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OS CEM ANOS DE SEU PINDOBA

N

esse dia 23 de outubro, próximo passado, completou cem

anos do nascimento de Francisco Umbelino Neto (Seu Pindoba), meu sogro. Falecido em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, a família resolveu fazer uma homena- gem a este homem simples e incomum. Por isso, nesse dia 23, fomos todos, filhos, genros, noras, netos, bisnetos, outros familiares e ami- gos para Santa Cruz (antiga Santa Rita da Cachoeira).

A primeira providência concreta para homenageá-lo foi res- taurar o túmulo lá do Cemitério de Santa Cruz, onde estão enterra- dos os seus restos mortais. Nada mais justo do que preservar para a História os nomes de nossos antepassados que ajudaram a cons- truir esse Rio Grande do Norte. Junto com seu Pindoba estão nesse túmulo, sua esposa Maria Stela, seu irmão João Umbelino e esposa Severina Lopes de Morais, seu filho José Edmilson (Neném), seus sobrinhos Ubiratan e Sandoval (Vavá) e, seus pais, José Umbelino de Macedo Gomes e Maria do O’ de Medeiros.

As bênçãos foram conduzidas por Monsenhor Assis que tinha um irmão que era casado com Tereza, irmã de Maria Stela, nomeada acima. Na oportunidade, Monsenhor Assis revelou que sua irmã Maria do Céu, presente ao evento, com seus noventa anos, foi namorada de Seu Pindoba.

Em seguida fomos para a missa do Agricultor que é realizada todos os sábados, no horário de 10 horas da manhã, onde sempre esteve presente Seu Pindoba, quando era vivo. A missa, também foi conduzida por Monsenhor Assis. Na oportunidade fiz uma pequena biografia de Seu Pindoba e Aurino, outro genro, leu uma carta da neta Kalina para o avô.

Seu Pindoba nasceu na Fazenda Chapado, em 23 de outubro de 1910. Casou no civil, em 29 de janeiro de 1944, com Maria Stela Rodrigues de Medeiros, filha de sua prima Felismina Rodrigues de Medeiros e de José Rodrigues de Medeiros (Zé Rodrigues do Bagé). Felismina era filha de Salvina irmã de José Umbelino, esses dois últi- mos filhos de Francisco Umbelino Gomes de Melo e Felismina Maria de Macedo. A partir desse último casal vamos encontrar como ances- trais de Seu Pindoba vários desbravadores do Seridó, com Tomaz de Araújo Pereira, Antonio Paes Bulhões, José Gomes de Melo, e os irmãos do Barão de Araruna, Antonio Ferreira de Macedo e Vicente Ferreira de Macedo.

Francisco Umbelino Neto foi membro do Grêmio Literário Castro Alves que se reunia na Rua Indaleto de Freitas e foi presi- dido por Rômulo Wanderley, no ano de 1937, e tinha ainda como agremiados as seguintes pessoas: Joaquim Pinheiro de Oliveira, vice, Clodoaldo Xavier da Silva, Secretário, Lauro Pires Galvão, Tesoureiro, Fernando Umbelino Gomes, irmão de Seu Pindoba, Bibliotecário, José Orantes Pires Galvão, Ernani Cezar Cabral, Edgar Bezerra Salustino, Edmo Medeiros, Joaquim Arnaud e José Góis de Lima. Na ata de 10 e outubro de 1937, consta um ato de louvor

proposto por José Chaves, pela ação esforçada e inteligente do agre- miado Francisco Umbelino Neto.

Seu interesse pela Literatura o fez anotar frases de persona- gens célebres como Fradique Mendes, Cascudinho, Castelo Branco, Humberto de Campos, Hermes Fontes, José Américo, Montesquieu, William Penn, Machado de Assis, La Fontaine, Goethe, Wagner, Rousseau e Napoleão entre outros. Para exemplificar anotou de Goethe: Uma vida ociosa é uma morte antecipada; e de José Américo, a frase: Não há deserto maior do que uma casa deserta.

De Cascudinho cita uma frase dita no Instituto Histórico pela passagem do Aniversário de Moreira Brandão, dizendo que era um homem que não plantava couves para a sopa, mas sim carvalhos para sombra dos netos.

Há, também, uma anotação das dez coisas que gostava e das dez que não gostava o Juiz de Direito de Santa Cruz, Dario Jordão de Andrade. Dario era tio de Valério Mesquita e pai de Ivan Maciel.

Era leitor assíduo da Bíblia. Dela anotou a frase de Salomão que ele adotou no seu dia a dia: As repreensões suaves quebram o furor da ira; as palavras duras excitam o furor.

Uma frase de sua autoria está presente em uma das suas ano- tações: Cada homem deve colocar-se ao lado das coisas sérias, úteis e belas.

Como fazendeiro mantinha muitas anotações do seu ofício. Encontramos uma sequencia de experiências de chuvas começada em 1954, de várias pessoas. Como exemplo citamos a de João Dadá que disse que o ano de 1954 seria bom de inverno porque os Pereiros e a Jaramataia safrejaram muito. De Domingos Pereira anotou que o ano de 1954 seria bom de inverno, pois, uma carnaúba que obser- vava desde 1929 não frutificou em 1953.

Tinha um carinho especial pelos netos que era reconhecido por todos eles. Em um dos cadernos está anotado “Notas do gado dos netos”, onde relacionou o gado de cada um deles: Soninha, Baiana e suas crias; Juninho, Manchada e suas crias; Adriano, o garrote de Açúcar; Déia, Faixa Branca, Lua Cheia e suas crias; Fabian, Baezinha e suas crias; Miguel Felipe, Condessinha e suas crias; Thiago, a gar- rota que foi de Belarmino; Larissa, o filho de Vermelhinha; Ariane, a filha de Balaio; Andressa, a novilhota de Simpatia; Estelinha de Tetê, a bezerra de Jardineira; Laís Elena, o bezerro de Redonda; Estelinha de Neném, o filho de Ritinta; Vanessa, a garrota de Baiana; Fabian, a garrota de Simpatia; Airton, o filho de Melindrosa; Kalina, a enjei- tada filha de Vermelhinha; Vitor Hugo, a filha de Azeitona.

Seu Pindoba e Maria Stela criaram os seguintes filhos: Felix Antonio, João Eduardo, Joana Darque, Uilame, José Edmilson, Maria das Graças (nascida 1 dia depois dele completar 41 anos), Tereza Neuma, Ruth, Raquel e por adoção Selma.

Seu Pindoba era muito religioso. Devoto de São Francisco, anualmente seguia viagem com os romeiros para Canindé. Tinha agradecimento por conta de uma hérnia que curou sem cirurgia. À Nossa Senhora fez um pedido para que lhe concedesse mais anos de vida, a fim de criar sua filha caçula Raquel. No ano que comple- tou o prazo solicitado, avisou que sua partida para o eterno seria breve. Faleceu no mesmo ano do aviso. Sempre rezava o terço com os moradores no mês de maio. Trabalhou durante a vida para seguir os preceitos de sua religião. Era um homem bondoso, carinhoso e de muitos amigos. Ajudou muitas pessoas ao longo da vida. Por isso teve muitos afilhados.

Encontramos na sua carteira uma contratação como agente comprador de algodão da Usina de Beneficiar Algodão.

MOSSORÓ, UMA VIAGEM