, banidos do seu meio por terem cometido alguma transgressão, deviam viajar a pé por longos caminhos a lugares distantes reconhecidos pela Igreja como sagrados e como forma de penitência. Tanto poderia partir de uma intenção do sujeito, quanto de uma imposição institucional, principalmente, pois era a Igreja o poder supremo de então, quem ditava as regras ao peregrino e indicava-lhe para quais lugares ele deveria seguir. Poucos se aventuravam para além dos limites do mundo já conhecido e a jornada nunca se dirigia para pontos de origem distantes das antigas civilizações (como o Oriente Médio); caminhava-se rumo aos antigos lugares (Jerusalém, Roma e seus ícones), em busca de antigas certezas (revelações celestes e salvações espirituais).

Assim, nos séculos III e IV da Era Cristã, tornou-se comum o hábito das visitações a eremitérios, mosteiros, conventos, igrejas e santuários para obter benção, conselho ou milagre dos ‘servos de Deus’ ou pelas relíquias dos santos católicos. Essas longas jornadas a pé, contudo, com o passar do tempo, foram atraindo os olhares de comerciantes e aventureiros que, seja por motivos religiosos ou não, passaram a aglomerar-se em torno desses lugares sacralizados, promovendo uma ampliação do alcance do fenômeno capaz de englobar devoção, cultura e prazer. Talvez isso tenha sido em decorrência de uma ideia composta por idealismo religioso (a salvação da Terra Santa), o desejo de aventura (uma busca por melhores condições de existência em um lugar distante) e ambição desmedida (as Cruzadas e o resgate do Santo Sepulcro das mãos dos muçulmanos) (URRY, 1999).

Santiago de Compostela foi um desses lugares de visitação. Conta-se que, ali, estariam depositados os restos mortais do apóstolo Tiago. As peregrinações a Compostela remetem ao século XI (1078), sendo que o caminho, composto por diversas rotas, foi considerado, em 1985, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, como Patrimônio Cultural da Humanidade. Para lá, anualmente, seguem milhares de fiéis, percorrendo centenas ou milhares de quilômetros, seja por questões de fé ou turismo11.

11 Cf. Caminho de Santiago: início e auge das peregrinações. Disponível em:

O Brasil também dispõe de inúmeras rotas de peregrinações, para atender aos adeptos das longas jornadas a pé, dentre eles, o Caminho da Fé, Passos de Anchieta, Caminho do Sol, Caminho da Luz, das Missões, para citar apenas alguns. O Caminho da Fé proporciona a visitação ao Santuário Nacional de Aparecida, localizado no município de Aparecida (SP). O percurso corta fazendas, sítios e municípios espalhados pela Serra da Mantiqueira, entre São Paulo e Minas Gerais. A distância de origem é de 310 km, todo sinalizado com setas amarelas, e foi inaugurado em 11/02/2003, partindo de Águas da Prata/SP. Entretanto, os peregrinos mais fervorosos e dispostos a caminhar, iniciam a jornada em Tambaú/SP12. O traçado do percurso, contudo, encontra-se em aberto, possibilitando que demais municípios interessados, façam parte do projeto (CAMINHO DA FÉ).

Provocar a reflexão e interiorização, esta é a proposta das rotas de peregrinação, como o Caminho da Fé. Assim, seguindo as setas amarelas, o peregrino vai reforçando sua fé, contemplando a Natureza e superando as dificuldades do Caminho, que se faz síntese da própria vida. O peregrino é orientado a levar consigo uma mochila com o mínimo de pertences que lhe sejam necessários para a travessia. Esta pode ser realizada de modo contínuo (observando-se as paradas nas pousadas credenciadas para descanso e carimbo do passaporte, que é o seu certificado de conclusão do trajeto) ou em etapas alternadas, a critério de cada caminhante.

O cajado é o objeto de maior valor para o caminhante da fé. Feito de vara de bambu especialmente cortada para o uso proposto, ele representa apoio contra o cansaço, proteção contra possíveis ataques de animais e, em poucos dias, torna-se uma extensão do próprio corpo do viajante. Trata-se de um objeto que acompanha o sacrifício do peregrino desde o começo de sua longa jornada até ao final, onde será depositado, como uma oferenda, em uma sala específica da Basílica de Aparecida. Ele é o companheiro inseparável do caminhante, o símbolo do triunfo da fé sobre as

12 Possibilitando a ligação entre dois santuários religiosos paulistas, o roteiro considerado completo

tem como ponto de início o município de Tambaú (SP), localidade onde jazem os restos mortais do Padre Donizetti Tavares de Lima, em processo de beatificação no Vaticano desde 2009 e que, segundo inúmeros testemunhos de fiéis, seria responsável por milhares de milagres (Cf. http://www.padredonizetti.com.br. Acesso em: 05 Ago. 2013).

limitações físicas e emocionais com as quais o peregrino se deparou ao longo trajeto.

A obra “Andança”, que trata sobre a trajetória de um peregrino no Caminho da Fé, explicita um pouco dessa realidade. O enredo é o relato da aventura de um funcionário público, habitante de uma grande capital brasileira, que parte, solitário, nesta travessia: as surpresas diante de variados acontecimentos, o encontro com pessoas típicas dos lugares visitados, a descoberta de coisas simples que o fazem pensar sobre a sua vida. O motivo que conduziu esse peregrino não é a fé religiosa: ele pretende fazer dessa caminhada uma fuga ao estressante convívio familiar e urbano. No trajeto, o peregrino faz uma retrospectiva da sua existência, relembrando a sua infância modesta no interior de Minas Gerais e, principalmente, busca soluções para o conflito entre gerações, isto é, entre ele e sua filha adolescente. Sua caminhada é um ritual de purificação interior (CASTRO, 2005).

Para demonstrar fé ou religiosidade, no entanto, não se precisa caminhar tanto, ir tão longe, peregrinar por plagas distantes. Embora diferente em seus propósitos, as procissões religiosas cumprem com funções rituais bem marcadas. Originadas talvez no antigo Egito, nas celebrações à deusa Isis, as procissões foram apropriadas pela Igreja Católica que fizeram delas muito mais que instrumento religioso, mas uma forma de exercer coerção social (CORREA, 2010).

Em muitas cidades brasileiras, ainda podemos observar a tradição de se realizar, em datas específicas do calendário religioso, eventos comemorativos que simbolizam a fé e os dogmas católicos. O Domingo de Ramos, a procissão do Senhor Morto e o

Corpus Christi são exemplos dessa tradição onde a caminhada é o elemento

fundamental para a sua realização.

A procissão religiosa é um tipo de evento social onde pessoas se reúnem para caminhar de um modo formal e ritual. É um caminhar solene pelas ruas com o intuito de espalhar as bênçãos que a fé cristã propicia, acompanhado com o entoar de cânticos, orações e a imagem de um santo de devoção. Reza a crença que o local por onde passa o cortejo religioso se torna abençoado, assim como aqueles que dele tomam parte (VILHENA, 2005).

Nas procissões religiosas, portanto, as pessoas caminham pelas ruas por um trajeto determinado que, geralmente, encontra-se preparado – por meio de enfeites e

símbolos característicos – para recebê-las na expressão de sua fé. Elas também representam uma ocasião de encontro entre as pessoas dos mais variados níveis sociais, mas que, todavia, partilham dos mesmos costumes, tradições e crenças religiosas. A procissão, portanto, é um evento social agregador onde qualquer pessoa, disposta a caminhar, poderá participar.

Alguns desses eventos tornaram-se atrações turísticas, tanto devido ao investimento financeiro, quanto ao apelo à tradição religiosa, talvez os requisitos mais relevantes que os colocam como um grande negócio. Como exemplo disso, temos a procissão de Corpus Christi realizada na cidade de Matão/SP, onde a tradição de enfeitar as ruas é de tamanha expressão e beleza que grande público comparece anualmente ao evento.

A procissão religiosa é uma prática tradicional em nosso país. Os relatos sobre os modos de vida dos primeiros habitantes do povoado indicam que seus principais moradores viviam nas roças das imediações do vilarejo e voltavam à Vila apenas em algumas ocasiões, como para frequentarem as missas aos domingos ou em dias de comemorações religiosas.

Apesar dos inúmeros becos sem-saídas e caminhos tortuosos que passavam pelos fundos de quintais, das condições físicas precárias das vias públicas e o perigo que representavam aos pedestres mais incautos, a procissão era um elemento fundamental da vida social, considerada como “o que dava brilho ou ruído de festas às ruas das antigas cidades do Brasil: a religião. A religião dos pretos com suas danças, e dos brancos com suas procissões, suas Semanas Santas” (FREYRE, p. 43, 1968).

Para os primeiros habitantes do povoado paulistano, participar das procissões agendadas13 era algo obrigatório a todos os moradores. No tempo da colônia, a Companhia de Jesus e a presença de outras associações religiosas com suas cerimônias características e símbolos da tradição católica, dominavam o cenário

13 As principais procissões setecentistas, ordenadas pelo poder clerical e confirmada pela Câmara

Municipal, eram: Corpus Christi, a visitação de Nossa Senhora, a do Anjo Custódio e a de São Sebastião, que se constituíam no momento supremo das atividades religiosas do núcleo urbano e que para ele atraíam, em suas ruas e pátios, um grande número de fazendeiros, sitiantes, roceiros e todas as autoridades seculares e clericais, além da população geral do povoado. Além desses, outros cortejos eram celebrados com muita pompa, como a procissão do Senhor dos Passos (escalas em oratórios ou ‘passos’, que eram aberturas murais resguardadas por portais, abertos somente em dia de procissão), a procissão do Enterro e a procissão de São Jorge. As duas últimas exibiam personagens performáticos e cadência quase carnavalesca (BRUNO, 1953).

cultural do povoado. Os mosteiros de São Bento, do Carmo e de São Francisco e as inúmeras ordens religiosas14 existentes encarnavam a influência predominante da religiosidade cristã no cotidiano dos moradores. E era por meio das procissões que a preponderância religiosa fazia sentir sua presença marcante na vida social e cultural da Vila de Piratininga.

As procissões nos anos de 1500 a 1700 eram abertas a participação de todos, desde os colonos portugueses aos índios, mamelucos e escravos negros. A sua obrigatoriedade talvez resida no fato de que era o único meio possível, naquele momento histórico, de agregar os indivíduos para a realização de uma atividade coletiva, dado que, naquela época, os paulistas tinham a característica de viver isolados e não muito afeitos às interações sociais.

Assim, as procissões e festejos religiosos eram o “que faziam com que os moradores mais importantes de São Paulo – em sua maioria residentes nas suas fazendas e nos seus sítios, às vezes a muitas léguas de distância do núcleo urbano – se reunissem aos demais, na vila” (BRUNO, p.367, 1953). De certa forma era um artifício para manter a coesão de hábitos e costumes àquela coletividade, servindo este simbolismo religioso como elemento de socialização.

Além de ocasião para expressar o sentimento religioso e agregar, as procissões também eram a oportunidade de demonstração da magnificência da pompa cerimonial católica que “com seu ruído, suas cores, seu aparato – (...) exprimiram de modo mais vivo a religiosidade de que estava impregnada a existência dos moradores da vila” (BRUNO, p. 366, 1953).

Juntamente ao périplo cristão, aconteciam as mascaradas, onde participavam índios e mamelucos com suas festas particulares, ainda que, combatidas pelas autoridades municipais que receavam por insurreições, não as proibiam completamente. No mais, “as festas de pátio de igreja e as procissões de rua, toraram-se também ocasião de namôro” (FREYRE, p.44, 1968), dentre outras possibilidades. Assim, as

procissões e seus festejos comemorativos, proporcionavam, por meio da caminhada, um momento quase único de diversão aos moradores de São Paulo.

14 As Ordens Religiosas, que gozavam de enorme prestígio popular, eram as dos jesuítas, dos

Com a criação do bispado de São Paulo em 1746, a Sé paulistana tornou ainda mais esplendoroso o culto divino manifestado pela caminhada ritual, e ainda mais sagrado a igreja e o convento15. Nos dias que antecediam a data festiva, era comum – ordenação seiscentista do poder público – aos moradores carpir e limpar as ruas, pois “a erva que havia pelas ruas e arvoredos que cresciam à vontade em volta das casas, em seus arrabaldes”, e cuja quantidade de espinhos e cardos enchiam as vias públicas, tornavam impraticável a marcha solene (BRUNO, p.156, 1953).

As procissões, que arrastavam às ruas quase toda a população paulistana, começaram a dar sinais de falta interesse no momento em que os próprios mosteiros e conventos decaem de suas primitivas influências na vida social. A tradição de atapetar as ruas com folhas de laranjeiras e enfeitar as janelas das casas com toalhas ricas e colchas de damasco foi, então, se perdendo lentamente ao longo do processo de crescimento urbano e econômico da cidade, assim como o privilégio de morar nas ruas por onde as procissões passavam, fato que valorizava até mesmo as casas desses endereços16.

As procissões e os modos de viver ligados à intensa religiosidade cotidiana foram perdendo a sua importância, do ponto de vista social, a partir do século XIX, principalmente entre os anos de 1828-1872, quando a presença constante de estudantes do Curso Jurídico começou a dar uma nova aparência ao núcleo urbano. As atividades intelectuais exerceram influência decisiva para a alteração da vida social paulistana, pois os estudantes – ainda que se constituíssem uma população flutuante, transitória e à parte das tradições – com seus estilos de vida modernos e sem muita responsabilidade, causavam alvoroço entre os antigos moradores.

Mas, embora seus estilos de vida tenham causado estranheza e perplexidade, pode- se dizer que em muito contribuíram para a instauração gradual e progressiva de novos hábitos e costumes que propiciaram o advento de novos tempos. A possibilidade de contato com livros e o desenvolvimento das tipografias

15

“Bastava que um criminoso se agarrasse à chave da porta de um templo ou de um convento para que não pudesse ser prêso ali” (Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo, XVIII, P. 156 In: BRUNO, p. 372, 1953).

16 Segundo Antonio Egídio Martins, citado por Bruno (p. 774, 1953), o trajeto das principais

procissões seguia o seguinte roteiro: saída da Sé, rua do Carmo, pátio e travessa do Colégio São Bento, rua da Imperatriz, largo do Rosário, rua da Boa Vista, largo de São Bento, ruas de São Bento e Direita e retorno à Sé. Além da devoção religiosa que animava os caminhantes da marcha solene, havia o prestígio que esses eventos proporcionavam pela força da tradição quando a participação no cortejo era obrigatória – sujeita à multa aos faltosos – e que remontava aos tempos coloniais.

proporcionou, além da impressão de obras de autoria de alunos e professores da Academia de Direito, a publicação e circulação diária dos primeiros jornais (BRUNO, 1953).

Entre os anos de 1860-1870, era notória a decadência das procissões17, tanto pelo seu sentido religioso, quanto pela diversão coletiva proporcionada pelas caminhadas nas ruas de São Paulo. Aos poucos, as tradicionais figuras do Faricocco – personagem travestido de morte e que caminhava à frente do cortejo, carregando um chicote e investindo, em evoluções, contra a molecada que o atacava com pedras; e do Centurião Romano, “um sujeito agigantado” (...) “de um modo irrisório, pelo exagero com que marchava, dando longas pernadas, gingando com o corpo e batendo bravamente no chão com o cabo da lança” (BRUNO, p.381, 1953), foram, talvez se perdendo na memória dos paulistanos, porém, as procissões religiosas ainda permanecem arraigadas na tradição cultural do catolicismo popular18.

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