• Nenhum resultado encontrado

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 51-56)

PROPOSTA TÉCNICA DE SANEAMENTO BÁSICO PARA O MUNICÍPIO DE URUCUIA (MG)

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nessa seção são apresentados os resultados do diagnóstico socioeconômico e ambiental do município de Urucuia (MG), os cálculos para o dimensionamento das estações de tratamento de esgoto e resíduos sólidos e, por fim, o organograma da gestão político-administrativo do saneamento básico municipal.

7.1 DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO NO MUNICÍPIO DE URUCUIA (MG)

7.1.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

O abastecimento de água potável da cidade de Urucuia é realizada através da captação das águas superficiais do rio Urucuia e das águas de um poço profundo. As águas captadas do poço são tratadas por meio de desinfecção e fluoretação, no entanto, as águas captadas do rio Urucuia são encaminhadas à ETA para receber um tratamento de ciclo completo (coagulação. floculação, decantação, filtração, desinfecção, correção de PH e fluoretação), como indica a Figura 2. A água tratada é bombeada e armazenada em um reservatório de 50 mil litros de capacidade, a partir da qual, a água é distribuída. Atualmente, a rede de abastecimento de água é administrada pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA MG) desde o ano 1996 (COPASA MG, 2017).

Atualmente a ETA, não conta com um tratamento do lodo gerado na lavagem dos filtros e nos tanques de decantação da ETA, sendo este tipo de resíduos jogado em um curso d'água próximo ao rio Urucuia, acima do ponto de captação. Este tipo de poluição, gera um impacto ambiental grande, motivo pelo qual a COPASA já foi multada (Ministério Público Federal em Minas Gerais, 2017). A figura 2 apresenta a forma de processamento de captação e tratamento de água da empresa responsável pelos serviços do município.

Figura 2 - Processo de tratamento de água na ETA Urucuia

Fonte: COPASA

7.1.2 SISTEMA DE COLETA E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

O tratamento das águas residuais em Urucuia é realizado por meio de lagoas (Ministério Público Federal em Minas Gerais, 2017). Tanto a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) quanto a rede coletora de águas resíduas da cidade são administradas e operadas pela prefeitura municipal (SNIS, 2018). Na atualidade, a cobertura do serviço abrange 10,1% da cidade (IBGE, 2020). Com base em informações obtidas pela Fiscalização Preventiva e Integrada (FPI). Por

outro lado, foram identificados pontos de descarga direta em rios e córregos, assim como o vazamento de esgoto na ETE (Ministério Público Federal em Minas Gerais, 2017), como mostra a figura 3.

Figura 3 - Vazamento de esgoto da lagoa de tratamento em Urucuia

Fonte: Divulgação FPI

7.1.3 SISTEMA DE COLETA E TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com a Prefeitura Municipal de Urucuia (2013), a coleta regular de resíduos sólidos é realizada de segunda à sexta-feira na área urbana, serviço administrado pela prefeitura e sem cobrança de taxas, no entanto, estão sendo feitos esforços para implementar um sistema de coleta seletiva na cidade.

Estima-se que no município sejam gerados cerca de 1,605 kg de resíduos per capita, sendo os resíduos domiciliares compostos por 50,21% de matéria orgânica, 28,22% de materiais passíveis de reciclagem e 21,57% de rejeitos. Até o 2013 a maior parte dos resíduos sólidos eram dispostos em um lixão afastado da área urbano, caracterizado por valas abertas sem nenhum tipo de impermeabilização ou tratamento. Contudo, desde 2014 a prefeitura tem trabalhado na implantação de um aterro sanitário.

Os resíduos de serviços da saúde (RSS) e dos serviços públicos de saneamento básico (RSPSB) são dispostos fora do município. Os RSS são coletados e conduzidos mensalmente até Montes Claros onde são incinerados, o transporte é realizado pela vigilância sanitária por meio de um convênio com

a empresa CISNORTE - Consórcio Intermunicipal do Norte de Minas, enquanto os RSPSB gerados na ETA são de responsabilidade da COPASA.

7.2 PROGNÓSTICO DO SANEAMENTO NO MUNICÍPIO DE URUCUIA (MG)

O prognóstico trata de possíveis cenários para a cidade de Urucuia ao longo dos próximos 20 anos. Para a elaboração do prognóstico é essencial levar em consideração os dados que foram abordados na etapa de diagnóstico (Pf e Qm), bem como a viabilidade tecnológica, econômica e ambiental das ações a serem implementadas. Para os cálculos de engenharia das áreas de implantação e os custos CAPEX e OPEX da ETE e do aterro sanitário (ATS), se assumiu que a cobertura do serviço de coleta regular dos resíduos sólidos e da rede de esgoto abrange 100% do município.

Considerando a metodologia de Von Sperling (2005) e as características do município, para uma Vazão de esgoto (89,75 l/s) do projeto, foram propostos 6 tipos de tecnologias viáveis (Quadro 2). Importante indicar que, de acordo com as características do município, existe uma disponibilidade de área e energia elétrica (24h), porém não há uma equipe técnica qualificada para a operação e manutenção do serviço. Nesse sentido, o presente trabalho considera possível implantar um Reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) a montante da lagoa facultativa existente, a qual pode ser adaptada a uma lagoa de polimento ou a uma lagoa aerada. A tecnologia proposta apresenta uma eficiência de remoção superior a 75% da DBO, sendo uma tecnologia confiável com simplicidade na operação e custos de implantação e operação de baixos a médios.

Quadro 2 - Tecnologias propostas para o tratamento de águas residuais Urucuia

Tecnologias Área (m2) E (kw /h) Lodo m3/ano CAPEX (R$) OPEX(R$) Lagoa facultativa 72.933,00 - 547,00 5.496.717,10 274.835,86 UASB facu. atual 48.622,00 - 1.094,00 5.693.028,43 667.458,51 Lagoa anaeróbia + lagoa facult 60.777,50 - 972,44 5.496.717,10 274.835,86 Lagoa aerada facultativa 8.508,85 352.509,50 395,05 6.674.585,05 667.458,51 UASB+lodos ativados 2.431,10 413.287,00 820,50 9.030.320,95 922.663,23 UASB+filtro bio. de alta carga 3.646,65 - 790,11 7.656.141,68 638.011,81 Fonte: Autoria própria.

Embasados nos trabalhos de ABETRE (2007), Vital, Pinto e Ingouville (2014) e ABRELPE (2015), foram realizados os cálculos de engenharia para a determinação da área de implantação do ATS e dos custos de CAPEX e OPEX. Conforme mostra o quadro 3, foram adotados 2 cenários. O cenário 1 considera uma cobertura constante na coleta seletiva de 10% e compostagem de 17,5% dos resíduos domiciliares gerados, como contemplado dentro das metas do Plano Municipal de Gestão dos Resíduos sólidos (Prefeitura do Município de Urucuia, 2013). Em contrapartida, no cenário 2 sugeriu-se um crescimento anual da cobertura em 5% na coleta seletiva em 2% na compostagem. É possível observar que adaptando o cenário 2, há a redução da área em cerca de 43% e ainda economiza-se 39% do que seria investido na manutenção e implantação do projeto, sem considerar o aumento da qualidade de vida dos catadores e catadoras, os quais poderiam ser beneficiados pelo processo de implementação da coleta seletiva.

Quadro 3 - Cenários de disposição dos resíduos sólidos urbanos – Urucuia

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 51-56)