• Nenhum resultado encontrado

CARACTERÍSTICAS MAGNITUDES

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 44-47)

PROPOSTA TÉCNICA DE SANEAMENTO BÁSICO PARA O MUNICÍPIO DE URUCUIA (MG)

CARACTERÍSTICAS MAGNITUDES

Geração per capita de resíduos domiciliares (kg/h.d) 1,605

Matéria Orgânica 50,21%

Recicláveis 28,22%

Rejeito 21,57%

Geração resíduos de limpeza urbana em 2020 (tn) 1.078,28 Cobertura Coleta Seletiva (2020) 10,00%

Cobertura Compostagem (2020) 17,50%

Fonte: Autoria própria

A terceira fase do estudo consistiu na determinação das áreas para o tratamento das águas residuais e a disposição final dos resíduos sólidos. Como atualmente a ETA é administrada pela COPASA MG e é ela quem é responsável pela operação e tratamento dos resíduos gerados, este serviço foi desconsiderado no cálculo do presente estudo. De acordo com Von Sperling (2005), ABETRE (2007), Vital, Pinto e Ingouville (2014) e ABRELPE(2015), foram calculadas as áreas e custos aproximados para a aquisição de bens (CAPEX) e custos operacionais (OPEX) da Estação de tratamento de esgoto (ETE) e o aterro sanitário (ATS).

Na quarta e última fase do estudo houve a proposição de uma estrutura de gestão da água, esgoto e dos resíduos sólidos municipais, baseando-se nos dados obtidos sobre os recursos público e privados disponíveis em Urucuia e nas vantagens e desvantagens da administração pública, privada e da parceria público-privada. A sugestão apresentada incluiu a organização estrutural e administrativa dos órgãos municipais, empresas privadas e comunidade local, assim como dos órgãos fiscalizadores da Promotoria da Justiça Regional do Meio Ambiente e Urbanismo.

4 BREVE HISTÓRICO NORMATIVO E JURÍDICO DAS POLÍTICA PÚBLICAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL

A partir dos anos 80, o colapso financeiro do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), primeiro plano brasileiro de saneamento, criou uma lacuna no setor de saneamento básico. Na década de 90, ocorreram avanços na apresentação de soluções para os principais problemas do setor, mas as ações concretas foram limitadas pelo impasse legislativo entre governadores e prefeitos e a falta de definição de responsáveis pelas políticas públicas. Nesse contexto, houve a criação de uma primeira etapa do marco legal que regulamenta a Constituição de 1988 e definiu de forma ambígua que caberia aos municípios os serviços de interesse local (LISBOA; HELLER; SILVEIRA, 2013).

Além disso, o desmonte do Estado autoritário nos anos 1980 acarretou uma descentralização política, que valorizou a autonomia municipal e destituiu a União do papel de execução das políticas em nível local, fortalecendo, em contrapartida, o financiamento. Os Estados se desvincularam da subordinação política à União, mas perderam, por outro lado, suas antigas fontes de poder diante da independência municipal. A dissolução do PLANASA contribuiu para a livre atuação das empresas estaduais de saneamento no setor, o qual se tornou reduto de poder dos governadores em uma conjuntura de enfraquecimento político dos estados. A ausência de um novo marco regulatório provocou uma incerteza que afetou os investimentos e gerou o baixo desempenho de cobertura no período (SOUSA; COSTA, 2016). Após o vazio criado com o fim do PLANASA, responsável pela criação das companhias estaduais de saneamento básico (CESBs), e depois de quase duas décadas de discussão a respeito de uma estrutura institucional para a regulação do saneamento, foi aprovado um novo marco regulatório legal do setor. Neste período foram implementados alguns textos legais correspondendo a Lei das Concessões, complementada pela Lei nº 9.074/1995, que deu início a participação privada na área de infraestrutura; à Política Nacional de Recursos Hídricos e ao Decreto-Lei nº 3.692/2000 para a criação da Agência Nacional de Águas (BRASIL, 1988; TUROLLA, 2002).

Em 5 de janeiro de 2007, foi sancionada a Lei 11.445 ou Lei do Saneamento, a qual criou um ambiente institucional estável para o acesso a

investimentos, participação de empresas privadas e a gestão integrada dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e manejo de resíduos sólidos (MADEIRA, 2010).

Pela Política Nacional de Saneamento (PNS), a prestação dos serviços não deve visar apenas a busca do lucro econômico, mas também garantir a todos o direito à salubridade ambiental. Por essa razão, os investimentos não são entendidos como uma decisão empresarial, e sim metas de universalização e integralidade para permitir o acesso aos serviços inclusive daqueles que não têm como pagar tarifas. Porém, a PNS não impõe uma estatização ou privatização do setor, apenas cria um ambiente de regulação, a que devem se subordinar todos os prestadores de serviços, tanto estaduais, municipais, privados ou de economia mista. O núcleo da regulação é o planejamento, meio pelo qual se orientarão os investimentos e ações dos prestadores dos serviços (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).

A Lei n. 11.445/2007, ressalta o planejamento, a regulação, a fiscalização e o controle social como ferramentas essenciais para a execução das ações de saneamento. Além disso, a lei estimula a cooperação entre as entidades da Federação por meio de gestão associada e soluções consorciadas, e define regras básicas para a aplicação dos recursos da União, entre outros aspectos (NETO; SANTOS, 2011).

Em 15 de julho de 2020 foi decretada e sancionada a Lei nº 14.026 que atualiza o marco legal do saneamento básico e altera as seguintes leis: Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento; Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003, para alterar o nome e as atribuições do cargo de Especialista em Recursos Hídricos; Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, para vedar a prestação por contrato de programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal; Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento básico no País; Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, para tratar dos prazos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole), para estender seu âmbito de aplicação às microrregiões; Lei nº 13.529, de 4 de dezembro de 2017, para autorizar a União a participar de fundo com a finalidade exclusiva de

financiar serviços técnicos especializados. Esta Lei 14.026/2020 define o controle social como atividade essencial ao saneamento básico e que deve ser exercida pelos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, apesar de enormes carências devido aos quadros técnicos deficitários das prefeituras nos municípios do interior. O que se propõe é um controle social amplo, de forma a incluir instituições e grupos que sejam representativos, estruturados e defendam interesses públicos legítimos. Nesse tipo de controle social a sociedade consolida seu papel participativo (ARAÚJO et al., 2020).

Esse novo marco regulatório do saneamento básico no Brasil, propõe inovações para sanar os problemas ambientais e de saúde provenientes do saneamento exíguo no país, além de abrir caminho para a universalização dos serviços de saneamento em território nacional. Dentre as propostas da Lei 14.026/2020, pode-se ressaltar o incentivo à concorrência, desestatização do setor e à privatização de empresas públicas estatais de saneamento.

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 44-47)