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Aspetos Relevantes: A assistente social não consegue dar uma resposta concreta sobre o

número de pessoas que existem com deficiência, porque quando atendem estas pessoas já se encontram referenciadas pelas diversas freguesias. Algumas situações são identificadas por alguma necessidade quer institucional quer através das juntas de freguesias. Depois a equipa da ação social analisa cada situação e tenta entrar em contato com as entidades para encaminhar a pessoa a uma resposta adequada. A assistente social e a sua equipa realizam um trabalho de mediação entre a pessoa e o serviço que a pessoa necessita de uma resposta.

Em relação ao atendimento, quando trata-se de uma situação de deficiência profunda a assistente social desloca-se ao domicílio, mas quando trata-se de uma situação de maior autonomia a família ou a pessoa dirige-se à Junta de freguesia de Silves para o atendimento. Portanto, trata-se de um atendimento flexível. Normalmente são os próprios familiares que procuram respostas para estas pessoas, pois não sabem como lidar com certas situações. Quando recebem as pessoas com deficiência já existe um diagnóstico clinico realizado anteriormente, ou seja, a situação não vem totalmente desacompanhada. Porém, se houver uma situação que nunca foi realizado um diagnóstico, a primeira entidade que recorrem para articular é com a assistente social do centro de saúde de Silves, que dá respostas a todas as extensões de saúde do concelho.

No concelho de Silves não existem respostas sociais direcionadas para deficiência. Têm a APEXA que não está sediada no Concelho mas tem um polo (projeto Flamingo), e a intervenção precoce dos amigos dos pequeninos, mas trabalha apenas com crianças dos 0 aos 6 anos. Embora não haja respostas sociais, existem respostas educativas que intervêm nas escolas. Em Algoz existe uma unidade que realiza um acompanhamento mais especializado a jovens com alguns quadros mais associados ao autismo,

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hiperatividade, paralisia cerebral, entre outras deficiências a nível cognitivo. Porém, a partir dos 18 anos essas pessoas deixam de ter esse acompanhamento, e muitas vezes ficam em casa sem qualquer tipo de respostas. Já houve tentativas de algumas entidades para criarem um CAO, só que implica alguns processos burocráticos e nem sempre as entidades têm técnicos para este tipo de processos. O maior obstáculo que existe na área da deficiência é chegarmos a estas pessoas, porque quando estas situações são acompanhadas pelo ensino, elas podem chegar a nós quer pela escola quer pelos familiares. O problema é quando termina o acompanhamento obrigatório por parte do ensino muito destes jovens vão para casa. Quem possui os registos das informações de cada pessoa com deficiência são os serviços de saúde e os dados são considerados confidenciais. Portanto estes serviços não disponibilizam essas informações à Junta de Freguesia ou a outras entidades. Apenas conseguem apoiar e chegar a essas pessoas através das Juntas de freguesias e da GNR, porque desconhecem o número de pessoas com deficiência e de onde vivem. A Rute afirma que os censos transmitem dados e informações muito vagas, porque não permitem identificar o tipo de deficiência que existe e o número exato. Nos censos consideram que qualquer problema na audição ou na visão corresponde a uma deficiência, mesmo que seja mínima.

O SIM-PD (Serviços de Informação e Mediação para Pessoas com Deficiência ou Incapacidade) foi criado através de um protocolo do INR (Instituto Nacional para a

Reabilitação) proposto à Camara Municipal desde de 2005. Porém este Serviço de

informação já não existe, pois foi transformado para um Balcão de Inclusão. Portanto, é um serviço que tem estado parado, porque havia um elemento no setor que trabalhava especificamente esta área mas que entretanto saiu e houve umas remodelações, e a procura por este serviço também não é muita. A Assistente Social confirma que necessitava de adquirir mais conhecimentos e formação sobre a área da deficiência, pois é a única técnica que trata da mediação e encaminhamento dessas pessoas. Em termos de respostas sociais a criar relativamente na segurança social, no concelho a prioridade é a área da deficiência. A rede de transportes públicos no concelho é uma rede fraca, o que dificulta a deslocação da população para as zonas urbanas. Na opinião da Rute, os pais que têm a responsabilidade perante aquela situação encontram-se com dificuldades em procurar instituições que lhes garantem essa resposta, pois sentem que estivessem a abandonar o seu filho. A Rute referiu uma situação recente sobre uma jovem que atingiu os 18 anos e deixou de estar na resposta do Algoz e os pais pretendiam que a filha fosse para um CAO, mas a jovem não tinha as competências necessárias para estar num CAO.

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Havia algumas questões que eram insuficientes para a relação com o outro. A resposta mais adequada para aquela situação, na opinião da Rute, seria um lar residencial, porque para além de dormir, teria também um acompanhamento clinico a nível das necessidades básicas com uma supervisão elevada. Por vezes, todo o trabalho que é realizado nas instituições não é reforçado nem treinando em casa pelos pais, esquecendo por vezes tudo o que foi ensinando.

O isolamento pode eventualmente afetar nas pessoas com deficiência, mas isso não é um fator que seja responsável pela resposta. Na verdade, não há respostas porque não existem instituições que dinamizem. O isolamento e a falta de respostas pode ser um dos motivos que certas instituições não pensem em estabelecer-se no concelho. O isolamento, na perspetiva da Rute, é uma questão muito relativa. A principal mudança que devia haver era uma utopia, transformar as mentalidades das pessoas e a sensibilidade em colocar no lugar do outro, nomeadamente numa pessoa com deficiência. Nem sempre os serviços têm sensibilidade para perceber as limitações e as dificuldades que essas pessoas têm para estarem integradas na nossa sociedade a nível de tudo, pois no dia-a-dia existem inúmeros obstáculos (passeios, ruas, etc.)

Apêndice I – 3. Junta de freguesia de Algoz e Tunes