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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 ESTUDO 1b: Análise dos documentos referentes ao curso de Licenciatura em Física

5.3.4 Um olhar sobre a fala dos professores

5.3.4.2 Categoria: A importância da EJA nos componentes curriculares

A segunda categoria escolhida “A importância da EJA nos componentes curriculares” tem como subcategorias “A importância na formação dos professores” e “Demanda profissional” e “A especificidade da EJA”. Ao se afirmar a importância do tema EJA nos componentes curriculares tentamos enxergar qual a condição dessa importância. As três subcategorias nos remetem a necessidade do professor e do licenciando de modo que podem ser vistos na Tabela 13.

Tabela 13 – Categoria “A importância do tema EJA nos componentes curriculares” e as subcategorias A importância do tema EJA nos componentes curriculares

A importância na formação dos professores

O formador considera a temática da EJA como fundamental para o futuro professor e tenta contribuir para que haja uma formação inicial nesse sentido.

Demanda profissional É perceptível uma demanda por parte do professor formador ou uma necessidade por parte do licenciando e a formação se volta para essa demanda.

A especificidade da EJA O professor considera as especificidades da modalidade e busca contribuir para o entendimento da mesma, tentando superar as condições em que se encontra a modalidade.

Fonte: Elaborada pelo autor.

De acordo com o roteiro da entrevista (Apêndice A e B) podemos ver que há uma pergunta específica para tal finalidade. Considerando a entrevista individual como um todo e não apenas como um recorte da resposta a tal questão, consideramos que todos os professores afirmaram a importância dessa abordagem em seus componentes. Se analisarmos por partes, e tomando apenas a resposta dada a segunda questão do roteiro de entrevista, somente o professor D desvia a resposta para essa questão, no entanto, comenta no final da entrevista que é importante.

PROFESSOR D: Eu entendo que é uma preocupação que não pode sair da pauta. Acho que é pertinente os formadores discutirem e conhecerem e conviverem com essas realidades, mesmo que eu não tenha tido muito essa oportunidade, mas eu acho que isso é importante e um trabalho que tá com um olhar voltado pra isso, vai contribuir com certeza. (10)

Ao questionarmos sobre a importância deixamos os professores comentarem sobre a mesma e em alguns casos foi preciso perguntar o porquê. Todos os professores disseram ser importante a inclusão dessa temática, mas é preciso analisar alguns pormenores.

Comparando a primeira categoria “Abordagem da EJA nos componentes curriculares” e a segunda “Importância do tema EJA nos componentes curriculares” podemos ver que os professores A, B, C, D, E e F não fazem a abordagem da temática de EJA nos componentes, mas a consideram importante e o professor G faz essa abordagem e a considera, assim como os outros, de suma importância. A nossa observação é o porquê:

PROFESSOR A: Eu acho o EJA um programa excelente, de grande importância, agora infelizmente eu acredito que ele ainda não funciona nos termos de modo que eu acredito que deveria funcionar. (11)

PROFESSOR B: Considero, considero. Porque é uma modalidade da educação básica, a Educação de Jovens e Adultos, é importante, justamente porque é uma modalidade e como eu falei, o professor egresso aqui do curso de física, ele vai, ele pode atuar nessa modalidade de educação de jovens e adultos e há essa necessidade dele ter essa formação. (12)

PROFESSOR C: Sem duvida. Porque infelizmente no Brasil a gente ainda tá, a gente ainda vive num país onde a gente precisa educar adultos. (13)

PROFESSOR E: Com certeza! Sem sombra de dúvidas! Porque a pedagogia é voltada pra educação de jovens e adultos é diferente. Não aquela que a gente trabalha no contexto da educação básica, de 9º a 3º ano. A EJA tem todo um aporte freiriano, que traz todo voltado pra questão trabalhar da pedagogia libertadora, problematizadora, voltada mesmo a questão de tentar trazer o conhecimento pra dentro do contexto sociocultural do individuo e tentar aproximar esse conhecimento cientifico a partir das relações práticas que estão ali dentro do contexto do individuo, então é uma pedagogia diferenciada, uma pedagogia que exige que se tenha um planejamento diferente daquelas que a gente trabalha no momento, nas disciplinas de prática. (14)

PROFESSOR F: Demais! Porque se a gente for avaliar o ensino básico nos últimos dez anos, a cada dia o EJA vem crescendo e se ele cresce então é necessário que tenha profissionais capacitados para atender esse público, uma vez que a gente tem déficit muito grande de jovens e adultos fora do espaço de ensino. Então é preciso que tenha professores que consiga ter o olhar da EJA. E hoje a gente tem alguns que trabalha, mas não estão preparados para assumir esse papel e a formação inicial que é oferecida aqui não oferece. (15)

PROFESSOR G: Sim, claro! É importante porque a gente sabe quando que a gente forma professores, o professor vai, independente pra onde ele vá, pra escola que ele vá, mas ele sempre vai se deparar com a realidade de que ele pode tá dentro de uma turma regular, mas ele pode também se deparar com essa realidade e aí como é que ele vai trabalhar com essas pessoas levando em conta a realidade dessas pessoas. (16)

Podemos perceber que as falas dos professores nos levam, de certo modo, as subcategorias da grelha de análise que pode ser vista na Tabela 12. Os resultados permeiam a questão da demanda e da especificidade. Algo que nos chamou a atenção é condicionalidade. É importante em que sentido? Pra quem? Porquê? Para quê?

Uma categoria exposta pelo Tropes que nos provocou certa sensibilidade em relação ao porque achar importante essa abordagem foi a oposição e a negação. O professor pode

revelar ser importante essa abordagem, mas com ressalvas. A utilização de negação ou oposição nos ajuda nesse sentido. É o caso do excerto 17 do professor A.

PROFESSOR A: Eu acho o EJA um programa excelente, de grande importância, agora infelizmente eu acredito que ele ainda não funciona nos termos de modo que eu acredito que deveria funcionar. (17)

É o caso do uso de conjunções adversativas ou termos que os substituam que tornam a fala menos precisa ou mudam o foco da resposta. Segundo Bardin é que “a utilização de conjunções (portanto, e, mas, ora, ... ) pode dar artificialmente uma ilusão de um rigor de raciocínio ou desviar a atenção do verdadeiro raciocínio (BARDIN, 1977, p. ) (grifo nosso).