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Capítulo 3. EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE BELÉM

3.9. Caracterização dos Bairros

Os bairros se destacam pela heterogeneidade em sua distribuição no espaço, que se traduzem em uma diversidade de tipologias e função, que constituem a cidade em sua totalidade. Essa heterogeneidade resulta dos processos de transformação e produção do espaço ao longo do tempo, que tem produzido e reproduzido o espaço de forma a adequá-lo a um determinado estágio da economia.

Portanto, as transformações que se verificam nas cidades são resultantes desse processo de produção do espaço para adaptá-lo à uma forma de economia, utilizando com instrumento, em alguns casos, o planejamento, principalmente, as reformas urbanas. Assim o foram no modernismo e assim evoluiu para o período atual.

Deste modo, os espaços vão sendo modificados com a adição de elementos mais modernos como shopping centers, prédios de escritórios, os novos residenciais etc. todos produtos da modernização econômica e de necessidades produzidas na sociedade.

Em Belém, alguns bairros apresentam uma unidade ou homogeneidade, como é o caso, do Bairro Cidade Velha que se caracteriza por seus casarios antigos que datam do início da fundação da cidade. Predomina nesses espaços a arquitetura européia, especificamente, a portuguesa. (Ver fotos 1 e 2)

Outro bairro que apresenta, uma certa, homogeneidade é o do Umarizal, que se caracteriza como uma área habitada, predominantemente, pelas classes média e alta, o que confere ao bairro um padrão habitacional uniforme no qual predominam os modernos edifícios residenciais (Ver Fotos 3, 4 e 5).

Fotos 3, 4 e 5 - Vistas do Bairro Umarizal (Fotos Diogo Pereira, 2009).

Nos Bairros Batista Campos, São Brás, Marco e Cremação verifica-se uma maior heterogeneidade em seus espaços e edificações, principalmente quando se

aproximam dos bairros localizados em seus limites, nesses espaços as edificações mais modernas se misturam à habitações populares, destacando a maior heterogeneidade que se manifesta não somente nas edificações, mas, principalmente, na socialização entre os residentes desses espaços. Pois, apesar de dividirem os mesmos espaços as parcelas sociais, que residem nos condomínios verticais não se integram à vida social do bairro (Fotos 6, 7, 8 e 9).

Foto 6 e 7 – Bairro da Cremação e Batista Campos respectivamente

(Fotos: Diogo Pereira, 2009).

Foto 9 – Vista do Bairro da Cremação (Foto: Diogo Pereira, 2009).

Portanto, os espaços da cidade encontram-se fragmentados, em todos os sentidos do termo, seja pela produção do espaço que ocorreram ao longo de sua constituição histórica, seja no âmbito social, no qual cada parcela de classe convive em um mesmo espaço ou bairro, sem que ocorra a interação entre as partes, ou ainda, seja na forma espacial em decorrência da expansão, que gera a divisão da cidade em áreas como a central, a de transição e a de expansão e nesta última, a periferia constituída de invasões, que avançam em direção os municípios do entorno.

O conceito de centro como núcleo central tende a ser substituído por uma centralidade, que se expande, além do limite restrito do núcleo inicial que inclui os Bairros Cidade Velha e Campina, se expandindo para áreas que abrange partes de bairros como Nazaré, Batista Campos, São Brás e Marco.

A presença de condomínios verticais e horizontais compromete a urbanidade, que vem sendo afetada desde a intensificação do uso do veículo automotivo, pois ocorre um abandono das vias públicas, e a vida fica restrita a deslocamentos entre a residência e os locais pré-definidos de destino por meio de veículos particulares, abolindo-se com o uso dos passeios públicos. Em Belém, esse processo de

isolamento atinge, principalmente, as classes de maior poder aquisitivo. Pois, nos bairros populares ainda se verifica uma intensa sociabilidade, assim como, maior apropriação do espaço público. O mesmo ocorrendo no antigo centro comercial, intensamente utilizado pelas classes de menor poder aquisitivo.

É essa sociabilidade que as reformas urbanas nos alagados compromete com o deslocamento das classes de menor poder aquisitivo. Pois, com a finalização das obras, ou mesmo antes de sua conclusão, surge um novo empreendimento, caracterizado como “enclave fortificado”, direcionado para as classes de maior poder aquisitivo. O processo, ainda, ocorre de forma pontual, mas tende a se expandir pelo território, em decorrência dos investimentos que provocam a valorização do solo.

Os Bairros populares como Guamá, Condor, Jurunas e Pedreira se caracterizam pela predominância de habitações individuais com baixo padrão construtivo, conferindo uma homogeneidade ao espaço. Porém, no Bairro Pedreira, já começa a se constituir uma heterogeneidade, em decorrência da verticalização, que vem se acentuando nos últimos anos, em decorrência dos melhoramentos que ocorreram nesse espaço durante a aplicação de investimento nos bairros que constituem a Bacia do Una.

Fotos 10 e 11 - Bairros Condor e Pedreira respectivamente, esta última apresenta área que passou por recente obra de macrodrenagem (fotos: Diogo Pereira, 2009).

Fotos 12 e 13 – Vista dos Bairros Pedreira e Marco (Fotos: Diogo Pereira, 2009).

A área de expansão se caracteriza por seus terrenos possuírem grandes extensões e por abrigar alguns conjuntos habitacionais, áreas de invasões e condomínios fechados para a classe alta, por conseguinte, apresenta forte heterogeneidade em seus espaços.

É significativo nesta área o número de condomínios verticais e horizontais. Esses se diferenciam uns dos outros pelo padrão de acabamento, ou seja, dependendo se o produto é direcionado para a classe média ou alta (Foto 14 a 18).

Foto 14 – Condomínio Horizontal na Área de Expansão, direcionado para classes de maior poder aquisitivo (Fotos Diogo Pereira, 2009).

Foto 15, 16 e 17 - Condomínios Verticais na área de expansão.

(Fotos Diogo Pereira, 2009).

Desse modo, verifica-se que o padrão construtivo das edificações sofre alterações à medida que se afastam da área central e do público alvo que pretende atingir, como é o caso dos condomínios horizontais destinados à classe de maior poder aquisitivo.