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Caracterização Geral da Região Metropolitana de Campinas

3 FEDERALISMO E REGIÕES METROPOLITANAS: O DILEMA DA COOPERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL

4. AS REGIÕES METROPOLITANAS PAULISTAS

4.4 Caracterização Geral da Região Metropolitana de Campinas

Mapa 5 – Região Metropolitana de Campinas

Fonte: EMPLASA, 2000

Antes de caracterizarmos a Região Metropolitana de Campinas é preciso entender os vários recortes territoriais do que se considera a “região de Campinas”, pois muitos dados envolvem outros municípios, além daqueles que compõem oficialmente a RMC. A unidade delimitada pelo governo do Estado de São Paulo27, denominada Região Administrativa de Campinas (RAC) congrega 90 municípios, com mais de cinco milhões de habitantes. Já a Região de Governo de Campinas (RGC) abriga 22 municípios. Se excluirmos da Região de Governo de Campinas (RGC) os municípios de Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Estiva Gerbi e Itapira e incluirmos o município de Itatiba, pertencente a outra Região de Governo teremos a composição da Região Metropolitana de Campinas (CANO & BRANDÃO, 2002).

27 No Estado de São Paulo existem 15 Regiões Administrativas, entre elas a Região Metropolitana de São

A RMC é composta por 19 municípios, onde habitam cerca de 2,3 milhões de pessoas, o que representa mais de 6% da população total do Estado: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antonio da Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo (Mapa 5).

Os 19 municípios citados acima ocupam uma área de 3.673 km², o que corresponde a 0,04% da superfície brasileira e a 1,3% do território paulista e abrigam uma população de 2,3 milhões de habitantes, segundo dados do Censo de 2000, o que corresponde a 1,40% da população nacional e a 6,3% da estadual. Desse total, Campinas abriga 43,7%. Sumaré, Americana e Santa Bárbara d’Oeste têm, cada um, mais de 170 mil habitantes. Em Holambra e Engenheiro Coelho vivem um pouco menos de 10 mil pessoas (CANO & BRANDÃO, 2002).

Outra importante característica que a torna, hoje, uma região verdadeiramente metropolitana é alta taxa de urbanização. Em 2000, o censo encontrou apenas 68.309 habitantes da RMC no meio rural e apenas cinco municípios apresentavam taxas de urbanização menores que 90%. Uma das peculiaridades da RMC é ser esta uma das poucas Regiões Metropolitanas, a exemplo da RMBS, cujo núcleo não é uma capital, sendo classificada como metrópole regional.

Outro fator de destaque, comparado as outras Regiões Metropolitanas, é a expressiva taxa de crescimento populacional; entre 1980 e 1991 a RMC apresentou taxa média de crescimento demográfico anual de 3,48%, ficando apenas atrás de Goiânia, uma das metrópoles polarizadoras da interiorização verificada na década de 80. Entre 1991 e 2000, a taxa de crescimento da RMC cai para 2,5% ao ano, ficando atrás de Goiânia, Belo Horizonte e de Curitiba (CANO & BRANDÃO, 2002). Estas últimas conseguiram capitalizar alguma fração de investimentos após a abertura comercial, principalmente do setor automotivo e após a desconcentração relativa da RMSP em direção a outras metrópoles e ao interior de São Paulo. Tal dinamismo mostra que a RMC parece ter desenvolvido sua própria região de influência, embora de forma complementar a Região Metropolitana de São Paulo, especialmente a partir das décadas de 50 e 60. Acrescente-se que a área de influência é, grosso modo, toda a Região Administrativa, com 90 municípios.

O PIB da RMC, em 1999, equivalia acerca de 3,8% do PIB brasileiro e só era menor que os de seis estados. A renda per capta da RMC é 2,5 vezes maior que a brasileira. Verifica-se, portanto, que a RMC ocupa lugar bastante peculiar na rede

urbana brasileira, apresentando maior dinamismo do que muitas das metrópoles nacionais (CANO & BRANDÃO, 2002).

A Região Metropolitana de Campinas é sem dúvida uma das mais dinâmicas do Estado de São Paulo e do país. Nos últimos anos, a RM de Campinas vem ocupando e consolidando uma importante posição econômica nos níveis estadual e nacional. Essa área, contígua à Região Metropolitana de São Paulo, comporta um parque industrial moderno, diversificado e composto por segmentos de natureza complementar. Possui uma estrutura agrícola e agroindustrial bastante significativa e desempenha atividades terciárias de expressiva especialização.

Destaca-se ainda pela presença de centros inovadores no campo das pesquisas científica e tecnológica, bem como pelo Aeroporto de Viracopos, localizado no município de Campinas, o segundo maior do País. Viracopos registra um fluxo anual de cargas embarcadas e desembarcadas em vôos internacionais de 154 mil toneladas. De cada três toneladas de mercadorias exportadas e importadas, uma passa por Viracopos, que, juntamente com os Aeroportos de Guarulhos e do Rio de Janeiro, respondem por 93% do fluxo anual de cargas do País.

A produção industrial diversificada, com ênfase em setores dinâmicos e de alto input científico/tecnológico, notadamente nos municípios de Campinas, Paulínia, Sumaré, Santa Bárbara d´Oeste e Americana, vem resultando em crescentes ganhos de competitividade nos mercados internos e externos.

A Região conta com amplo sistema viário, ramificado e de boa qualidade, tendo como eixos principais: as Vias Bandeirantes e Anhangüera, em direção ao município de Limeira, e a Rodovia SP-304, rumo a Piracicaba. Há ainda a Rodovia D. Pedro I, que faz ligação com o Vale do Paraíba.

A malha viária permitiu uma densa ocupação urbana, organizada em torno de algumas cidades de portes médio e grande, revelando processos de conurbação já consolidados ou emergentes. As especificidades dos processos de urbanização e industrialização ocorridos na Região provocaram mudanças muito visíveis na vida das cidades. De um lado, acarretaram desequilíbrios de natureza ambiental e deficiências nos serviços básicos. De outro, geraram grandes potencialidades e oportunidades em função da base produtiva (atividades modernas, centro de tecnologia de ponta, etc.). (CANO & BRANDÃO, 2002).

A herança do antigo e precoce entreposto mercantil e, mais tarde, do mais importante núcleo do complexo cafeeiro paulista, criou as bases para o futuro

dinamismo da agricultura, para a eficiente infra-estrutura de transporte e para a qualidade da rede urbana do que viria a ser, mais tarde, a atual RMC. Esse processo, desde seu início, fortaleceu a centralidade de Campinas, consolidando-a como “capital regional” de vasta parcela do interior paulista (CANO & BRANDÃO, 2002, p.401).

Um dos fatores para o desenvolvimento da região foi a diversificada agricultura que proporcionou o aparecimento de atividades articuladas e complementares, tais como os serviços financeiros, de transporte, comercialização, armazenamento, educação, saúde e outros conexos. Para Wilson Cano e Carlos Brandão (2002) foi justamente a densidade de conexões e interdependências de suas atividades setoriais que imprimem alto grau de modernização e complexidade à metrópole.

A abertura da Via Anhangüera, nos final dos anos 40, a exemplo do relatado em relação a Via Anchieta, propicia a ligação com o São Paulo e com o corredor de exportação, fortalecendo ainda mais o pólo regional.

As empresas que para aí se deslocaram, a partir dos anos 50, dado seu porte e alcance (mercado regional), privilegiaram as instalações ao longo das rodovias. A Via Anhanguera foi historicamente o principal desses eixos, mas o desenvolvimento interiorizado expandiu a industrialização também nas outras estradas, destacando-se a Santos Dumont, em cujas margens está o distrito industrial de Campinas, a D. Pedro I, que sedia o pólo de microeletrônica e indústrias de alta tecnologia, e ainda as ligações Campinas-Paulínea e Campinas- Sumaré-Monte Mor. (SEMEGHINI, 1992, p. 174).

Já nos anos 20, a RAC contribuía com quase 8% da produção industrial do estado de São Paulo e manteria, durante quatro décadas, um ritmo de crescimento semelhante à média estadual. A partir dos grandes investimentos realizados durante o Programa de Metas (1956-1960) aumentou, de forma acelerada, sua participação no valor da transformação industrial do estado, subindo de 8,9%, em 1960, para 10,6% em 1970 e 15,8% em 1980. Tal expansão se deu nos mais diversos e dinâmicos ramos do setor industrial, de comércio e de serviços. A RMC também apresentou crescimento industrial acelerado: de cerca de 3% da produção industrial do estado na década de 30 para 8,1% na década de 80, pouco mais da metade da RAC (CANO & BRANDÃO, 2002).

O processo de mudanças na estrutura produtiva do estado, a partir de meados dos anos 60 e, especialmente, a desconcentração industrial a partir da Região Metropolitana de São Paulo gerou a multiplicação de importantes pólos urbanos industrializados no interior. Com a interiorização da indústria, a partir dos anos 70, a Região Metropolitana de São Paulo repartiu seu dinamismo econômico e populacional com importantes pólos de atuação regional no interior: Campinas, Sorocaba, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto. O processo de industrialização de Campinas ocorreu de forma diferenciada em relação ao das principais metrópoles nacionais, ou seja, as transformações geradas pelo intenso processo de interiorização da industrialização nos anos 70 não se restringiram ao município de Campinas, consolidando no seu entorno importante aglomeração urbana (BAENINGER, 2000).

A industrialização veio acompanhada de intenso fluxo migratório. Assim, desde os anos 70 evidencia-se intensa migração para a região, principalmente para o município pólo. Já na década seguinte, pode-se verificar outra configuração dos movimentos migratórios na RMC; os centros urbanos de maior porte – Campinas e Americana – registraram menores saldos migratórios, indicando o fortalecimento das áreas que emergiram nos anos 70 como aquelas de forte absorção migração como Sumaré e Santa Bárbara D´Oeste, bem como o despontar de outras áreas, como Indaiatuba e Paulínia. Esta é uma das características da RMC onde, diferentemente de outras regiões, a tendência de concentração populacional no município-sede é bem menos marcada, resultando em uma conformação de rede urbana mais equilibrada (BAENINGER, 2000).

Para se ter uma idéia da importância do fluxo migratório, a região de governo de Campinas recebeu mais de 268 mil migrantes provenientes das demais regiões de governo do Estado de São Paulo nos anos 70; e, nos anos 80 esse número chegou a 241 mil pessoas, das quais 96 mil pessoas provenientes da Região Metropolitana de São Paulo. O ganho populacional interestadual, no período 1986- 1991, chegou a 90 mil pessoas.

Diversas políticas governamentais (federais, estaduais e municipais) induziram este processo de desenvolvimento, especialmente em Campinas e região (CANO, 1985). Desde as implementadas no Plano de Metas e, principalmente, as posteriores, que incentivaram exportações, agroindústrias, o Proálcool, e ampliaram os

investimentos públicos produtivos em infra-estrutura de transportes e comunicações e ciência e tecnologia.

O início dos anos 90 consolidou o papel do entorno regional na absorção do fluxo migratório. Essa expansão dos espaços da migração para os municípios do entorno respondeu, por exemplo, nos anos 90, por mais de 70% do crescimento absoluto dos recém-criados municípios de Engenheiro Coelho, Hortolândia, assim como o de Artur Nogueira; e ainda, por mais da metade do crescimento absoluto da população de Vinhedo, Sumaré, Paulínia, Indaiatuba, Pedreira e Itatiba (BAENINGER, 2001).

Neste transcurso, a região atraiu modernas plantas fabris, ampliou a sua rede de pequenas e médias empresas e intensificou suas relações intersetoriais com a agropecuária e o setor terciário. Com isso as cidades crescem, notadamente Campinas, em expressivos processos de conurbação. Tal processo gerou uma rede urbana cada vez mais complexa. Por outro lado, os traços de heterogeneidade estrutural (social, produtiva e espacial) estão presentes na RMC. A rápida expansão econômica da região formou um dinâmico mercado de trabalho que, porém, não logrou absorver a totalidade dos intensos fluxos migratórios, gerando um processo de externalidades negativas, como desemprego, ‘periferização’ das camadas mais pobres e altíssimos índices de violência. Nas palavras de Wilson Cano:

As transformações na base produtiva primária e secundária iriam manifestar-se nas cidades, sob a forma de uma estrutura social cada vez mais complexa [...] ganhariam expressão novos segmentos sociais, acelerando as mudanças no padrão de vida – processo marcado, entretanto pela ampliação do grau de heterogeneidade estrutural, característica do nosso processo de desenvolvimento. (CANO, 1992, p. 20).

Embora apresente elevado nível de renda e altas taxas de crescimento demográfico, a RMC apresenta sérios problemas urbanos e sociais. Sua acelerada urbanização e crescimento populacional tiveram como principal característica, a alta participação do componente migratório, com expressivo crescimento dos municípios do entorno do município-sede e elevação da participação de municípios de médio porte na população regional.

Na ausência de uma política de gestão metropolitana em paralelo à constituição do processo de metropolização, a RMC apresenta hoje um quadro gravíssimo no que se refere a serviços e infra-estrutura urbanos. Esta situação é particularmente crítica no que concerne à administração dos serviços de transportes, dos recursos hídricos (que inclui captação, tratamento e abastecimento de água, coleta e tratamento do esgoto) e à política habitacional. A questão do lixo é gravíssima na região como se pode depreender das entrevistas. Dos dezenove municípios apenas sete controlam a disposição do lixo industrial, apenas seis realizam coleta seletiva e somente quatro reciclam seus resíduos sólidos.

A gestão dos recursos hídricos constitui um dos principais problemas da RMC. Dos municípios que compõe a região, dezoito estão localizados e servidos pela bacia do Rio Piracicaba, que sofreu intenso processo de industrialização e urbanização nas últimas três décadas. Um exemplo marcante da falta de planejamento metropolitano na RMC e do caráter municipalista de algumas prefeituras pode ser visto na cidade de Paulínia. Considerado o município mais rico da região e um dos mais ricos do Brasil, com excelente arrecadação de impostos, lança 100% do seu esgoto diretamente, sem qualquer tratamento, em cursos d´água, que, por sua vez, acabam contaminando a captação dos municípios a jusante e torrando o custo do tratamento mais elevado. Ademais, Paulínia também vai se consolidando como centro regional armazenador de resíduos sólidos e hospitalares.

Esta é a situação da maioria dos municípios que compõem a RMC. Dos que fazem algum tipo de tratamento de esgoto, somente Holambra e Hortolândia têm 100% de esgoto tratado. A maior cidade, Campinas, possuía, no início de 2001, apenas 5% de esgoto tratado, mas poderá chegar a 70% até o final deste ano de 2004, pois, recentemente, foram construídas Estações de Tratamento de Esgotos – ETEs em Campinas, Vinhedo e Valinhos. Nas entrevistas pudemos constatar que a maioria dos municípios da RMC administra diretamente os serviços de água e de esgoto. A SABESP atua somente em três deles (Hortolândia, Monte Mor e Paulínia). Comparativamente à RMBS, que recebeu grandes investimentos em saneamento, através do governo estadual, via SABESP, tal posicionamento pode ser tanto uma desvantagem, se consideramos que os municípios não têm recursos suficientes para atender à demanda de investimentos, como pode ser considerada uma vantagem institucional, pois juntos podem pressionar os estado a realizar estes investimentos, que

seriam administrados pelas autarquias municipais ou por alguém designado pela respectiva câmara temática.

Por último, é preciso entender que a RMC também faz parte do Consórcio dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o que, em termos de gestão de recursos hídricos, impacta diretamente na esfera metropolitana. Além disso, como vimos, a região sofreria um grande golpe, na década de 70, durante o regime militar, com o início do fornecimento, para abastecimento da Grande São Paulo, de 31 mil litros por segundo de água, retirados da Bacia do Rio Piracicaba. A situação crítica propiciada pelo Sistema Cantareira, conforme veremos, permanece até hoje, como um desafio a ser equacionado.

O Consórcio dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Antes de prosseguirmos no estudo da gênese das instituições regionais é preciso tecer algumas considerações sobre o Consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí28. A partir de 1985, a cidade de Piracicaba liderou um dos maiores movimentos sociais já realizados no Estado de São Paulo em defesa dos recursos hídricos, desencadeado pelo Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba e pela Associação de Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba, e denominado "Campanha Ano 2000 - Redenção Ecológica da Bacia do Rio Piracicaba". A “Campanha Ano 2000” apresentou um relatório contendo 32 reivindicações para a região, dentre elas a necessidade de criação de um organismo intermunicipal para realizar a gestão dos recursos hídricos na bacia.

Com a situação crítica da água na região, prefeitos de 11 municípios fundaram, em outubro de 1989, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, uma associação civil de direito privado e sem fins lucrativos. Hoje com 42 municípios e 34 empresas29 é, legalmente, uma associação de usuários públicos e privados de água, cujos objetivos são: i) Recuperação dos rios; ii) Integração e conscientização regional; e iii) Planejamento e fomento de ações.

O movimento ganhou apoio da classe política regional e em outubro de 1989 prefeitos de onze municípios fundaram o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos

28 O Consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí abriga uma população de 4,2 milhões de

habitantes e uma área de 15.320 km2, sendo o segundo parque industrial do Brasil. 29 Dados de 2002.

Rios Piracicaba e Capivari, uma associação regional de prefeitos fundamentada na forma jurídica de associação civil de direito privado e sem fins lucrativos, com independência técnica e financeira dos governos centrais e com o objetivo de planejamento, fomento e conscientização para a recuperação e proteção dos recursos hídricos.

A partir de junho de 1996, após alteração estatutária, o Consórcio recebeu adesão de novos membros (empresas públicas e privadas). Mais que uma força política suprapartidária, o Consórcio passou a ser, legalmente, uma associação de usuários públicos e privados das águas reunindo, atualmente, 42 municípios e 34 empresas (públicas e privadas), que contribuem financeiramente na formação de um caixa regional para aplicação em programas de proteção e recuperação dos rios.

Em dezembro de 2000 incorporou a bacia do Rio Jundiaí em sua área de atuação. Hoje, as bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, com cerca de 15.320 km2 de área abrangem territórios de 79 municípios, sendo 71 no Estado de São Paulo e 5 no Estado de Minas Gerais. Na porção central dessas bacias encontra- se a Região Metropolitana de Campinas, e que tem todos os seus municípios integralmente contidos nas bacias hidrográficas em questão.

Os recursos financeiros vêm das contribuições (custeio e investimento), parcerias e convênios. A Contribuição de Custeio é repassada mensalmente pelas Prefeituras e empresas consorciadas e é empregada na manutenção da estrutura funcional da entidade. A Contribuição de Investimento é espontânea e se dá na forma de R$ 0,01/m3 de água faturada pelos Serviços de Água e Esgoto.

Este breve relato mostra a força e a importância do consórcio para a RMC, principalmente no que se refere ao seu modus operandi, ou seja, o seu caráter deliberativo e democrático, com a participação de empresas e da sociedade civil organizada, implica numa forte organização, a exemplo do que ocorreu no Grande ABC. Sabendo ser o saneamento o principal problema da RMC e tendo em vista a existência de grande maioria de empresas de saneamento municipais na região, em contraponto, por exemplo, com a RMBS, onde ocorre o contrário, ou seja, a SABESP tem presença ativa nas políticas públicas de saneamento, talvez estejamos vislumbrando uma explicação para o caráter tardio da metropolização na região de Campinas. É o que veremos nos próximos capítulos.