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Aspetos Relevantes: a Casa do Povo já trabalha na área social algum tempo, onde tem

apoiado a população através do banco alimentar e cantina social. Na área da deficiência a nível do desporto adaptado, a Casa do Povo trabalha há cerca de 4 anos. No desporto têm uma equipa de andebol com pessoas em cadeiras de rodas que participa no campeonato nacional e ainda criaram uma equipa de andebol para a deficiência intelectual. O número de pessoas com deficiência que a Casa do Povo acompanha é por volta de 26 utentes. Contudo, têm conhecimento que o concelho aparenta ter mais pessoas com deficiência que necessitam de respostas. O presidente afirma que cada vez mais o estado aposta nesta área e na construção de novos apoios e condições para uma melhor qualidade vida a estas pessoas. Referiu que o concelho de Silves é muito extenso onde existem aglomerados populacionais muito pequenos, e por essa razão surge a dificuldade no transporte para estas pessoas e famílias. O presidente afirma que as famílias necessitam urgentemente desse apoio. Relativamente à sinalização, a Casa do Povo criou há três anos atrás o projeto Sorrir M que através do apoio da junta e da camara acolhem do exterior as pessoas com deficiência e encaminham para as respostas adequadas.

A principal dificuldade da Casa do Povo é o apoio financeiro, pois é um apoio fundamental para Casa do Povo. As dificuldades podem-se também encontrar nos utentes e família em determinadas situações, pois não estão preparadas para certas realidades. O meio rural tem muito condicionantes como a falta de acesso aos transportes públicos e serviços, e sendo tratar-se de um concelho extenso e rural muitas famílias encontram-se desamparadas. O presidente afirma que existe ainda algumas barreiras e resistências acerca da deficiência. Contudo, ao longo do tempo essas barreiras vão sendo ultrapassadas, pois o presidente referiu que no início tiveram um caso complicado, mas com a continuação do projeto foram criando novas rotinas e ocupações. A Casa do Povo incentiva estes jovens na ingressão no mercado de trabalho, apoiando em estágios e voluntariado. A faixa etária dos 26 casos que a Casa do Povo acompanha é consoante cada projeto, pois apoiam crianças e jovens entre 7 a 18 anos e também pessoas com mais de 40 anos. Portanto, a Casa do Povo abrange todas as idades nos projetos existentes.

Relativamente ao apoio familiar, na deficiência motora os utentes são acompanhados pelos cuidadores, já na deficiência intelectual é diferente pois existe condições familiares que divergem muito. Alguns casos com 30 e tal anos têm dificuldade em obter apoio familiar derivado ao seu problema cognitivo. Relativamente às respostas

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sociais, a Casa do Povo desenvolve diversas repostas socias: desporto, cultura, apoio social, lazer e educação. Na educação têm creche, jardim-de-infância e ATL. No desporto têm ginástica, yoga, ballet e andebol. A Casa do Povo trabalha muito na área do desporto. Na cultura têm a música, nomeadamente o acordeão, onde possuem uma escolha própria. A Casa do Povo possui também um polo de guitarras da orquestra juvenil do Algarve e um grupo coral. Na área social têm apoio do banco alimentar e do fundo europeu de apoio a carenciados para a cantina social. O presidente afirma que são uma IPSS bastante dinâmica, apoiando os interesses e necessidades da comunidade. Em relação às barreiras/obstáculos, o presente afirma a inexistência de acessibilidade e a necessidade de mudanças. Relativamente aos casos de sucesso na área do apoio social o presidente referiu que infelizmente existem poucos. Segundo a opinião do presidente a mudança necessária para que a Casa do Povo possa capacitar mais a nível de boas práticas e resposta credível na deficiência física e cognitiva é o apoio financeiro e ofertas por parte do governo.

Entrevistado: Psicomotricista Nádia Palhinha

Aspetos relevantes: a psicomotricista juntamente com outra técnica criaram o projeto

sorrir M, porém antes da implementação tiveram que conhecer as necessidades da população de Messines, ou seja fizerem um levantamento de dados e perceberam que a junta e a camara não tinham dados suficientes sobre as pessoas com deficiência. Através de conversas informais e do conhecimento pessoal conseguiram identificar aproximadamente 50 pessoas com deficiência. Este número não foi feito por um estudo exaustivo mas sim apenas pela freguesia, pois a Nádia afirma que se o estudo alargasse para São Marcos da Serra encontrariam talvez mais 10 pessoas com deficiência. O município não possui dados concretos sobre essas pessoas. A Nádia referiu que através da Casa do Povo é que têm alcançado estas pessoas e com a implementação de um projeto apoiado pela administração regional de saúde virado para a doença mental poderão alcançar mais pessoas. Por enquanto têm trabalho com diversos tipos de deficiência, mas com esse projeto irão apenas trabalhar com a doença metal. No entanto não querem deixar para trás as outras patologias. Este projeto será implementando com mais rigor, ou seja, vai ser uma unidade estruturada (socio ocupacional). Portanto, com este projeto a Casa do Povo vai puder obter dados mais concretos a nível de todas as deficiências na freguesia. A Nádia afirma que a camara não cria respostas sociais nem há trabalho propriamente dito vocacionado para pessoas com deficiência. A problemática que a Nádia depara-se com maior frequência é a deficiência intelectual. Abordou também a doença

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mental, pois existem muitas pessoas com esquizofrenia. A maior parte dos beneficiários do projeto Sorrir M têm a doença mental e a deficiência intelectual. A deficiência motora não é muito predominante na freguesia, porém têm apenas alguns casos que acompanham (aproximadamente 4 casos), e a causa principal é por acidente. Têm 2 casos de síndrome de down e de autismo.

O projeto sorris M nasceu com a missão de promover atividades ocupacionais a estas pessoas, pois para além destas deficiências são pessoas adultas do sexo masculino sem grandes estruturas familiares e de apoio que passam muito tempo na rua sem nenhuma ocupação, com uma má gestão do dinheiro e com o vicio do álcool. Neste projeto consoante as necessidades das pessoas trabalha-se as rotinas e as regras do dia-a- dia (a gestão do dinheiro, do lar, a higiene), estimulando a nível cognitivo. Neste momento estão inscritos 12 pessoas no projeto sorrir M, dos quais frequentam diariamente nas atividades. No entanto este número oscila muito, pois por vezes as pessoas desistam e voltam novamente, pois depende muito da disposição dos utentes. Dos 50 casos com deficiência existentes na freguesia conseguem apenas trabalhar com estes 12, pois devido ao isolamento e à falta de transporte não conseguem chegar aos outros casos. Outro fator é a falta de interesse e desmotivação por parte destas pessoas e pela falta de incentivo dos familiares. Contudo o apoio financeiro é também um fator principal para que fosse possível buscar os utentes e ajuda-los a desenvolver autonomia em casa. A maior parte dos cuidadores são também descuidados e iguais aos utentes a nível da gestão do lar. Portanto é um quadro muito frequente, pois quer os utentes ou os cuidadores necessitam de ambos apoio. A principal barreira encontrada nestas pessoas é a falta de dinheiro, pois muitas delas não estão conscientes da sua verdadeira problemática. Um dos entraves para a sua participação no projeto é falta de consciência da necessidade de obter ajuda, pois consideram que o projeto é que necessita deles e não o contrario. Outra barreira que estas pessoas sentem é a falta de qualidade vida, principalmente aqueles que tiveram acidentes, causando a deficiência física. A nível do défice intelectual alguns destes casos não reconhecem o problema em si, pois não associam a falta de escrever e ler como um problema, mas a nível da saúde (diabetes e colesterol) já consideram como sendo um problema grave.

Relativamente à população, a Nádia considera que ainda não estão sensibilizados nem preparados para a deficiência, pois afirma que no início realizaram passeios diários para que a população pudesse habituar à presença destas pessoas. Como é normal, no início houve muito preconceito e julgamento, mas com o tempo as pessoas foram

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habituando com esta realidade e as próprias pessoas com deficiência estranharam a forma como eram atendidos, sendo considerados “normal”. Contudo, por vezes as pessoas “gozam” propositadamente com estas pessoas pela sua maneira de ser, derivado à sua deficiência. Em relação às respostas sociais para a deficiência, a Nádia conhece apenas uma resposta, mas que não sabe se continua em funcionamento. Portanto considera que existem poucas e só agora é que vai existindo a preocupação em criar mais respostas. O tema da deficiência apenas é abordado nas reuniões da rede social da CM de Silves quando a Casa do Povo ou outra instituição aborda o assunto.

Em relação à sinalização, a Casa do Povo apenas conhece estes casos através de conversas informais e da junta de freguesia, a qual encaminha estas pessoas que procuram ajuda. Em relação aos eventos, a Casa do Povo realiza diversos passeios para que estas pessoas tenham diferentes experiências, como ir ao cinema, comer em restaurantes, passear em parques temáticos. Organizam também encontros com outras instituições (torneios de diferentes modalidades desportivas) e participam em feiras tradicionais, onde vendem objetos e artefactos construídos por eles. Têm também o clube chamado “A batucada” que fazem música através dos tambores. Na perspetiva da Nádia, seria importante haver uma mudança a nível dos apoios, ou seja, uma ligação de apoio entre a instituição e a casa dos cuidadores para que o trabalho desenvolvido continuasse em casa. A nível de estruturas seria importante a construção de um lar residencial, para que estes utentes tivessem um lar no futuro e um acompanhamento a longo prazo. Outra mudança e necessidade é o apoio financeiro e logístico, de forma a puder ajudar essas pessoas em casa e transporta-los para a instituição. Outra necessidade é a falta de técnicos a nível da terapia da fala. Existem muitos utentes que negam o seu problema e não querem participar nas atividades do projeto.

Apêndice I – 7. Junta de freguesia de Armação de Pera