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4 TECNOLOGIA SOCIAL

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 121-129)

GESTÃO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA: TECNOLOGIAS SOCIAIS UTILIZADAS NO MEIO

4 TECNOLOGIA SOCIAL

Durante os últimos anos o mundo vem sofrendo constantes transformações que degradam o meio ambiente decorrente do consumismo exacerbado, ocasionando uma crise social e ambiental (HORST; FREITAS, 2016). Nesse sentido, surgem novos meios de desbravar o crescimento econômico alinhado com o desenvolvimento sustentável, valorando o caráter social, político, cultura, econômico e ambiental, preservando os recursos ambientais do planeta e promover a inclusão social (SACHS, 1997; ANDRADE; VALADÃO, 2017).

O conceito de tecnologia social é compreendido por meio técnicas e/ou metodologias desenvolvidas e aplicadas na comunidade visando a solução de problemas sociais melhorando a condição de vida da população, atrelado ao desenvolvimento de inovação social (ITS, 2007; RODRIGUES, BARBIERI, 2008).

Desse modo, as soluções apresentadas pelas tecnologias sociais, orientam-se para técnicas produtivas aos contextos sociais e dos limites territoriais de implementação do projeto, voltada resolução de problemas locais envolvendo diversas áreas dos saberes (GARCIA, 2014; ANDRADE; VALADÃO, 2017).

Tem-se o foco no processo produtivo dessas novas tecnologias sociais, as quais preza-se pela eficiência dos projetos envolvidos e melhorias nas interações entre os agentes executores da ação (RODRIGUES; BARBIERI, 2008). Essas Tecnologias sociais (TS) vêm de encontro também a atender as demandas de locais mais distantes da área urbana que no caso consiste no meio

rural. Nestes locais são constatados problemas de escassez da água e muita das vezes estas apresentam inadequações para o consumo humano, de animais e até mesmo de sua utilização na produção agrícola (RAUBER et al., 2016).

Ademais ações, políticas públicas e programas vem sendo desenvolvidos em parceria com as Tecnologias Sociais para tentar buscar um meio comum entre a boa utilização dos recursos hídricos, juntamente com a inclusão social e colaborativa, a melhoria das técnicas utilizadas visando o respeito as culturas rurais e ao meio ambiente (MACIEL; FERNANDES, 2011).

O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), foi o primeiro a ser produzido pela ASA em 2000 com a finalidade de atender famílias rurais e garantir a estas o acesso a água potável e de qualidade (ASA, 2020).

Conforme apontam Rauber et al., (2016), outra iniciativa importante foi o a criação no ano de 2007 do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), com o objetivo de trabalhar a segurança hídrica, alimentar e nutricional. A intenção destes programas é realizar uma reflexão de como a tecnologia social em suas características e especificidades da cultura local, podem colaborar para fomentar a boa gestão dos recursos hídricos.

Partindo desse contexto, podem ser descritas aqui algumas Tecnologias sociais que vem sendo utilizadas no país como as barragens subterrâneas, tanques de pedra, cisternas com a finalidade de calçar e de enxurradas que são modeladas para o cenário rural (ASA, 2020).

A Embrapa também colabora com o apoio em tecnologias sociais voltadas para Eco habitação e desenvolve ações como: Fossa séptica biodigestor; jardim filtrante; bioágua familiar; cisternas e quintais agroecológicos (GIRAO, 2019).

Fato é que existem várias outras ações, políticas públicas, programas e TSs, porém como compreensão as Tecnologias sociais precisam ser adaptadas a produtores rurais de poder aquisitivo baixo e as ações não devem focar na dominação e nem na cadeia hierárquica e sim devem ser estimuladas a contemplar as necessidades das pessoas e o seu contexto local, além de fomentar a criatividade e a usabilidade cooperativa (NOVAES; DIAS, 2010).

Analisando o contexto, a Tecnologia social e políticas públicas se apoiam na Política Nacional de Recursos Hídricos, utilizando-se principalmente da Lei das Águas, Lei nº. 9.433/97 para tornarem as ações mais efetivas com o intuito de colocar em práticas as metas descritas no OSD 6 voltadas para a promoção do acesso ao consumo de uma água potável de qualidade, bem como a promoção do empoderamento e qualidade de vida das comunidades atendidas (BRASIL, 1997; RAUBER et al., 2016).

5 CONCLUSÃO

Diante do exposto, foi possível verificar que o cenário aponta que a questão da água enfrenta realmente uma crise mundial e as populações localizadas em um cenário mais remoto são as que mais sofrem com a escassez deste bem e quando tem acesso, na maioria das vezes a água é pouca não atendendo a média estabelecida pelo consumo individual diária e em sua maioria não é potável o que oferece riscos à saúde e compromete a questão econômica e social.

A ONU vem trabalhando incansavelmente neste sentido e observa-se que vários países que tornaram parceiros dessa causa que são os Objetivos de Desenvolvimento Social em evidência neste estudo o ODS 6 que se refere a Água potável e o saneamento. No Brasil, várias medidas estão sendo tomadas para contribuir ao atingimento das metas estabelecidas dentro desse objetivo. Ações do grupo interagencial da ONU para a Agenda 2030, como os documentos, glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 – Água potável e saneamento e o Roteiro para a Localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram pensadas para colaborar e dar suporte aos direcionamentos e planejamentos da Gestão nas esferas Federal, Estadual e Municipal.

Nesta perspectiva, verificou-se que ações, políticas públicas e programas já então sendo desenvolvidos em parceria com as Tecnologias Sociais. Essas iniciativas têm por objetivo contribuir para a promoção do uso adequado e equitativo para as famílias situadas no contexto rural.

No entanto, muitas ações ainda precisam ser feitas para atender as metas do ODS6, o território é intenso, grande parcela da população necessita que essas ações cheguem até elas com urgência, enfim todos precisam. Dessa forma faz-se necessário que se intensifique as políticas públicas bem como as tecnologias sociais no cumprimento de uma boa gestão integrada dos recursos hídricos para poder contribuir com mais efetividade para a sustentabilidade ambiental, para a prosperidade econômica e para a qualidade de vida das pessoas.

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CAPÍTULO 6

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PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS NA PRODUÇÃO

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