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8 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE SANEAMENTO BÁSICO

No documento TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS E AGRONEGÓCIO (páginas 58-67)

PROPOSTA TÉCNICA DE SANEAMENTO BÁSICO PARA O MUNICÍPIO DE URUCUIA (MG)

8 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE SANEAMENTO BÁSICO

É importante ressaltar a conexão da gestão ambiental hídrica, do uso e ocupação de solo e de resíduos que permite ações contínuas de atendimento sanitário à população de uma determinada cidade, por meio de planejamento uniforme a curto, médio e longo prazo para se atingir as metas dos programas governamentais. Considerando uma gestão integrada dos diversos setores e departamentos que compõem a administração central de cada ente federal, estadual e municipal, na forma de Administração Direta ou indireta, com as devidas delimitações de responsabilidades compartilhadas deste, para conferir o acesso ao saneamento básico e propiciar o desenvolvimento social e econômico do local estudado. Cabe aos entes federados União, Estado e município aplicar anualmente os percentuais legais e obrigatórios atribuídos na lei, mediante previsão do Plano Plurianual devidamente aprovado no exercício anterior (BRASIL, 2000; BRASIL, 2020).

A problemática é o protocolo de cálculo do repasse dos recursos do orçamento da União para os Estados e Municípios e os instrumentos utilizados de aferição dos percentuais a serem aplicados ou rateados entre os entes federativos, objetivando reduzir as disparidades regionais, isto porque gerará efeitos de percentuais de repasses no ato da negociação de renovações dos convênios, ainda que, por um prazo considerável legal, ou seja, o quanto em valores monetários destinarão a determinado Estado ou município, conforme a situação orçamentária e demanda local. Outro ponto importante de gestão no sentido macro é mensurar os critérios utilizados para cada região dos estados da Federação e as ações e políticas governamentais adotada para cada região e Estado. No sentido micro da gestão estabelecer regras condizentes de transferências de recursos e custeio de 5% a 10% de esgotamento e 5% a 40% de serviços destinados a política pública específica, além de fiscalização dos

recursos transferidos pela União aos fundos que devem ser aplicados, indistintamente, em programas e projetos de Saneamento básico, em cada município no país.

Neste sentido abaixo a gestão e formas de gerenciamento dos eixos de Saneamento básico requerendo a classificação e a nomeação dos órgãos e suas funções setoriais nos municípios optando pela Administração Direta ou descentralizado os seus serviços públicos as empresas conveniadas ou cooperadas.

O estudo também propôs um sistema de gestão diferenciada em dois eixos do Saneamento para a cidade de Urucuia - MG, por se tratar uma cidade com uma cobertura no serviço e tratamento de águas residuais abaixo de 11%, e com uma disposição final dos resíduo sólidos num lixão até 2014 a; visando o aumento da eficiência e da abrangência de ambos serviços do Município.

A figura 3 abaixo apresenta o organograma de Gestão com a opção de vinculação à Administração Direta e a possibilidade de delegação de serviços de saneamento básico no Município, dentro dos limites da opção política de centralização ou descentralização dos serviços públicos municipais.

Figura 3 - Proposta de Estrutura de Gestão de Água e Esgoto para Urucuia (MG)

Fonte: autoria própria.

Figura 4 - Proposta de Estrutura de Gestão dos Resíduos Sólidos de Urucuia (MG)

9 CONCLUSÃO

Este estudo visou elaborar o diagnóstico e prognósticos do setor de saneamento em Urucuia, no norte do Estado de Minas Gerais. Os resultados obtidos demonstraram que a cobertura do tratamento de águas residuais, esgoto e resíduos sólidos no município é bastante limitada. Nesse sentido, o prognóstico desenvolvido neste estudo buscou ampliar o alcance do saneamento em Urucuia para atender toda a população, conforme estabelece a Lei de Saneamento, a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Constituição Brasileira de 1989. Além disso, os objetivos do milênio enfatizam a necessidade do acesso ao saneamento básico como requisito para atingir a sustentabilidade em resposta à crise ambiental que a humanidade enfrenta atualmente.

Os resultados obtidos também levam a crer que para melhorar o tratamento de águas residuais é possível implantar um Reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) a montante da lagoa facultativa existente com a qual pode ser adaptada a uma lagoa de polimento ou a uma lagoa aerada, com intuito de aumentar a eficiência de remoção superior a 75% da DBO. Em relação ao tratamento dos resíduos sólidos municipais, conclui-se que o cenário ideal envolve o crescimento anual da cobertura em 5% na coleta seletiva em 2% na compostagem, pois há a redução da área em cerca de 43% e ainda economiza- se 39% do que seria investido na manutenção e implantação do projeto, sem considerar o aumento da qualidade de vida dos catadores e catadoras, os quais poderiam ser beneficiados pelo processo de implementação da coleta seletiva. Além disso, o cálculo do custo-benefício da instalação de um ATS municipal, mostrou ser mais vantajoso tratar os resíduos sólidos em Urucuia do que enviá- los para outros municípios.

Quanto a estrutura administrativa do saneamento municipal, buscou-se propor soluções que ampliassem a eficiência e a participação popular na gestão dos serviços. As vantagens do gerenciamento público abrangem: o desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida e das condições de saúde e higiene da população; a correta prestação de serviços públicos como parte da política compensatória e de redistribuição de renda. As desvantagens da administração pública do saneamento envolvem: a escassez de recursos e as

necessidades infinitas da população; o dilema do Administrador Público: melhor destinação dos poucos recursos financeiros, não omitindo a hipótese de má alocação; serviço público universal: superar as dificuldades orçamentárias e ser disponibilizado a toda a população.

Também foi discutida as vantagens e desvantagem da gestão privada dos serviços de saneamento, concluindo-se que tal formado administrativo apresenta como vantagens: viabilizar investimentos em um cenário de escassez de recursos públicos; permite a redução de gargalos da infraestrutura econômica; é uma alternativa para a corrupção, empreguismo, tolerância com a inadimplência, interferências políticas, os privilégios e os gastos excessivos com custeio. Já as desvantagens do gerenciamento privado do saneamento incluem: a priorização do abastecimento de água e foco em regiões com retorno financeiro garantido; aumento de tarifas para o funcionamento dos sistemas, onerando as parcelas pobres da população; substituição dos interesses e demandas sociais por princípios mercantis; a transformação do cidadão em cliente, o que não assegura o acesso aos serviços de qualidade, independentemente de sua inserção econômica, gênero ou etnia.

Por fim, o terceiro tipo possível de administração dos serviços de saneamento discutido foi a parceria público-privado, concluindo-se que: há o compartilhamento de risco com o setor privado; redução do prazo para a implantação dos empreendimentos; estimula a introdução de inovações, modernizações e melhorias por parte do setor privado; possibilita a realização de um maior número de projetos; libera recursos públicos para outros projetos prioritários sem condições de retorno financeiro e sem capacidade de serem realizados por meio da PPP.

Com base nessas discussões, conclui-se que o melhor modelo de gestão dos serviços de água e esgoto de Urucuia é a privada, em vista da falta de verba municipal suficiente e equipe qualificada para operação ampla, correta e eficiente das atividades de abastecimento e tratamento de água e esgoto. A COPASA é a empresa privada que atualmente é responsável pelo tratamento de água do município e a Prefeitura é responsável pelo tratamento das águas residuárias e da destinação dos resíduos sólidos, porém, conforme foi apontado no prognóstico deste estudo, a COPASA atualmente não trata o lodo gerado na ETA, lançando o efluente nos corpos hídricos próximos, por outro lado, os dois

serviços que a Prefeitura vem administrando tem uma baixa cobertura do município, assim como uma gestão e gerenciamento precários, a exemplo do vazamento nas lagoas da ETE e a disposição dos resíduos sólidos em um lixão até o 2014. Para resolver este impasse, sugere-se a abertura de negociações com a COPASA para ampliar o alcance dos serviços.

Já com relação ao tratamento dos resíduos sólidos, concluiu-se que a administração da prefeitura seria mais adequada devido ao menor custo para o atendimento abrangente e o incremento da qualidade de vida, saúde e higiene da população, sem que haja cobrança de taxas dos moradores.

Espera-se que estes resultados contribuam para a melhoria, progresso e aumento da cobertura dos serviços de saneamento de Urucuia, auxiliando inclusive na elaboração de um Plano de Saneamento Municipal Básico, conforme previsto na lei 14.026/20. Por fim, como proposta para trabalhos futuros, recomenda-se a inclusão do serviço de drenagem de águas pluviais para a elaboração do Plano de Saneamento Básico Municipal completo.

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